quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O Conto da Deusa – Natsuo Kirino – Resenha


Por Eric Silva

Nota: todos os termos com números entre colchetes [1] possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias, prévias, banners ou postagens relacionadas.

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2018 é o #AnoDoJapão no Conhecer Tudo e a III Campanha Anual de Literatura começa sua homenagem à literatura nipônica com um livro que faz grandes referências à mitologia japonesa e às tradições de povos antigos que os antecederam. Em O Conto da Deusa, o primeiro livro do nosso itinerário pela literatura do Japão, Natsuo Kirino conta a história da criação do Japão mesclando mitologia e uma narrativa ficcional de amor e traição que fala também de tradições terríveis e da marginalização da mulher. Um livro em alguns momentos bastante morno, mas que se apresenta como uma fonte enorme de informação sobre a cultura japonesa antiga.

Confira a resenha do primeiro livro da III Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo que neste ano homenageia a literatura japonesa.

Resenha

Não conheço muito da literatura japonesa, porque meus interesses quanto ao Japão estão bem mais ligados à indústria dos animes e a dimensão histórico-cultural do país. Por isso muitos dos livros da campanha foram escolhidos meio que de forma aleatória.

Quando escolhi começar com O Conto da Deusa não sabia que Natsuo Kirino era escritora de livros policiais – um dos meus gêneros prediletos e que, infelizmente, venho lendo pouco nos últimos tempos – e por isso acabei escolhendo esse livro pelo mesmo abordar um pouco da mitologia local. No geral gostei do livro, mas faltou um pouco de tempero que diminuísse a monotonia de sua narrativa. Nesta resenha busquei apontar os temas principais que identifiquei na obra e no final um pouco do que achei do livro.

O Enredo

Izanaki e Izanami durante a criação da terra.
Pintura de Kobayashi Eitaku, 1885.
Imagem do Wikimedia Commons.
Uma releitura do mito japonês da criação do mundo, O Conto da Deusa se divide basicamente em 5 grandes partes durante os quais Namima, a protagonista e narradora da trama, relata toda a trajetória de sua vida terrena e os acontecimentos posteriores a sua morte. Mas na narrativa ainda é relatada a história dos Deuses Izanami (伊弉冉尊) – a quem Namima serve no mundo dos mortos - e Izanaki (いざなぎ), seu esposo.

Inicialmente os dois relatos são feitos de forma separada e desconexas entre si, até que os destinos dos deuses acabam por se entrelaçar com os de Namima e sua descendência, encaminhando o enredo para o seu desfecho. Contudo, para não deixar mais extensa a resenha contarei o mito de Izanami e Izanaki em uma postagem especial dedicada só a isso, e focarei apenas na história mais central: o passado de Namima.

A História de Namima

Namima começa seu relato apresentando-se como uma miko (sacerdotisa) que havia nascido numa ilha muito distante, mas que após sua morte prematura passou a servir a deusa Izanami em um reino de escuridão onde habitavam junto aos mortos. É ao longo de toda a primeira parte do livro que a moça relata como foi sua vida “pequena e estranha”.

Namima nasceu em uma pequena ilha de pescadores muito pobres. A ilha chamada por seus habitantes de Umihebi, uma homenagem às muitas cobras marinhas que ali viviam e que se tornavam uma das fontes de renda dos ilhéus.

A vida em Umihebi era regida por um código tradicional e religioso muito severo e que era respeitado por todos para evitar atrair desequilíbrios na ordem natural das coisas. Por conta da localização muito ao leste – próximo de onde nascia o sol – os moradores de Umihebi acreditavam que a pequena ilha fora o primeiro lugar em que os deuses haviam pisado. Por isso, o acesso a algumas áreas da ilha era bastante restrito, a exemplo do Kyoido (Fonte Pura) que só podia ser acessado pela sacerdotisa maior da ilha, Mikura-sama, avô de Namima, e o Amiido (Fonte de Escuridão), onde eram depositados os mortos.

Na ilha, Namima era a filha mais nova da família Umihebi, o Clã da Cobra Marinha, que “tinha o privilégio de gerar o Oráculo”, ou seja, a sacerdotisa maior da ilha, escolhida entre os membros femininos dos Umihebi, ou então da família Umigame, caso a miko anterior morresse de forma prematura e sem deixar alguém na linha de sucessão. Porém, conta a narradora, que os Umigame se encontravam em desgraça e impedidos de buscar seu sustento na pesca, devido a incapacidade da mãe em gerar filhas mulheres que pudessem servir de “sacerdotisas substitutas”. Por conta disso, todos os ilhéus eram proibidos de falar com os Umigame, e mesmo o filho mais velho, Mahito, sendo forte e apto à pesca, era proibido de participar dos grupos de pescadores. Por isso, os Umigame viviam de forma miserável e quase passavam fome.

Namima conta que quando criança não compreendia as tradições da ilha e sua mãe não lhe explicava muito bem a razão de ser daqueles costumes incompreensíveis e nebulosos. Essa incompreensão se torna ainda maior quando a menina é separada e proibida de manter contato com sua única irmã, Kamikuu.

Na época, ainda muito jovem, Kamikuu fora escolhida para ser a sacerdotisa sucessora da avó e passa a viver com esta longe de sua família, em uma cabana isolada. É nesse dia que Namima descobre que enquanto sua irmã se tornaria a pessoa mais importante e preciosa da ilha, ela seria vista como seu oposto, a “impura”.  Era o princípio da dualidade, no qual a existência de um lado luminoso, de um Yang (Kamikku), implicaria necessariamente a existência de seu oposto e, portanto, sombrio (o yin, no caso Namima). Por isso se Kamikuu seria a sacerdotisa maior da ilha e por isso era representante da luz e da vida (sacerdotisa da luz), sua irmã mais nova seria a representante das trevas e da morte. Contudo só mais à frente, por ocasião da morte de sua avó, que a garota descobriria o destino nefasto que sua condição de irmã de Kamikuu lhe reservava.

Por ter de viver enclausurada com a avô aprendendo as tradições e rituais mágicos, todos os dias os Umihebi deveriam preparar um banquete para a sacerdotisa aprendiz. Um banquete cuja fartura era incoerente com a miséria local vivida pelas famílias da ilha e pelos próprios Umihebi e cujos restos deveriam ser descartados no mar e jamais consumidos por outra pessoa.

Apesar de não poder ter contato ou dirigir a palavra a irmã que tanto amava, à Namima foi incumbida a tarefa de levara a comida de Kamikuu e descartar os restos do dia anterior. Uma tarefa que deveria ser cumprida sem falhas todos os dias, mesmo sob as tempestades mais severas.

É numa dessas caminhadas que Namima encontra-se pela primeira vez com Mahito que lhe implora os restos da comida para alimentar a mãe faminta e que esperava mais uma criança. Mesmo sabendo o perigo que corria, Namima passa a dar a Mahito os restos do banquete de Kamikuu.

Mahito era apaixonado por Kamikuu e apesar de saber da paixão impossível que o rapaz amaldiçoado nutria pela sua irmã, a Namima se envolve com ele e engravida. Contudo, essa não é a única turbulência que acontece em sua vida e de uma hora para outra à Namima é imposto um novo fardo nefasto e insuportável, ocupando o lugar de sacerdotisa das trevas, aquela que vivia entre os mortos.

O lado perverso da tradição e o papel da mulher na sociedade

O papel da mulher na sociedade é um dos temas da obra de Kirino.
Mulheres de quimono em Koton, no Japão.
Imagem: Wikimedia Commons.
Quando analisamos o livro de Natsuo observamos que o objetivo da autora com O Conto da Deusa foi falar de muitos temas que na cultura japonesa se encontram intrinsecamente ligados entre si, ainda que muitas pessoas não o percebam em seu cotidiano. Por isso ela escreve uma história em que várias dimensões complementares se entrecruzam: a mitologia e a religião que por muitos de seus traços fomentou por séculos, dentro da sociedade, práticas e ideias machistas que legitimavam a submissão e marginalização da mulher, além de alicerçar uma infinidade de tradições injustas impostas por gerações.

Assim, ao meu ver, através do mito dos deuses Izanami e Izanaki, e da história de Namima e sua irmã, a autora quis demonstrar, por um lado, como crenças religiosas respaldadas em ideias machistas costumam promover a marginalização da mulher dentro da sociedade, e, de outro, como certas tradições perpetuadas pelo medo podem ser perversas e opressoras.

De um lado, o machismo e a marginalização da mulher aparecem em dois pontos cruciais do mito de Izanami e Izanaki, e do outro, o peso das tradições aparece nas tarefas impostas a Namima, Mahito e Kamikuu.

No que diz respeito ao mito e a marginalização da mulher, o primeiro ponto que observei está ligado ao nascimento dos dois primeiros filhos do casal de deuses e o outro ao destino de Izanami quando abandonada pelo marido no mundo dos Mortos.

Por ter falado antes de seu marido durante o ritual de seu casamento, Izanami foi punida com duas gravidezes na quais foram geradas crianças defeituosas que precisaram ser descartadas. A Deusa só pôde dar à luz a uma criatura perfeita depois que o ritual foi refeito e a “ordem correta” reestabelecida.

Algum tempo depois, mesmo tendo dado origem a terra e a muitos dos deuses que nela habitavam, Izanami morre dando à luz ao Deus do fogo e é condenada a habitar em um mundo solitário e de trevas. Assim, Izanami passa a viver apartada de todas as coisas vivas que criara e também de seu marido, e este, após ver o corpo pútrido[1] de sua esposa a repudia e a enclausura na escuridão do submundo.

Nesses dois pontos tão bem destacados pela autora é possível ver como por tanto tempo a mulher foi vista como uma criatura secundária, que deveria vir depois do homem mesmo sendo ela a geradora da vida. Além disso, ela deveria ser sempre bela e aprazível ao olhar de seu marido ou corria o risco de ser rejeitada. Depois de repudiada o que lhe restava dentro da sociedade era uma posição humilhante e ainda mais apartada do convívio social.

Mesmo hoje, muitos resquícios dessa visão machista ainda são visíveis e palpáveis não apenas dentro da cultura japonesa, a que Natsuo faz referência, mas em muitas outras de povos tanto orientais quanto ocidentais.

No que diz respeito a história da ilha Umihebi, Natsuo destaca o peso de tradições injustas que ligaram os três protagonistas da trama a destinos horríveis e até certo ponto desumanos. Mahito e sua família são condenados ao isolamento e a privação; Kamikuu é separada da família e obrigada a cumprir um papel que não escolheu para si; enquanto que à Namima foi destinado o pior e o mais perverso dos destinos, tanto em vida como depois da morte.

Os três eram apenas crianças quando suas vidas foram decididas pela superstição de seu povo. Destinos tanto cruéis como inescapáveis os quais cada um deles buscam enfrentar à sua maneira e sem o apoio ou amparo de quem quer que fosse. Tradições como estas povoam a história cultural de centenas de povos ao longo de muitos séculos e por isso O Conto da Deusa se torna um livro de temática universal, porque em seu cerne não ilustra apenas as culturas orientais como todo um conjunto de culturas que também possuem ou possuíram tradições injustas.

Para finalizar...

Apesar de falar de temas como mitologia e tradições O conto da Deusa não é um texto de difícil compreensão. A autora economiza no estilismo e não usa de uma linguagem muito rebuscada. Toda a filosofia de vida que está embutido na narrativa é fácil de ser captada porque gira mais entorno das tradições cruéis da ilha e de temas como o ressentimento e o medo da morte.

A preocupação maior da autora é em desenvolver as personagens e a narrativa que gira em torno delas. Certamente, essa é uma influência do gênero em que está costumada a escrever, o policial, que normalmente economizar no rebuscamento e na estilística para focar na tensão e no desenvolvimento da história e de seus personagens. Porém as semelhanças param por aí.

Natsuo explora só um pouco a curiosidade do seu leitor escondendo as motivações da morte de Namima, mas como esse também não era o foco o do livro, logo o mistério é desfeito e a narrativa amorna bastante. No final, o que temos é realmente um “conto” (lê-se romance), que, a depender da percepção do leitor, possui um de desenvolvimento bastante arrastado sobre ressentimentos, traição, tradições opressivas e sobre as coisas que nos separam e nos aproximam das divindades, estas últimas tão falhas e ressentidas quanto a nós mesmos.

Ilha de Kudaka ou Kudakajima que inspirou a criação do cenário d'O Conto da Deusa.
Imagem: www.oki-islandguide.com
Como geógrafo uma coisa que logo atiçou minha curiosidade foi a localização de Umihebi para saber se tratava-se de um lugar real ou ficcional. De início minhas buscas foram infrutíferas até que me dei conta de uma seção do livro intitulada “Fontes” que contem a bibliografia pesquisada pela autora. Analisando essa secção notei que muitas delas faziam referências a uma ilha do arquipélago Ryukyu pertencente à prefeitura de Okinawa (沖縄県), a mais ao sul do Japão. Essa ilha é Kudakajima ou Kudaka (久高).

Contudo não achei quase nada sobre essa ilha, ainda pior em português. Até que me deparei com um artigo do site Tadaima Japan[2] que faz referências a muitos dos elementos naturais descritos no livro por Natsuo. Foi aí que tive certeza que Umihebi é, na verdade, Kudakajima, uma ilha de 7,75 km de extensão em meio ao Pacifico e a 5 km de Chinen (知念村), distrito da parte sul da prefeitura de Okinawa.

Outra coisa curiosa que vejo na escrita desse livro é o duplo comportamento de seu narrador. Em quase toda a narrativa, Nanima se comporta como narrador personagem, contando apenas os fatos de sua vida por ela presenciados, e sem a capacidade saber o que se passava no íntimo dos demais personagens. Mesmo depois de se tornar um espírito sua capacidade narrativa não é alterada e ela ignorava tudo o que acontecia no mundo dos vivos. Contudo, nas partes do livro que são dedicados a contar a vida terrena do deus Izanaki, o narrador muda de foco e se torna onisciente, narrando fatos e pensamentos. Apesar disso, o estilo de narração não muda e a sensação é que Nanima continua narrando a história, porém sob outra perspectiva.

Por fim, o que mais gostei nesse livro foi conhecer um pouco mais da mitologia japonesa, área da cultura nipônica que conheço muito pouco, porém acho que faltou tempero para tornar a história mais excitante.

O Conto da Deusa é uma obra interessante para quem gosta de cultura nipônica como eu, porque ela espelha um pouco a forma arraigada como, no passado, os japoneses costumavam se agarrar às tradições e cumprir resignadamente seus deveres perante elas. Por outro lado, para quem não tem esse tipo de interesse o livro se torna mediano e com um desfecho fraco ainda que bastante inesperado.

Acredito que, a depender da percepção de cada leitor, a história pode parecer arrastada e os personagens pouco atrativos. Mas mais legal do livro é conhecer a forma como eles vivem e as tradições impostas a eles pela sociedade daquele lugar.

As injustiças cometidas contra a protagonista realmente são tocantes e o destino que ela encontra em seu caminho nos faz questionar se de fato existe justiça no mundo e no além-túmulo. Será que realmente estamos presos a um destino inescapável? E o que nos espera depois da morte é de fato condizente com os nossos atos em vida? Essas são questões que me assaltaram após a leitura deste livro.

No Japão, Natsuo é considerada uma autora muito popular, todavia, não acho que O Conto da Deusa seja um de seus livros mais notórios, entretanto, como esta é minha primeira experiência com a autora, não posso compará-lo com outra de suas obras.

Em sentido prático, no que diz respeito ao entretenimento, o que há de mais interessante é o destino de Nanima, Mahito, a filha desses dois primeiros e a irmã da protagonista, Kamikuu. Mesmo assim esse núcleo da história é cheio de momentos mornos. Então não espere um livro muito agitado, mas algumas reviravoltas interessantes acontecem ao longo da trama.

A edição lida é a versão digital publicado pela Editora Rocco e traduzida por Alexandre D’Elia. Do ano de 2014 e com 288 páginas.

Sobre a autora

Natsuo Kirino é o pseudônimo da escritora japonesa Mariko Hashioka.

Kirino nasceu em 7 de outubro de 1951, em Kanazawa (金沢市), cidade localizada na província de Ishikawa, mas desde os 14 anos vive em Tóquio, a capital japonesa.

Formou-se em direito na Universidade de Seikei (成蹊大学) e trabalhou em diferentes áreas antes de se tornar escritora profissional em 1981.

Seus primeiros trabalhos foram com contos e como escritora de mangá. Só posteriormente se dedicou ao romance policial, gênero em que se destacou no Japão.

Escreveu 13 romances e três livros de contos entre os quais o mais conhecido é Out (no Brasil traduzido como Do outro lado), publicado em 1997. Com esse livro venceu o Grande Prêmio Japonês de Melhor Romance Policial e ficou entre as finalistas do Edgar Allan Poe de 2004, na categoria Melhor Romance, tornando-se a primeira escritora japonesa indicada a este prêmio literário.

No Brasil, três de suas obras foram traduzidas pela editora Rocco: O Conto da Deusa (The Goddess Chronicle), Grotescas (Grotesque) e Do outro lado (Out).

Confira quem são os outros autores participantes da Campanha deste ano no link: http://bit.ly/2n5OK6U.

Conheça os pontos do nosso itinerário no mapa do link: http://bit.ly/2G9Mkwx.

Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível no Google Books.


Prévia do Google Books








[1] Que já se decompôs; podre, apodrecido, putrefato (Houaiss, 2001)
[2] http://tadaimajp.com/2015/05/okinawa-kudakajima/

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

2018 #AnoDoJapão: Os autores que estamos lendo


Natsuo Kirino

Natsuo Kirino é o pseudônimo da escritora japonesa Mariko Hashioka.

Kirino nasceu em 7 de outubro de 1951 em Kanazawa (金沢市), cidade localizada na província de Ishikawa, mas desde os 14 anos vive em Tóquio, a capital japonesa.

Formou-se em direito na Universidade de Seikei (成蹊大学) e trabalhou em diferentes áreas antes de se tornar escritora profissional em 1981. Seus primeiros trabalhos foram com contos e como escritora de mangá. Só posteriormente se dedicou ao romance policial, gênero em que se destacou no Japão.

Escreveu 13 romances e três livros de contos entre os quais o mais conhecido é Out (no Brasil traduzido como Do outro lado), publicado em 1997. Com esse livro venceu o Grande Prêmio Japonês de Melhor Romance Policial e ficou entre as finalistas do Edgar Allan Poe de 2004, na categoria Melhor Romance, tornando-se a primeira escritora japonesa indicada a este prêmio literário.

No Brasil, três de suas obras foram traduzidas pela editora Rocco: O Conto da Deusa (The Goddess Chronicle), Grotescas (Grotesque) e Do outro lado (Out).

Site oficial: http://www.kirino-natsuo.com/index.html

Livros dela no blog: O Conto da Deusa.


Yasunari Kawabata

Nascido em 11 de junho de 1899, na cidade de Osaka (大阪市), Japão, Yasunari Kawabata (川端康成) foi o primeiro escritor japonês a ganhar, em 1968, o Prêmio Nobel de Literatura.

Órfão aos 3 anos de Idade, Kawabata foi criado pelo avô materno. Em 1924, diplomou-se em Literatura pela Universidade Imperial de Tóquio e foi fundador do jornal de letras Bungei Jidai. Sua primeira obra de destaque foi A Dançarina de Izu (伊豆の踊り子), publicado em 1926.

Em sua escrita recorreu a técnicas surrealistas que tentou combinar coma estética tradicional japonesa. Com a publicação de Yukiguni (雪国, O País das Neves), em 1934, ascendeu à posição de importante escritor da literatura japonesa. Entre suas obras mais importantes, Senbazuru (千羽鶴, Mil Tsurus), Yukiguni e Koto (古都, Kyoto) foram citadas na ocasião de sua premiação com o Nobel de Literatura.

Em seu discurso de recebimento do prêmio, condenou a prática do suicídio, recordando amigos escritores que haviam tirado suas próprias vidas, contudo, em 1972, o próprio Kawabata, em decorrência de um surto depressivo, comete suicídio pela inalação de gás.

Livros dele no blog: Beleza e Tristeza.

Koushun Takami


Koushun Takami (高見 広春 Takami Kōshun) é escritor e jornalista japonês. Nasceu em 10 de janeiro de 1969, na cidade de Amagasaki. Formou-se em literatura pela Universidade de Osaka, mas trabalhou como repórter de política e economia, sobretudo para empresa jornalística Shikoku Shimbun.

Em meados da década de 1990, deixou o jornalismo para se dedicar à literatura, entretanto sua única obra lançada foi Battle Royale. Apesar de seu grande sucesso, o livro foi anteriormente desclassificado na fase final do prêmio Japan Grand Prix Horror Novel pelo conteúdo bastante polêmico de seu enredo. Posteriormente sua obra foi transformada em mangá e filme, e inspirou a produção de jogos online de sucesso.

Livros dele no blog: Battle Royale.


Hiro Arikawa


Hiro Arikawa (有川 ) nasceu em 1972 em Kochi, no Japão. Seus romances são best-sellers no país e muitos deles já foram adaptados tanto para a TV japonesa e quanto para o cinema.

Freqüentemente escreve sobre as Forças de Autodefesa do Japão (JSDF) e seus três primeiros romances sobre seus três ramos são conhecidos como Jieitai Sanbusaku (A Trilogia SDF). Em 2003, ganhou o décimo prêmio Dengeki Novel de novos escritores pelo seu romance Shio no Machi: Wish on My Precious, primeiro volume da série.

No Brasil, seu único livro publicado é Relatos de Um Gato Viajante, publicado originalmente no Japão em 2011.


Livros dela no blog: Relatos de Um Gato Viajante.

Yoko Ogawa 


Yoko Ogawa (小川 洋子) nasceu no Japão, em Okayama, em 1962. Se formou na Universidade de Waseda, e, hoje, vive em Ashiya, Hyogo, com seu marido e filho.

Como escritora, publica desde 1988 e atualmente é reconhecida como uma das escritoras de maior prestígio em seu país. Possui mais de vinte romances, traduzidos para diversos idiomas e algumas de suas obras foram adaptados para o cinema, a exemplo do filme francês L'annulaire (2005), baseado no livro Kusuriyubi no hyōhon (薬指の標本) e dirigido por Diane Bertrand.

Apenas três de seus livros já forma publicado no Brasil: o suspense O Museu do Silêncio (2016), o drama a Fórmula Preferida do Professor (2017) e o livro Hotel Íris (2011), uma de suas obras mais extensas e de conteúdo sexual mais explícito. 

Livros dela no blog: A Fórmula Preferida do Professor.


Nagai Kafu

Nagai Kafu (永井 荷風) é o pseudônimo de Nagai Sokichi. Kafu nasceu em Tóquio no ano de 1879 e é autor de romances, contos e peças de teatro.

Desde a adolescência interessou-se por literatura e cultura tradicional japonesa e chinesa.

Aos 19 anos escreveu seus primeiros contos, publicados a partir de 1900. Rebelde quando jovem, Kafu não conseguiu terminar seus estudos universitários. Na primeira década do século XX viveu no exterior, primeiramente em Nova York, onde trabalhou em um banco japonês. Em 1906, muda-se para Lyon, na França, onde teve um contato mais intenso com a cena literária, especialmente com a escola do simbolismo. Esse período inspirou o livro Amerika Monogatari [Histórias americanas], de 1908.

Ao retornar ao Japão, em 1908, já era um homem de letras maduro e cosmopolita e torna-se estudante e tradutor de literatura francesa. Por alguns anos após seu retorno, Kafū foi professor na Universidade de Keiō, em Tóquio, e líder do mundo literário.

Manteve intensa produção até sua morte, em 1959.

Livros dele no blog: Histórias da Outra Margem.

Akira Yoshimura 

Escritor japonês premiado, Akira Yoshimura ( ) nasceu em Tóquio, no dia 1 de maio de 1927.

Foi presidente do sindicato dos escritores japoneses e um membro do PEN, clube internacional de escritores fundado em 5 de outubro de 1921 pela escritora inglesa Catherine Amy Dawson Scott.

Publicou mais de 20 romances, dos quais On Parole e Naufrágios são internacionalmente conhecidos e foram traduzidos para várias línguas. Seu livro A Enguia (Unagi) foi adaptado com sucesso para o cinema.

Naufrágios é seu primeiro romance lançado no Brasil.

Faleceu em 31 de julho de 2006.

Livros dele no blog: Naufrágios.


Natsume Soseki 


Natsume Soseki (夏目 漱石 ), era o pseudônimo de Natsume Kinnosuke (夏目金之助). Nascido em 9 de fevereiro de 1867, em Edo, atualmente conhecida como Tóquio foi um importante romancista japonês do período Meiji e o primeiro a retratar o moderno japonês alienado intelectualmente. Além de escritor foi filósofo.

Sua infância foi solitária. Os pais o deixaram com outra família quando era bebê, sendo devolvido apenas em aos nove. Perdeu cedo a mãe, quando ainda tinha 14 anos e foi rejeitado pelo pai.

Se formou em inglês pela Universidade de Tóquio (1893) e lecionou nas províncias até 1900, quando foi para a Inglaterra em uma bolsa do governo. Sua reputação como romancista foi feita com seus dois primeiros romances Eu Sou um Gato (1905) e Botchan (1906).

Depois de 1907, quando desistiu de ensinar a dedicar-se à escrita, produziu seus trabalhos mais característicos, que eram sombrios, sem exceção.

A pesar de sua pouca tradição literária nativa e da sua modernidade, seus romances têm um lirismo delicado que é exclusivamente japonês. Foi através de Natsume que o romance moderno e realista, que tinha sido essencialmente um gênero literário estrangeiro, criou raízes no Japão.

Faleceu em 9 de dezembro de 1916, na cidade de Tóquio.


Livros dele no blog: Botchan.

Banana Yoshimoto

Nascida em 24 de julho de 1964, em Tóquio, Banana Yoshimoto (よしもと ばなな) é o pseudônimo de Mahoko Yoshimoto.

Filha do filósofo, poeta e crítico literário Takaaki Yoshimoto, Banana é uma escritora contemporânea japonesa. Formou-se pela faculdade de Artes da Universidade Nihon, especializando-se em Literatura. Durante essa época, tomou para si o pseudônimo "Banana", por causa de seu amor por flores de bananeira.

Seu romance de estreia, Kitchen, foi um sucesso instantâneo no Japão e foi adaptado duas vezes para o cinema. Em novembro de 1987, recebeu o sexto Prêmio Kaien de Novos Escritores e o Prêmio Umitsubame de Primeiro Romance, bem como o décimo sexto Prêmio Literário Izumi Kyoka, em janeiro de 1988.

Alguns críticos dizem que muito de seu trabalho é superficial e comercial, mas seus fãs pensam que Banana Yoshimoto consegue capturar perfeitamente o que significa ser jovem e frustrado no Japão moderno. Os dois principais temas de sua obra, segundo a própria autora, são "a exaustão da juventude no Japão contemporâneo" e "a maneira como experiências terríveis modificam a vida de uma pessoa".


Livros dela no blog: Tsugumi.

Junichiro Tanizaki

Junichiro Tanizaki (谷崎 潤一郎) nasceu em 24 de julho de 1886, em Tóquio. É um dos maiores autores da literatura japonesa moderna e o mais popular romancista japonês depois de Natsume Soseki.

Estudou literatura japonesa na Universidade Imperial de Tóquio e com influências de Poe, Baudelaire e Oscar Wilde, começou a escrever desde cedo.  Publicou seu primeiro trabalho em 1909, numa revista literária que ajudou a fundar.

A partir de 1923, deixou-se absorver pela cultura de seu país e abandonou a inclinação ocidentalizante, vivendo nesse momento uma crise intelectual e emocional que contribuiu decisivamente para torná-lo um dos nomes centrais da literatura japonesa do século XX. O centro dos seus interesses é a preservação da língua e da cultura tradicional do Japão.

Em 1949, recebeu o prêmio Imperial de Literatura. Dentre suas principais obras estão Amor insensato (1924; Companhia das Letras, 2004), Voragem (1928; idem, 2001), Há quem prefira urtigas (1930; idem, 2003), A chave (1956; idem, 2000) e Diário de um velho louco (Estação Liberdade, 2002).

Morreu em 30 de julho de 1965, um ano após ter sido o primeiro autor japonês eleito membro honorário da American Academy and Institute of Arts and Letters.


Livros dele no blog: A Vida Secreta do Senhor de Musashi e Kuzu.

Referências


https://www.skoob.com.br/autor/270-natsuo-kirino
https://pt.wikipedia.org/wiki/Kanazawa
https://www.compartelibros.com/autor/natsuo-kirino/1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Yasunari_Kawabata
https://pt.wikipedia.org/wiki/Yukiguni
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Dançarina_de_Izu
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mil_Tsurus
https://pt.wikipedia.org/wiki/Yukiguni
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/2014/06/1468389-conheca-yasunari-kawabata-nobel-de-literatura-de-1968.shtml
https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=828
https://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=05769
https://en.wikipedia.org/wiki/Hiro_Arikawa
https://www.quetzaleditores.pt/autor/yoko-ogawa
https://www.skoob.com.br/autor/5060-yoko-ogawa
https://es.wikipedia.org/wiki/Y%C5%8Dko_Ogawa
https://www.britannica.com/biography/Nagai-Kafu
https://www.livrariacultura.com.br/e/kafu-nagai-326295
https://es.wikipedia.org/wiki/Akira_Yoshimura
https://en.wikipedia.org/wiki/Akira_Yoshimura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Natsume_Soseki
https://www.britannica.com/biography/Natsume-Soseki
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/03/1751566-livro-de-soseki-percorre-terreno-acidentado-das-relacoes-humanas.shtml
https://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=01214

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jun'ichir%C5%8D_Tanizaki

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