terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Matriz de Bravos - Anya Seton - Resenha

Capa da edição americana
Matriz de Bravos conta a história de Elizabeth que primeiro foi Fones, depois Winthrop, mais tarde Feake e por fim Hallet, e uma das responsáveis pela construção do novo mundo nos EUA. Elizabeth era dona de uma rebeldia inquietante de quem quer pensar e agir por si mesma, corajosa e determinada. Também chamada pelo nome de Bess, tem contada sua vida desde pequena no Solar Groton onde fora sovada pelo rigoroso tio John Winthrop por pensar e agir diferente daquilo que os puritanos como ele pensavam ser o correto até sua dura e perseguida vida na colônia onde por muitas vezes viu sua vida e da sua família por um fio. É narrada também seus amores arrebatadores que lhe conduziu por caminhos difíceis e perigosos onde teve que enfrentar os desafios e as mais penosas provações muitas vezes vacilante sobre o que pensar de Deus e da religião que algumas vezes se demonstravam perversos não só com ela, mas com muitos outros inocentes.
            O romance lindamente traduzido por nossa inesquecível Clarice Lispector é um convite àqueles que gostam de História. A história conta o período das perseguições religiosas na Inglaterra de Carlos I e da vida dos colonos das colônias do norte daquilo que mais tarde viria a ser os Estados Unidos.  Nas paginas do romance de 290 paginas Anya Seton descreve com riqueza de detalhes uma realidade marcada pelas dificuldades de sobrevivência nas terras hostis da nação que nascia; o fanatismo muitas vezes impiedoso dos lideres puritanos da época além das superstições acerca de bruxaria que reavivavam a histeria vivida na inquisição; o extermínio dos índios, verdadeiros donos da terra e que a perdiam através do escambo ou da destruição de suas tribos trucidadas pelas tropas das colônias inglesas e holandesas; e a selvageria de alguns dos homens colonos que se brutalizavam diante do sofrimento na terra hostil ou da ganancia exacerbada por ela. 
            Matriz de Bravos é uma tradução do Original em inglês The Winthrop Woman de 1958, da autora Anya Seton e editado originalmente pela Houghton Co. em Boston, Massachusetts, EUA. A edição lida por mim é antiga, da Seleções do Reader's Digest do ano de 1963, difícil de encontrar. Desconheço outra edição e não encontrei versão em pdf  em português. Mas para quem encontrar eu desejo uma boa leitura porque esse banho de história, romance e filosofia religiosa faz qualquer um despertar o mesmo desejo por liberdade que tanto ansiava Elizabeth.

Eric Silva

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O Monte Cinco


“Todo homem tem direito de duvidar de sua tarefa, e de abandona-la de vez em quando; a única coisa que não pode fazer é esquece-la. Quem não duvida de si mesmo, é indigno - porque confia cegamente na sua capacidade, e peca por orgulho. Bendito seja todo aquele que passa por momentos de indecisão”. (Paulo Coelho, O Monte Cinco)
Capa da edição lida. Fonte: Reprodução.

O pequeno enxerto acima é a fala do Anjo do Senhor para Elias quando este, subindo o Monte Cinco para encontrar a morte pelo fogo sagrado, duvida da missão confiada a ele por Deus. A imensa carga filosófica deste pensamento, contudo, é sem dúvida a marca registrada da escrita de Paulo Coelho, um dos escritores brasileiros mais bem conceituados no exterior. Em Monte Cinco, Paulo Coelho conta de uma forma diferente a história de um dos grandes personagens do Antigo Testamento, o profeta Elias. 

Elias era um dos profetas de Deus que teve que fugir da cólera da princesa Jezabel que ordenara que fossem mortos todos os profetas de Jerusalém e imposto o culto ao deus pagão Baal. Por desígnio de Deus, Elias impôs uma longa seca que assolaria por anos a região de Jesuralém e perseguido por Jezabel é orientado por Deus para que fugisse para a torrente de Querite onde seria alimentado por corvos que lhe trariam comida. Depois dali, o Senhor o envia para a cidade de Sarepta onde seria acolhido por uma viúva e é nessa estadia na cidade de Sarepta, na história chamada de Akbar, que a história se transforma.

Elias no deserto, de Washington Allston. Fonte: Wikimedia Commons

O livro no seu princípio segue com alguma fidelidade o que está escrito na bíblia e traz também passagens desta, mas é no momento em que Deus pede a Elias que vá a Sarepta que tudo muda. Na bíblia não há grandes relatos sobre o tempo em que Elias viveu ali, além do fato da morte do menino da viúva que Elias pede que Deus ressuscite e é atendido. É nesse ponto Paulo Coelho dá asas à imaginação e passa a escrever sobre como foi o período em que Elias viveu entre os habitantes de Akbar, a perseguição que sofreu, a condenação pela morte do menino da viúva e a ameaça da invasão assíria.

O que me chamou mais atenção na história, contudo, é a mensagem muito bonita de superação e fé trazida pelo personagem e na qual devemos aprender a lutar sempre, ás vezes até mesmo com Deus pois Ele espera de nós essa força de vontade e atitude.

A edição lida é da Editora Objetiva com 280 páginas.


Baal era uma entidade divina venerada na Antiguidade por fenícios e cartagineses e cuja adoração era abominada pela fé judaica. O culto desta entidade é bastante lembrado pelas passagens bíblicas que mencionam como muitos hebreus se desviaram da Crença no Deus de Abraão e pela prática comum na época de sacrificar crianças em sua homenagem. Na imagem Baal com o braço direito levantado. Estatueta de bronze. Fonte: Wikimedia Commons

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