tag:blogger.com,1999:blog-30714267352494492232024-03-12T22:59:19.559-03:00Conhecer TudoConhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.comBlogger183125tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-60630684085626638642022-02-05T15:53:00.001-03:002022-02-06T14:15:41.026-03:00[Especial Zafón] Marina - Carlos Ruiz Zafón - Resenha<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">Por Eric Silva</span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">14 de março de 2021, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">Ano da Itália</span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p align="right" class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><i><span color="windowtext">“Cedo ou tarde, o oceano do tempo nos
devolve as lembranças que enterramos nele”.</span></i><span color="windowtext">
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">(Carlos Ruiz Zafón, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i>)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou
da resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span color="windowtext"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/xq7clTZCiq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=849302218866" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi046QyXEeDjenzz37pZfZF0Tr2pfQ8LWT27WmslD1aoG2TueuDbyAZyqILBUCJks_90KoIkB296q8zMQkKFmtKe4egF0TZngzs7UyCTjFvJd4bpa4SPfWM7foGUHa0wWIR__KMvERIFu5_1o8VbGW8rACKPDcYieIoH34UUk_p-Z-SbfgjlS71Erdpnw=s1600" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1113" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi046QyXEeDjenzz37pZfZF0Tr2pfQ8LWT27WmslD1aoG2TueuDbyAZyqILBUCJks_90KoIkB296q8zMQkKFmtKe4egF0TZngzs7UyCTjFvJd4bpa4SPfWM7foGUHa0wWIR__KMvERIFu5_1o8VbGW8rACKPDcYieIoH34UUk_p-Z-SbfgjlS71Erdpnw=w446-h640" width="446" /></a></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><div style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Terror e mistério se misturam neste que é, sem dúvida
nenhuma, o livro de transição entre o Zafón que escreveu a Trilogia da Névoa e
aquele que cativou leitores do mundo todo com a quadrilogia do Cemitério dos
Livros Esquecidos. Unindo um pouco de cada proposta, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina </i>é um livro sobre perdas, separações, loucura, genialidades
deturpadas, intrigas, ambições, família e amor juvenil, mas em cujas páginas
habitam criaturas malignas nascida do ódio e da perversão de alguém do passado.
Uma narrativa que antes de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i>
desnuda e viola os segredos da milenar cidade de Barcelona, e que apesar do
enredo muito mais fantástico do que real, aborda o quanto são frágeis a
sanidade e a vida humana.</b></div></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sinopse
do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Barcelona, setembro de
1979. Óscar Drai é apenas um menino solitário de 15 anos que vê seus dias
transcorrerem na penumbra das galerias do internato onde seus pais o colocaram,
mas seria naquele final de ano, percorrendo as ruelas do decadente bairro de
Sarrià que sua vida mudaria para sempre. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Tudo começa quando, em uma
de suas deambulações pelas ruas do bairro, ele se depara com um casarão
aparentemente abandonado. Tomado pela curiosidade, o garoto aventura-se para
além dos portões da propriedade e lá dentro é atraído pelo som de uma bela voz de
mulher acompanhada pelo som de um piano. O indescritível som partia de uma
galeria envidraçada onde cem velas bruxuleavam um brilho tênue. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Hipnotizado e sem se dar
conta de sua imprudência, Óscar adentra o recinto e nele se depara com outro
objeto enfeitiçado que lhe chama a atenção: ao lado do megafone que reproduzia
aquela canção, repousava um relógio de bolso quebrado e muito antigo. Mas, subitamente,
o encantamento se quebra quando o garoto se dá conta de que durante todo aquele
tempo não esteve sozinho naquele lugar. Assustado com a presença inesperada,
ele foge, mas por reflexo leva consigo o relógio. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Dias depois, ao retornar à
casa para devolver o objeto roubado, Óscar conhece Marina, a jovem de olhos
cinzentos que seria a chave para uma revolução nos dias monótonos do rapaz.
Marina era filha de Germán, proprietário do casarão, e ainda que fosse tão
jovem quanto Óscar, já carregava nos ombros a responsabilidade de cuidar do pai
idoso na imensa e descaída propriedade, onde viviam com o espectro de uma
felicidade passada que se deteriorou após a morte da mãe da garota. Ainda assim,
o calor e a amorosidade daquelas duas pessoas enleiam o garoto que não consegue
mais deixá-los, fugindo do internato sempre que possível para a casa daquela
pequena família.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">É convivendo com Marina
que Óscar passa a aventurar-se pelos mistérios do passado de Barcelona, e em
uma dessas aventuras, os dois presenciam uma cena estranha num antigo cemitério,
onde uma mulher coberta por um manto negro visita uma sepultura sem nome,
sempre à mesma data, à mesma hora. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em um
ímpeto imprudente, os dois se lançam ao desconhecido, passando por palacetes e
estufas abandonadas, lutando contra manequins vivos e se defrontando diversas
vezes com o símbolo de uma mariposa negra, numa busca desesperada por
solucionar um mistério antigo e envolto em perigos que remontam aos anos de
1940. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O último livro de Zafón
que me restava resenhar, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i> é um
livro de transição dentro da obra do escritor barcelonês e com ele me despeço
definitivamente de meu querido autor. Depois desse texto resta-me apenas
algumas postagens de análise de sua obra e encerrarei enfim </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html">esse
longo projeto</a><span color="windowtext"> que se arrasta já há alguns
anos (desde 2017).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Marina,</span></i><span color="windowtext"> como
disse agora a pouco, é um livro de transição que demarca uma fronteira tênue
entre o estilo narrativo inicial de Zafón que remonta as suas histórias
infanto-juvenis de terror e povoa as páginas dos livros da série </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Trilogia%20da%20N%C3%A9voa">Trilogia
da Névoa</a><span color="windowtext">, e o estilo que se desenham na sua
série mais famosa, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/O%20Cemit%C3%A9rio%20dos%20Livros%20Esquecidos">O
Cemitério dos Livros Esquecidos</a><span color="windowtext">, com a qual
ficou conhecido e foi consagrado como um dos maiores escritores espanhóis da
história recente. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i> é um livro
de transição, porque agrega em si o terror e as criaturas sombrias e macabras das
primeiras narrativas do autor com a transformação de Barcelona em
cidade-personagem, desterro de passados sombrios e trágicos no bom estilo
investigativo de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i></a><span color="windowtext">. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Óscar Drai ainda não é um
Daniel Sempere (vive no tempo futuro deste último e não tem um passado prévio que
se misture simbioticamente ao passado da cidade), mas em muitas passagens do
texto parece ser seu eco, seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">alter ego</i>.
Ainda assim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i> prenuncia a
atmosfera sombria, decadente e antiga da cidade catalã envolta em brumas e vapor.
O livro revira o passado de seus habitantes, exuma seus cadáveres, revolve o pó
de seus palacetes para ouvir o eco de tragédias esquecidas, e nisso tudo faz
lembrar o <i><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">magnum<b> </b>opus</span></i><span style="mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"> de seu criador,
como se fosse esta obra o epílogo de uma imersão na cidade mais goticamente
hipnotizante da Catalunha. Claro que em 1999, quando foi publicada na Espanha,
ninguém suspeitava destas coisas, porque de fato <i>Marina</i> foi o marco
final dos textos </span>infanto-juvenis de terror ao estilo de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext"> </span></i><span color="windowtext">e </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio da Meia-Noite</i></a><span color="windowtext"> com suas criaturas demoníacas. Cidades permeadas de
segredos e um par ou mais de jovens investigando o passado das mesmas, na
tentativa de saírem vivos da confusão para a qual – involuntariamente – são
arrastados. Depois dessa obra Zafón só preservaria os conceitos investigativo e
de cidade permeada de segredos e desgraças. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Marina </span></i><span color="windowtext">preserva
características que a aproximam bastante de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-as-luzes-de-setembro.html"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Luzes de Setembro</i></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">,</span></i><span color="windowtext"> sobretudo na estética de seu terror pautado em
criaturas mecânicas que diabolicamente possuem vida própria. No entanto, inicia
lentamente a fórmula de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i></a><span color="windowtext"> marcada por personagens mais complexos e pelo estilo
gótico, histórico-investigativo que mergulha nas brumas de Barcelona,
descortinando a cidade, nos fazendo vivê-la, percorrê-la, senti-la como se
fosse nossa, como se fosse parte de seus personagens, como se fosse ela mesma a
maior e a principal protagonista do enredo: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">tudo vem da história de Barcelona e diz respeito a ela</b>. Descortinar
os segredos por trás da mulher de preto e da marca da mariposa negra é antes de
tudo descortinar o passado da cidade, entrar em sua intimidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Assim
como os demais escritos de Zafón (contos, romances e novelas) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina </i>foi escrito de forma
cinematográfica. É uma narrativa que propicia ao leitor imaginar grandes cenas
como se estas fossem resultado do enquadramento de uma câmera. Cenários, a
movimentação dos personagens, a forma como as marionetes se movem e atacam,
tudo é tão bem descrito que você é capaz de “ver” a cena se desenrolar como se
acompanhasse os personagens ao longos dos becos, ruas, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ramblas</i> e palacetes arruinados de Barcelona. Os mais imaginativos
talvez consigam até mesmo crer que sentem o ar frio da noite barcelonesa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A
escrita do autor é aqui tão impecável quanto já seria nos seus livros
posteriores. Estão lá as construções estilísticas, o texto instigante e
elegantemente escrito, bem como as descrições muito bem construídas e com
detalhes que ajudam a construir toda a atmosfera da trama sem ser econômico nem
excessivo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Quando
se trata de mistério, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i> não é
tão intrincado ou complexo quanto </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/O%20Cemit%C3%A9rio%20dos%20Livros%20Esquecidos"><span color="windowtext">as obras que o sucederam</span></a><span color="windowtext">, mas está um pouquinho além do que vemos </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Trilogia%20da%20N%C3%A9voa">nos
livros que o antecedem</a><span color="windowtext">. A história envolve mais
personagens, mais histórias; é necessário acompanhar pistas e testemunhas são
deixadas pelo meio do caminho. Mas quando se trata de terror, para mim, ela
está no mesmo patamar de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-as-luzes-de-setembro.html"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Luzes de Setembro</i></a><span style="color: #c00000;"> </span><span color="windowtext">e suas repulsivas
criaturas mecânicas (os de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i> me
pareceram piores). Não sei se a razão seja pelo fato de eu odiar bonecas, mas
achei tenebrosas as criaturas que povoam as páginas de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i> e, por isso, tenho para mim que – dos seus romances – este é
o que contém o terror mais bem-acabado e desenvolvido. Contudo eu avaliaria
melhor se gostasse e lesse com maior frequência o gênero </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Terror">terror</a><span color="windowtext">. Prefiro o </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Thriller"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">thriller</i></a><span style="color: #c00000;">
</span><span color="windowtext">e o </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Suspense">suspense</a><span color="windowtext">. </span><span style="color: #c00000;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Mas
a verdade é que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i> – sobre o fundo
de uma trama de mistério e terror – é mais uma narrativa sobre perdas,
separações, loucura, genialidades deturpadas, intrigas, ambições, família e
amor juvenil, temas que foram caros a Zafón. A pesar de ser uma narrativa muito
mais fantástica do que real, ela aborda o quanto são frágeis a sanidade e a
vida humana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Ademais,
não conseguirei perscrutar muitos detalhes sobre os personagens, porque quase
um ano separa a minha leitura do livro (fevereiro de 2021) e a escrita desta
resenha (janeiro de 2022), contudo achei que a grande lacuna do livro é o
passado de Óscar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O
rapaz a pesar de ser o principal personagem da trama – ao lado, é claro, de
Marina –, está bem distante do foco da narrativa. Quase nada da sua vida antes
e depois de Marina é abordado e isso é – com toda a certeza – intencional.
Marina<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>é o elo que une direta e
indiretamente todas as peças da trama. Sem ela Óscar nunca teria seu caminho
cruzado pela mulher de preto, nem vivido uma aventura arriscada e tenebrosa. É
ela junto com o “furto” do relógio os dois grandes acontecimentos que fazem a
trama mover-se. Também bem pouco ou nada Óscar teria feito. Foi a passagem dela
pela vida do rapaz que o impele a narrar toda a história.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sem Marina seus dias haveriam transcorrido
como de costume e é por isso que ele narra essa história quinze anos após os
fatos terem ocorrido. É ela também o personagem de quem melhor me recordo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Marina
é inteligente, corajosa e sagaz, misteriosa e de humor um tanto mutável. Há
nela uma aura sedutora, travessa, zombeteira, mas que por vezes oscila para
algo um tanto fadigado e envelhecido. Por vezes ela é séria, melancólica e
reservada. É notável que pesa em suas costas uma grande responsabilidade, mas
você sempre tem a sensação de que há algo a mais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Germán,
por sua vez, ao bom estilo zafoniano, é um homem envelhecido e doente que vive
com os olhos voltados para os fantasmas de seu passado. Mas também lembro pouco
sobre seu perfil psicológico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Enfim,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina </i>me cativou bem mais do que os
livros da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Trilogia%20da%20N%C3%A9voa">Trilogia
da Névoa</a>,<span color="windowtext"> porque se assemelha bem mais as
obras posteriores de Zafón do que os seus três primeiros livros – ainda que, na
essência, eu classificaria <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i>
como um “quarto” livro desta coleção. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O
desfecho da trama de mistério não me surpreendeu muito, mas o destino dos
protagonistas me pegou de surpresa. Mas acostumado como estou com Zafón – </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html">enfim
li toda a sua obra</a><span style="color: #c00000;"> </span><span color="windowtext">– aceitei bem o desfecho de tudo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Ademais,
gostei bastante da obra porque para mim foi um retorno a Barcelona, mas também
porque entrevi nela o Zafón que conheci primeiro em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i>, o que me deixou bastante satisfeito.
Infelizmente é o último Zafón que me restava ler, e doí-me saber que não haverá
outro nem para mim nem para nenhum dos milhões de leitores que este barcelonês
sério e meio misterioso cativou e fez seu fã. Com essa resenha – um pouco
fraquinha, lamento – me despeço de um dos meus autores favoritos e espero que,
no futuro, eu seja novamente cativado por alguém de igual ou maior valor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">À Zafón, o meu adeus.</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A edição lida é da Editora
Suma, do ano de 2011 e possui 192 páginas. Tradução de Eliana Aguiar. Título
original: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Saiba mais sobre Carlos Ruiz Zafón na </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">postagem
especial </span></span></a><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">que fizemos sobre ele.</span><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Preview </span><span color="windowtext" style="font-size: 18pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">do Google Books<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Abaixo você pode conferir uma prévia do livro
disponível no Google Books. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=XFcUdcs-2OEC&newbks=0&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PT3&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe></span><span color="windowtext" style="font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens relacionadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A Sombra do Vento – Carlos Ruiz
Zafón – Resenha de Releitura</span></span></a><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"> </span></span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-as-luzes-de-setembro.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">As Luzes de Setembro – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-el-principe-de-parnaso.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">El Príncipe de Parnaso (conto) – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Especial:
Zafón</span></span></a><span lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/02/especial-zafon-la-ciudad-de-vapor.html"><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">La Ciudad de Vapor (A Cidade de Vapor) – Carlos
Ruiz Zafón – Resenha</span></a><span color="windowtext" lang="ES-TRAD" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O Jogo do Anjo – Carlos Ruiz Zafón
– Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-labirinto-dos.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Labirinto dos Espíritos – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Palácio da Meia-noite – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Príncipe da Névoa – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O Prisioneiro do Céu – Carlos Ruiz
Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Quem é Carlos Ruiz Zafón? –
Especial Zafón</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/12/especial-zafon-rosa-de-fuego-conto.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Rosa de Fuego (conto) – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><br /></p><div style="text-align: center;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/09/especial-zafon.html" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgDzTrz1zvmp40z0qFdAaEYS7YM4ai13n4mknO4ckCasZnpqgcyp5ds0GnYVYvF8rgm-19zSWlDctLDyQKK3snJCNU2nHPO-_HJvOAz2rugZWAEFR7yxPyMPNodRZ9H_uSwXMjqTZMw4WpH_jHfFrzm8_JdbJpD-dqihPGBGnraPi_48e5VN0gkJfhSMQ=w400-h400" width="400" /></a></div><br /><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><br /></p>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-86754810182647237282022-01-21T02:07:00.004-03:002022-01-21T15:04:31.879-03:00Descolorindo Eloáh – Felipe Saraiça – Resenha <p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="text-align: justify;"> </span><span color="windowtext">Por Eric Silva</span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">15 de janeiro de 2022, ano de Moçambique<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Transexualidade
é a sintonia que une feixes de luzes desassociados entre si para ajustar o foco
de maneira nítida e real. Não configura uma aberração e nem caracteriza um ser
bizarro.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">O gênero de uma pessoa é apenas uma
condição que não afeta sua alma, seus sentimentos, crenças e tão pouco seu caráter.”<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Luiza Gosuen<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou
da resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span color="windowtext"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/X5G2JGrtiq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=477780020700" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgN2OGMnirOilEElnAsfmR9R3lxSLlkcGV_te2tyBk2oTBjooDhg4Dfyb_Kg1RSXqtx7vyCS8RPe_pTIm4UMppsbBgxsZQ7hKM_LvCGYhw8-Z75W8DfWrxRfa6_e7NKpglYupug83kguVZpwTeurmqRFgW-bMCOwJJjO-37-bsGNHGYGSanC7d_F2CzPw=s500" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="318" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgN2OGMnirOilEElnAsfmR9R3lxSLlkcGV_te2tyBk2oTBjooDhg4Dfyb_Kg1RSXqtx7vyCS8RPe_pTIm4UMppsbBgxsZQ7hKM_LvCGYhw8-Z75W8DfWrxRfa6_e7NKpglYupug83kguVZpwTeurmqRFgW-bMCOwJJjO-37-bsGNHGYGSanC7d_F2CzPw=w408-h640" width="408" /></a></b></div><div style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><b><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Abordando
um tema cujo debate é tão polêmico quanto necessário, o escritor brasileiro,
Felipe Saraiça publica, em 2019, pela Editora Pendragon, um livro cujo título
chama a atenção pelo tom poético e até certo ponto melancólico e com uma capa
tão bela quanto delicada. Mas mais do que isso, o faz nos primórdios de um
momento obscuro da história de nosso país, no qual a intolerância, a
ignorância, o fanatismo e o radicalismo vem endurecendo corações de muitos
contra a causa LGBTQIA+. Saraiça não podia ter escolhido momento melhor para
fazê-lo.</span></b></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Descolorindo Eloáh </span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">apesar de algumas falhas literárias é uma obra
importante porque discute a transexualidade por uma dimensão ainda pouco
debatida: a relação entre fé e sexualidade. Um debate que precisa ser
aprofundado, porque ainda é gestora de aberrações como a terapia de reversão
sexual, ou, no popular, “cura gay”, abordada pelo autor em seu livro. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sinopse
do enredo</span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Quando Eloáh nasceu seu
pai, Silas, escolheu seu nome porque significava literalmente Deus, um nome um
tanto incomum para um menino, mas que refletia a imagem de religioso e de pastor
respeitado da pequena Cidade de Confete que Silas desejava construir. A esposa
havia desejado uma menina, mas a chegada de um garoto encheria o pai de felicidade
e de orgulho. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">E por um tempo foi bom</i>.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">As coisas, no entanto,
começaram a ruir quando a pequena Eloáh, ao saber por sua mãe que todos na
família esperavam que nascesse uma menina, questionou inocentemente ao pai se
ela poderia ser menina quando crescesse. A aquele foi o último dia que Silas
olhou com amor a própria criança e o marco inicial de sua cruzada por eliminar o
que para ele era repulsivo, inaceitável e danoso ao seu status social: a identidade
transexual de Eloáh. Era necessário “curá-lo”, ainda que isso custasse destruir
todos a sua volta, inclusive a filha. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Agora, com 17 anos de
idade e flertando rotineiramente com o desejo de suicidar-se, Eloáh enfrenta todos
os dias a submissão, o silêncio e a omissão de sua mãe em relação aos excessos
violentos de Silas. Uma situação que reforça na cabeça da jovem a certeza que
não existe amor para ela naquela casa, apenas o desejo insano de seu pai em preservar
as imagens de pastor e de família perfeita e conservadora que com muita
falsidade, talento teatral e hipocrisia ele construiu ao longo do tempo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Sentindo que não há lugar
para ela na vida, Eloáh vivencia na pele um circo de horrores cujo espetáculo
se repete diariamente, tendo como palco principal a casa onde vive, mas também a
escola onde é obrigada a conviver com o bullying e com a impunidade de seus
agressores que atuam protegidos por seus sobrenomes e status sociais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Descobri esse livro por acaso, no Twitter, em uma publicação
da editora que naquela ocasião fazia uma promoção de alguns dos seus ebooks. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Nunca havia ouvido falar de seu autor e nem de sua obra, mas
de imediato <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Descolorindo Eloáh</i> me
chamou a atenção pelo título criativo e sugestivo emoldurado por um delicado
desenho que fazia supor uma aquarela. E caso você não saiba, aquarelas perdem
parte de suas cores ao secarem e com o tempo podem desbotar (sobretudo as
aquarelas líquidas de má qualidade); <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">isso
faz das cores de uma aquarela recém pintada uma beleza efêmera e mutável</b>.
Sugestivo, não? Por isso, não perdi tempo em adquirir minha cópia deste e de
outros livros de Felipe, mas comecei minha excursão por esta que aparentemente
é a segunda obra publicada pelo autor, tendo estreado apenas três anos antes
com o livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Palavras de rua</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Adianto que gostei e não gostei de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Descolorindo Eloáh,</i> o que ironicamente me deixou tão dividido
quanto a própria Eloáh. E para que as coisas fiquem mais claras dividirei a
resenha em dois tópicos. O primeiro abordando a relevância política desta obra
e o segundo apontando minha apreciação crítica da obra em quanto peça
literária.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 18pt; line-height: 107%;">Descolorindo Eloáh</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 18pt; line-height: 107%;"> como
obra com relevância política <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Não é nenhuma novidade que
a questão LGBTQIA+ é permeada por lutas, tabus, polêmicas e muito
desconhecimento. O Brasil é um dos países que mais matam homossexuais e
transexuais no mundo, e o conservadorismo religiosos muito presente no país pouco
contribui na convivência sobretudo familiar destas pessoas. Tudo isso num
contexto no qual a família é o principal porto seguro para o desenvolvimento
equilibrado e saudável de uma pessoa LGBT. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Não estou aqui com a
pretensão de criticar nenhuma religião, mas é nítido que muitos discursos
proferidos pelo país usam os escritos sagrados como escudos para camuflar
preconceitos e intolerância, quando a palavra de ordem no cristianismo é o
AMOR. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">E quando falta amor e entendimento
numa família que tem uma pessoa LGBT, os problemas de ansiedade e depressão, de
uso abusivo de substâncias lícitas e ilícitas e o desejo de cometer suicídio<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[1]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a>
são muito maiores e frequentes, porque estas pessoas não só enfrentam desafios
dentro de suas casas, mas sobretudo fora delas onde são alvos corriqueiros de
preconceito, discriminação e violência</b>. E quando se fala de Brasil, o que
mais há é muito desconhecimento sobre a complexidade da sexualidade humana e de
seus gêneros; pouca disposição para um debate saudável e racional da questão, e
abundantes quantidades de preconceito, discriminação, homofobia e transfobia impregnadas
em muitas das esferas que compõem a sociedade brasileira, sejam elas religiosas
ou não.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Falar de homossexualidade, de bissexualidade, de
transexualidade ou de transgênero é ainda difícil e, por vezes, perigoso</span></b><span color="windowtext">. Isso torna a discussão penosa, bem como torna árduo explicar
o quão complexas são a sexualidade e a identidade de gênero do ser humano, sendo
elas compostas por muitas matizes e com fronteiras muito tênues. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A tendência é partir para uma
simplificação tosca que insiste em enquadrar sexualidades e gêneros em
caixinhas rígidas e pré-moldadas que só reconhecem a existência de dois gêneros
definidos biologicamente e de duas sexualidades – heterossexualidade e
homossexualidade –, sendo a primeira considerada como legítima e natural e a
segunda, como marginal, anormal e pecaminosa. Desta concepção cria-se um
sistema social discriminativo ao qual se dá o nome de </span><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Heteronormatividade"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">heteronormatividade</span></i></a><span color="windowtext">. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Em muitos países a homossexualidade
é criminalizada e a transgeneridade é vista como distúrbio mental. Até
recentemente a Organização Mundial de Saúde (OMS) mantinha a transgeneridade na
lista de doenças mentais presente no manual de Classificação Internacional de
Doenças (CID)<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
Só em 2018 a Suprema Corte da Índia decidiu revogar uma decisão de 2013 que
validava uma lei britânica de mais de 150 anos e que, na prática, criminalizava
a homossexualidade no país. O próprio Reino Unido só descriminalizou
completamente a homossexualidade em 1982<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
quando a Irlanda do Norte foi seu último "país constituinte" a
fazê-lo. Esses são apenas três exemplos dos muitos e variados reflexos da
heteronormatividade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">As consequências sociais,
psicológicas e familiares para aqueles que não se enquadram nessa normatividade
são terríveis, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">mas nem sempre visíveis</b>.
Mas das questões LGBTs pouco conhecidas pelo brasileiro médio, sem dúvida
nenhuma, a questão da transgeneridade é uma das mais ignoradas – por vez até mesmo
pela comunidade LGBTQIA+.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Em uma explicação
grosseira, transgênero é o indivíduo que possui uma identidade de gênero que
difere do que é considerado típico ao sexo atribuído ao nascer. Desta forma, o
indivíduo transexual o qual ao nascer foi atribuído o sexo masculino, pode
identificar-se com a identidade de gênero oposta a este sexo, sendo ela uma
mulher trans. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Isso significa dizer que,
a medida que se desenvolve, esse indivíduo olha para si no espelho e não vê em
seu corpo correspondência com o que ele sente que realmente é e se identifica. Porque
os gêneros masculino e feminino são muito mais uma construção histórica e social
do que biológica, e se não fosse a pressão sociocultural, as pessoas
perceberiam o quão complexo é o gênero. Um exemplo disso é o gênero fluído. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pessoas que são fluídas de gênero ou não se identificam
com um único papel de gênero ou com uma única identidade de gênero, ela acaba flui
entre eles. Há ainda o caso daqueles cujo gênero muda de tempos em tempos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O mesmo se dá com a
sexualidade que pode ser mais ou menos flexível e as vezes fluídas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">É neste terreno que Felipe
insere sua narrativa, criando para <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Descolorindo
Eloáh</i> uma protagonista transexual – tema ainda pouco representado na
literatura LGBT –, e vai longe ao inserir na trama outras duas questões
tangenciais, igualmente polêmicas e ainda menos exploradas (agora não só na
literatura como socialmente): <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a relação
entre fé, família e pessoas LGBTs e as terapias que prometem a reversão sexual</b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Escrito como o diário de
uma refém da intolerância, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Descolorindo
Eloáh</i> narra pela voz de uma garota trans a sua rotina de terror
psicológico, de violência física e simbólica perpetrada sobretudo por seu pai e
por seus colegas de escola, e alimentado pela omissão da mãe e da escola. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O pai de Eloáh é pastor e
profundamente homofóbico e transfóbico. Para ele a filha é uma aberração e seu
comportamento, os sintomas de uma doença. Ele não perde uma oportunidade para
hostilizar, humilhar e diminuir Eloáh. A situação doméstica é a pior possível:
tóxica, violenta, sufocante. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Pelo fato de ser pastor
poderíamos simplificar dizendo que ele rejeita a identidade de gênero da filha
porque considera isso uma violação dos desígnios divino, concebendo-a como
pecaminosa e antinatural. Mas é anda pior, porque é também uma questão de
imagem e status social. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Silas é um homem corrupto,
hipócrita e misógino que se esconde atrás da fé para criar uma imagem de bom
moço e pessoa religiosa, logo, digna de mérito e respeito por ser um homem
cristão que construiu uma família temente a Deus. Este homem que é respeitado
pela cidade e que em casa se alcooliza, violenta psicologicamente a filha,
trai, manipula e agride verbalmente a esposa, é o mesmo que lidera uma
comunidade religiosa que – pelos indícios deixados pelo autor – tem a mesma
visão distorcida sobre as questões de identidade de gênero e de sexualidade que
seu pregador. Para esta comunidade, Silas necessita ser a verdadeira
personificação da integridade, retidão e honestidade, e se esta é uma
comunidade conservadora, ele também não pode ter como filho uma garota trans.
Ela precisa “ser homem” e se comportar como “homem”. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Aqui temos uma mistura perigosa e explosiva</b>: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>uma pessoa que considera a transegeneralidade
(e também a homossexualidade) pecaminosa e antinatural e que necessita manter
uma coerência entre o que prega e a imagem de si e da família que exibe à
sociedade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Ainda que tenha aqui corrido
o risco de generalização, o autor denuncia uma das três posturas comuns das
igrejas cristãs no Brasil em relação às uniões homoafetivas e que são descritas
pelas pesquisadoras Daniele Trindade Mesquita e Juliana Perucchi<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>:<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color="windowtext">***<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">“De modo geral, as posturas das igrejas cristãs no
Brasil em relação às uniões homoafetivas podem ser classificadas em três tipos:
a rejeição à homossexualidade, concebendo-a como pecaminosa e antinatural.
Assim, há o acolhimento dos/as homossexuais pela igreja, desde que eles/as
reconheçam que precisam mudar seu comportamento. Outro tipo de postura
encontrada no meio cristão é aquela que aceita a conduta homossexual, embora a
considere inferior à heterossexual. Existem ainda os defensores da ideia de que
a homossexualidade tem o mesmo nível de dignidade que a heterossexualidade
(Jurkewicz, 2005). Dentre os três posicionamentos, o mais presente e
disseminado é o primeiro, segundo o qual a homossexualidade estaria em um nível
inferior na hierarquia das sexualidades (Rubin, 2003), o que justificaria o uso
de dispositivos religiosos regulatórios e corretivos com os/as homossexuais.
Esta postura é justificada muitas vezes por trechos da Bíblia, interpretados de
forma literal pelos/as religiosos/as, de modo que não são consideradas a época
histórica e a cultura em que os textos foram escritos originalmente. Dessa
maneira, tanto o Antigo, quanto o Novo Testamento são reiterados para
justificar a condenação aos homossexuais pelas igrejas. Trechos dos livros de
Gênesis, Levítico e Coríntios são os mais citados, sendo que as narrativas de
Sodoma e Gomorra e as cartas paulinas recebem destaque</span></i><span color="windowtext">”<i style="mso-bidi-font-style: normal;">.</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color="windowtext">***<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Eu ainda não havia visto
na literatura alguém entrar neste terreno antes, mas pelas sinopses de seus
outros livros é nítido que Felipe é atraído pelos temas difíceis e polêmicos, o
que acho ótimo, porque é um deleite literário sair dos lugares comuns. Mas
aqui, especificamente, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a coragem de
Felipe é tão digna de nota quanto a relevância que a obra ganha por três
motivos</b> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">iniciais</b>: dar
visibilidade a questão trans e pôr na mesa o preconceito religioso contra os
LGBTs, bem como muitas vezes a fé é usada como justificativa para a violência
psicológica e moral contra estas pessoas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Mas não para por aí. Silas
tenta “corrigir” sua filha, ou melhor, “curá-la” através de um tratamento
psicológico duvidoso com uma psicóloga tão amoral e antiética que faz arrepiar
os cabelos de qualquer profissional da área. Eloáh é submetida ao que o jargão
médico chama de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Terapia de Reorientação
Sexual</b> (chamada ainda terapia de conversão, terapia reparativa ou terapia
de reversão sexual), ou como no popular: cura gay. Uma falsa medicina que parte
da ideia de que a homossexualidade e a transgeneridade são patologias, doenças
ou desvios que podem ser “curados” com terapia, ou práticas, testemunhos e
conversões de fé. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">As consequências para a
saúde psicológica e emocional das pessoas submetidas a tais tratamentos
costumam ser devastadoras, mas a prática é comum em diversas comunidades
religiosas, e como denunciam Flávio Conrado, Gabriella Morena e Bob Luiz
Botelho<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>:<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color="windowtext">***<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">“Centenas de igrejas, ministérios e comunidades
"terapêuticas" em todo o país continuam usando a prerrogativa de sua
liberdade religiosa para ofertar a possibilidade de mudança da sexualidade. Sem
base científica e comprovadamente ineficaz, ela causa danos muitas vezes
irreparáveis à saúde mental de pessoas LGBTQIA+ o recorrerem ao apoio de suas
lideranças religiosas por imaginarem sua sexualidade ou gênero errado ou
desordenado. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Profissionais "reversionistas" defendem que
"uma pessoa homossexual infeliz com sua sexualidade tem o direito de
procurar ajuda", mas este suposto acolhimento guarda, na verdade, uma
perniciosa armadilha: quem procura apoio está assolado por dúvidas sobre si,
sobre sua fé e com medo de rompimentos na família e na comunidade religiosa. O
discurso de ajuda pode soar esperançoso, mas é extremamente violento. Por que
tais profissionais não questionam a estrutura de exclusão a que pessoas
LGBTQIA+ estão submetidas, contexto onde emerge sua sensação de inadequação,
angústia e pedido de mudança?”</span></i><span color="windowtext">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color="windowtext">***<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Um ano antes da publicação
de Descolorindo Eloáh, a prática de reversão sexual por via psicológica foi
liberada no Brasil após decisão do juiz federal Waldemar Claudio de Carvalho,
da 14ª Vara Federal no Distrito Federal, o que contraria a resolução CFP n°
001/99, de 22 de março de 1999 cujo artigo 3, parágrafo único, determina que
“os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento
e cura das homossexualidades”<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
Contra a decisão do magistrado, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) entrou
no Supremo Tribunal Federal com ação que pedia cassação do disposto pelo juiz
da 14ª, o que aconteceu em abril de 2019, depois de uma liminar concedida pelo
STF.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Essa é a quarta razão pelo qual <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Descolorindo Eloáh</i> é relevante ao debate</span></b><span color="windowtext">. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A quinta e última é a
descrição que Felipe faz do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">transtorno
de disforia de gênero</b><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
vivido por Eloáh e que lhe causa a sensação de incompatibilidade entre seu sexo
anatômico (masculino) e sua identidade de gênero (feminina) e que lhe causa
angústia e um sentimento de rejeição a própria imagem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Felipe só comete alguns
deslizes aparentes e que foram primeiro percebido pela minha colega skoober Luisa
Leão (ou Diva). Até certo ponto concordo com minha colega em alguns pontos. O
primeiro deles é a cura um tanto rápida e quase completa da disforia. De fato,
foi pouco realista a forma como as coisas foram feitas. Elóah quase que
resolveu sozinha um problema que perdurou anos e que é de tratamento longo com
acompanhamento terapêutico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Segundo, se Eloáh é uma
mulher trans (e esse foi o entendimento que eu tive tanto pela sua pergunta se
poderia ser menina como a forma como o personagem Luis se refere a ela no fim
do livro, usando o feminino), ela não se referiria a si mesma usando o
masculino como acontece insistentemente ao longo de toda a obra. Ela poderia
até usar o masculino para se comunicar com as outras pessoas diante das
circunstâncias difíceis que vivia, mas usaria o feminino ao se referir a si
mesma na narração dos fatos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Talvez tenha faltado um
pouco mais de cuidado com os detalhes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Vamos a crítica literária.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 18pt; line-height: 107%;">Descolorindo Eloáh</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 18pt; line-height: 107%;"> como peça
literária: minha crítica<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Em termos literários, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Descolorindo
Eloáh</i> revela ainda que Felipe estava ainda na época um pouco “verde”. Um
escritor ainda em busca de um estilo próprio ou definitivo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Uma das coisas que me chamaram a atenção na forma como a
narrativa foi pensada, foi algumas escolhas feitas pelo autor, detalhes, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">coisas até certo ponto irrelevantes</b>,
mas <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">algumas delas me pareceram bastante
estranhas enquanto outras me encantou pelos significados imbuídos</b>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A primeira destas miudezas eu já abordei de certa forma: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o título da narrativa</b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Descolorindo Eloáh tem um significado dentro da história que
lhe é não só poético como bastante apropriado. Ao longo do livro, a personagem vai
sendo vítima constante de bullying dos colegas da escola, negligência e
indiferença dos educadores funcionários, do desamor e crueldade dos pais e da
falsa ciência da suposta psicóloga contratada por seu pai. Isso vai, pouco a
pouco, minando o mundo da garota, sua autoestima, o seu amor e sua identidade,
seu desejo de viver, sua confiança na vida e nas pessoas. “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Como um quadro de aquarela barata jogado na chuva</i>”<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>ela vai perdendo suas cores, sua
vivacidade. Nada mais apropriado do que o título que o autor confere a sua
obra. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O segundo detalhe que me chama a atenção é <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o nome da personagem</b> que também fala
muito da mesma.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Eloáh não é exatamente um nome comum e por isso se destaca
facilmente, chama a atenção. Mas mais do que isso, há dois outros aspectos
peculiares neste nome. Em primeiro lugar, o nome Eloáh, no Brasil, é
majoritariamente escolhido para meninas, mas aqui nomeia um personagem de sexo
masculino. Além disso é um dos muitos nomes que designam a divindade dos
cristãos e dos judeus, que - apesar das muitas representações artísticas
insistirem em representá-lo como alguém do sexo masculino, na verdade é uma
divindade sem gênero definido e que no passado já foi referido em ambos os
gêneros<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Não sei até
onde Felipe pretendia, mas ele faz aqui uma associação bastante peculiar</span></b><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">. Eloáh é
uma <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">pessoa trans</b> e todos os seus
problemas estão ligados a essa <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">não
correspondência entre sexo biológico e o gênero </b>que ela reconhece como seu,
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">e seu nome – visto no Brasil como
feminino – é um dos nomes de uma entidade sem gênero definido</b>, pois como a
igreja católica mesma já afirmara: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Deus
não é homem ou mulher, é Deus</i>. Seja como for, o nome escolhido sugere
antecipadamente essa ambivalência (?) ou transitoriedade (?) entre gêneros e ao
mesmo tempo - e isso é certo - dá a ideia de que a definição binária do gênero
é algo que não dá conta da diversidade de identidades existentes na
complexidade do que é ser humano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As outras miudezas revelam <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">algumas fraquezas da escrita do livro</b>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O primeiro é <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">um
problema de estilo</b>. Felipe na época ainda estava amadurecendo seu estilo,
por isso, há uma insistência – bastante repetitiva – de concluir ideias e
sobretudo capítulos com frases de efeito. Esse tipo de recurso é interessante e
em alguns momentos elegante, poético ou reflexivo, mas quando usado em demasia
torna-se cansativo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O segundo problema é <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">uma questão de desenvolvimento</b>. A
narrativa se desenvolve segundo um padrão, uma rotina, o que torna enfadonho e
previsível o próximo passo que a trama dará, ainda que o autor sempre
acrescente um pequeno elemento a mais em cada novo capítulo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O ciclo
quase sempre é</span></b><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">: Eloáh está em casa e enfrenta os problemas familiares;
sai de casa e vai para a escola e lá assiste às aulas e enfrenta seus problemas
escolares (sempre nas aulas da mesma professora – o que não é nenhum pouco
realista, sou professor, posso falar); depois retorna para casa e o ciclo
recomeça. Um pouco mais a frente quando avança a narrativa essa rotina ganha
mais um acréscimo: as visitas ao consultório da psicóloga e o padrão passa a se
repetir com mais este elemento, de modo que o leitor já intui o cenário em que
se dará o capítulo seguinte. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Tipo isso</span></b><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">: se Eloáh
está em casa, no capítulo seguinte estará na escola. Se sai da escola, é
provável que irá direto para casa ou para o consultório. E em um desses dois
movimentos (na ida ou na volta da escola) certamente encontrará Luís, o vizinho
idoso por quem Eloáh cultiva – e por Luís é também cultivado – um misto de
piedade e de carinho filial. Em quase a totalidade do livro, Eloáh não escapa
disso, não faz grandes desvios, não se aventura pela cidade, não tem um
refúgio, um lugar secreto, uma casa na árvore que fosse ou um banco de praça de
onde gostasse de olhar o tempo. Ela não tem momentos de loucura, de rebeldia,
de fulga! E isso, sério, cansa muito!<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Toda narrativa que já li e que fala
de jovens e seus problemas existenciais tem, ocasionalmente, grandes mudanças
de cenários, momentos de viverem a cidade, a vila, o campo. Há sempre pontos de
ruptura com a rotina e isso é um descanso para o leitor. Um ponto a mais para
mantê-lo interessado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Vejo
bastante esta fórmula nos animes</span></b><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">: há sempre um acampamento, uma ida à
praia, um encontro – o famoso <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dēto suru</i>
(</span><span color="windowtext" lang="JA" style="font-family: "MS Mincho"; line-height: 107%; mso-ascii-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-font-family: "Adobe Garamond Pro";">デートする</span><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">) ou só <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dēto</i>
(</span><span color="windowtext" lang="JA" style="font-family: "MS Mincho"; line-height: 107%; mso-ascii-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-font-family: "Adobe Garamond Pro";">デート</span><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">), um festival com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hanabi</i>
(</span><span color="windowtext" lang="JA" style="font-family: "MS Mincho"; line-height: 107%; mso-ascii-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-font-family: "Adobe Garamond Pro";">花火</span><span color="windowtext" lang="JA" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> </span><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">– fogos de artifícios) e coisas do
gênero que ajudam – sem abandonar a essência da narrativa – a lhe dar mais
dinamismo, novos cenários, momentos mais suaves antes de situações mais
pesadas, tensas ou depressivas. Bons exemplos são: </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/12/7-arte-koe-no-katachi-resenha.html"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Koe no Katach</span></i><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">i</span></a><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> (</span><span color="windowtext" lang="JA" style="font-family: "MS Mincho"; line-height: 107%; mso-ascii-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-font-family: "Adobe Garamond Pro";">聲の形</span><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">), conhecido no Brasil como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Voz do Silêncio, </i>que é uma animação que trata de temas delicados
como suicídio e bullying; e o j-drama (dorama japonês), <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Fujoshi, Ukkari Gay ni Kokuru</i> (</span><span color="windowtext" lang="JA" style="font-family: "MS Mincho"; line-height: 107%; mso-ascii-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-font-family: "Adobe Garamond Pro";">腐女子、うっかりゲイに告る</span><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, algo meio intraduzível para mim), que
trata de forma delicada e muito melancólica da homossexualidade masculina na
adolescência, do fenômeno Boy Love (BL) e a questão do suicídio em um país
ainda muito conservador e preconceituoso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A
história contada por Felipe é potente, é dramática e forte. Eloáh vive em carne</span></b><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">viva,</b> e sei que a rotina é um elemento
que dá maior realismo a trama, além de figurar o quão esvaziado de sentido se
encontrava a vida dela. Mas senti que – literariamente e para os padrões de
exigência dos leitores atuais – esse fluxo repetitivo da rotina de Elóah se reproduziu
demasiadas vezes, acabando por se tornar um vício da trama. Inclusive, trata-se
de um vício tão arraigado que em um dos capítulos o livro apresenta uma falha
de continuidade por conta do costume de se seguir o já citado roteiro (casa – escola
– consultório – casa). <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A falha é minúscula mas não me
escapou. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No capítulo 44, após chegar da rua
Silas questiona o que a filha foi fazer naquele dia, um sábado (e isso foi
bastante enfatizado), e depois há um conflito entre os dois. Eloáh se recolhe
ao seu quarto e uma tempestade se instala sobre a cidade. Contudo, no capítulo
seguinte, quando o dia amanhece (ou seja, no dia seguinte a briga e que deveria
ser domingo), Eloáh acorda e, ao ver o noticiário, agradece pela suspensão das
aulas em decorrência do temporal ocorrido durante a noite. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Aula
no domingo?”</i> Foi meu questionamento na hora que li, e como o texto não é
claro se a suspensão era apenas para aquele ou para vários dias, só pude supor
uma falha de continuidade na narrativa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Felipe ainda tem algumas esquisitices
meio estranhas. Uma delas é a escolha do nome da cidade que – apesar dos muitos
nomes estranhos de municípios brasileiros – para mim não fez o menor sentido (Cidade
de Confete). Outra é o fato da psicóloga usar "cubos de açúcar" (isso
existe no Brasil?). <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Mas críticas a parte, ele me aparenta
ser um talento em desenvolvimento. Ademais, é valido recordar que quer outro
escritor que hoje é renomado, um dia foi – na aurora de sua carreira – alguém
que escrevia de forma ainda crua, com falhas ou imitando o estilo algum autor
ou movimento já consagrado. É plenamente compreensível e nem Machado de Assis
escapou disso (leiam Helena – livro chatíssimo e piegas da fase romântica de
Machado).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Mas chega! Acho que já deu para
entender minha dificuldade de me identificar com a escrita do autor, ainda que
eu recomende veementemente a leitura da obra. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 18pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Conclusão <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Para finalizar gostaria apenas de
falar do que achei da construção psicológica de Eloáh e, na tangente, dos
personagens de um modo mais generalizado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">De um modo mais geral,
alguns personagens foram construídos de uma forma um tanto caricatural ou um
pouco sem personalidade, a exemplo de Silas (que é demasiadamente perverso para
se fazer completamente crível); do aluno e terror de Eloáh, o playboy Nicolas
(que nada mais é que um valentãozinho que se apoia no prestígio de sua família
e na permissividade interesseira da direção da escola); da psicóloga picareta
Elisa (que é um pouco sem personalidade, mas que me fez crer que os órgãos de
regulamentação da profissão deveriam ficar mais atentos aos profissionais em
exercício); e da mãe dominada – e um tanto marionete – de Eloáh (que encarna o
papel clássico de mulher muda e dominada, vítima e cúmplice da violência
perpetrada em casa).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Qualquer um deles poderiam ser reais?</span></b><span color="windowtext"> Acredito que sim, porque personificam realidades de
fato: hipocrisias religiosas, violência doméstica, clientelismo, privilégios
sociais, picaretagem de falsos médicos e mulheres que “por amor” se silenciam
frente a violência contra elas e contra seus filhos. No entanto, não consegui
ver muita profundidade e complexidade nestes personagens. Eles são reflexos da
realidade, mas não me pareceram de fato reais. Eloáh, no entanto, me convenceu
muito mais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Eloáh é repleta de medos,
frustrações, complexos, receios, desejos e dores. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Uma miscelânea de sentimentos</b>. E mais do que isso, ela é sensível, e
não apenas porque consegue sentir no ar as tensões entre seus pais, a
hipocrisia e a transfobia nas ações e falas de seu pai ou porque lê o
preconceito estampado nos olhares dos moradores da Cidade de Confete ou na
crueldade de seus colegas de turma. Não. Eloáh é sensível sobretudo porque
ainda preserva dentro de si a força para ser gentil mesmo com quem negligencia
o seu bem-estar (a mãe), ou com aqueles que só necessitam de um pouco de
atenção (Luís, o vizinho idoso e viúvo que remói a perda da esposa). <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Eloáh não sabe lidar muito
bem com o afeto e atenção que Samuel (único amigo de Eloáh, negro, homossexual[?]
e que se torna o principal porto seguro da garota), que Lilian (professora nova
de língua portuguesa) ou mesmo que Luís lhe ofertam – porque só conheceu a dor
e a violência onde deveria haver carinho e proteção. Mas ainda assim, consegue
manter parte de si íntegra, amorosa, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">yasashī
</i>(</span><span color="windowtext" lang="JA" style="font-family: "MS Mincho"; mso-ascii-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-font-family: "Adobe Garamond Pro";">やさしい</span><span color="windowtext">)<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Isso não quer dizer que
ela não guarde dentro de si sentimento de revolta, de raiva, mas o que mais
<b>transborda por seus poros é uma sensação de cansaço misturado a aflição que lhe
faz flertar com o suicídio</b>. Mas em meio a esta névoa, Eloáh é fundamentalmente
uma jovem capaz de pequenos e belos atos de gentileza. Tudo isso a torna bem
mais complexa do que aparenta e isso me fez me identificar bem mais com ela do
que com a maioria dos protagonistas de sua vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Enfim, penso que Felipe tem futuro e provavelmente seu
livro mais recente, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Para onde vão os
Suicidas?</i>, deve corrigir parte das limitações que percebi em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Descolorindo Eloáh</i>, porque todo autor é
um escritor em construção. Gostaria apenas de pontuar que achei o desfecho (epílogo)
um pouco exagerado. Havia como dar destino a Silas de outra forma, com
resultado semelhante, porém mais crível. E senti falta de um “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">o que aconteceu depois</i>” mais detalhado
no caso da protagonista.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Ademais, independente de minhas críticas, o livro é
importante, sua leitura é necessária, principalmente como porta de entrada para
conhecer o tema da transgeneridade em sua relação com os conflitos familiares,
religiosos, sociais e psicológicos. Importante também porque denuncia a
falsidade dos tratamentos que prometem a “cura” de algo que não é doença, não é
pecaminoso e muito menos anormal. </span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A edição lida é da Editora
Pendragon, do ano de 2019, digital, e sua versão física possui 242 páginas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Felipe Saraiça é vencedor do prêmio Pérolas da literatura e
escreve desde 2016. É autor de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Palavras
de rua</i> — que foi adaptado para o cinema —, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Para onde vão os suicidas</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Descolorindo
Eloáh</i> e o livro de poemas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O amor é um
plágio</i>. Já quis ser jogador de futebol, cantor, mas acabou se encontrando
verdadeiramente na literatura, um sonho que surgiu de forma repentina, mas se
tornou parte essencial da sua vida. Aborda assuntos delicados em suas
narrativas e acredita que os livros têm o poder de transformar as pessoas. Também
ganhou o Festival de Cinema de Caruaru com o longa-metragem baseado em seu
primeiro livro, ao qual escreveu o roteiro junto ao produtor Léo Batista. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%;">Preview do Google Books<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Abaixo você pode conferir uma prévia do livro
disponível no Google Books. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=0vO-DwAAQBAJ&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens relacionadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/05/o-retrato-de-dorian-gray-oscar-wilde.html">O
Retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde – Resenha</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/05/a-alma-trocada-rosa-lobato-de-faria.html">A
Alma Trocada – Rosa Lobato de Faria – Resenha</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/11/7-arte-hoje-eu-quero-voltar-sozinho.html" style="font-size: 16pt; text-align: left;">7ª
Arte: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho – Resenha</a><o:p></o:p></span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<a href="https://gntech.med.br/blog/post/suicidio-depressao-ansiedade-lgbt">https://gntech.med.br/blog/post/suicidio-depressao-ansiedade-lgbt</a>
<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span></span></span></a><a href="https://brasil.un.org/pt-br/83343-oms-retira-transexualidade-da-lista-de-doencas-mentais">https://brasil.un.org/pt-br/83343-oms-retira-transexualidade-da-lista-de-doencas-mentais</a>
<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span></span></span></a><a href="https://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/10/reino-unido-vai-pedir-perdao-a-gays-condenados-por-serem-gays.html">https://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/10/reino-unido-vai-pedir-perdao-a-gays-condenados-por-serem-gays.html</a>
<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
MESQUITA, Daniele Trindade; PERUCCHI, Juliana. Não apenas em nome de Deus:
discursos religiosos sobre homossexualidade. Psicologia & Sociedade
[online]. 2016, v. 28, n., pp. 105-114. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/1807-03102015v28n1p105>. Acesso em: 18 jan 2022.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span></span></span></a><a href="https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2021/11/por-que-precisamos-banir-as-terapias-de-reversao-sexual.shtml">https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2021/11/por-que-precisamos-banir-as-terapias-de-reversao-sexual.shtml</a>
<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<a href="https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf">https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf</a>
<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span></span></span></a><a href="https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/disforia-de-g%C3%AAnero/disforia-de-g%C3%AAnero">https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/disforia-de-g%C3%AAnero/disforia-de-g%C3%AAnero</a>
<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span></span></span></a><a href="https://www.megacurioso.com.br/religiao/71427-deus-e-mulher-ou-homem-por-que-nos-referimos-a-ele-com-o-sexo-masculino.htm">https://www.megacurioso.com.br/religiao/71427-deus-e-mulher-ou-homem-por-que-nos-referimos-a-ele-com-o-sexo-masculino.htm</a><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/Descolorindo%20Elo%C3%A1h%20-%20Resenha.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Desculpem-me por recorrer a um termo estrangeiro, mas é que o entendimento
japonês do que é ser gentil traduz com mais fidelidade meus sentimentos e
impressões em relação ao desenho psicológico do personagem. Sei que
pouquíssimos conseguirão compreender-me usando este termo – yasashī – mas para
os japoneses ela descreve a pessoa que é dotada de compaixão pelos outros, de
sentimentos delicados, de modéstia, de humildade, de bondade, de suavidade ou
algo que possui uma natureza refrescante e graciosa. <o:p></o:p></p>
</div>
</div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-51714435197195732042021-12-26T00:00:00.001-03:002021-12-26T00:00:00.195-03:002021 #AnoDaItália: Os autores que lemos na Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo (CALCT)<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 16pt; line-height: 107%;"><b>Italo
Calvino </b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/97/Italo-Calvino.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="438" data-original-width="330" height="200" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/97/Italo-Calvino.jpg" width="151" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">Italo Calvino nasceu em Santiago de Las Vegas, Cuba, em 15 de outubro de 1923, e foi para a Itália logo após o nascimento. Formou-se em Letras e participou na resistência ao fascismo durante a Segunda Guerra Mundial, tendo atuado muitos anos como militante e membro do Partido Comunista Italiano, até que se desfilou-se em 1957. </div> <div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Foi um dos mais importantes escritores italianos do século XX e sua primeira obra foi Il sentiero dei nidi di ragno (A trilha dos ninhos de aranha), publicada em 1947. Uma de suas obras mais conhecidas é Le città invisibili (As cidades invisíveis), de 1972. </div> <div style="text-align: justify;"><br /></div> <div style="text-align: justify;">Morreu em Siena, em 19 de setembro de 1985.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>Livros dele no blog: Se um Viajante numa Noite de Inverno ( de janeiro)</b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 16pt;"><br /></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 16pt;">Elena Ferrante</b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 16pt; line-height: 107%;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Elena Ferrante é o pseudônimo de uma escritora italiana que prefere manter sua identidade em segredo sob a justificativo poder escrever com liberdade, e para que a recepção de seus livros não seja influenciada por uma imagem pública. Especula-se que seja uma tradutora, Anita Raja, que nasceu em Nápoles e que seja casada com o também escritor Domenico Starnone.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A autora concede poucas entrevistas, todas elas por escrito e intermediadas pelas suas editoras italianas. A única certeza sobre ela é que escreve desde 1991, ano em que publicou seu primeiro romance, L'amore molesto, livro resenhado nesta postagem.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Livros dela no blog: <a href="https://www.blogger.com/#">Um Amor I</a><a href="https://www.blogger.com/#">ncômodo</a> (7 de fevereiro)</b></div></span></div>
<span style="text-align: justify;"><font face="adobe garamond pro, serif"><span style="font-size: 21.3333px;"><b><div><span style="text-align: justify;"><font face="adobe garamond pro, serif"><span style="font-size: 21.3333px;"><b><br /></b></span></font></span></div>Niccolò Ammaniti</b></span></font></span><div><div style="text-align: justify;"><font face="adobe garamond pro, serif"><span style="font-size: 21.3333px;"><b><br /></b></span></font></div><div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/proxy/AVvXsEi7VHF6dK_mkYjVYV5nF0b0G2crphePD2cqQDy1JAKPw96Fxq_LMKopPp0FoT3BNgHpw1ic-IuZ2EJDx-bSSccQvtQUVv6oglR9CPsiCB36EQbLA52lDClZGUmcTZYJ8waLVozP0iYSv9cfL7fZ8RPdOacVe-URk-rz43BTM-UQsroPWUMyMCelCfMx=s2048" style="clear: left; float: left; font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 21.3333px; font-weight: 700; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1371" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/proxy/AVvXsEi7VHF6dK_mkYjVYV5nF0b0G2crphePD2cqQDy1JAKPw96Fxq_LMKopPp0FoT3BNgHpw1ic-IuZ2EJDx-bSSccQvtQUVv6oglR9CPsiCB36EQbLA52lDClZGUmcTZYJ8waLVozP0iYSv9cfL7fZ8RPdOacVe-URk-rz43BTM-UQsroPWUMyMCelCfMx=w134-h200" width="134" /></a>Niccolò Ammaniti nasceu em Roma e é um dos mais conceituados autores italianos da atualidade. Os seus livros são sucessos de vendas internacionais e estão publicados em quarenta e quatro países. Escreveu os romances <i>Branchie</i>, <i>Ti prendo e ti porto via</i> e <i>Não tenho medo</i>, além da antologia de contos <i>Fango</i>. <i>Como Deus Manda</i> recebeu o prêmio Strega, mais importante e disputado da literatura italiana. <i>A Festa do Século</i>, seu livro seguinte, demonstra todo o talento do autor por meio de uma crítica tão criativa quanto impiedosa à sociedade. Com <i>Eu E Você</i>, Ammaniti comprova a versatilidade literária que o levou a ser traduzido para mais de quarenta idiomas.</div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div>
<div style="text-align: justify;"><b>Livros dele no blog: <a href="https://www.blogger.com/#">Eu e Você</a> (7 de março)</b></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<h2 style="text-align: left;">Referências </h2> https://pt.wikipedia.org/wiki/Italo_Calvino <br /> https://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=00077<br />https://pt.wikipedia.org/wiki/Elena_Ferrante<br />https://en.wikipedia.org/wiki/Niccol%C3%B2_Ammaniti<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;"><br /></div></div></div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-50000278659179922282021-03-07T00:00:00.012-03:002021-03-07T00:00:00.208-03:00Eu e Você – Niccolò Ammaniti – Resenha <p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Por Eric Silva para a </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">4ª Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo</span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: right;"><span style="color: #00000a;">7 de março de 2021, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">ano da Itália</span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0.0001pt 7cm; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">“O mimetismo batesiano se verifica quando uma espécie
animal inócua, aproveitando sua semelhança com uma espécie tóxica ou venenosa
que vive no mesmo território, consegue imitar a cor e os comportamentos dessa
última. Assim, na mente dos predadores, a espécie imitadora é associada à
perigosa, o que aumenta suas possibilidades de sobrevivência”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; margin-left: 7cm; text-align: right;"><span style="color: #00000a;">(Niccolò Ammaniti, epígrafe)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre
colchetes [1] possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após
as mídias, prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 115%;">Diga-nos
o que achou da resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><b><i><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Está sem tempo para
ler? Ouça a nossa resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/sLHBUHWiea?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=1039371498070" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg95geYrZPvM5l2r53gCTBu7gzgsSWPUwl4ajSz83I1swa3zE5cqoNsuGACGaUwbfPbMP7ooRpjt8X-MsKUJbeI4vKhyphenhyphenQZKHP-kvjWyHpxFrh3fkIMR77Rvzt7mlz46NCGm6ql3bLnSZGvE/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1169" data-original-width="827" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg95geYrZPvM5l2r53gCTBu7gzgsSWPUwl4ajSz83I1swa3zE5cqoNsuGACGaUwbfPbMP7ooRpjt8X-MsKUJbeI4vKhyphenhyphenQZKHP-kvjWyHpxFrh3fkIMR77Rvzt7mlz46NCGm6ql3bLnSZGvE/w453-h640/s0118.png" width="453" /></a></b></div><b><div style="text-align: justify;"><b>Um livro que explora a natureza humana
quando esta é forçada a se adequar ao meio e que aborda a transição da
adolescência para a idade adulta, <i>Eu e
Você</i>, do italiano Niccolò Ammaniti, é um livro sensível que aborda as
dificuldades de um garoto calado e antissocial em interagir de forma honesta e
sincera com o mundo, mas que é confrontado pelo destino e posto à prova quando
forçado a conviver, mesmo que temporariamente, com sua meia-irmã problemática e
viciada em narcóticos.</b></div><o:p></o:p></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Confira a resenha do terceiro livro da IV Campanha Anual
de Literatura do Conhecer Tudo que neste ano homenageia a literatura italiana.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 115%;">Sinopse do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Roma,
fevereiro de 2000. Munido de comida, bebida, livros e jogos, Lorenzo Cuni está
escondido no porão de seu prédio, rodeado de objetos empoeirados de uma
condessa morta, esperando que a semana branca (<i>settimana bianca</i>) acabe e ele possa enfim retornar para o andar de
cima e contar para a mãe o quão divertido foi passar aqueles dias esquiando nos
alpes italianos com seus amigos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Mentir
e esconder-se ali era a única opção depois que ele inventou uma viagem que não
existia com amigos que ele nem se quer conhecia. Uma maneira louca de fugir da
perseguição dos pais que queriam que ele tivesse amizades. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Tudo
parecia dar certo. Ele conseguiu enganar os pais em relação a viagem, e
conseguiu despistar a mãe quando esta queria levá-lo ao ponto de encontro com
os tais amigos. Depois disso, conseguiu se instalar secretamente em seu refúgio
sem grandes esforços. Apesar disso, ele não contava que um segundo elemento se
introduziria em seus planos: a meia irmã Olivia, com a qual Lorenzo quase não
teve nenhum contato e que era viciada em drogas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Naquele
justo momento, Olivia aparece em busca de algumas coisas pessoais no porão da
casa do pai, de algum dinheiro e de um lugar para “ficar limpa”, ou seja, para
esperar passar o tempo de abstinência dos narcóticos que usava. Sob coerção,
Lorenzo se vê obrigado a “hospedar” a irmã em seu refúgio secreto e, por vários
dias, conviver com ela, uma quase desconhecida. É assim que Olivia se soma a
equação de <i>Eu e Você, </i>e à vida do
jovem Lorenzo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 115%;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Quando
comprei <i>Eu e Você</i></span><span style="color: #00000a; line-height: 115%;">, em 2019, de
planos fazer naquele ano a quarta edição da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 115%;">CALCT</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 115%;">, fiquei um
tanto receoso porque a capa e o título sugerem mais um daqueles romances de
amor adolescente e dramático. Todavia o livro de Niccolò Ammaniti vai para um
caminho totalmente oposto, <b>e se ainda
assim </b></span><b><i><span style="color: #00000a;">Eu e Você</span></i></b><b><span style="color: #00000a; line-height: 115%;"> (no original, <i>Io e Te</i>) seja um tanto dramático, é um livro sem muito romantismo,
cheio de originalidade e que conseguiu me agradar com seus personagens, sua
narrativa e sua leitura ágil e descomplicada.</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 115%;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 115%;">Li numa resenha que este livro <i>promete pouco e entrega pouco</i>, mas para
mim, esse “pouco” foi mais do que o suficiente. É claro que </span><i><span style="color: #00000a;">Eu e Você</span></i><span style="color: #00000a;"> não explora as belas paisagens italianas ou os cenários
romanos seculares, mas, por outro lado, explora um pouco da natureza humana
daqueles que são deslocados. O próprio protagonista e narrador </span><span style="color: #00000a; line-height: 115%;">é daquelas
almas egocêntricas que preferem a solitude de estar em sua própria companhia
porque considera que não há nenhuma outra associação melhor, mas que se vê –
por atrito – forçado a amadurecer. A outra protagonista é uma pessoa destruída
pelo desprezo de seus pares e pelo vício das drogas. Alguém desajustado, que
mesmo não estando à espera de que alguém lhe estenda a mão, luta com suas
próprias forças para encontrar um caminho. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 115%;">Ammaniti parece gostar dos romances
dramáticos e de família, a exemplo do seu elogiado <i>Como Deus Manda</i> (<i>Come Dio
Comanda</i>), onde os dois protagonistas, pai e filho, vivem uma relação
baseada na violência e no conflito. </span><i><span style="color: #00000a;">Eu e Você</span></i><span style="color: #00000a;"> é mais
suave, mas possui seus próprios tons dramáticos.</span><span style="color: #00000a; line-height: 115%;"> A temática sobre as drogas já se tornou
corriqueira – afinal, mais do que nunca, o uso de drogas se tornou um fato
universal –, mas está em perfeito equilíbrio com a proposta e nível do livro.
Ainda assim, ele foi bom o suficiente para garantir uma adaptação para o cinema
realizado em 2012 por Bernardo Bertolucci e que rendeu várias indicações para o
<i>Prêmio David di Donatello</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 115%;">A
escrita de Ammaniti é ágil, leve e sucinta sem deixar de ser descritiva e bem
escrita. É prosaica, mas não destituídas de alguma poesia</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 115%;">. Há um
equilíbrio entre diálogo e narração, e o narrador, por sua personalidade
individualista é irônico e opinativo. Mas o interessante nesse livro é o choque
existente entre duas gerações de irmãos tão distintos entre si. Ele amado e
mimado, ela ovelha negra, perdida, indesejada. Desse choque nasce uma novela
interessante, ainda que limitada. Mas o que quero mesmo é destacar seus
personagens muito bem-feitos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Lorenzo
é um personagem tão peculiar quanto interessante. <b>Ele é um ator nato e o meio termo entre um adolescente esnobe e
malcriado, mas sensível, e o futuro projeto de um manipulador taciturno,
antissocial e calculista, mas que não se concretiza</b>. Observador,
inteligente, e egocêntrico, mas pouco dado a conversar com aqueles que não
faziam parte de seu círculo familiar. Só a mãe, o pai e a avó lhe importavam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Os
pais se preocupam com a pouca sociabilidade do filho. Quando era pequeno,
Lorenzo só respondia aos estranhos com “sim, não, e não sei”, e se insistissem,
dizia aquilo que eles queriam ouvir. Quando “os outros” não o deixavam em paz,
se tornava agressivo e, por isso, os pais preocupados o mandaram para um
psicólogo, que o menino tratou logo de tentar enganar, fazendo-se passar por um
“menino normal”. Contudo o diagnóstico não poderia ser ao mais exato: Lorenzo
era “<i>incapaz de sentir empatia pelos
outros</i>”, “[...] <i>tudo que está fora de
seu círculo afetivo não existe, não lhe suscita nada</i>” e “<i>acredita que é especial e que apenas pessoas
especiais como ele podem compreendê-lo</i>”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Os
pais, obviamente, desacreditaram deste diagnóstico e tiraram o menino do
tratamento. Para eles, o filho era “afetuoso”, “um menino normal”. No entanto,
aquela decisão foi a chave para que Lorenzo aprendesse a dissimular, fingir ser
quem não era para que as pessoas o deixassem em paz. Se misturava com os outros
jovens numa distância segura o suficiente para que eles e os pais pensassem que
ele era um “deles”, que tinha amigos, e longe o suficiente para não ser
importunado. Como um inseto havia aprendido a mimetizar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; text-align: justify;"><i><span style="color: #17406d;">“Eu me misturava como
uma sardinha em um cardume de sardinhas, me mimetizava como um bicho-pau entre
ramos secos”.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Contudo,
ao entrar no liceu<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Eu%20e%20Voc%C3%AA%20-%20Resenha.docx#_ftn1" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a> público a técnica deixa de
ser eficiente e ele se torna alvo de bullying. O que lhe resta é evoluir, não
como pessoa, mas como imitador, e é através da imitação das práticas e
trejeitos dos mais temidos da escola que ele consegue afastar todo os indesejáveis.
Ele passava a ser uma mosca que imitava as vespas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 2pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #17406d;">“Em algum lugar, nos trópicos, vive uma mosca que imita as vespas. Tem
quatro asas, como todas as de sua espécie, mas mantém uma sobre a outra, e
assim parecem apenas duas. Tem listras amarelas e pretas no abdome, antenas,
olhos protuberantes e até um ferrão de mentira. Não faz nada, é boazinha. Mas,
vestida como uma vespa, é temida pelas aves, pelas lagartixas, até pelos seres
humanos. Pode entrar tranquilamente nos vespeiros, um dos lugares mais perigosos
e vigiados do mundo, e ninguém a reconhece.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 2pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #17406d;">Eu tinha errado tudo.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 2pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #17406d;">Era isso que eu devia fazer.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 2pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #17406d;">Imitar os mais perigosos”. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2pt; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2pt; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Desse modo, Lorenzo continuava sozinho e isolado.
Sentia-se feliz sozinho, mas ao lado dos outros tinha que representar, o que
chegava a amedrontá-lo. Além disso, inventava mentiras e casos engraçados da
escola para deixar os pais tranquilos. Foi nesse círculo interminável de
mentiras e dissimulações que ele acabou por inventar que alguns amigos haviam o
convidado para esquiar e teve que buscar uma maneira de sustentar sua mentira.
Nesse ponto começa de fato a história do livro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2pt; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">[ALERTA DE SPOILER]. Olivia por sua vez é pintada pelo
narrador sob as cores da irmã-mistério, desconhecida, inoportuna, indesejada,
inteligente e boa mentirosa, mas, ao mesmo tempo, objeto de uma curiosidade
pouco confessada e que ao olhar do irmão vai pouco a pouco se transformando,
pela força da convivência forçada, como alguém em mutação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2pt; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">[ALERTA DE SPOILER]. Ela, por sua vez, oscila da
indiferença a curiosidade, das pequenas implicâncias a solidariedade fraternal
que quebra lentamente o iceberg em que Lorenzo estava preso. Na maioria do
tempo padece dos efeitos da abstinência, mas, nas suas falas, é possível
perceber o ressentimento que nutria do pai e da madrasta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2pt; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">É interessante notar que Olivia na história funciona como
o ponto de pressão de Oliver, forçando-o a abandonar seu egocentrismo para
ajudá-la em um momento em que ela se encontra extremante vulnerável e doente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2pt; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">[ALERTA DE SPOILER]. Eles dois não conviveram, mal se
conheciam, e se viram em pouquíssimas oportunidades, mas a relação irmão e
irmã, com seus altos e baixos, birras e solidariedades está ali, explícita,
palpável. E desse modo aquele breve tempo juntos acaba por impulsionar o lado
mais humano do garoto e contribui para seu crescimento e amadurecimento por
forçá-lo a deixar de olhar para si, para olhar para o outro. Uma temporada
breve, mas significativa ao ponto de levar o menino a ampliar seu círculo
afetivo outrora tão estreito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Enfim, o desfecho é singelo e muito
sensível, sem deixar de ser, até certo ponto, realista e verossímil. O livro
como um todo não é um clássico, e rapidamente caiu no esquecimento, mas tem
qualidade e te prende, sendo, em parte, até comovente.</span></b><b><span style="color: #00000a; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A
edição lida é da Editora Bertrand Brasil, do ano de 2013 e possui 160 páginas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 115%;">Sobre o autor</span></b></p><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwwFZ0w01vsCT2utoBx5ucqtyGy4zMW2enJA1CD3tCoGsUoqlrKkBYVLeAkLgg54LPs2J5EwTpQ4yYYaOnGuNcc4m4k4u7E69oeQzXzSy06Jy88YdRPF-TFTkGshfgfU3qi8LuwuFyulhe/s1440/305330_v9_ba.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1440" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwwFZ0w01vsCT2utoBx5ucqtyGy4zMW2enJA1CD3tCoGsUoqlrKkBYVLeAkLgg54LPs2J5EwTpQ4yYYaOnGuNcc4m4k4u7E69oeQzXzSy06Jy88YdRPF-TFTkGshfgfU3qi8LuwuFyulhe/s320/305330_v9_ba.jpg" /></a></div></div>Niccolò Ammaniti nasceu em Roma e é um
dos mais conceituados autores italianos da atualidade. Os seus livros são
sucessos de vendas internacionais e estão publicados em quarenta e quatro
países. Escreveu os romances <i>Branchie</i>,
<i>Ti prendo e ti porto via</i> e <i>Não tenho medo</i>, além da antologia de
contos <i>Fango</i>. <i>Como Deus Manda</i> recebeu o prêmio Strega, mais importante e
disputado da literatura italiana. <i>A Festa
do Século</i>, seu livro seguinte, demonstra todo o talento do autor por meio
de uma crítica tão criativa quanto impiedosa à sociedade. Com <i>Eu E Você</i>, Ammaniti comprova a
versatilidade literária que o levou a ser traduzido para mais de quarenta
idiomas.</div><o:p></o:p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Confira quem
são os outros autores participantes da Campanha deste ano.</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Saiba
mais sobre os autores que estão sendo lidos na Campanha no link: </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-anodaitalia-os-autores-que-estamos.html"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;">autores</span></b></a><b><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Conheça
os pontos do nosso itinerário no mapa do link: </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;">mapa</span></b></span></a><b><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">.</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 115%;">Preview </span><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 115%;">do
Google Books<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Abaixo você pode conferir uma prévia do
livro disponível no Google Books. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=4wmfy9MexFAC&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<div><div style="text-align: justify;"><p class="CorpodoTexto"><span style="color: #00000a; font-size: 20.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens Relacionadas</span><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 20.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/opiniao-o-decamerao-em-tempos-de.html"><span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Opinião | O Decamerão em tempos de quarentena: as
pandemias de peste negra e Covid-19</span></a><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">2021, o Ano da Itália no Conhecer Tudo - IV Campanha
Anual de Literatura do Conhecer Tudo</span></a><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/o-decamerao-giovanni-boccaccio-resenha.html"><span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Decamerão - Giovanni Boccaccio - Resenha</span></a><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/02/um-amor-incomodo-elena-ferrante-resenha.html"><span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Um Amor Incômodo – Elena Ferrante – Resenha</span></a><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/03/eu-e-voce-niccolo-ammaniti-resenha.html"><span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Eu e Você – Niccolò Ammaniti – Resenha</span></a><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/04/se-um-viajante-numa-noite-de-inverno.html"><span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Se um Viajante numa Noite de Inverno – Italo Calvino –
Resenha</span></a><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/04/a-solidao-dos-numeros-primos-paolo.html"><span lang="EN-US" style="font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A Solidão dos Números Primos – Paolo Giordano –
Resenha</span></a><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Eu%20e%20Voc%C3%AA%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a>O
liceo italiano corresponde, aproximadamente, a nosso ensino médio, antigo
segundo grau. Dura cinco anos, e o aluno pode optar entre o <i>liceo scientifico</i> e o <i>liceo classico</i>. (Nota original do
tradutor)<o:p></o:p></p>
</div>
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-21813133044751305872021-02-28T00:00:00.024-03:002021-02-28T00:00:03.200-03:00[Especial Zafón] La Ciudad de Vapor (A Cidade de Vapor) – Carlos Ruiz Zafón – Resenha <p style="text-align: right;"> <span color="windowtext" style="text-align: right;">Por Eric Silva</span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">28 de fevereiro de 2021, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">Ano da Itália</span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;"><span color="windowtext" lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">“Bienvenido a un nuevo libro – desgraciadamente el último – zafoniano”
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext" lang="ES-TRAD" style="mso-ansi-language: ES-TRAD;">(Émile de Rosiers
Castellaine, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Ciudad de Vapor</i>)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou
da resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span color="windowtext"><iframe src='https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/436cVz51iq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=289712147223' style='overflow:hidden;height:152px;width:530px;border: 0;margin:0;'></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"></span></b></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-iR64hd9NWCLHP_XUCLpG6I7X32W6_h9hRCrR67KLlFlaxe3Su6P5VkZ1yq6P6z2tvAfVwhcL9Wo_9lTj_KS4nsh8WmvPXUzt88PTPu6b5MWtZ8HSkwwjUcBNnptINBUJeTbN-BDs-KFK/s2560/La+Ciudad+de+Vapor.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1708" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-iR64hd9NWCLHP_XUCLpG6I7X32W6_h9hRCrR67KLlFlaxe3Su6P5VkZ1yq6P6z2tvAfVwhcL9Wo_9lTj_KS4nsh8WmvPXUzt88PTPu6b5MWtZ8HSkwwjUcBNnptINBUJeTbN-BDs-KFK/w428-h640/La+Ciudad+de+Vapor.jpg" width="428" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Livro póstumo de Zafón, La Ciudad de Vapor em sua edição original. </td></tr></tbody></table><p></p><div style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><b><span color="windowtext">Reunião de todos os contos escritos pelo barcelonês
Carlos Ruiz Zafón, <i>La Ciudad de Vapor </i>(A
Cidade de Vapor) traz onze breve narrativas que resgatam as origens de
personagens da quadrilogia que se inicia com o livro </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b><i>A Sombra do Vento</i></b></span></a><b><span color="windowtext">, ampliando
o universo literário da saga. Traçando uma linha histórica da cidade catalã de
Barcelona, a cidade feita de vapor, desde a antiguidade até um futuro incerto e
apocalíptico, a coletânea reúne narrativa carregadas de melancolia, tragédia e
maldição, com personagens taciturnos, desgraçados e malditos, compondo um
caleidoscópios de narrativas góticas, de formação, fantásticas, históricas e
mesmo de terror, escritas com o melhor do estilo cinematográfico, poético e
metafórico de Zafón.</span></b></b></div><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Confira a resenha de mais uma obra do escritor
barcelonês, penúltima a ser resenhada para o </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Especial Zafón</b></span></a><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></span><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">e última a ser publicada no mundo</span></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">.</span></b><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sinopse
do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">La Ciudad de Vapor </span></i><span color="windowtext">(A
Cidade de Vapor) é uma coletânea que reúne onze contos de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet">Carlos Ruiz Zafón</span></a><span color="windowtext">,
três deles inéditos e os demais publicados de forma dispersa em diferentes
publicações entre os anos de 2002 e 2012. Contos que ampliam o universo
literário de sua mais importante obra, a quadrilogia d’<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O </i></span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/O%20Cemit%C3%A9rio%20dos%20Livros%20Esquecidos"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cemitério dos Livros
Esquecidos</i></span></a><span color="windowtext">, além de apresentar
personagens novos que não figuram na série e personagens reais cujas vidas são
recriadas pela pena gótica e trágica do escritor barcelonês. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O conto que inaugura a
obra, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Blanca y el adiós</i>, nos dá
vislumbres da difícil infância de David Martín, um dos muitos gênios malditos e
desafortunados da Zafón, no caso um escritor, que é também personagem principal
do livro </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Jogo do Anjo</i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">.</span></i><span color="windowtext"> Neste conto até então inédito, Zafón narra como o
pequeno David conheceu a menina Blanca, uma garota rica que experienciava a dor
causada pelos problemas familiares entre seus pais e que, pelo acaso de um
encontro fortuito no calçadão de uma livraria, acaba conhecendo David e se
tornando, mais tarde, a primeira musa inspiradora das narrativas fantásticas do
garoto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Além de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Blanca y el adiós,</i> no livro, Zafón
dedica ainda um segundo contos ao personagem de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Jogo do Anjo. </i>No desconcertante <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sin nombre,</i> o autor narra a história sombria e misteriosa do
nascimento de David, bem como nos apresenta as várias incógnitas que giram
entorno da identidade de sua mãe, uma garota desesperada que vaga pelas ruas
cobertas de neve de uma Barcelona indiferente enquanto sente as dores do parto
e busca auxilio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Una señorita de Barcelona</i>, Zafón conta a história soturna de
Eduardo Sentís, um fotografo arruinado que herdara as dívidas de um negócio
falido de seu patrão e que encontra como recurso de vida sua própria filha e o
talento da menina para encarnar personalidades de pessoas mortas para dar
pequenos golpes em familiares e amantes desesperados e enlutados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Já em </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/12/especial-zafon-rosa-de-fuego-conto.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rosa de Fuego</i></span></a><span color="windowtext">, o escritor dá um recuo no tempo e retorna ao século
XV para contar as origens da família Sempere e principalmente do Cemitério dos
Livros Esquecidos, a colossal biblioteca secreta e importante personagem dos
livros da série que leva seu nome. Neste conto, resenhado individualmente aqui
no blog em dezembro de 2020, Zafón narra a história da chegada do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hacedor de laberintos,</i> Edmond de Luna, a
uma Barcelona arrasada pela febre e de como o regresso do desfortunado
engenheiro seria responsável por uma tragédia ainda maior que “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">habría de teñir el cielo de la ciudad de
fuego y sangre</i>”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A temática das origens dos
Sempere e do grandioso palácio de livros têm continuidade no quinto conto da
coletânea, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-el-principe-de-parnaso.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">El Príncipe de
Parnaso</i></span></a><span color="windowtext">, também resenhado
individualmente aqui no blog. Nesse conto Zafón avança pouco mais de um século
em relação a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rosa de Fuego</i> e recria
de forma trágica, gótica e romântica a história da juventude de Miguel de
Cervantes, escritor real e expoente da literatura clássica espanhola, para
contar como este cai nas garras diabólicas de Andreas Corelli, outro personagem
fundamental do livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Jogo do Anjo.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Por sua vez, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Leyenda de navidad </i>toma emprestada a
temática do natal para contar mais uma história (esta muito breve) de terror e
de maldição. Em outro contexto, o tema frio e obscuro de um dia natalino na
cidade catalã é novamente resgatada na história seguinte, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Alicia, al alba</i>, que narra o encontro de um jovem empregado de um
bazar com uma misteriosa moça que tenta penhorar uma preciosa guirlanda de
perolas e safiras durante os bombardeios da</span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/12/a-guerra-civil-espanhola-e-campanha-do.html"><span class="LinkdaInternet"> Guerra Civil Espanhola</span></a><span color="windowtext">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Na sequência, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Hombres de gris</i>, avança para o momento
histórico espanhol seguinte, ou seja, para o contexto do regime franquista, e
narra a história de um assassino de aluguel que retorna a Barcelona que
abandonara muitos anos antes, a fim de cumprir a mais difícil de suas missões e
salvaguardar a estrutura que sustenta o regime ditatorial de Franco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Por fim, as três últimas
narrativas são breves e versam sobre temas muito distintos entre si.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Na curtíssima narrativa de
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">La mujer de vapor</i>, Zafón fala de como
um ex-detento não tendo onde morar passa suas noites em praça pública até ser
convidado por uma moça para viver em um dos muitos apartamentos abandonados de
um prédio condenado, e lá encontra a felicidade em meio a bons e improváveis
vizinhos. Enquanto isso, em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Gaudí em
Manhattan</i>, Zafón volta aos grandes personagens históricos da Espanha para
contar sobre o misterioso projeto de um hotel planejado pelo arquiteto catalão
Antoni Gaudí que deveria ter ser construído na ilha de Manhattan, o que jamais
chegou a ser concretizado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Por fim, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Ciudad de Vapor</i> se encerra com a mais
breve das narrativas da coletânea, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apocalipsis
en dos minutos</i>, no qual o narrador conta seus últimos momentos de vida
antes do fim do mundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Livro póstumo de Carlos
Ruiz Zafón, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Ciudad de Vapor</i> é
também o último a ser publicado do autor barcelonês cuja obra literária conta
agora com nove livros. A coletânea reúne narrativas curtas de um Zafón maduro e
fortemente influenciado pela atmosfera com a qual ele revestira </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i></span></a><span color="windowtext">, e cada vez mais distante daquele Zafón que escrevera
a cinematográfica porém infantil </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Trilogia%20da%20N%C3%A9voa"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Trilogia da Névoa</i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Os contos reunidos em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Ciudad de Vapor</i> não só resgatam as
origens dos principais personagens da tetralogia como também recriam a
Barcelona – desde sempre antiga – de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Sombra do Vento. </i>Recriam a melancolia e a frieza de uma cidade ora
mergulhada em neblina, ora recoberta de neve e gelo, mas sempre indiferente e
impassível em relação aos dramas, às violências e às tragédias vividas por seus
filhos. Uma cidade que abriga emudecida as muitas histórias que se interpõem e
compõem o teatro e o palco do drama humano encenado por muitas vidas anônimas e
públicas, mas todas elas marcadas pela dor, pela perda, pela miséria e,
sobretudo, pela tragédia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Não há um só conto desta
obra que não carregue as marcas da tragédia, da crueldade ou então da
decadência humana, tendo algumas poucas almas um fulgor que acalenta os
perdidos, os malditos e os desgraçados que perfilam nas páginas do livro. Não é
à toa que os cenários são quase sempre soturnos, noturnos, decadentes, cobertos
de névoas, de neve e gelo ou chuvosos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Como disse, neste conto a decadência
e a corrupção humana estão por todo o livro, mas destacadamente em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Una señorita de Barcelona. </i>Nele Zafón
relata o declínio de um pai que pouco hesita – em troca de dinheiro – em submeter
sua única filha, ainda pequena, a fazer o papel de substituta da menina morta
de uma família abastarda e enlutada. Mais tarde, o mesmo pai também não hesita
em prostituir a filha feita moça e fazer dela seu ganha-pão. Uma garota que
passa a viver narrativas que ela mesmo cria para iludir e roubar homens
consumidos pela dor e pela perda, e que no processo se dilui na identidade de
pessoas mortas como forma de preencher os vácuos e os vazios de sua própria
vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Mas, mais do que um conto
trágico, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Una señorita de Barcelona</i>
também resgata, em escala menor, um estilo de escrita zafoniana que cria um
caleidoscópio de histórias e tragédias pessoais que se cruzam e se entremeiam a
partir do encontro de várias pessoas com passados melancólicos e desgraçados. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Trata-se de um caleidoscópio de narrativas
que Zafón explora intensamente em </b></span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/03/especial-zafon-marina-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"> e sobretudo
na </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/O%20Cemit%C3%A9rio%20dos%20Livros%20Esquecidos"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">quadrilogia do
Cemitério</b></span></a><span color="windowtext">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Dos contos, os mais breves
são precisamente os mais potentes, surpreendentes e impactantes. É o caso de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sin nombre</i>, o mais desconcertante de
todos, o mais sombrio, cru e perfeito de toda a obra. Nele Zafón traz a vilania
e podridão humana tenebrosamente potencializada por um elenco de personagens
incógnitos e dentre os quais somente a criança recém-nascida possui um nome. Feroz,
este é o melhor dos contos da obra e o anonimato de seus personagens amplifica
seu caráter sombrio, porque aquilo que não tem nome a mim me parece também não
ter rosto, o que é ainda mais sombrio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Forte é também o desfecho
surpreendente de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La mujer de vapor </i>bem
como as cenas descritas nos parágrafos que encerra o enigmático <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Alicia, al alba</i>. Este último é também outro
conto melancólico, envolto em mistérios, em brumas e neves, o que ressaltou em
mim a impressão de que Zafón tinha atração não só pela tragédia, mas pela falta
de calidez do inverno, pelo não dito e pelos mistérios de um rosto feminino perdido
no passado e marcado pela tristeza silenciosa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Por fim, dos contos mais
curtos, o menor de todos, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apocalipsis en
dos minutos</i>, é exatamente o que seu título anuncia: uma narrativa com um
tempo narrativo tão curto e escrito em linhas tão breves que o próprio texto
pode ser lido em dois minutos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Digo que em conjunto são
contos que, como elucida o editor Émile de Rosiers Castellane, trazem elementos
de muito gêneros literários: os livros de formação (aprendizagem), os
históricos, as obras góticas, os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">thrillers
</i>– sobretudo de terror –, as histórias românticas e o caleidoscópio de
narrativas do qual falamos, ou, nas palavras de Castellane, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">el relato dentro del relato</i>”. Ao mesmo
tempo, eles criam uma linha do tempo da história da mais importante cidade
catalã, indo dos finais da Idade Média no trágico e fantástico <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rosa de Fuego</i> até o futuro impreciso
porém igualmente trágico e (agora) apocalíptico de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apocalipsis en dos minutos</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">O estilo cinematográfico e as construções metafóricas
e estilísticas que tanto caracteriza a fase madura de Zafón estão lá também e
representaram para mim – que li a obra em seu idioma materno – um desafio de
tradução e compreensão linguística, semântica e metafórica. Através destas
construções metafóricas e cinematográficas Barcelona se veste com mantos de
fogo, de cinzas e de neve, neblina e vapor, justificando o título da coletânea
e resgatando uma vez mais os cenários e contextos prediletos de um autor que
flertava com o trágico e com o gótico e que gostava de desnudar as misérias
humanas em narrativas repletas de aventuras, História, poesia e mistério.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Uma vez mais me despeço de meu escritor predileto, de
suas tramas carregadas de mistérios e melancolias. Falta agora resenha apenas o
livro </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/03/especial-zafon-marina-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">, e terei resenhado
toda a sua obra. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Enfim, sigo ansioso pela publicação de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Ciudad de Vapor</i> em português para que
ele ocupe, junto aos seus irmãos, o espaço que lhe é de direito na minha
estante.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A edição lida é digital da
Editora Grupo Planeta, do ano de 2020 e possui, em sua edição física, 224
páginas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">***<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Nota</span></b><span color="windowtext">: os
leitores que não foram iniciados no labiríntico e caleidoscópio universo do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">El Cementerio de los Libros Olvidados </i>sugiro
que leia primeiro a quadrilogia que começa com </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i></span></a><span color="windowtext"> e encerre com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La
Ciudad de Vapor</i>. As narrativas farão mais sentido com estas referências.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Saiba mais sobre Carlos Ruiz Zafón na </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">postagem
especial </span></span></a><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">que fizemos sobre ele.</span><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens relacionadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A Sombra do Vento – Carlos Ruiz
Zafón – Resenha de Releitura</span></span></a><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"> </span></span><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-as-luzes-de-setembro.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">As Luzes de Setembro – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-el-principe-de-parnaso.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">El Príncipe de Parnaso (conto) – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Especial: Zafón</span></span></a><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto"><span class="LinkdaInternet"><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/02/especial-zafon-la-ciudad-de-vapor.html">La
Ciudad de Vapor (A Cidade de Vapor) – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</a></span></span><span color="windowtext" lang="ES-TRAD" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: ES-TRAD; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O Jogo do Anjo – Carlos Ruiz Zafón
– Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-labirinto-dos.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Labirinto dos Espíritos – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Palácio da Meia-noite – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></span><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Príncipe da Névoa – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O Prisioneiro do Céu – Carlos Ruiz
Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Quem é Carlos Ruiz Zafón? –
Especial Zafón</span></span></a><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span face=""Calibri","sans-serif"" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/12/especial-zafon-rosa-de-fuego-conto.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Rosa de Fuego (conto) – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a></span></p>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-74561375387058628862021-02-07T00:00:00.030-03:002021-02-07T10:27:21.985-03:00Um Amor Incômodo – Elena Ferrante – Resenha <p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Por Eric Silva para a </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">4ª Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo</span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">07 de fevereiro de 2021, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">ano da Itália</span></a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0.0001pt 6cm; text-align: right;"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt;">“Talvez eu quisesse tentar estabelecer
entre nós uma intimidade que nunca existira, talvez eu quisesse confusamente
fazer com que ela soubesse que eu sempre fora infeliz.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 12pt 6cm; text-align: right;"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt;">(Elena
Ferrante – <i>Um Amor Incômodo</i>)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Está sem tempo para
ler? Ouça a nossa resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/SMQAcm9Tiq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=41996886828" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b></b></div><b><div style="text-align: justify;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfId4w30F8hA1f24Ql1onOYrOtPdzSrmP3JNgDivTw0kReho_HdaX8JpzrJ6MMs8Evu2s1DQm-JJxr7BjFQxBjZFC2ob6znSqQ2iR7JPidVCGaVyJEMAZwv59sfLtAZ_dw7KhHEZV5003J/" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="667" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfId4w30F8hA1f24Ql1onOYrOtPdzSrmP3JNgDivTw0kReho_HdaX8JpzrJ6MMs8Evu2s1DQm-JJxr7BjFQxBjZFC2ob6znSqQ2iR7JPidVCGaVyJEMAZwv59sfLtAZ_dw7KhHEZV5003J/w426-h640/6135Y9qqVIL.jpg" width="426" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Edição Brasileira, pela editora Intrínseca. Preço de capa: R$ 39,90</td></tr></tbody></table><b>Livro de estreia da celebrada e misteriosa escritora
italiana Elena Ferrante <i>Um Amor Incômodo </i>é
um livro um pouco monótono, mas que aborda a violência doméstica de forma
autêntica e complexa. Uma narrativa crua, de personagens marcantes, sentimentos
intensos e conflitivos e que trabalha com o onírico e com a memória.</b></div><o:p></o:p></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Confira a resenha do segundo livro da IV Campanha Anual
de Literatura do Conhecer Tudo que neste ano homenageia a literatura italiana.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sinopse
do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Delia é uma desenhista de
quadrinhos que abandonou sua cidade natal, Nápoles, para fugir do seu passado e
da relação complicada que possuía com sua família. A única pessoa com quem a
desenhista mantinha proximidade era com Amalia, sua mãe, que frequentemente ia
a Roma visitá-la. Entretanto, mesmo essa presença um pouco constante da mãe era
indesejada e incômoda a Delia, até o dia que Amalia é encontrada morta em uma
praia em circunstâncias misteriosas: seminua, vestida apenas com um sutiã de
grife. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A morte inesperada da mãe
obriga Delia a retornar à Nápoles e enfrentar novamente o seu passado marcado
pela violência doméstica causada pelos rompantes de raiva e ciúmes obsessivo de
seu pai. Nessa viagem de volta ao passado, ao mesmo tempo em que busca lidar
com a perda da mãe, a quadrinista se vê diante do desafio de buscar preencher
as lacunas do passado, encarar os fortes sentimentos que Amalia lhe provocava e
descobrir como ocorreu a sua morte. Mas é principalmente a figura do suposto
amente da mãe, Caserta, que persegue as lembranças do passado e também o
presente de Delia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Entorno da figura de Amalia e
Caserta gira a curiosidade e o desejo sôfrego de Delia de compreender o que de
fato havia acontecido entre os dois no passado, provocando na italiana a
reflexão dos fatos que se deram em sua infância e que levaram a deterioração da
sua relação com a mãe e também com o pai.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Elena Ferrante é uma das mais curiosas escritoras italianas que
já ouvi falar. Não só por conta do sucesso de sua obra composta de nove livros
– todos já publicados no Brasil – como também pelo mistério que envolve sua
identidade, segredo este que já rendeu investigações e polêmicas na Itália há
alguns anos.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Nunca havia lido nada de Ferrante apesar do sucesso da escritora
entre os leitores brasileiros, mas resolvi fazê-lo por conta da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="line-height: 107%;">IV Campanha Anual de
Literatura</span></b></span></a><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">,</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> que nesse ano
homenageia a literatura italiana. Por força desse fator, decidi ter meu
primeiro contato com a obra da escritora a partir de seu livro de estreia <i>Um Amor Incômodo </i>(</span><i><span style="background: white; color: black; line-height: 107%;">L’amore molesto</span></i><span style="background: white; color: black; line-height: 107%;">),
que segundo dizem os leitores assíduos da italiana é um livro ainda da fase
pouco madura da escritora e, logo, ainda um pouco distante da sua escrita
atual.</span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Um Amor
Incômodo </span></i><span style="background: white; color: black; line-height: 107%;">é <b>um livro
intimista e com uma caraga dramática pesada, mas que aborda com muita sensibilidade
os desdobramentos emocionais na vida adulta de uma infância marcada pela
violência doméstica</b></span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Publicado em 1992, a obra foi adaptada em filme homônimo pelo
cineasta Mario Martone em 1995, mas só em 2017 o livro foi publicado no Brasil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O enredo conta a história de Delia, uma quadrinista
quadragenária, profissionalmente realizada, mas emocionalmente abalada pelo
passado familiar, o que imprime em seu comportamento um forte desejo de
distanciamento dos seus familiares.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5xSekltUorBy4EuFvBAOtU9mnbrRVtsUt0PgyDWaYU1bbrVdShhzYBzIYc6dTtZ_D2dxUCkXPGvcxwY9d8pCpzVLGzBBiOu9zMeptvcA_4Zn9s-fR9kIbg1uvKAiU1p3H0FFrGqkSXmuW/" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1366" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5xSekltUorBy4EuFvBAOtU9mnbrRVtsUt0PgyDWaYU1bbrVdShhzYBzIYc6dTtZ_D2dxUCkXPGvcxwY9d8pCpzVLGzBBiOu9zMeptvcA_4Zn9s-fR9kIbg1uvKAiU1p3H0FFrGqkSXmuW/w640-h360/Captura+de+tela+2020-05-14+12.21.57.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Delia (interpretada por Anna Bonaiuto). Cena do filme L'amore Molesto (1995).<br /></td></tr></tbody></table><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Delia é o tipo
de personagem introspectivo que se perde bastante nos próprios sentimentos e
pensamentos</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">. Como a história se passa no momento em que ela tenta lidar e
processar a perda da mãe encontrada afogada no dia do aniversário da filha,
durante grande parte da narrativa, <b>Delia
divaga sobre o passado e vai, ao mesmo tempo, reconstruindo a linha histórica
de lembranças e memórias não muito confiáveis</b>. Essa reconstrução é
importantíssima na trama, porque nos revela o passado da protagonista ao mesmo
tempo que, por um lado, nos elucida as circunstâncias que fizeram sua relação
com a mãe se tornar insustentável e, por outro, desvenda os últimos passos de
Amalia antes de ser encontrada morta.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFOvhmdQmdcwuE4w4wC5tIHXl4-hEns20JTkDfNFkwCIDN0r5X4NyFOjQRUamnqcV9tQLDVKXVuF6-163MAF9IEk3SGSYOPPsdg9R-j8tVVdCSRNWyHp0SVCyedryE85mBTiGgMCeMU8IM/s3545/Napoli_2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1063" data-original-width="3545" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFOvhmdQmdcwuE4w4wC5tIHXl4-hEns20JTkDfNFkwCIDN0r5X4NyFOjQRUamnqcV9tQLDVKXVuF6-163MAF9IEk3SGSYOPPsdg9R-j8tVVdCSRNWyHp0SVCyedryE85mBTiGgMCeMU8IM/w640-h192/Napoli_2.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista da cidade de Nápoles com Vesúvio ao fundo. Nápoles é o principal cenário do livro de Ferrante. Imagem de Damirux. <a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/85/Napoli_2.jpg" rel="nofollow" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.</td></tr></tbody></table><p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><br />O enredo em si
é esse reencontro da protagonista com o seu passado</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, com ela
mesma e com as lembranças de sua relação com a mãe. Mas mesmo sendo conturbada
essa relação entre mãe e filha, é ela que dá forma e norte a personalidade da
protagonista que inicialmente demonstra uma aversão quase que instintiva e
bastante intensa pela presença de Amalia, chegando a se sentir um tanto
aliviada com a morte de sua progenitora. No entanto, gradativamente vai se
revelando que, na verdade, essa aversão é fruto de um sentimento frustrado e
infantil de <i>desejo de simbiose</i>, ou
melhor dizendo, de querer ser a mãe, fundir-se e confundir-se com a
personalidade materna, como também observa Aline Aimee. Daí vem o título do
livro. O <i>amor</i> de Dalia por Amalia era
tão cheio de marcas, complexos e sentimentos conflitantes que ele se tornava <i>incômodo</i>, angustiante, sofrido.</span><br />A principal marca da personagem principal na narrativa é sua
difícil relação com a mãe. Delia analisa e reconstrói essa relação a partir das
memórias que possui de sua infância com Amalia, o pai, o tio e os vizinhos:
Caserta, o menino Antonio e o avô confeiteiro de Antonio. Ao mesmo tempo ela
envereda numa busca por reconstituir os últimos acontecimentos vividos por
Amalia, como sua reaproximação com o suposto amante do passado, Caserta, e
também fechar as lacunas que explicariam as circunstâncias de sua morte.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A minha opinião sobre <b>a
personagem principal é que ela não é a figura mais importante de sua própria
história e perde um pouco de seu protagonismo para a figura da mãe</b>,
personagem forte e dúbio e que, por isso, me faz lembrar de outra personagem
feminina: Capitu, do livro <i>Dom Casmurro</i>,
obra icônica do escritor brasileiro Machado de Assis. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Amalia, cuja
morte é o motivo de existir enredo, rouba a cena por ser uma personagem difícil
de precisar e de descrever, mas que ao mesmo tempo é a cola que une todo o elenco
do livro e os fios de sua trama. Sem ela, simplesmente, não existiria história.
<o:p></o:p></span></b></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b></b></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYRk65WyrYkGCD9_Bq1TCKyqi76Xy0s6CNc-QCLwetwag_hiwEnjOtQnGnGQtwU5FahDriEhBpGbHBND8EDbuS_qs_S2Fo4aThy12owW8LZdcUS157scmoPz3W3tnFXmrd0E9fzxu5q6wh/" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1366" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYRk65WyrYkGCD9_Bq1TCKyqi76Xy0s6CNc-QCLwetwag_hiwEnjOtQnGnGQtwU5FahDriEhBpGbHBND8EDbuS_qs_S2Fo4aThy12owW8LZdcUS157scmoPz3W3tnFXmrd0E9fzxu5q6wh/w640-h360/Captura+de+tela+2020-05-14+12.21.34.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Amalia jovem, interpretada por Licia Maglietta (1995).<br /></td></tr></tbody></table><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><br /></span></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Em sua juventude, a mãe de Delia é descrita por Ferrante como
uma mulher bonita, risonha e provocante, que buscava preservar o bom humor e o
gosto pela vida, mesmo vivendo em um ambiente sufocante e marcado pela
violência. Casada com um pintor fracassado que sobrevivia com a venda de
pinturas baratas de temas vulgares, Amalia sofria constantemente com as
agressões do marido extremamente ciumento e que sempre a agredia. Mesmo em
ambientes públicos, quando algum homem se dirigia a ela e a mesma esboçava
algum tipo de simpatia, Amalia costumava ser vítima das agressões. Os abusos
também eram muito comuns por conta dos constantes presentes que Amalia recebia
do vizinho Caserta que era sócio de seu marido nos negócios de vendas de
pinturas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Desse modo, o tema da violência doméstica se torna um elemento
imprescindível da história escrita por Ferrante e dá a narrativa um caráter
bastante realista. As lembranças de Delia são profundamente marcadas pelas
cenas de violência protagonizadas pelo pai e, por isso, o tema funciona como
elemento crucial na formação da personalidade da protagonista. <b>O resultado é que o desenho psicológico de
Delia é bastante conturbado e atravessado pelo produto de um passado marcado de
um lado pela frustração e nunca conseguir se igualar a figura materna, e de
outro pela violência doméstica da qual ela foi testemunha e em um dado momento
foi também impulsionadora</b>.<o:p></o:p></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjujAU8Pd9ah7SKk4S49dudkwxlY2QUUozJ8c9Azz87pqLChF0stQNJ3iYbX7W4NMAoU7DR0vIz0G2fU9s5nFzxYRwHUnZTBsFECiBAPMWkZv93kXdBF9wWm3qy0Z9JSIcQIqqFbqzSq7Wr/" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="404" data-original-width="404" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjujAU8Pd9ah7SKk4S49dudkwxlY2QUUozJ8c9Azz87pqLChF0stQNJ3iYbX7W4NMAoU7DR0vIz0G2fU9s5nFzxYRwHUnZTBsFECiBAPMWkZv93kXdBF9wWm3qy0Z9JSIcQIqqFbqzSq7Wr/d/page.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div style="text-align: center;">Cenas do filme L'Amore Molesto de Mario Martone (1995) </div><div style="text-align: center;">e que retratam a violência doméstica sofrida por Amalia.</div><br /></td></tr></tbody></table><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Outros dois personagens importantes na trama são o tio Filippo,
irmão de Amalia e que em vez de defendê-la das agressões a culpava por elas, e
Caserta, outro personagem enigmático da trama e que sustenta a narrativa junto
com as lembranças de Amalia conservadas por Delia.</span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Filippo é um homem tosco e irritadiço. Na maior parte do tempo
fica xingando no dialeto local e falando mal de Amalia, a culpando por destruir
o próprio casamento por seu comportamento, na visão dele, bastante reprovável.
Ele junto com o pai de Delia representam na narrativa a figura do homem
machista que vê na mulher a reencarnação da devassidão e da pecaminosidade,
devendo ser corrigida a sua inclinação inevitável para a infidelidade com
pancadas.<span> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Caserta é descrito no livro como um homem “<i>esperto, de pele escura como um sarraceno, mas com olhos de diabo
assanhado</i>”, tinha fama de importunar as mulheres do bairro e desde a
infância sua imagem causava a Delia uma mistura conflitante de atração, repulsa
e medo. Este não era seu nome, mas um apelido. <o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbuz5srJmalnLojMzEPJWulC-fBdEj_gmWMbq4xyKqDHcimBhJ6L6m1Dp068Sgj8YD34s4CO5QEsbZoo083hhRtbv4ahPhgqjReJSsFVaqr1q9wlxhyphenhyphenjz61x7zIC31_Ibt7gc9iaQ_9UzE/" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1366" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbuz5srJmalnLojMzEPJWulC-fBdEj_gmWMbq4xyKqDHcimBhJ6L6m1Dp068Sgj8YD34s4CO5QEsbZoo083hhRtbv4ahPhgqjReJSsFVaqr1q9wlxhyphenhyphenjz61x7zIC31_Ibt7gc9iaQ_9UzE/w640-h360/Captura+de+tela+2020-05-14+12.29.46.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Discussão entre Caserta (camiseta branca - por Enzo De Caro), Filippo (com a arma - Francesco Paolantoni) e o pai de Delia (à esquerda - Italo Celoro) em cena de flashback do filme L'amore Molesto (1995).<br /></td></tr></tbody></table><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Na época, o pai da menina já era um pintor medíocre que pintava
por ninharias, foi Caserta quem percebeu a possibilidade de que ele ganhasse um
pouco mais pintando retratos a óleo das mães, irmãs e namoradas dos marinheiros
americanos com saudades de casa. O negócio com Caserta porém de se desfez
depois que o pai de Delia achou uma proposta mais vantajosa, pintando imagens
de ciganas. Amalia se opôs e daí em diante as brigas entre o casal por conta de
Caserta começaram, se tornando pior quando Delia lançou ao pai a semente da
desconfiança de uma possível traição. Filippo e o cunhado quase mataram Caserta
e seu filho, obrigando-o a fugir com sua família.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Passados todos aqueles anos Caserta ainda era um nome envolto em
mistério, e de alguma forma ele estava ligado aos últimos dias de vida de Amalia.
Delia não sabia como nem porque, mas o mistério daquele homem asqueroso a atraía.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">A título de conclusão...<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Apesar de ser uma narrativa na qual a narradora reflete bastante
sobre cenas e episódios ocorridos no passado, Ferrante usa de uma narração linear
e não recorre a <i>flashbacks</i>. Delia
narra os hábitos, as brigas, os fatos, os lugares e as pessoas, mas não perde a
sua condição de narradora quando evoca o passado. Por conta disso, ela acaba
por caminhando pela linha tênue entre os acontecimentos do passado e o
presente, como se o passado fosse imagens fantasmagóricas que a quadrinista
vislumbra sobrepostas às imagens do presente. Por isso, não é incomum que
sonho, lembrança e realidade se fundam na mente da narradora e ela chegue até
mesmo a ter visões, sobretudo da mãe.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Ferrante escreve <b>um livro
de atmosfera intimista e psicológica muito marcante</b>. Lembranças, divagações
e fantasias da protagonista se misturam, mostrando que muitas das respostas que
ela buscava já estavam guardadas em seu subconsciente, e seria o contato que
ela faz com todas aquelas pessoas do passado o fator responsável por trazer gradativamente
à tona as lembranças mais escondidas.<span>
</span>Desse modo, <b>o tom que percebi
dominar na obra foi a da confusão de sentimentos, pensamentos e lembranças</b>
que emanam de Delia e que conduzem a personagem em um encontro com seu passado,
recuperando cenas e enredos esquecidos e deformados com o passar do tempo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Enfim, achei o livro monótono, mas a forma como Ferrante
aborda a violência doméstica através das lembranças um tanto inconsistentes da
protagonista e os complexos e aversões que ela desenvolveu no processo foi
excepcionalmente autêntico e até mesmo complexo. Ademais, <i>Um Amor Incômodo </i>é uma narrativa crua, de sentimentos muitos
intensos e conflitivos e que trabalha com o onírico e com a memória. Possui
personagens muito marcantes, cujos sentimentos e ações nos fazem questionar
muito sobre a natureza humana. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Muitos afirmam, que este livro não é o melhor de Elena,
mas como minha primeira experiência com a autora, não farei julgamento de
valor. Além disso, é sabido de qualquer leitor experimentado que livros de
estreia quase sempre são reflexos de um escritor ainda em formação, ainda cru e
em processo de aperfeiçoamento. Justamente por isso é interessante ler estes
livros, porque eles meio que humanizam aqueles que se encontram no panteão da
literatura internacional.</span></b><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida é da Editora </span><span style="background: white; color: black; font-size: 13pt; line-height: 107%;">Intrínseca</span><span style="color: #00000a;">, do ano de </span><span style="background: white; color: black; font-size: 13pt; line-height: 107%;">2017 </span><span style="color: #00000a;">e possui 176 páginas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Elena Ferrante é o pseudônimo de uma escritora italiana que
prefere manter sua identidade em segredo sob a justificativo poder escrever com
liberdade, e para que a recepção de seus livros não seja influenciada por uma
imagem pública. Especula-se que seja uma tradutora, Anita Raja, que nasceu em
Nápoles e que seja casada com o também escritor Domenico Starnone.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A autora concede poucas entrevistas, todas elas por escrito e
intermediadas pelas suas editoras italianas. A única certeza sobre ela é que
escreve desde 1991, ano em que publicou seu primeiro romance, <i>L'amore
molesto</i><span>, livro resenhado nesta
postagem.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Confira quem
são os outros autores participantes da Campanha deste ano.</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Saiba
mais sobre os autores que estão sendo lidos na Campanha no link: </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-anodaitalia-os-autores-que-estamos.html"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;">autores</span></b></a><b><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Conheça
os pontos do nosso itinerário no mapa do link: </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;">mapa</span></b></a><b><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">.</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Preview </span><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">do Google Books<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível
no Google Books. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=gtIkDgAAQBAJ&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe><o:p></o:p></span></p><div style="text-align: justify;"><p class="CorpodoTexto"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens Relacionadas</span><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/opiniao-o-decamerao-em-tempos-de.html">Opinião
| O Decamerão em tempos de quarentena: as pandemias de peste negra e Covid-19</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html">2021,
o Ano da Itália no Conhecer Tudo - IV Campanha Anual de Literatura do Conhecer
Tudo</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/o-decamerao-giovanni-boccaccio-resenha.html">O
Decamerão - Giovanni Boccaccio - Resenha</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/02/um-amor-incomodo-elena-ferrante-resenha.html">Um
Amor Incômodo – Elena Ferrante – Resenha</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/03/eu-e-voce-niccolo-ammaniti-resenha.html">Eu
e Você – Niccolò Ammaniti – Resenha</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/04/se-um-viajante-numa-noite-de-inverno.html">Se
um Viajante numa Noite de Inverno – Italo Calvino – Resenha</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/04/a-solidao-dos-numeros-primos-paolo.html">A
Solidão dos Números Primos – Paolo Giordano – Resenha</a><o:p></o:p></span></p><br /></div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-24926664595464034442021-01-31T00:21:00.002-03:002021-02-21T00:24:17.438-03:00[Especial Zafón] El Príncipe de Parnaso (conto) - Carlos Ruiz Zafón - Resenha<p style="text-align: right;"> <span style="color: #00000a; text-align: right;">Por Eric Silva</span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">21 de fevereiro de 2021, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">Ano da Itália</span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 6cm; text-align: right;"><span style="color: #00000a;">“[...] Miguel de Cervantes, luz entre poetas, mendigo
entre los </span><span lang="ES" style="color: #00000a; mso-ansi-language: ES;">hombres</span><span style="color: #00000a;"> y Príncipe de Parnaso.” <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">(Carlos Ruiz Zafón, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">El
Príncipe de Parnaso</i>)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/7_u0bd2kiq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=1046938185015" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"></span></b></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglQypeGQ5UWtKhyphenhyphenbtR1gV63BOWYuXcR2ShS6SbhoT9gfi11SwhoIpLF7ODYy4Mkukmc1-Y6Vn0OxdmU9E9rJ88tB6lfncBMpeyhHuUuH9r2aBu_h3dIoOKjAByn_7hyphenhyphenjh8JRUDWgzfjfD8/s535/El+pr%25C3%25ADncipe+de+Parnaso.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="535" data-original-width="360" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglQypeGQ5UWtKhyphenhyphenbtR1gV63BOWYuXcR2ShS6SbhoT9gfi11SwhoIpLF7ODYy4Mkukmc1-Y6Vn0OxdmU9E9rJ88tB6lfncBMpeyhHuUuH9r2aBu_h3dIoOKjAByn_7hyphenhyphenjh8JRUDWgzfjfD8/w432-h640/El+pr%25C3%25ADncipe+de+Parnaso.jpg" width="432" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa da edição promocional da editora Planeta de Libros, <br />distribuída em 2012 na Espanha.</td></tr></tbody></table><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><br /></span></b><p></p><div style="text-align: left;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><b><span style="font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sinopse
do enredo</span></b></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Barcelona, 1616.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Do alto da muralha que selava
Barcelona, Antoni de Sempere, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">el facedor
de libros</i>, avista a chegada à cidade do cortejo fúnebre de seu amigo
Cervantes, tendo ao seu lado a funesta figura de Andreas Corelli, o principal
responsável pelas desventuras de seu amigo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Corelli não havia envelhecido
um único dia depois de todo o tempo que se passara desde a primeira vez que
Cervantes e Francesca haviam chegado a Barcelona, em 1569, como dois fugitivos
de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">terras italianas</span></a><span style="color: #00000a;">. E
como já se era de esperar, o macabro arcanjo estava ali para testemunhar a ida
de Cervantes ao túmulo após este ter finalmente escrito a obra-prima prometida
ao funéreo editor.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">É em meio ao incômodo diálogo
com o perturbador Corelli que Sempere se entrega as suas recordações acerca de
Miguel de Cervantes Saavedra e de como este, ao mesmo tempo, conhecera em seu
exílio na Itália, a criatura mais bela já vista e assinara um pacto que seria
razão de sua fama e de seu maior infortúnio.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Confira a resenha de mais uma obra do escritor barcelonês
resenhada para o </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Especial Zafón</b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">.</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Publicado em 2012, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">El
Príncipe de Parnaso</i> é um conto de 35 páginas que foi oferecido pela editora
Planeta, até onde sei, somente na Espanha, como uma cortesia aos compradores do
romance de Zafón, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">El Prisionero del Cielo</i>
(</span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Prisioneiro do Céu</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">)</span><span style="color: #00000a;"> na ocasião de sua publicação. Por conta disso, assim
como os demais contos do autor, não chegou a ser pulicado no Brasil e nem em
língua portuguesa. Ele é também um dos onze contos que integram a coletânea
póstuma do autor, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La Ciudad de Vapor</i>
– que em breve será publicada no Brasil.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O conto é mais um dos que
integram o universo da série d’</span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/O%20Cemit%C3%A9rio%20dos%20Livros%20Esquecidos"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Cemitério dos
Livros Esquecidos</i></span></a><span style="color: #00000a;"> trazendo como
personagens uma figura real – Miguel de Cervantes Saavedra, escritor espanhol
dos séculos XVI e XVII e autor de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dom
Quixote</i> – dois antepassados de personagens da quadrilogia do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cemitério</i> e Andreas Corelli, a figura
sobrenatural que carimba sua presença em duas obras do autor:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-as-luzes-de-setembro.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">As Luzes de Setembro</span></i></span><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a;"> </span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">e </span><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O
Jogo do Anjo</span></i></span><span style="color: #00000a;">. </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A história de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">El Príncipe
de Parnaso</i> se passa na Barcelona de meados da Idade Moderna, um pouco mais
de um século depois dos fatos narrados em outro conto que integra o universo da
série do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cemitério</i>, </span><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Rosa de Fuego</span></i></span><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> e que narra
um pouco da origem da misteriosa biblioteca que funciona como eixo principal de
todos os livros da série. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Neste segundo conto, Zafón desvia-se da história da secular
biblioteca – ainda que a cite nos parágrafos que encerram a narrativa, [ALERTA
DE SPOILER] sugerindo que Cervantes esteja secretamente sepultado dentro da
colossal biblioteca –, e foca sua trama numa recriação da história de </span><span style="color: #00000a;">Miguel de Cervantes, mais exatamente de um episódio de
sua mocidade quando este esteve vivendo em Roma após ter fugido de Madri. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Na biografia do autor
espanhol, consta realmente que para evitar ter a mão direita decepada como
punição por participar de um duelo, Cervantes fugiu para Roma em 1569<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/El%20P%C3%ADncipe%20de%20Parnaso%20-%20conto%20-%20Resenha.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
Contudo, o relato de Zafón é obviamente ficcional – sobretudo quanto ao local
real de sepultamento do escritor –, mas toma por base uma estadia real de
Cervantes naquela que se tornaria séculos depois na capital da Itália atual.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Neste conto Zafón descreve um
Cervantes em início de carreira, um tanto vacilante, bastante melancólico,
tentando mostrar a sua arte para algum editor que quisesse publicá-la. Zafón
desenha um jovem que já possui as marcas de um talento observável, mas pouco
polido, ainda muito bruto e distante do horizonte onde estaria o escritor que
se imortalizaria e teria sua obra conhecida em todos os cantos do planeta.
Contudo, para alcançar esse horizonte distante o destino coloca no caminho de
Cervantes o diabólico Corelli que conduzirá o jovem escritor para uma direção
inesperada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Em paralelo, a narrativa
também conta a história de Francesca di Parma, uma pobre miserável, mas de
grande beleza que tivera o infortúnio de ser abandonada bebê em baixo de uma
ponte, sendo resgatada por uma família de facínoras e trapaceiros tão pobres
quanto ela, mas que só não a descartaram de novo por terem visto em sua beleza
uma forma de explorá-la e obter algum lucro. Prova disso é que ao surgir a
oportunidade de conseguirem um grande lucro às custas da garota não hesitam em
submetê-la a um destino cruel.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Zafón faz o encontro destas
duas almas perdidas (ele real, ela fictícia) e tem-se um conto sobre amor e
tragédia, com pitadas de terror e elementos fantásticos e góticos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Apesar de não ter um enredo
grandioso e nem mesmo muito ambicioso, </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">El
Príncipe de Parnaso</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> conserva o que há de melhor no estilo
“zafoniano” de escrita: muitas e ricas construções estilísticas, cinematográficas
e metafóricas, atmosfera gótica e soturna, ambientes decadentes, romance
trágico, e, por fim, artistas frustrados, melancólicos, loucos ou à beira da
insanidade. Toda a poética singular do autor se expressa nesse texto, o que
dificultou bastante a minha leitura, haja vista que li o conto em sua língua
materna. </span><span style="color: #00000a;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Apesar de não ter um enredo tão instigante quanto os livros da
série do qual faz parte<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> El Príncipe de
Parnaso</i> me atrai por ser mais um vislumbre do estilo maduro de Zafón, e do
qual senti muita falta nos livros juvenis da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Trilogia%20da%20N%C3%A9voa"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Trilogia da Névoa</span></i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">.</span></i><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Como
o texto é contado a partir de um </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; mso-ansi-language: EN-US;">flashback</span></i><span style="color: #00000a;"> de Sempere – porém narrado em terceira pessoa – os fatos
não são absolutamente contados em ordem cronológica. Pelo contrário, o conto
começa no ano de 1616, recua 47 anos no passado até 1569, recua mais alguns
meses, avança até 1610 e depois retorna a 1616. Para evitar confusões, cada
capítulo – com exceção de dois – são datados e localizados geograficamente no
título.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Esses
constantes vão-e-vêm se dão porque o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">flashback</i>
de Sempere é também entrecortado por um relato do próprio Cervantes, porém
narrado em terceira pessoa, e que numa taverna conta a história do tempo
passado em Roma e de como acabara fugindo de lá com Francesca. O relato é feito
a Sempere e também ao espirituoso, esperto (e inconveniente) Sancho Fermín de
la Torre. E aqui temos um dado curiosos: para mim, que li agora 80% da obra de
Zafón, é evidente que o nome do personagem Sancho foi escolhido a dedo para
fazer referência a dois personagens icônicos. O primeiro deles é Fermín Romero
de Torres, amigo, cúmplice e protetor do jovem Daniel desde os fatos narrados
no livro </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i></span></a><span style="color: #00000a;"> até o encerramento da série com </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-labirinto-dos.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Labirinto dos
Espíritos</i></span></a><span style="color: #00000a;">. O segundo personagem
pertence ao Cervantes real: o simplório escudeiro de Don Quixote, Sancho Pança.
</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">É
perceptível que Zafón escolhe esse nome tão estranho e incomum com o intuito de
sugestionar que Cervantes escolhera o nome do escudeiro de Don Quixote
inspirando-se na triste figura que conhecera anos antes em Barcelona: um
antepassado longínquo do moderno Fermín da Espanha franquista para quem o
grande artista uma vez contara a sua história. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Oura
referência, essa menos obvia, está no título. </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">El
Príncipe de Parnaso</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> faz referência a um dos livros do Cervantes
real, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Viaje del Parnaso</i>, uma das
obras poéticas do autor e publicada em 1614. O termo Parnaso, por sua vez, faz
referência ao monte grego </span><span style="color: #00000a; font-family: "Cambria",serif; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Cambria; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Παρνασσός</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> (Parnassos) que aparece na mitologia grega
como lar das Musas e que por isso é associado ao lar da poesia, da música e do
aprendizado<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/El%20P%C3%ADncipe%20de%20Parnaso%20-%20conto%20-%20Resenha.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
Um paraíso da arte e das letras. Como grande escritor, Cervantes seria o
príncipe de Parnaso.</span><span style="color: #00000a;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Para
concluir. Em termos de pontos forte e fracos, reitero que o melhor deste conto
é a escrita, e sua fragilidade, o enredo. A ideia é original, apesar de que
tornar personagens reais em fictícios não seja nenhuma novidade na literatura.
Contudo, Zafón integra Cervantes com perfeição ao universo expandido de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Cemitério dos Livros Esquecidos</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;"></span></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTuK_QvI9QsHB_TCaSwJHBwS-vbfgaP3LWjXoYnzq3DOlTZfPIbJmi_F_veG3s6ydhC5uOL224eNaAon-GpA3xA8DdsaEqg28u-9y-BM_FSEI1_4p_QwitTumGdym1YU7pe7HDNa-xWWrm/s2560/La+Ciudad+de+Vapor.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1708" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTuK_QvI9QsHB_TCaSwJHBwS-vbfgaP3LWjXoYnzq3DOlTZfPIbJmi_F_veG3s6ydhC5uOL224eNaAon-GpA3xA8DdsaEqg28u-9y-BM_FSEI1_4p_QwitTumGdym1YU7pe7HDNa-xWWrm/s320/La+Ciudad+de+Vapor.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Edição espanhola de A Cidade de Vapor</td></tr></tbody></table><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;"><span style="color: #00000a;">Algo
que lamento muito e a mim causa espanto é que a editora Suma, na ocasião da
publicação da edição brasileira de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Prisioneiro do Céu</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, não tenha
seguido os passos da editora Planeta de Libros e publicado também aqui essa
edição promocional, ou, no mínimo ter publicado o conto em versão <i style="mso-bidi-font-style: normal;">epub</i> gratuito como muitas editoras vem
feito nos últimos anos com seus títulos mais populares. Já vi coleções (sagas,
séries) que eu – da minha parte – dificilmente investiria esforço para ler,
terem contos associados aos livros publicados na Amazon e mesmo no Google Play.
A Suma perdeu esta oportunidade na época. Todavia, com o lançamento, na
Espanha, de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/02/especial-zafon-la-ciudad-de-vapor.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">La Ciudad de Vapor</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, isso será
corrigido, uma vez que </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">El Príncipe de
Parnaso</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> figura entre os contos da coletânea.</span></span></div><o:p></o:p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">É
verdade que o conto não é tão instigante quanto a série, mas ganha pontos por
nos dar mais um vislumbre dos ancestrais da mesma, assim como Zafón fizera em </span><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Rosa de Fuego</span></i></span><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> porém este
último destoa um pouco das narrativas centrais por seus elementos fantásticos
que inexistem na quadrilogia e também no </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">El
Príncipe de Parnaso</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">. Verdade seja dita, </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">El Príncipe de Parnaso</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> tem mais a
ver com a série do que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rosa de Fuego</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Quanto ao
desfecho, este não é particularmente surpreendente, porque já era do
conhecimento do leitor desde as primeiras páginas. No entanto, os dois últimos
parágrafos sugestionam mais algumas coisas acerca das origens da grande
biblioteca. É neste breve ponto da trama que fica claro porquê, a</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">pesar de não
focar na grande biblioteca de livros esquecidos, a edição promocional do conto
traz em sua capa uma ilustração em ponta de lápis que sugere ser um vislumbre
do Cemitério de Livros quando este estava em construção. </span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Um empoeirado e secreto paraíso de livros que
para sempre os fãs de Zafón procurarão pelas estreitas ruas da Barcelona
antiga.</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida foi distribuída
gratuitamente como brinde pela editora Planeta na época do lançamento de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">El Prisionero del Cielo</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> </span><span style="color: #00000a;">na Espanha. A edição é do ano de 2012 e possui 35
páginas. Como ele não é acessível no Brasil li numa versão em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">epub</i> que encontrei na internet.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Saiba mais sobre Carlos Ruiz Zafón na </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">postagem
especial </span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">que fizemos sobre ele.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens relacionadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A Sombra do Vento – Carlos Ruiz
Zafón – Resenha de Releitura</span></span></a><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"> </span></span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-as-luzes-de-setembro.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">As Luzes de Setembro – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-el-principe-de-parnaso.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">El Príncipe de Parnaso (conto) – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Especial: Zafón</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O Jogo do Anjo – Carlos Ruiz Zafón
– Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Palácio da Meia-noite – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Príncipe da Névoa – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O Prisioneiro do Céu – Carlos Ruiz
Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Quem é Carlos Ruiz Zafón? –
Especial Zafón</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/12/especial-zafon-rosa-de-fuego-conto.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Rosa de Fuego (conto) – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-labirinto-dos.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Labirinto dos Espíritos – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 193.45pt;"><o:p> </o:p></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/El%20P%C3%ADncipe%20de%20Parnaso%20-%20conto%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>https://super.abril.com.br/historia/o-cavaleiro-da-triste-figura/.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/El%20P%C3%ADncipe%20de%20Parnaso%20-%20conto%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">MOUNT</span><span lang="EN-US"> </span><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">PARNASSUS.</span> In: WIKIPÉDIA, The<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Free Encyclopedia</span>. Flórida:
Wikimedia Foundation, 2020. Disponível em: <<a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Mount_Parnassus"><span class="LinkdaInternet">https://en.wikipedia.org/wiki/</span><span class="LinkdaInternet"><span lang="EN-GB" style="mso-ansi-language: EN-GB;">Mount</span>_</span><span class="LinkdaInternet"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Parnassus</span></span></a>>.
Acesso em: 15 jan. 2021.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoFootnoteText"><o:p> </o:p></p>
</div>
</div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-12198091114896834922021-01-24T00:00:00.063-03:002021-01-24T00:00:10.083-03:00[Especial Zafón] As Luzes de Setembro - Carlos Ruiz Zafón - Resenha<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">Por Eric Silva <o:p></o:p></span><span style="color: #00000a;">para o </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html">Especial Zafón</a></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">24 de janeiro de 2021, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">Ano da Itália</span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;"><span color="windowtext">“A solidão traça estranhos
labirintos” <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">(Carlos Ruiz Zafón, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Luzes de Setembro</i>)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou
da resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span color="windowtext"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/Dl0joCFGea?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=551647599106" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"></span></b></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxK8A2zd47e14whXNn6vN_T-TLppCuPeOqB2_AMI3yYxrYsl9E_4WBvdzIr6v6j8iM3yYHCQPKvAfoIIAY3AA3tMEsFCuY4dnmxDbvhLUytbKQpKCglzYJKPhi8yVS8vn-q2DbJ2VAb5Ob/s2480/As+Luzes+de+Setembro.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2480" data-original-width="1654" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxK8A2zd47e14whXNn6vN_T-TLppCuPeOqB2_AMI3yYxrYsl9E_4WBvdzIr6v6j8iM3yYHCQPKvAfoIIAY3AA3tMEsFCuY4dnmxDbvhLUytbKQpKCglzYJKPhi8yVS8vn-q2DbJ2VAb5Ob/w426-h640/As+Luzes+de+Setembro.jpg" width="426" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa da edição brasileira. Suma das Letras, 2013.</td></tr></tbody></table><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"><br /><div style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Uma bela comunidade litorânea da Normandia, um romance
juvenil de verão e as sombras de um passado macabro e marcado pela dor e pela destruição.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">As
Luzes de Setembro </i>(<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Las Luces de
Septiembre</i>) é o terceiro e último livro juvenil de Carlos Ruiz Zafón que
integra a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Trilogia da Névoa.</i> Um
romance para jovens com um enredo mediano, mas muito bem escrito, que como
outros livros do autor é bastante cinematográfico, mas que também repete muitas
fórmulas já exploradas nos dois livros que o precedem.</span></b></div><o:p></o:p></span></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Confira a resenha de mais uma obra do escritor
barcelonês resenhada para o </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Especial Zafón</b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">.</span></b><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sinopse
do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Normandia, verão de 1937.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Após perder o marido e
passar por dificuldades financeiras para sustentar a si e a seus dois filhos,
Simone Sauvelle encontra num pequeno vilarejo na costa da Normandia uma
oportunidade irrecusável para trabalhar como governanta de um imponente
casarão. O salário era generoso e seu empregador, Lazarus Jann, também oferecia
a possibilidade de se instalarem numa modesta residência construída no vértice
do cabo do pequeno vilarejo, a Casa do Cabo. Mesmo que precisassem abandonar
Paris, aquela era uma luz de salvação que permitiria a Simone garantir o
sustento dos filhos, mas que também mudaria para sempre a vida de sua família. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Em meados de junho, Simone
e seus filhos, Irene e Dorian, partem para Baía Azul, uma pequena comunidade
pesqueira onde vivia o excêntrico inventor que empregaria Simone. Naquela costa
Lazarus construíra um grande casarão repleta de máquinas e autômatos bizarros e
maravilhosos e a qual dera o nome de Cravenmoore. Ali o inventor vivia recluso
com sua esposa enferma e ao lado de sua fábrica de brinquedos fechada vários
anos antes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O vilarejo era tranquilo e
a comunidade hospitaleira e, por isso, os Sauvelle não encontram dificuldades
para se adaptar nem a casa nem ao lugar, sobretudo com a ajuda da animada e
faladeira Hannah, a jovem cozinheira de Cravenmoore e que logo faz amizade com
Irene e vai com ela a toda parte falando (até os mínimos detalhes) sobre tudo e
sobre todos do lugar. É também através de Hannah que Irene conhece o primo da
moça, o jovem Ismael, e seu veleiro, Kyaneos, com o qual o rapaz foge para o
mar sempre que tem vontade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Não demora muito para que
os dois jovens se encantem um pelo outro e Ismael leve Irene para conhecer o
farol e a costa em seu veleiro. Contudo, o clima de felicidade e de romance de
verão dura pouco quando, numa certa manhã, Hannah é encontrada morta no bosque
próximo à casa de Lazarus em circunstâncias misteriosas. Decididos a descobrir
o mistério por trás da morte da moça os dois jovens acabam por desenterrar o
passado assombrado e trágico de Cravenmoore e seus habitantes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Último livro da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Trilogia%20da%20N%C3%A9voa"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Trilogia da Névoa</span></i></span></a><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, série de
livros juvenis independentes escritos pelo barcelonês Carlos Ruiz Zafón, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Luzes de Setembro </i><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">é pouco mais do que a repetição das
fórmulas empreendidas pelo autor nos dois romances que o antecederam</b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">.</span></b><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLPm1mbbXvntdU7NG2DUwp_kTwzkfVH-43_ewoGgTM-neXTob0xxyLj5ldZI5sH94OwL6tC4YII3uSztF1wM_kIktQqsnhyRV03QZZo-Ealjv3Jpv3POv4gWkcItkeFJxOCulhlpqRe3z0/s1600/page.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="1600" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLPm1mbbXvntdU7NG2DUwp_kTwzkfVH-43_ewoGgTM-neXTob0xxyLj5ldZI5sH94OwL6tC4YII3uSztF1wM_kIktQqsnhyRV03QZZo-Ealjv3Jpv3POv4gWkcItkeFJxOCulhlpqRe3z0/w640-h320/page.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A Trilogia da Névoa em ordem cronológica de publicação.</td></tr></tbody></table><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /><span color="windowtext"><br /></span></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Assim como </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i></span></a><span color="windowtext"> e </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio da
Meia-noite</i></span></a><span color="windowtext"> este é mais um livro
que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">explora não somente as temáticas
góticas e de mistério comuns a toda a obra do autor como também traz novamente
o sobrenatural como elemento definidor da trama</b> (uma criatura feita de sombras,
um casarão imenso com inúmeros cômodos e cheio de autômatos sinistros). <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O</b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> plot</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"> do livro em
essência segue a mesma fórmula dos demais da trilogia, mas resgata sobretudo
aquela usada em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i></span></b><span color="windowtext">: <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="windowtext" style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span color="windowtext">Uma localidade
pequena e litorânea cuja principal marca é a presença de um farol; <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="windowtext" style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span color="windowtext">Um casal
adolescente recém-formado (ele apaixonado pelo mar, ela forasteira que acabara
de mudar-se e com a família e um irmão menor que também protagoniza na
história);<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="windowtext" style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span color="windowtext">Um mistério
tenebroso e trágico que envolve o passado de um morador da localidade e que
emerge para pôr os protagonistas em risco de vida;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="windowtext" style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span color="windowtext">Um punhado de
jovens inteligentes e proativos;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="windowtext" style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span color="windowtext">Lugares
arruinados, amaldiçoados ou bucólicos;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="windowtext" style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span color="windowtext">O verão local
como marca temporal e romântica (amor de verão);<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="windowtext" style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span color="windowtext">Grandes cenas
cinematográficas;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="windowtext" style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span color="windowtext">Uma criatura
quase mitológica que tem sua origem em uma comunidade suburbana paupérrima da
infância pobre de um dos personagens.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 18pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="windowtext" style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">-<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span color="windowtext">[ALERTA DE </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/02/o-que-e-spoiler.html"><span class="LinkdaInternet"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">SPOILER</span></span></a><span color="windowtext">] e um desfecho trágico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 18pt; text-align: justify;"><span color="windowtext"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Tantas semelhanças entre
os</span><span color="windowtext" style="mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">plots</span></i></span><span color="windowtext"> dos três livros – mas sobretudo com o primeiro deles
– é explicado pelo próprio autor que chegou a afirmar que </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As Luzes de Setembro</span></i><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> foi uma
forma de “solucionar alguns elementos que não havia resolvido do jeito que
gostaria em </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">O Príncipe da Névoa</span></i><span color="windowtext">”.
De fato, ambos os livros são compostos com marcas temporais, atmosferas e
cenários parecidos, além de uma mesma referência a névoa que dá nome a
trilogia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O que vai diferenciar esse
roteiro dos demais são as circunstancias em que cada fato se dá. Os períodos
históricos são um destes elementos. Muito próximos (1943, 1932 e 1937,
respectivamente), mas em momentos um tanto distintos (período entre guerras e
2ª Guerra Mundial), mudando sensivelmente no caso do segundo livro por conta do
seu deslocamento geográfico da Europa para o subcontinente asiático. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Mudam na trama também o
passado dos personagens, o tipo de natureza do vilão principal bem como suas
motivações e poderes, a função de alguns elementos dentro da narrativa (com
destaque para o farol), a composição dos grupos familiares dos protagonistas e
a função e destaque que cada um deles têm na trama com maior ou menor
protagonismo. Além disso, nesta história a pequena comunidade litorânea que
serve de ambientação ganha um nome e uma localização espacial um pouco mais
definida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Mas uma marca distintiva
entre os romances que mais me chamou a atenção está no fato de que em </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As Luzes de Setembro</span></i><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o autor reforça ainda mais o caráter de
terror da trama</b>. Trata-se de algo que ele inicia em </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio da
Meia-noite</i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">, </span></i><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">porém já nos últimos capítulos. Ao
contrário, em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Luzes de Setembro</i> o
terror e a tensão estão presente em mais da metade da peça, se insinuando tanto
em pequenas coisas – a exemplo do pequeno <a style="mso-comment-date: 20210102T0023; mso-comment-reference: E_1;">autômato</a></span><!--[if !supportAnnotations]--><a class="msocomanchor" href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/As%20Luzes%20de%20Setembro%20-%20Resenha.docx#_msocom_1" id="_anchor_1" language="JavaScript" name="_msoanchor_1">[E1]</a><!--[endif]--><span style="mso-special-character: comment;"> </span><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> em forma
de anjo que se move sozinho e cujos olhos brilham na escuridão ao lado da cama
do garoto Dorian –, até em momentos maiores como nas cenas de perseguição
bastante cinematográficas e cheias de “efeitos especiais” envolvendo o casal
jovem da trama. Além disso, os elementos de terror vão mudando aos poucos: de
gatos estranhos, névoa e navios afundados, o autor segue para espetáculos
incendiários, trens fantasmas e colossais estações ferroviárias arruinadas, e
por fim, retorna à névoa acrescida de criaturas mecânicas que se movem sozinhas
e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">doppelgänger</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Os personagens de </span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As Luzes de Setembro</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> seguem também quase as mesmas fórmulas com
as quais foram construídos os protagonistas e personagens secundários dos dois
livros anteriores.</span></b><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> Por isso não sinto nenhuma vontade de alongar a resenha
falando deles. Cito apenas que vejo em Ismael uma cópia quase idêntica de
Roland de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i></span></a><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">; em Irene,
uma Alicia que ganha protagonismo, que é mais família, mais sociável, madura e
mais comunicativa, e, por fim, vejo em Dorian um Max que perde o faro
investigativo, a força e o relevo na trama para concedê-los à irmã (troca de
papéis), mas sem ficar de todo destituído do seu protagonismo. Quanto aos
demais, acho-os tão fracos que não quero me deter neles.</span><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A primeira aparição de Andreas Corelli?<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Mas algo que me causou
surpresa foi a participação (rápida, mas decisiva) em </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As Luzes de Setembro</span></i><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> de um
personagem do universo de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/O%20Cemit%C3%A9rio%20dos%20Livros%20Esquecidos"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Cemitério dos Livros
Esquecidos</span></i></span></a><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">: o diabólico arcanjo </span><span color="windowtext">Andreas <a style="mso-comment-date: 20210102T0047; mso-comment-reference: E_2;">Corelli</a></span><!--[if !supportAnnotations]--><a class="msocomanchor" href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/As%20Luzes%20de%20Setembro%20-%20Resenha.docx#_msocom_2" id="_anchor_2" language="JavaScript" name="_msoanchor_2">[E2]</a><!--[endif]--><span style="mso-special-character: comment;"> </span><span color="windowtext">. <o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjaF7QNkkc0NfDi3ObBqFEsYUVtSZ69whHB-fOeEt5C4MftR0lc2OQ50Q9zfg8RhTZr1Ed8J6szV6EoRZ9l5eWfSanANKZmFiVIN2bn6vjYGxoWHBiahtZUTWqngO-rafMaMG2QoeRKnqU/s3110/bertus-dokter-andreas-corelli-final2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3110" data-original-width="1920" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjaF7QNkkc0NfDi3ObBqFEsYUVtSZ69whHB-fOeEt5C4MftR0lc2OQ50Q9zfg8RhTZr1Ed8J6szV6EoRZ9l5eWfSanANKZmFiVIN2bn6vjYGxoWHBiahtZUTWqngO-rafMaMG2QoeRKnqU/w396-h640/bertus-dokter-andreas-corelli-final2.jpg" width="396" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Interpretação artística do personagem Andreas Corelli.<br />Artista: <a href="https://bertusdokter.artstation.com/projects/1vEdq" rel="nofollow" target="_blank">Bertus Dokter</a>.</td></tr></tbody></table><br /><span color="windowtext"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Corelli é um editor dotado
de uma áurea e aparência sobre-humana e que gosta de fazer pactos com artistas
malditos. Ele aparece pela primeira vez na série d’O Cemitério em seu segundo
livro, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Jogo do Anjo</i></span></a><span color="windowtext">, cuja trama é tão intrincada que nos faz duvidar da
real existência de Corelli. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">As razões da minha surpresa</span></b><span color="windowtext"> ao encontrar este personagem na trama do terceiro
juvenil de Zafón <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">são, na verdade, duas.
A primeira delas é que este foi um fato atípico na trilogia</b>. Em nenhum dos
outros dois volumes Zafón faz com que enredos de séries diferentes se
entrecruzem ou mesmo que um personagem transite entre os dois universos. O
primeiro caso de fato não acontece em nenhum dos livros, mas o segundo acontece
neste. Ainda assim, achei bastante coerente a inserção do personagem ao se
levar em consideração sua natureza sobrenatural e que combina muito mais com a
atmosfera fantástica, sobrenatural e de terror da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Trilogia%20da%20N%C3%A9voa"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Trilogia da Névoa</i></span></a><span color="windowtext">. Muito mais<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>do
que com os livros de </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Cemitério
dos Livros Esquecidos</span></i><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, que tem uma pegada mais realista – mesmo
em o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jogo do Anjo</i> que nos faz crer
ser Corelli uma alucinação do protagonista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">A segunda razão de minha surpresa está ligada a origem
do personagem.</span></b><span color="windowtext"> Achava eu que Corelli,
enquanto personagem, havia nascido em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Jogo do Anjo</i> (2008) e depois transportado para outras tramas, a exemplo do
conto </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/especial-zafon-el-principe-de-parnaso.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">El Príncipe de
Parnaso</i></span></a><span color="windowtext">. No entanto, tendo sido </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As Luzes de Setembro</span></i><span color="windowtext"> uma obra de </span><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">1995 – </span><span color="windowtext">uma diferença temporal de 13 anos entre os dois livros – fica
evidente que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Jogo do Anjo</i> não foi a
primeira aparição do personagem na obra de Zafón. Talvez o autor aproveitou no
livro de 2008<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>um personagem de grande
potencial, mas que fora pouco explorado em 1995. Digo talvez, porque há a
possibilidade de que Corelli tenha aparecido em algum outro conto mais antigo
do autor e isso só poderei comprovar quando tiver a oportunidade de ler </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/09/especial-zafon-la-ciudad-de-vapor-livro.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">La</i></span><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="ES-PR" style="mso-ansi-language: ES-PR;"> Ciudad</span> de Vapor</i></span></a><span color="windowtext">, ainda sem tradução no Brasil<i style="mso-bidi-font-style: normal;">.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 18pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Um enredo mediano muito bem escrito<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">No que diz respeito a escrita, Zafón continua
impecável. Linguagem leve, mas elegante. Texto fluido e bem estruturado.
Prosaico até onde precisa ser, sem destituir o texto de poética e das
construções estilísticas (metafóricas) corriqueiras em sua obra. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Na narração ele aproveita
a estatura narrativa de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio da
Meia-noite</i></span></a><span color="windowtext"> alternando entre
narradores-personagens – que se manifestam em cartas trocadas entre o casal da
trama após a ocorrência dos fatos narrados e que ajudam a dar uma noção de
continuidade –, e um narrador predominante em terceira pessoa. Assim como no
caso supracitado, os narradores-personagens possuem uma nostalgia quase poética
em seus brevíssimos discursos (apenas dois, um para iniciar – Ismael – e outro
para encerrar o livro – Irene).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O livro foi para mim uma
experiência bem mediana e nada em particular me chamou a atenção para que eu
gostasse um pouco mais da trama ou do enredo em geral. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">No que diz respeito as ideias do autor para o enredo
do livro, achei-as bem medianas, mas talvez porque eu esperasse muito mais de
Zafón do que ele de fato entregou nesta obra e nas demais que compõe a série.
Essa minha queixa já é antiga. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Apesar de gostar e achar original a inserção dos
autômatos na trama</span></b><span color="windowtext">, algo que até
então só havia visto no filme <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Invenção
de Hugo Cabret</i> (2011) e sem o elemento de terror, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">não achei </b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As Luzes de Setembro</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> tão criativo, mas uma junção de elementos
já nas obras do autor, somado a algumas histórias já muito exploradas pela
literatura em geral</span></b><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">: amores de verão, artistas (cientistas)
loucos, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">doppelgänger</i>,
diários/escritos deixados por pessoas já mortas e/ou desconhecidas, problemas
familiares trágicos na infância, etc.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_aGEgBdTumEbXr5BWhoY6PIG7Ht4O8NaSQ95KXBZjqLj9ZbXayWTnhXq0_DDqaKB_kLWygoIEZfMmtFUTw5s5PJ3kM7uw631ip8lng3wkm0MfJBCdNeNNRghwkMfkPdZoaQNrGXWuu2LU/s1920/a15a3c3766c207a2e0062c54f360da1c.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1920" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_aGEgBdTumEbXr5BWhoY6PIG7Ht4O8NaSQ95KXBZjqLj9ZbXayWTnhXq0_DDqaKB_kLWygoIEZfMmtFUTw5s5PJ3kM7uw631ip8lng3wkm0MfJBCdNeNNRghwkMfkPdZoaQNrGXWuu2LU/w640-h360/a15a3c3766c207a2e0062c54f360da1c.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Um automato é uma máquina ou robô desenvolvido para operar automaticamente. A maioria deles possuem estruturas mecânicas sofisticadíssimas e que lhes permitem realizar uma tarefa simples. Na foto, o automato desenhista do filme A Invenção de Hugo Cabret, 2011.</td></tr></tbody></table><br /><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O que eu
vejo ganhar força neste livro são os conhecidos elementos cinematográficos que
autor explora bastante em </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio da Meia-noite</i></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"> e que parecem
ter fechado um pouco os buracos deixados pela leve sensação de falta de enredo
que o livro me deixou.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">As construções
cinematográficas são boas e Zafón não se perde nesta que é uma das mais
destacadas marcas de seu trabalho literário e que, acredito eu, é resultado e
influência dos anos em que o autor trabalhou como roteirista (o autor ainda
conta no prefácio que escreveu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Luzes
de Setembro</i> tendo a sua janela a vista da Melrose</span><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"> Avenue</span><span color="windowtext"> bem como das letras de Hollywood em sua colina). <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Quanto aos pontos
negativos, acho que eu resumiria da seguinte maneira: um enredo mediano muito
bem escrito, que não empolga, que é bastante previsível em algumas partes e que
no final você nem gosta nem desgosta. Em outras palavras, o fim da descida que
começara em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa.</i>
Isso, no entanto, não me surpreende muito, porque é comum que sagas – mesmo
aquelas de livros independentes – percam fôlego com o avanço dos volumes porque
vão se esgotando os recursos ou as temáticas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">E o que dizer do desfecho?
Basicamente o mesmo que já disse no parágrafo a cima: mediano. Não surpreende
porque já era previsível, mas é um pouco menos trágico (sem deixar de sê-lo, no
entanto). Acredito que o que dá um</span><span color="windowtext" style="mso-ansi-language: EN-US;"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US">up</span></i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" lang="EN-US"> </span></i><span color="windowtext">no
fim do livro é a carta de Irene à Ismael que dá uma noção de continuidade na
narrativa selando de vez o enredo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A edição lida é da Editora
Suma das Letras, com tradução de Eliana Aguiar. Do ano de 2013 e possui 232
páginas. O título original em espanhol é <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Las </i></b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" lang="ES-PR" style="mso-ansi-language: ES-PR;">Luces</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext"> de</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" lang="ES" style="mso-ansi-language: ES;"> Septiembre</span></i></b><span color="windowtext">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Saiba mais sobre Carlos Ruiz Zafón na </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">postagem
especial </span></span></a><span color="windowtext" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">que fizemos sobre ele.</span><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US;">Preview</span><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%;"> do Google </span><span color="windowtext" lang="EN-US" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US;">Books</span><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Abaixo você pode conferir uma prévia do livro
disponível no Google </span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Books.</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" lang="EN-US"> </span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=0e7gAAAAQBAJ&lpg=PP1&dq=as%20luzes%20de%20setembro&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens relacionadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">A Sombra do Vento – Carlos Ruiz
Zafón – Resenha de Releitura</span></span></a><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;"> </span></span><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Especial: Zafón</span></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O Jogo do Anjo – Carlos Ruiz Zafón
– Resenha</span></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Palácio da Meia-noite – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></span><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Príncipe da Névoa – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">O Prisioneiro do Céu – Carlos Ruiz
Zafón – Resenha</span></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Quem é Carlos Ruiz Zafón? –
Especial Zafón</span></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/12/especial-zafon-rosa-de-fuego-conto.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Rosa de</span></span><span class="LinkdaInternet"><span lang="ES-PR" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: ES-PR; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Fuego</span></span><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> (conto) –
Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<div style="mso-element: comment-list;"><!--[if !supportAnnotations]-->
<div style="mso-element: comment;"><div class="msocomtxt" id="_com_1" language="JavaScript"><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p></div></div><div style="mso-element: comment;"><div class="msocomtxt" id="_com_2" language="JavaScript">
<!--[if !supportAnnotations]--></div>
<!--[endif]--></div>
</div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-55786180844303439992021-01-17T00:00:00.061-03:002021-01-17T00:00:02.310-03:00Opinião | O Decamerão em tempos de quarentena: as pandemias de peste negra e Covid-19<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">Por Eric Silva para
a </span><a href="https://www.blogger.com/blog/post/edit/3071426735249449223/7456137538705862886"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">4ª
Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">17 de janeiro, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">Ano da Itália</span></a><span style="color: #00000a;">.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">“<i>A distinção entre
passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente</i>”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">(Albert Einstein)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/R1wcwmHIea?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=636098085641" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWA67TEQ7CIA_2HlqihGf_CpLCGYTVcn763pFDtZyE5xHoJ_j8FHnagT3_QbNFDqbP0ML-oQrqfLgIH0OQnxEQ0tXZmNMHuEDmpWr0im38vSkyFqhBtCQ71xTxdTKzaXxcGDCw3KVmS6wg/s1763/box-o-decamerao.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1763" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWA67TEQ7CIA_2HlqihGf_CpLCGYTVcn763pFDtZyE5xHoJ_j8FHnagT3_QbNFDqbP0ML-oQrqfLgIH0OQnxEQ0tXZmNMHuEDmpWr0im38vSkyFqhBtCQ71xTxdTKzaXxcGDCw3KVmS6wg/s320/box-o-decamerao.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;">Dizem os historiadores que aprendemos com o passado para
entendermos não apenas o nosso presente como para projetar o futuro. De forma
análoga diria eu que aprendemos com a ajuda da literatura a compreender nossa
realidade através das experiências, descrições e relatos subjetivos e objetivos
dos escritores e que estes imprimem em suas obras.</div><o:p></o:p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No caso do livro </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/o-decamerao-giovanni-boccaccio-resenha.html"><span class="LinkdaInternet"><i><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Decamerão</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> (ou <i>Decameron</i>), obra centenária do italiano
Giovanni Boccaccio (1313 – 1375), ambas as proposições podem ser consideradas
como válidas e pude atestar a validade dessas afirmações quando li o livro em
meados do ano passado, em plena quarentena contra a COVID-19. </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Escrito em pleno curso da pandemia de Peste Negra que varreu o
continente europeu entre os anos de 1347 e 1351, <i>O Decamerão</i> não é unicamente uma obra dedicada a falar do amor
erótico, mas é também uma expressão vívida e potente do horror causado pela
pestilência que vitimou um terço da população europeia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Na primeira das dez jornadas que compõe o livro, Boccaccio
dedica algumas das páginas de sua obra para fazer um relato dirigido aos
leitores sobre os impactos da doença na cidade itálica de Florença, onde se
desenvolve a história central da obra. Nesse breve relato que permeia quase uma
dezena de páginas o autor – ainda muito impressionado com a violência da peste
e com a forma como a esta havia modificado o comportamento e a vida dos
florentinos – faz uma descrição abrangente no qual conta as origens, os danos e
sintomáticas da doença, seus reflexos sobre o comportamento dos florentinos, as
mudanças de hábitos, as crenças acerca da doença, as dificuldades de sepultamento,
além de falar do abandono dos campos e dos animais pelos camponeses que morriam
aos montes. Enfim, ele faz um panorama de como a doença se manifestava, mudava
o comportamento daquela sociedade e de como consumia a vida de suas vítimas,
aterrorizando os que ainda se mantinham sãos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No contexto do momento em que li aquele relato foi inevitável
para mim não lançar sobre a obra um olhar comparativo com a realidade de
angustias, mortes e incertezas em que éramos forçados a viver na época de minha
leitura e ainda nos dias atuais. E acho que aprendi mais sobre a vida humana em
tempos de pandemia do que me limitando ao que via e ouvia no noticiário da TV.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A COVID-19 assustou o mundo, mas também o tornou mais nítido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Como ainda não havíamos testemunhado, a misteriosa doença
principiada na longínqua cidade chinesa de Wuhan parou mercados em escala
global, forçou pessoas a mudarem suas formas de viver, trabalhar e se
relacionar e tornou em um caos a rotina de governos e profissionais de saúde. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O coronavírus mostrou-se bom de briga e obrigou empresas e
comércios a se adequarem a uma realidade nova e inesperada. Reuniu esforços
médicos e científicos de centenas de lugares. Escancarou o egoísmo humano bem
como destacou sua capacidade de empatia e solidariedade. Aproximou famílias,
desfez casamentos, fomentou o feminicídio e a violência doméstica. Evidenciou
desigualdades, aprofundou o desemprego, destruiu economias já irremediavelmente
frágeis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No campo do poder, fez máscaras politicas caírem e evidenciou
quais eram os países e governos realmente preparados e com gestões competentes.
<b>Nunca ficara tão violentamente evidente
quem eram aqueles que governavam com discursos vazios os seus belos castelos de
areia prestes a ruir</b>. Polarizados, testemunhamos incrédulos um bizarro show
de mortes, irracionalidade e ódio gratuito fermentado por incertezas, teorias
da conspiração, guerra política, divergências, retrocessos e medo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Enfim, o futuro ainda é incerto e nebuloso, mas quando li <i>O Decamerão</i> senti que haviam certos
padrões que se repetiam em nosso tempo atual – o famoso tempo circular –, bem
como deixou evidente para mim a diferença que faz o nível técnico e científico
de cada época para dar resposta a momentos de crise desta natureza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">PANDEMIAS SÃO
SEMPRE MOMENTOS DE MEDO, IRRACIONALIDADE, DIVERGÊNCIAS E POLARIZAÇÃO<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Como homem de seu tempo Boccaccio inicia sua exposição sobre os
efeitos da Peste Negra colocando-a como desígnio e ira divina que se abatera
sobre os homens para puni-los de sua iniquidade e expiar seus pecados. O
discurso que é extremamente condizente com as crenças e mentalidade da época,
não difere essencialmente dos discursos atuais de uma minoria barulhenta que
(descrentes na ciência) constroem entorno da COVID-19 uma série de teorias
conspiratórias, disseminam uma enxurrada de informações falsas, tratamentos
supostamente miraculosos que vão de cloroquina a desinfetante e que atribuem o
caos instaurado pela doença a uma suposta histeria coletiva e infundada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O nome que
posso dar ao que se dava na Europa de Boccaccio é desinformação fundada na
única explicação disponível: a explicação religiosa. O nome que damos ao que é
feito hoje (a despeito de todos os avanços científicos) é negacionismo
fundamentado na ignorância e no fanatismo. </span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Eis a primeira distinção histórica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Mas em termos de semelhanças, quando lemos o relato de
Boccaccio, vemos que <b>o período da
pandemia de peste foi ele também uma época de divisão de opiniões e de certa
polaridade</b>. Não se tratava, porém, de uma polaridade exatamente política
como a nossa e nem tão radicalmente inflexível, mas acerca de como melhor
proceder durante a pandemia. Essa polaridade dividia as pessoas e suas reações
frente a doença em quatro categorias: <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;"><b>“<i>Alguns, considerando que viver com temperança e abster-se de qualquer
superfluidade ajudaria muito a resistir à doença, reuniam-se e passavam a viver
separados dos outros, recolhendo-se e encerrando-se em casas onde não houvesse
nenhum enfermo e fosse possível viver melhor, usando com frugalidade alimentos
delicadíssimos e ótimos vinhos, fugindo a toda e qualquer luxúria, sem dar
ouvidos a ninguém e sem querer ouvir notícia alguma de fora, sobre mortes ou
doentes, entretendo-se com música e com os prazeres que pudessem ter. <o:p></o:p></i></b></span></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;"><b>“<i>Outros, dados a opinião contrária, afirmavam que o remédio infalível
para tanto mal era beber bastante, gozar, sair cantando, divertir-se,
satisfazer todos os desejos possíveis, rir e zombar do que estava acontecendo;
e punham em prática tudo o que diziam sempre que podiam, passando dia e noite
ora nesta taverna, ora naquela, bebendo sem regra nem medida, fazendo tais
coisas muito mais nas casas alheias, apenas por sentirem gosto ou prazer em
fazê-las. </i>[...]<o:p></o:p></b></span></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;"><b>“[...] <i>Muitos outros observavam uma via
intermediária entre as duas descritas acima, não se restringindo na
alimentação, como os primeiros, nem se entregando à bebida e a outras
dissipações como os segundos, mas usavam as coisas na quantidade suficiente
para atender às necessidades, não se encerravam em casa, iam a toda parte,
alguns com flores nas mãos, outros com ervas aromáticas, outros ainda com
diferentes tipos de especiaria, que levavam com frequência ao nariz, pois
consideravam ótimo aliviar o cérebro com tais odores, visto que o ar todo
parecia estar impregnado do fedor dos cadáveres, da doença e dos remédios. <o:p></o:p></i></b></span></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;"><b>“<i>Outros tinham sentimento mais cruel (se bem que talvez fosse a atitude
mais segura) e diziam que contra a peste não havia remédio melhor nem tão bom
como fugir; </i>[...].<o:p></o:p></b></span></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;"><b>“<i>E, dentre esses que tinham tão variadas opiniões, embora não morressem
todos, também nem todos se salvavam: ao contrário, adoeciam muitos que pensavam
de modos diversos, em todos os lugares; </i>[...].”</b></span><i style="color: #546421;"> </i><span style="color: #546421;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">É obvio que na
nossa época a polaridade se dá em novos contextos</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">. Não é
sensato querer dizer que agimos hoje de forma equivalente, mas mesmo agora as
opiniões estão divididas e polarizadas e as decisões tomadas por cada um,
seguindo esta ou aquela visão, contribuíram e vem contribuindo para o aumento
dos casos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Há os que minimizam a gravidade da doença e não seguem as
medidas de proteção orientadas pelos médicos e autoridades sanitárias. Há
aqueles que as seguem parcialmente e com perigosa flexibilidade e que para não
se privar de seu lazer e divertimento, promovem ou participam de festas e
aglomerações. E por fim, há os que de fato se isolaram em quarentena.<b> Entretanto algo que chama a atenção é que,
ao contrário do que ocorria no século XIV, hoje sambemos quais as medidas
preventivas, então a divisão de opiniões tem caráter pura e simplesmente
ideológica.<o:p></o:p></b></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOjxukWOTg7TdYwmEpGhPPxtW_kjtWhLLSjtOU9t-RGxGVIB5d0THTRuFYls22Q2hIF1RtHD88m2hNLqNq1FrRYCTJQBw01ttXEviAj9sG6wCj89mGC7smI4T7d0ewLH-PeI4TmReHBx_p/s797/797px-Open_Ohio_Rally_IMG_0910_%252849799974031%2529.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="797" height="482" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOjxukWOTg7TdYwmEpGhPPxtW_kjtWhLLSjtOU9t-RGxGVIB5d0THTRuFYls22Q2hIF1RtHD88m2hNLqNq1FrRYCTJQBw01ttXEviAj9sG6wCj89mGC7smI4T7d0ewLH-PeI4TmReHBx_p/w640-h482/797px-Open_Ohio_Rally_IMG_0910_%252849799974031%2529.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Várias centenas de manifestantes anti-lockdown se reuniram no Ohio Statehouse em 20 de abril. <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Open_Ohio_Rally_IMG_0910_(49799974031).jpg" rel="nofollow" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.</td></tr></tbody></table><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><b><br /></b></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Boccaccio relata que fora aquela época <b>um período que se deu muita vazão a imaginação, as crendices</b> (que
direta ou indiretamente disseminam ideias falsas).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><b><span style="color: #274e13;">“<i>De tais coisas e de muitas outras semelhantes ou piores originaram-se
diferentes medos e imaginações nos que continuavam vivos, e quase todos tendiam
a um extremo de crueldade, que era esquivar-se e fugir aos doentes e às suas
coisas; e, assim agindo, todos acreditavam obter saúde</i>.”<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Coisa semelhante se dá nos dias atuais. <b>De coisas que as pessoas ouvem falar, de casos particulares que
presenciam ou de mera especulação ideológica nasceram dezenas de teorias
absurdas.</b> <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Alguns afirmam que o coronavírus teria sido fabricado em
laboratório por instituições farmacêuticas, outros que a pandemia seria parte
de um plano maior envolvendo governos e países. Há quem acredite que as vacinas
causam doenças graves e que conteriam de HIV à chips com o número da besta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Contudo, uma das teorias mais comuns, é a de que os números de
mortos e doentes seriam inflacionados, sobretudo pelos dirigentes de
municípios, a fim de angariar recursos federais. Ainda que seja plausível
pensar que algumas lideranças políticas nos milhares de municípios brasileiros
tenham intenções corruptas, essa ideia é generalizada e propagandeada a fim de
minimizar a gravidade da doença.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">São ideias conspiratórias de base ideológica e que encontram no
medo, na ignorância das pessoas ou na inflexibilidade de pensamento terreno
fértil para se disseminar. Elas se
assemelham ao que acontecia na época de Boccaccio <b>porque são frutos da ignorância das pessoas, da desinformação ou
simplesmente porque são explicações que lhes agradam mais porque se harmonizam
melhor com suas crenças e visões de mundo</b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Outras duas semelhanças que encontrei entre os dois momentos
históricos através das falas de Boccaccio estão relacionados <b>a pobreza e as dificuldades de enterrar o
grande número de mortos</b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Boccaccio menciona que <b>os
pobres estavam entre as classes mais atingidas pela mortandade</b>. Tal como
agora, as classes mais baixas eram as mais atingidas e não podiam retirar-se
das localidades de contágio e por isso adoeciam em grande quantidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><b><span style="color: #274e13;">“<i>Maior era o espetáculo da miséria da gente miúda e, talvez, em grande
parte da mediana; pois essas pessoas, retidas em casa pela esperança ou pela
pobreza, permanecendo na vizinhança, adoeciam aos milhares; e, não sendo
servidas nem ajudadas por coisa alguma, morriam todas quase sem nenhuma
redenção.</i>”<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Em outras palavras, assim como agora, <b>na Idade Média a desigualdade social também teve seus reflexos sobre o
agravamento da pandemia de peste bubônica</b>. No caso do Brasil,
impossibilitados de trabalhar durante a quarentena o auxílio emergencial foi
imprescindível para salvar milhões da fome e da extrema pobreza. Além disso o
tamanho das casas de famílias mais humildes e numerosas também dificultou
bastante (e em alguns casos não permitiu) qualquer tipo de isolamento social
entre eles, ampliando os contágios. Mas mais do que isso, são inúmeros os casos
de pessoas de comunidades pobres que não encontraram assistência médica quando
doentes. <o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEcBkLMUbCQHdVmHb1skL30Ae_DtMHhVQ9AUiuE2t5-NAHxxX_roqOndRZWF9GVDW1b0vcPlSXXJUQhep4qUNZbhLPRgGQr0Ae_RfeTCIhwmnTQidvqg-RDojlGmK8268EiC87F1nr-kU2/s1280/1280px-Chevalier_Roze_%25C3%25A0_la_Tourette_-_1720.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="834" data-original-width="1280" height="418" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEcBkLMUbCQHdVmHb1skL30Ae_DtMHhVQ9AUiuE2t5-NAHxxX_roqOndRZWF9GVDW1b0vcPlSXXJUQhep4qUNZbhLPRgGQr0Ae_RfeTCIhwmnTQidvqg-RDojlGmK8268EiC87F1nr-kU2/w640-h418/1280px-Chevalier_Roze_%25C3%25A0_la_Tourette_-_1720.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gravura contemporânea de Marselha durante a Grande Peste em 1720. Conhecida como a Grande Peste de Marselha, essa epidemia de uma variação da Peste Negra matou cerca de 100 mil pessoas na cidade de Marselha, na França. <a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5b/Chevalier_Roze_%C3%A0_la_Tourette_-_1720.PNG" rel="nofollow" target="_blank">Wikipedia Commons</a>.</td></tr></tbody></table><span style="color: #00000a;"><br /></span><p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Quanto aos mortos, relata Boccaccio que:</span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="line-height: 107%;"><b><span style="color: #274e13;">“Não sendo bastante o solo sagrado para sepultar a
grande quantidade de corpos que chegavam carregados às igrejas a cada dia e
quase a cada hora [...], abriam-se nos cemitérios das igrejas, depois que todos
os lugares ficassem ocupados, enormes valas nas quais os corpos que chegavam
eram postos às centenas: eram eles empilhados em camadas, tal como a mercadoria
na estiva dos navios, e cada camada era coberta com pouca terra até que a vala
se enchesse até a borda.”<o:p></o:p></span></b></span></i></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="line-height: 107%;"><b></b></span></i></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi42ISQ6CqSwgkyi3SF5cmZeCMAzpKGWPAaSBZnIRsGfVG8fUnwBdYyUhx3IYzIDdiOuYOE2hh6-zqIU8irntqPijCJqnMpS_nf_VtdyKC_tQsWhoo14CK-EohHGWGCZ8nTveTmtApy2UEM/s600/Bubonic_plague_victims-mass_grave_in_Martigues%252C_France_1720-1721.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="447" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi42ISQ6CqSwgkyi3SF5cmZeCMAzpKGWPAaSBZnIRsGfVG8fUnwBdYyUhx3IYzIDdiOuYOE2hh6-zqIU8irntqPijCJqnMpS_nf_VtdyKC_tQsWhoo14CK-EohHGWGCZ8nTveTmtApy2UEM/s16000/Bubonic_plague_victims-mass_grave_in_Martigues%252C_France_1720-1721.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Esqueletos numa vala comum de 1720 a 1721 em Martigues, França, renderam evidências moleculares do ramo orientalis de Yersinia pestis, o organismo responsável pela peste bubônica. A segunda pandemia de peste bubônica esteve ativa na Europa desde 1347, o início da peste negra, até 1750. <a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1b/Bubonic_plague_victims-mass_grave_in_Martigues%2C_France_1720-1721.jpg" rel="nofollow" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.</td></tr></tbody></table><i><span style="line-height: 107%;"><b><br /><span style="color: #274e13;"><br /></span></b></span></i><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O número de mortos e contaminados pela COVID-19 está até então
(e felizmente) em patamares extremamente menores do que os 70 a 200 milhões de
mortos<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
que se estima que tenham morrido durante a Peste Negra, <b>mas isso não impediu que em certas localidades faltassem cemitérios
para enterrar o grande volume de mortos</b>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Em abril de 2020, a prefeitura de Manaus necessitou abrir valas
comuns em cemitério para enterrar as vítimas de coronavírus<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Naquele mesmo mês Nova York vivia o drama de ter seus necrotérios lotados<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
e também passou a usar valas comuns na Ilha Hart para enterrar seus mortos<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A DIFERENÇA
QUE A CIÊNCIA FAZ NA SALVAÇÃO DE VIDAS<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Não obstante, <b>de todos os
aspectos</b> que o relato de Boccaccio em </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/o-decamerao-giovanni-boccaccio-resenha.html"><span class="LinkdaInternet"><i><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Decamerão</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> me fez
refletir, <b>o principal está relacionado a
diferença que o conhecimento e o avanço científico fazem hoje em nossas vidas</b>.
</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Segundo o relato do escritor medieval, a semelhança do que
governos, médicos e cientistas fazem na pandemia atual, algumas <b>medidas sanitárias e de fechamento da
cidade</b> (fechamento de fronteiras) foram adotadas na Florença da época. O
relato ainda deixa supor que até mesmo instruções foram dadas a população,
entretanto, todas essas medidas se demonstraram infrutíferas, por razões que
ele não explica em seu texto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><b><span style="color: #274e13;">“<i>E, de nada havendo servido os saberes e as providências humanas,
limpeza das imundícies da cidade por funcionários encarregados de tais coisas,
a proibição de entrada dos doentes e os muitos conselhos dados para a
conservação da salubridade</i> [...]”.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> O autor também relata que
na época <b>faltava atendimento</b> por
conta da periculosidade da doença ou por falta de serviços oportunos, o que
contribuiu para o aumento do número de mortos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;"><b>“<i>Além disso, morreram muitos que, se porventura ajudados, teriam
escapado; assim, tanto por falta do devido atendimento, que os doentes não
podiam ter, quanto pela força da peste, era tamanha a multidão a morrer noite e
dia na cidade que causava espanto ouvir dizer, quanto mais presenciar</i>.” <o:p></o:p></b></span></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Mas, de todos os aspectos,<b>
a falta de conhecimento médico sobre a doença foi fator decisivo</b>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Tratava-se de uma enfermidade nova, desconhecida. Na época mão
se sabia a origem da peste nem como esta passava aos seres humanos, por conta
disso, também se desconhecia a forma mais eficaz de tratá-la e de evitar os
surtos e propagações. Muitos médicos não passavam de charlatões e aqueles que
de fato eram formados em medicina também se encontravam quase que de mãos
atadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><b><span style="color: #274e13;">“<i>Para tratar tais enfermidades não pareciam ter préstimo nem proveito a
sabedoria dos médicos e as virtudes da medicina: ao contrário, seja porque a
natureza do mal não admitisse tratamento, seja porque a ignorância dos que o
tratavam (cujo número era enorme, havendo, além dos cientistas, também mulheres
e homens que jamais haviam feito estudo algum de medicina) não permitisse
conhecer a sua causa, nem portanto usar o devido remédio, não só eram poucos os
que se curavam, como também quase todos morriam nos três dias seguintes ao
aparecimento dos sinais acima referidos, uns mais cedo, outros mais tarde, a
maioria sem febre alguma ou qualquer outra complicação</i>”.<o:p></o:p></span></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A peste bubônica é de origem bacteriana (bactéria <i>Yersinia pestis</i>), diferente da COVID-19
que é uma enfermidade viral (SARS-CoV-2). Mas, a semelhança daquela, a COVID-19
era no começo da pandemia quase que totalmente desconhecida, uma doença nova,
e, mesmo com todo o nosso avanço técnico, foram precisos muitos meses para que
médicos achassem os tratamentos mais eficazes e que cientistas pudessem
desenvolver vacinas. Essa corrida contra o tempo abriu espaço para especulações
de medicamentos supostamente eficazes, mas sem comprovação científica, a
exemplo da hidroxicloroquina, sugerida pelo presidente dos EUA, Donald Trump,
que chegou a falar também no uso de injeções de desinfetante<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
A imprudência do chefe de estado americano chegou a repercutir e só na cidade
de Nova York as autoridades de saúde da cidade receberam 30 chamados por
ingestão de desinfetante nas dezoito horas que se seguiram a fala de Trump<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Mas a fala de Boccaccio deixa evidente como a ciência e os
avanços médicos são fundamentais para minimizar o número de mortos quando novas
doenças e com elevado grau de contaminação e mortes acaba por surgir no cenário
mundial. Para nós que vivemos em uma época radicalmente diferente, sobretudo em
termos de avanço técnico, mas com algumas tênues similitudes em relação a época
em relação a comportamento social diante de situações de pandemia, <b>devemos nos atentar para a relevância da
ciência em nossa sobrevivência enquanto espécie e combater os pensamentos
retrógrados e reducionistas que tentam descreditar a ciência</b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A peste negra matou muito mais e era potencialmente mais mortal
do que a COVID-19, mas foi o desconhecimento sobre as suas origens, acerca de
tratamentos eficazes de combate e imunização e sobretudo a ausência de uma
ciência médica desenvolvida para investigar em tempo hábil esses aspectos que
fizeram daquela pandemia muito mais mortífera que a atual.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Se houvesse na
época a integração e a facilidade de locomoção entre os vários continentes como
existe hoje, ou mesmo os grandes fluxos de circulação de pessoas – que muito
facilitam a propagação de agentes patogênicos como o coronavírus – os efeitos
seriam ainda mais mortíferos. Ainda assim, um terço da população europeia
sucumbiu.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Ademais, na época, se desconhecia a relação entre a peste, a
pouca higiene urbana, ratos e suas pulgas (principais transmissores). O
desconhecimento levou a explicações religiosas acerca de castigos divinos e
mesmo teorias de que a contaminação se dava por via área (pelo ar) – a teoria
do miasma. A importância da higiene só foi reconhecida séculos depois e <b>o estabelecimento da ideia de quarentena em
1377, foi um avanço médico fundamental para o combate à doença<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[7]</span></b></span><!--[endif]--></span></a></b>. A técnica até
hoje se mostra fundamental e básica para evitar a propagação de epidemias.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Temos hoje a nosso favor um número vasto de conhecimentos
acumulados e milhares de especialistas que trabalham em colaboração a nível
internacional. <b>É graças aos avanços
científicos que tantas vacinas foram criadas em menos de um ano</b> (tempo
recorde) <b>e que desde o começo da
pandemia a população foi</b> <b>prontamente
orientada quanto as principais formas de prevenção</b> (máscaras, álcool em
gel, higienização das mãos, medidas de isolamento social). <b>Coisas assim eram inimagináveis na época de Boccaccio e custaram
milhões de vidas</b>. Ainda assim, muitas pessoas desacreditam a ciência, agem
de forma negacionista e espalham desinformação, não só por ignorância, mas por
alienação política e até religiosa.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1KTRXCegeGoEc1wLQghNGwastr0MLuZqDHM1ARtpsmwcm2P6AqsWoa1dv-UKCAZaWdQQxxb9EMwjViMw4QFWw_onHDnvWUdJfpkpwFCcJZJ9CJ_jXbqTPYUMciigNk-fafTZWRSvj91BU/s1024/1024px-COVID_Vaccine_%252850745583447%2529.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1KTRXCegeGoEc1wLQghNGwastr0MLuZqDHM1ARtpsmwcm2P6AqsWoa1dv-UKCAZaWdQQxxb9EMwjViMw4QFWw_onHDnvWUdJfpkpwFCcJZJ9CJ_jXbqTPYUMciigNk-fafTZWRSvj91BU/w640-h426/1024px-COVID_Vaccine_%252850745583447%2529.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Um aviador dos EUA recebendo uma vacina COVID-19. <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:COVID_Vaccine_(50745583447).jpg" rel="nofollow" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.</td></tr></tbody></table><span style="color: #00000a;"><br /></span><p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Enfim, o que vem por aí nós não sabemos. Todavia concluo esse
texto chegando a uma única e importante conclusão possível: </span><b style="color: #00000a;">o futuro pós-pandemia é imprevisível, mas
certamente passaremos por uma mudança radical que nos levará a divisar novos
horizontes formados pelo progresso em determinadas áreas e por terríveis
retrocessos em outras</b><span style="color: #00000a;">.</span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Que nesse
nosso caminhar relatos como o de Boccaccio em <i>O Decamerão</i> nos sirvam de lembrete para que não repitamos os erros
do passado, afastemos de nós o negacionismo, a ignorância, as crendices e o
fanatismo religioso, bem como as firmações sem fundamentação ou lastro
científico, para que não experienciemos consequências tão desastrosas como
aquelas que a Europa vivera no século XIV.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Você pode
conferir a resenha de </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/o-decamerao-giovanni-boccaccio-resenha.html"><span class="LinkdaInternet"><b><i><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Decamerão</span></i></b></span></a><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">
neste </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/o-decamerao-giovanni-boccaccio-resenha.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">link</span></b></span></a><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">. </span></b><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Referência da edição de onde foram extraídas as
citações<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">BOCCACCIO, Giovanni. <i>Decameron</i>. Tradução Ivone C. Benedetti.
Porto Alegre, L&PM, 2013.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens relacionadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/05/uma-breve-historia-da-ciencia-william.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Uma Breve História da Ciência – William Bynum – Resenha</span></span></a><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/o-decamerao-giovanni-boccaccio-resenha.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Decamerão – Giovanni Boccaccio – Resenha</span></span></a><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/09/opiniao-nem-so-de-pao-carecem-os-pobres.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Opinião | Nem só de pão carecem os pobres: impostos, acesso a
livros e pobreza no Brasil</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">2021, o Ano da Itália no Conhecer Tudo – IV Campanha Anual de
Literatura do Conhecer Tudo</span></span></a><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">.</span><o:p></o:p></p>
<div><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Peste_Negra<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2020/04/21/prefeitura-de-manaus-faz-valas-comuns-em-cemiterio-para-enterrar-vitimas-de-coronavirus-veja-video.ghtml<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52224123<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>
https://oglobo.globo.com/mundo/nova-york-abre-valas-comuns-para-enterrar-mortos-por-coronavirus-24364067<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/04/24/trump-sugere-luz-solar-e-injecao-de-desinfetante-para-tratar-coronavirus<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/04/25/ny-tem-30-chamados-por-ingestao-de-desinfetante-melhor-prevencao-e-higiene.htm<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7">
<p class="MsoFootnoteText"><o:p></o:p></p>
</div>
</div><p style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Decame%C3%A3o%20em%20tempos%20de%20Pandemia.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Peste_Negra#Causas </p>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-44958576477701419282021-01-10T00:00:00.057-03:002021-01-10T01:03:29.608-03:00O Decamerão - Giovanni Boccaccio - Resenha <p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a; font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">Por Eric Silva para
a </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 13.5pt; line-height: 107%;">4ª
Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">10 de janeiro de 2021, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">Ano da Itália</span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: right;"><span style="color: #00000a;">“As palavras, quando recebidas através dos ouvidos do
coração, possuem força muito maior do que muitos supõem; aos que se amam, quase
todas as coisas se tornam possíveis”<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: right;"><span style="color: #00000a;">(O Decamerão – Giovanni Boccaccio)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: right;"><span style="color: #00000a;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Está sem tempo para
ler? Ouça a nossa resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/PRkomYkaiq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=292490528522" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;"></span></b></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: justify;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEkdm0ypmCcbQ0t1_fE1x4pndG9VGUY6SqSX-S2YxAawB9mw1_xlyHVeS-LD6u6bojb4Ukb4kyIZS_g43D5AUVkUXU79_IEtdweT-zfGei_3VmIbMK4Z1coOHAkEvqLK9N1mnkTaABolre/s1763/box-o-decamerao.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1763" data-original-width="1200" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEkdm0ypmCcbQ0t1_fE1x4pndG9VGUY6SqSX-S2YxAawB9mw1_xlyHVeS-LD6u6bojb4Ukb4kyIZS_g43D5AUVkUXU79_IEtdweT-zfGei_3VmIbMK4Z1coOHAkEvqLK9N1mnkTaABolre/w436-h640/box-o-decamerao.jpg" width="436" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Edição lida com tradução de Raul de Pollilo. Nova Fronteira, 2018.</td></tr></tbody></table><b style="mso-bidi-font-weight: normal; text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><b>Cercados pela desolação provocada pela peste bubônica
(negra) que matara grande parte da população florentina e dizimara um terço da
população europeia<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[1]</span></b></span></span></a>,
dez jovens de classes abastadas afastam-se da cidade e por quinze dias se
dedicam ao lazer e à narração de cem pequenas histórias contadas ao longo de
dez jornadas (dias). Livro que influenciou grandes nomes das artes a exemplo de
Vivaldi e Molière, <i>O Decamerão</i> não é
apenas uma obra que marca a fundação da narrativa moderna<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[2]</span></b></span></span></a>, como um testemunho
escrito com humor e muita ironia e que documenta uma época na história da
Europa e um retrato cultural, cotidiano e social de uma sociedade que migrava do
feudalismo em direção a consolidação da burguesia.</b></b></div></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: left;"><span style="color: #00000a; font-weight: 700;"><br /></span></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Confira a resenha do primeiro livro da </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">IV Campanha Anual
de Literatura do Conhecer Tudo</b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;"> que no ano de 2021 homenageia a </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Literatura%20Italiana"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">literatura italiana</b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">.</span></b><o:p></o:p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><br /></span></b></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sinopse
do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">1348, Florença, Itália.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Em pleno auge da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/opiniao-o-decamerao-em-tempos-de.html"><span class="LinkdaInternet">pandemia de peste bubônica</span></a><span style="color: #00000a;">, comumente conhecida como Peste Negra, a cidade de
Florença, na região da Toscana, padecia os horrores da doença misteriosa que
não só dizimava sua população, tornando a cidade florentina um grande cemitério
e uma zona de repulsão demográfica, como subvertia e recriava os hábitos e
costumes dos florentinos sobreviventes.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Em meio ao cenário de morte e
desolação, um grupo de sete jovens de Florença e provenientes de respeitadas
famílias se reúnem na <a style="mso-comment-date: 20210103T1910; mso-comment-reference: E_1;">igreja de Santa Maria Novella </a></span><!--[if !supportAnnotations]--><a class="msocomanchor" href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_msocom_1" id="_anchor_1" language="JavaScript" name="_msoanchor_1">[E1]</a><!--[endif]--><span style="mso-special-character: comment;"> </span><span style="color: #00000a;">e começam a debater, sob a liderança da mais velha,
Pampineia, acerca do infortúnio que se abatera sobre Florença e suas famílias,
e decidem deixarem a cidade, por sugestão da moça, e pelo intervalo de alguns
dias se instalarem com seus criados em uma propriedade fora dos limites
urbanos. No entanto, para concretizar seu intento e salvaguardar suas honras,
as sete moças pedem a três rapazes conhecidos e namorados de três delas para
que as acompanhem em tal retiro enquanto este durasse. <o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1b/FlorenceSantaMariaNovella20020318.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="480" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1b/FlorenceSantaMariaNovella20020318.JPG" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Na Igreja de Santa Maria Novella os jovens reunidas decidem deixar Florença. fonte: <a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1b/FlorenceSantaMariaNovella20020318.JPG" rel="nofollow" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.</td></tr></tbody></table><span style="color: #00000a;"><br /></span><p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Igualmente desejosos de
deixar para trás a cidade e sua pestilência, os três rapazes aceitam o convite
e no dia seguinte os dez jovens e seu séquito de criados deixam Florença em
direção a uma requintada propriedade rural desocupada, mas arrumada e provida
com uma excelente adega e ali se instalam por alguns dias.</span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Confortavelmente instalados e
fartamente providos de viveres, os jovens e moças dedicam uma quinzena de dias
a passeios, conversas, cantos e danças. No entanto, a principal atividade dos
jovens é reunirem-se ao entardecer para narrarem histórias de amor e aventura
com temas na maioria das vezes pré-definidos por um rei ou rainha escolhido
dentre eles e que era igualmente responsável da governança dos criados, da casa
e do grupo. Assim, a cada dia e sob a governança de um rei ou rainha de reinado
único são contadas 10 narrativas que formam uma jornada, num total final de dez
jornadas e cem contos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Quando finalmente findam as
dez jornadas completas de novelar, no décimo quinto dia de retiro, todos
regressam à cidade, encerrando a obra de Boccaccio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Escrito entre
os anos de 1348 e 1353<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[3]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a>,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> (ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Príncipe Galeotto</i>) é uma das mais importantes obras literárias
italianas e também da literatura mundial, sendo considerada uma obra que marca
a fundação da narrativa (em prosa) moderna, além e ser considerada o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">magnum opus </i>(obra-prima) do escritor e
poeta florentino Giovanni Boccaccio (1313-1375).<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O título da
obra tem origem no grego e significa “dez dias” ou “dez jornadas” em alusão aos
dez dias nos quais os dez protagonistas-narradores se dedicam a novelar sobre o
amor</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">. No curso desses dez dias, as sete moças (Pampineia, Fiammetta,
Filomena, Emilia, Laurinha, Neifile e Elisa) e os três rapazes (Pânfilo, Filostrato
e Dioneio) se dedicam a relatar dez contos cada um que vão do erótico ao
trágico, tomando por base casos – reais ou não – de amor, de honra e de
vilania, contos de sagacidade, piadas e lições de vida, perfazendo, ao todo,
cem contos contados uma dezena por dia e por cada um dos dez novelistas
alternadamente.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2c/Waterhouse_decameron.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="504" data-original-width="800" height="403" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2c/Waterhouse_decameron.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jovens contadores de histórias do Decameron em uma pintura de John William Waterhouse, A Tale from Decameron, 1916, Lady Lever Art Gallery, Liverpool. Fonte: <a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2c/Waterhouse_decameron.jpg" rel="nofollow" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.</td></tr></tbody></table><br /><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Quando resolvi incluir <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Decamerão</i> entre os livros que leria para essa edição da Campanha Anual de
Literatura, o </span><a href="https://sites.google.com/view/calct/in%C3%ADcio"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">CALCT</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, o fiz dentre
uma farta oferta de títulos por se tratar de um clássico importante da
literatura universal, mas o pouco que eu sabia da obra não me estimulava a sua
leitura – nem o investimento financeiro em uma edição tão cara e luxuosa.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Não sou particular apreciador de histórias eróticas e tenho
minhas implicâncias com os </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Romance%20de%20amor"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">romances
de amor</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, e na época o pouco que sabia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> dizia de uma obra cheia de erotismo que me fez
associá-lo, talvez a obra de Marques de Sade, mas no sentido de serem
narrativas libertinas e de caráter hedonista. Como tenho também certas reservas
quanto ao hedonismo tanto como filosofia quanto como princípio de vida, tendo
sido este um dos motivos de não ter apreciado parte dos personagens de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/05/o-retrato-de-dorian-gray-oscar-wilde.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Retrato de Dorian Gray</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, de Oscar
Wilde. Esse pesa contra um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Decamerão </i>que
eu ainda não tinha lido.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Pode até parecer um certo moralismo da minha parte (não que eu
me abstenha de preservar certos princípios e valores morais), mas se trata de
questão de gosto literário pessoal. Por isso, eu tinha dúvidas se valeria a
pena adquirir <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> e fazer o
esforço de percorrer suas dez centenas de páginas (1005 págs.). Contudo, o
livro se revelou algo não exatamente como me fora descrito o senso comum. É
certo que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> está repleto de
histórias de traições conjugais bem-sucedidas, mas para além disso, as
narrativas possuem mais o irônico e o cômico do que algo de cunho erótico. Pelo
contrário, se os personagens são adúlteros, espertalhões, hipócritas de toda
natureza, religiosos libertinos e pessoas pouco dadas a respeitar votos
conjugais ou religiosos, por outro lado, o autor e sobretudo os dez novelistas
mantêm um impecável decoro, com condutas irrepreensíveis, não entrando em
detalhes desnecessários ou lançando mão de expressões chulas e de baixo calão
para referenciar práticas sexuais (nenhuma delas sadistas) de seus personagens.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Decamerão</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">
não era o que falavam dele, logo minhas referências eram tão ignorantes sobre a
obra quanto eu, ou se baseavam em adaptações que destacavam/explicitavam de
forma mais aberta o erotismo existente no conteúdo narrativo da obra. Ainda
assim, ler a obra de Boccaccio foi tarefa cansativa e, por vezes, tediosa.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A Peste e os personagens-narradores<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Esboçando um panorama do caos criado pela Peste Negra, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> começa de uma forma que me
interessou bastante por ambientar seu leitor em um contexto histórico-social de
forma precisa, ampla e elucidativa, mas de forma concisa. Como o autor escrevia
em pleno período de pandemia de peste bubônica (</span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/opiniao-o-decamerao-em-tempos-de.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">olha
que coincidência eu lê-lo durante a pandemia de COVID-19</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">), Boccaccio
aproveita o triste e desolador cenário da Peste como inspiração para a base
narrativa da trama e já imaginando a necessidade de situar os possíveis
leitores da posterioridade, faz um panorama profundo e detalhado dos impactos
da peste sobre as práticas e relações sociais em Florença, abordando hábitos
antigos abandonados e os novos hábitos adquiridos em razão das circunstâncias,
os comportamentos, as crenças acerca da doença, as dificuldades de sepultamento,
a forma como a doença se manifestava e consumia a vida de suas vítimas e o
abandono dos campos e dos animais pelos camponeses, amplamente vitimados por
aquele mal. </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Por ser testemunha ocular dos fatos, a descrição de Boccaccio
possui um peso e potência que as vezes faltam até nos livros de história. Por
conta disso a obra pode ser considerada além de um marco na literatura, um
documento histórico sobre a Peste Negra de alto valor, sobretudo para entender
as dimensões sociais e culturais que a pandemia teve sobre estas. E é em meio a
este cenário confuso marcado pela morte e pelo miasma de muitos mortos é que o
autor insere seus protagonistas que servem na trama como uma lufada de frescor
e vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As sete moças e os três rapazes que compõem o grupo de novelistas
são jovens solteiros de famílias com posição social elevada, mas que nem por
isso escaparam de ter membros de suas famílias vitimados pela peste. No
entanto, apesar da situação caótica, os dez decidem isolarem-se com alguns
criados sobreviventes de modo a aproveitarem um pouco de divertimento e lazer
em lugar afastado, o que se explica tanto pela juventude dos dez como pela
incerteza de sobreviverem àquilo tudo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Quanto ao
desenho psicológico Boccaccio não desenvolve esses personagens com particular
profundidade, mas algumas características deles são bastante evidentes,
marcantes e os individualizam. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Entre as mulheres, cujas idades vão de 18 a 28 anos, Pampineia é
a mais velha e a responsável por propor o retiro. Ela é a mais destacada dos
novelistas. Cheia de iniciativa, a moça tem um gênio decidido e conta com
bastante protagonismo. O que ela propõe ao grupo até certo ponto era imprudente
e um pouco indecoroso para a época, mas ela o faz mesmo assim, motivo pelo qual
Boccaccio faz questão de destacar a seriedade, honradez, bons costumes,
dignidade e nobreza não só do grupo, mas principalmente das moças.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Depois de Pampineia temos Filomena, que é descrita como
“sensatíssima” pelo autor e como “otimista” por alguns críticos. Ela é uma das
poucas a se opor ao plano inicial de Pampineia – que não incluía os três
rapazes – alegando que as mulheres não sabem conviver ou se governarem “sem a
previdência de algum homem”. Trata-se de uma visão bastante sexista e
patriarcal, mas típica da época e para a posição social das moças, e que queria
expressar a insensatez de que elas empreendessem aquela viagem sem algum homem
para acompanhá-las. A questão é resolvida quando os três rapazes chegam a
igreja e são convidados por Pampineia a acompanhá-las.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Contudo, a posição machista não é única de Filomena, mas também
compartilhada por outra personagem, Elisa, que é descrita pela versão espanhola
da Wikipédia como “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">docta [culta] y
prudente”, </i>mas<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> “de uma dignidade no exenta
[não isenta] de aristocracia</i>”<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> – o que condiz com seu
pensamento mais conservador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As outras moças, por sua vez, se destacam por qualidades
diversas: Neifile pela beleza; Fiammetta pela inteligência, beleza e
determinação; Emilia pelo narcisismo e egocentrismo, e Laurinha pelo senso de
justiça e submissão ao gênero masculino<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Quanto aos rapazes, que se encontravam enamorados de algumas
daquelas moças, eram todos muito corteses e solícitos. Filostrato é o mais
melancólico e com uma personalidade que se inclina para preferir narrativas
trágicas. Pânfilo é dentre os jovens o mais sábio, bem resolvido e centrado<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
E, por fim, Dioneio que é um jovem de natureza transgressora<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
bastante jocoso e conta em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Decamerão</i>
as novelas mais despudoradas e obscenas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Nas narrativas que são contadas pelos dez jovens desfilam centenas
de personagens dos mais diferentes humores e caráteres, mas seria impossível
falar de todos. Considero, porém, que a muitos deles têm peso e importância
muito superiores aos dez narradores e se sobressaem dentro do livro, bem como
acontece com alguns personagens de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Mil
e Uma Noites</i> que resenharei em breve no projeto </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/08/os-livros-da-minha-infancia-e.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">#MeusLivros</span></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">. </span></i><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Apreciação crítica das narrativas e da obra em
seu conjunto<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Decamerão e Mil e Uma
Noites: comparações inevitáveis<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Digo sem sombra de dúvidas que gosto de obras com esquemas </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Sherazadianos"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">sherazadianos</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, a exemplo de<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i></span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/05/a-chave-estrela-primo-levi-resenha.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A Chave Estrela</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, de Primo
Levi, que resenharei em breve </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">no
projeto</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> e </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2019/02/as-cidades-invisiveis-italo-calvino.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As Cidades Invisíveis</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=Italo+Calvino"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Italo
Calvino</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, resenhado em 2019. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As
Mil e Uma Noites</i>, então, é meu favorito e o precursor desse modo de narrar
onde pequenas novelas são narradas em sequência por uma ou mais
personagens-narradoras e se intercalam, povoando a obra de personagens e
histórias.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Em geral não gosto de coletâneas de contos, mas
contraditoriamente, gosto de livros com este esquema que já vi alguns críticos
chamarem de sherazadiano, em alusão a protagonista d’<i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Mil e Uma Noites</i>. Acredito que minha predileção por estes livros
em detrimento das coletâneas mais comuns de contos, se deva a existência neles
de uma narrativa que funciona como plano de fundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No caso de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i>
não tive a mesma identificação. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O número
de novelas é excessivo e com uma brevidade que não permite identificação com os
personagens.</b> Mesmo com os dez narradores essa identificação é bastante
limitada, haja vista que eles não são profundamente desenvolvidos ao longo do
livro. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Com o tempo, ler <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> se tornou cansativo</b>. Em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Mil e Uma Noites</i> isso não acontece,
porque o número de narrativas é menor e algumas narrativas chegam a ser
bastante longas como, por exemplo, a história dos<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> “três calândares, filhos de rei”</i> e as histórias de “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Simbá, o marujo”</i>, dentre outras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Outra coisa que diferencia o livro de Boccaccio da obra icônica
árabe situa-se no plano temático destas obras, que ora se aproximam bastante e
ora se afastam completamente. Enquanto uma marca das narrativas de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Mil e Uma Noites</i> são as crueldades e
sofrimentos atrozes aos quais alguns personagens são submetidos, este não é um
tema predileto de Boccaccio ainda que apareça em algumas novelas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Situações fantásticas e criaturas sobrenaturais bem como
complexas tramas de acontecimentos e infortúnios em série e interconectados que
dão em resultados surpreendentes (narrativas rocambolescas) são duas outras
marcas de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Mil e Uma Noites</i> que são
bem menos exploradas em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão.</i>
Até onde me recordo apenas uma novela aborda fatos sobrenaturais e poucos
personagens são submetidos a “desventuras em série”.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/16/Botticelli_Prado_103.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="469" data-original-width="800" height="375" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/16/Botticelli_Prado_103.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O conto de Nastagio degli Onesti, pintado por Sandro Botticelli. Único conto com tema sobrenatural. Fonte: <a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/16/Botticelli_Prado_103.jpg" rel="nofollow" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.</td></tr></tbody></table><br /><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As novelas de
Boccaccio tem como principais marcas as aventuras amorosas ou trágicas, o
escárnio, a ironia, as críticas jocosas, as burlas bem e malsucedidas e as
engenhosidades empreendidas pelos enamorados e adúlteros a fim de estar e ter
com seus amantes, enganando e passando para trás seus cônjuges e muitas vezes
logrando êxito em alcançar suas pretensões, saindo impunemente de tais
situações, mesmo quando descobertos, e, por vezes, até mesmo fazendo com que a
situação ficasse a seu favor.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O amor – sobretudo erótico –
e a infidelidade conjugal aparecem também em </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As
Mil e Uma Noites</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> e é inclusive o tema que desencadeia a trama principal e
leva o Califa a casar-se com Sherazade. Contudo, em cada obra a infidelidade é
tratada de uma forma diferente, e no caso d’<i style="mso-bidi-font-style: normal;">
As Mil e Uma Noites</i>, em geral, os infiéis pagam elevado preço por sua
infidelidade (quase sempre com a vida), o que demonstra a pouquíssima
flexibilidade dos autores daqueles “contos árabes”<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
em relação ao tema, tendo-o tratado de forma mais moralista, ou seja, conforme
a moral de sua época. Boccaccio é mais flexível e aberto e me pareceu um pouco
menos apegado à moralidade de seus contemporâneos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Já o amor erótico – quando aparece – nem sempre é tratado em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Mil e Uma Noites</i> como uma relação
carnal entre dois seres humanos, mas igualmente entre um homem e uma bela
criatura/entidade pagã. O casamento é bastante valorizado e por vezes se dá por
questões práticas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Alguns dos aspectos que mais me agradaram em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Mil e Uma Noites</i> são as marcas
fantásticas e rocambolescas presentes em quase totalidade do livro, sem falar
no multiculturalismo da obra que abarca narrativas de diferentes povos do
Oriente médio e da Ásia. Por conta disso, os momentos que mais me agradaram em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> foram quando o autor
utilizou de tais elementos e de alguma forma se aproximou da obra árabe. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As narrativas
de burlas não me chamaram a atenção nem as poucas histórias de cavalaria, mas
sobretudo me cansaram os contos de questões conjugais. Não se trata, porém, de
um falso moralismo da minha parte, mas de uma exploração demasiadamente
frequente de uma mesma temática. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Principal
temática abordada nas narrativas de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Decamerão</i>, o amor erótico foi quase sempre explorado em conjunto com
infidelidades conjugais, sobretudo levados a cabo por intento das mulheres ou
de algum rapaz que encontra numa mulher eco para dispô-la como amante (ressalto
que a moral da época via na mulher um sexo inclinado a corromper-se e a levar o
homem a corromper-se também). Tamanho é o número de novelas com este tema que
me cansei delas e até pulei algumas.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">No entanto, há um ponto a se destacar. Boccaccio também
trata do amor erótico entre indivíduos e membros do clero de ambos os sexos.</span></b><span style="color: #00000a;"> Ele expõe vários casos de religiosos que rompiam
secretamente seus votos de castidade e que usavam de artimanhas das mais
engenhosas para viverem vidas libertinas e desviantes, incitando mulheres de
suas paróquias a se associarem a eles. Em uma das histórias há também o envolvimento
amoroso de freiras com um rapaz do povo.</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> Por isso, não é de surpreender que a
obra tenha causado polêmica, críticas e censura na época tendo até sido
colocado no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Index Librorum Prohibitorum</i>
da Igreja Católica<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Mas o curioso de </span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Decamerão</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> é que Boccaccio, apesar de abordar temas tão
polêmicos e delicados, faz questão de manter uma separação moral entre os
personagens das narrativas e seus narradores a quem o escritor atribuiu uma
qualidade de honestidade com moral alargada<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[10]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a>. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Não obstante, em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Decamerão</i> é possível se ter noção sobretudo da mentalidade da época, no
qual, por exemplo, se julgava que o homem era de natureza mais nobre e estável
que a mulher. Uma ideia que tinha como aporte de sustentação a interpretação do
texto bíblico do Gêneses, no qual o homem foi feito primeiro, a partir do
barro, e a mulher, um tempo depois e de uma parte pouco nobre do corpo do
primeiro homem: a costela. Logo, a mulher – na visão religiosa da época – era
inferior e deveria se submeter ao homem como parte menor dele. Mas além disso,
a interpretação do mesmo livro tomava a transgressão de Eva ao comer do fruto
proibido e induzir Adão a também fazê-lo como base para a defesa da tese de ser
a mulher fonte de corrupção do homem e de si mesma, como já mencionado. Boccaccio,
contudo, transgrede essa ordem ao compor uma obra que exalta o feminino e que
dedica às mulheres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Sobre a escrita, a
linguagem e o estilo<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No que diz
respeito a linguagem, surpreendeu-me a facilidade com o qual é possível ler
esta que é uma obra com quase 670 anos de idade. Não que sua escrita seja
simplória, mas o trabalho de tradução de Raul de Polillo é impecável.</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> Ajuda também
o fato de que Boccaccio inclina-se mais para uma linguagem prosaica do que
poética. Ainda que use de muita retórica para articular certos pensamentos, na
minha opinião não abusa das metáforas, dos jogos de palavras ou de construções
estilísticas complexas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No entanto, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão </i>é
um clássico em todos os sentidos, mas sobretudo no sentido temporal que se
costuma atribuir à palavra, e por mais que quase sempre as traduções mais
modernas suavizem alguns elementos estamos falando de uma obra de quase sete
séculos atrás e isso deixa notável as diferenças em discursos, em ideias e
ideologia, mas sobretudo em espaço dedicado à descrições, críticas e reflexões
filosóficas ou políticas. É comum que os autores clássicos exagerem em um ou
mais destes aspectos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Apesar de
muito dinâmico quando as narrativas de fato começam, o autor e seus narradores
reservam espaços consideráveis a divagações e discursos sobre os temas que
servem de base às histórias na forma de preâmbulos cansativos e até tediosos.</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> Além disso,
por ser um livro muito bem colocado em seu contexto histórico e ter grande
influência da obra do também italiano Dante Alighieri (1265 d.C. – 1321 d.C.), <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> faz referências a uma enorme
quantidade de personagens reais de grande relevância para a história local, bem
como de personagens de destaque na sociedade florentina da época. Além deles, o
livro faz referências a figuras reais e fictícias retiradas ou citadas na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Divina Comédia</i> de Dante, o que acabou
por fazer das notas explicativas de rodapé um elemento fundamental e constante,
sobretudo no início de cada novela, quando os personagens envolvidos eram
apresentados. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Não obstante essas
constantes idas às notas acabam por quebrar o ritmo de leitura. <o:p></o:p></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">O que aprendi com O
Decamerão</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Agora, me desviando de uma análise técnica, gostaria de
ressaltar que aprendi muito com esta leitura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Toda obra literária é uma possibilidade de aprendizagem e com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> aprendi duas coisas
diferentes. A primeira delas está relacionada às respostas e aos comportamentos
humanos em situação de pandemias e grandes surtos com elevada mortalidade. </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/opiniao-o-decamerao-em-tempos-de.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Aprendi
como as pandemias se assemelham e se diferenciam em contextos históricos
distintos.</span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A segunda diz respeito aos olhares ora romantizados, ora
dicotômicos ou ainda demonizadores que lançamos sobre o passado, quase sempre
para reafirmarmos ou justificarmos posturas, ideias e concepções de mundo
afirmadas e assumidas no presente. Ou ainda, somente para nos diferenciarmos de
nossos antepassados quando na verdade somos em essência de natureza tão
similar, apesar dos contextos distintos e de uma ou outra conquista ou avanço
real e necessário que tenhamos feitos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Falarei por hora só da segunda observação e serei breve.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Percebo que é uma tendência humana, a depender do contexto, o
desejo de romantizar ou demonizar o passado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Quando é do nosso agrado envolvemos o passado com uma aura de
nostalgia e exaltamos os valores e a decência perdida, bem como aspectos de um
dado estilo de vida que se perdeu. Vemos isso nos discursos conservadores tanto
quanto na literatura e no cinema, como nos livros e histórias de cavalaria com
seus nobres e valorosos cavaleiros que empunham suas armas em nome de um ideal.
Trata-se de uma forma de negar as imperfeições do passado para suscitar um
desejo de regressar a uma ordem anterior, mas que, no entanto, só existiu da
forma como é evocada no imaginário dos próprios nostálgicos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Todavia quando é do nosso agrado fazemos o justo contrário e
sublinhamos com tintas escarlates as barbaridades e violências físicas ou mesmo
simbólicas que as muitas gerações passadas foram capazes de levar a efeito. E
nisso reconheço um movimento contrário ao saudosismo dos conservadores, mas que
não necessariamente é positivo, porque enquanto aqueles exaltam o passado para
denegrir o presente, estes denigrem o passado e põem o presente em um pedestal
como se esta fosse uma era de esclarecidos e de um grau de desenvolvimento
cultural superior. No entanto, ao contrário do que diz essa forma de pensar, as
atuais gerações empreendem violências tão mordazes quanto as do passado, porém
de formas muitas vezes mais eficazes, silenciosas, sutis e indiretas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O resultado destes dois movimentos contrários é que nossa visão
do passado acaba sempre sendo turva, distorcida e incompleta, bastante distante
de abarcar a complexidade das teias sociais e históricas e da diversidade
cultural e geográfica das sociedades passadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Ler <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> foi
para mim importante porque me deu uma visão de que nós, em nossa vida privada e
em nossas tumultuadas relações interpessoais e amorosas, não somos tão
diferentes dos homens medievos do século 14 e contemporâneos de Boccaccio. É
por isso que não há motivo para afirmarmos, por exemplo, que nossa sociedade é
moralmente degenerada em comparação com um suposto passado luminoso e de
moralidade, quando na verdade, o que antes era feito às escondidas e com mil
artifícios para ocultá-lo, hoje simplesmente é feito de forma aberta e mais
transparente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Evoluímos?
Regredimos? Ou em essência ainda somos os mesmos?<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Por fim, a primorosa
edição da Nova Fronteira</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Não costumo tecer elogios a questões editoriais, mas em relação
a edição lida, tenho somente elogios a fazer.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-jVzj0BmwphyptLieogdEB6eqnaPt6BSQMRa12z4cZI_Yhs7UwIwdTvyzmDhbfoiDZQKCd9-_Yh3oqYRpnawRXxr0x0uBFBNCX1vGFEwsJgWNhBGsjS6Pp7r8irB-WhGKS_FpLl3mq4Rh/s2048/P_20210109_112552.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-jVzj0BmwphyptLieogdEB6eqnaPt6BSQMRa12z4cZI_Yhs7UwIwdTvyzmDhbfoiDZQKCd9-_Yh3oqYRpnawRXxr0x0uBFBNCX1vGFEwsJgWNhBGsjS6Pp7r8irB-WhGKS_FpLl3mq4Rh/w480-h640/P_20210109_112552.jpg" width="480" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Edição lida. Fotografia: Eric Silva, 2021.</td></tr></tbody></table><br /><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><br /></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A Nova Fronteira dividiu o imenso livro de Boccaccio em dois
tomos de capa dura e fez com eles um lindo box. Achei a diagramação escolhida
para a oba belíssima tanto pelos floreios que enfeitam as páginas, como pelas
iluminuras que iniciam cada história devolvendo ao livro seu ar de obra
medieval. A fonte e o papel usado também tornam agradável a leitura e o fato
das notas aparecerem no rodapé da página nos garante a economia de um tempo que
seria desperdiçado caso as notas explicativas se encontrassem no final do livro
como em algumas obras similares.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As capas dos dois volumes são impecáveis e com cores chamativas
e contrastantes que – a contrassenso – não me desagradaram.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Também achei certeira a escolha por dividir a obra em dois
volumes. Livros grandes como este são mais susceptíveis a danificar a costura e
a colagem dos cadernos bem como deixa vincos na lombada. A opção de dividir o
livro em dois e confeccioná-lo em capa dura diminuem estes efeitos e ajudam a
conservar melhor o livro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Ou seja, não vejo pontos negativos numa edição que além de tudo
isso conta com uma tradução de excelente qualidade – como já afirmei.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Concluindo...<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">E enfim, para
concluir essa resenha imensa, afirmo que posso não ter me tornado fã da obra de
Boccaccio, mas ela tem seus pontos positivos. Lê-lo pôs por terra a visão
preconceituosa que eu tinha da obra e me ajudou a ver a Idade Média sob novos
ângulos, de uma “história da vida privada”.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Gostei
sobretudo da abordagem que o autor faz dos anos da peste e isso me ajudou a
compreender melhor nosso momento histórico ao fazer um </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/opiniao-o-decamerao-em-tempos-de.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">paralelo com a atual
pandemia de COVID-19</span></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, mas da qual
falarei semana que vem. Em outras palavras, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Decamerão</i> pode ter sido para mim um tanto cansativo, mas foi igualmente
relevante e substancial para estes dois momentos históricos tão distintos.</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida é da Editora
Nova Fronteira, em dois tomos, de 2018. A tradução é de Raul de Polillo, com
introdução de Edoardo Bizzarri. Ao todo são 1005 páginas. O título original em
italiano é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Il Decamerone</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/Andrea_del_Castagno_Giovanni_Boccaccio_c_1450.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="511" height="320" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/Andrea_del_Castagno_Giovanni_Boccaccio_c_1450.jpg" width="205" /></a></div><div style="text-align: justify;">Giovanni Boccaccio nasceu em Paris, no dia 16 de junho de 1313 e
começou a escrever suas primeiras histórias aos sete anos, quando aprendera a
ler e a escrever.</div><o:p></o:p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Em 1327, começa a estudar comércio e finanças e ingressa na
universidade para fazer Direito Canônico, mas dedica todo o seu tempo à
atividade literária. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Em 1350, em Florença, faz amizade com Francesco Petrarca e junto
com Dante, formam uma grande tríade poética da Itália renascentista. Naquele
mesmo ano é nomeado embaixador do governo florentino na cidade de Ravena e
passa a viajar em missão diplomática por toda a Itália a serviço de Florença.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Publica <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Decamerão</i> em
1353, sua obra-prima. Em 1373 começa uma série de conferências sobre a Divina
Comédia de Dante, mas dois anos depois adoece e falece em Certaldo, Itália, no
dia 21 de dezembro de 1375.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Conheça
os pontos do nosso itinerário no mapa do link: </span></b><a href="https://www.google.com/maps/d/u/0/viewer?mid=1Xa6GU3nqKEnWcHtKc7vCg5mw90cgE_q-&ll=41.99231727614447%2C13.04174984375004&z=5"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">mapa</span></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">.</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Preview </span><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">do Google Books<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível
no Google Books. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; mso-ansi-language: EN-US;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=6A1qDwAAQBAJ&lpg=PT11&dq=O%20decamer%C3%A3o&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens Relacionadas</span><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/opiniao-o-decamerao-em-tempos-de.html">Opinião
| O Decamerão em tempos de quarentena: as pandemias de peste negra e Covid-19</a><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-da-italia-no-conhecer-tudo.html">2021,
o Ano da Itália no Conhecer Tudo - IV Campanha Anual de Literatura do Conhecer
Tudo</a><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/o-decamerao-giovanni-boccaccio-resenha.html">O
Decamerão - Giovanni Boccaccio - Resenha</a><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/02/um-amor-incomodo-elena-ferrante-resenha.html">Um
Amor Incômodo – Elena Ferrante – Resenha</a><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/03/eu-e-voce-niccolo-ammaniti-resenha.html">Eu
e Você – Niccolò Ammaniti – Resenha</a><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/04/se-um-viajante-numa-noite-de-inverno.html">Se
um Viajante numa Noite de Inverno – Italo Calvino – Resenha</a><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
</p><p class="CorpodoTexto"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/04/a-solidao-dos-numeros-primos-paolo.html">A
Solidão dos Números Primos – Paolo Giordano – Resenha</a><o:p></o:p></span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
O que foi a peste negra e quanta gente ela matou? Mundo Estranho, [s.l.], 4
jul. 2018. Disponível em: <a href="https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-a-peste-negra-e-quanta-gente-ela-matou/"><span class="LinkdaInternet">https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-a-peste-negra-e-quanta-gente-ela-matou/</span></a>.
Acesso em: 03 jan. 2021.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<span style="line-height: 107%;">CAVALLARI, Doris. Decamerão.
[Entrevista concedida a] Ederson Granetto.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Literatura Fundamental/UNIVESPtv, São Paulo, [s/d]. Disponível em: </span><a href="https://www.youtube.com/watch?v=cqCTE_IfeOo"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%;">https://www.youtube.com/watch?v=cqCTE_IfeOo</span></span></a><span style="line-height: 107%;">. Acesso em: 03 jan. 2021.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
DECAMERÃO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation,
2020. Disponível em: <<a href="https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Decamer%C3%A3o&oldid=59701159"><span class="LinkdaInternet">https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Decamer%C3%A3o&oldid=59701159</span></a>>.
Acesso em: 03 jan. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="mso-bidi-font-style: italic;">DECAMERÓN</span>. In: Wikipedia, La
enciclopedia libre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2020. Disponível em: <<a href="https://es.wikipedia.org/w/index.php?title=Decamer%C3%B3n&oldid=131917997"><span class="LinkdaInternet">https://es.wikipedia.org/w/index.php?title=Decamer%C3%B3n&oldid=131917997</span></a>>.
Acesso em: 03 jan. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="ES" style="mso-ansi-language: ES;"> Idem.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="ES" style="mso-ansi-language: ES;"> CAVALLARI, op. cit.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="mso-ansi-language: ES;"> <span lang="ES" style="mso-bidi-font-style: italic;">DECAMERÓN</span><span lang="ES">, op. cit.<o:p></o:p></span></span></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Na verdade, só uma parcela dos contos que compõem <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As Mil e Uma
Noites</span></i><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> são
de origem árabe. Há ali também contos provenientes do folclore indiano, persa e
até mesmo chinês.</span><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>DECAMERON. In: Wikipedia, L'enciclopedia libera. </span>Flórida:
Wikimedia Foundation, 2020. Disponível em: <a href="https://it.wikipedia.org/wiki/Decameron"><span class="LinkdaInternet">https://it.wikipedia.org/wiki/Decameron</span></a>.
Acesso em: 05 jan. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/O%20Decamer%C3%A3o%20-%20Resenha.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
CAVALLARI, op. cit.</p></div></div><div style="mso-element: comment-list;"><div style="mso-element: comment;"><div class="msocomtxt" id="_com_1" language="JavaScript">
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<!--[if !supportAnnotations]--></div>
<!--[endif]--></div>
</div><br /><p></p>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-51363096545613486872021-01-03T00:00:00.007-03:002021-01-03T00:00:00.470-03:00[Em Poucas Linhas] Soul – Resenha 7ª Arte<p> </p><p align="right" class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">Por Eric Silva para a tag </span><span class="LinkdaInternet"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/7%C2%AAArte">7ª Arte</a></span><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/GtfyZ3jAea?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=448720735260" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe></p>
<p class="CorpodoTexto"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/1/17/Soul_ver5.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="400" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/1/17/Soul_ver5.jpg" /></a></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br />SINOPSE<o:p></o:p></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: inherit; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Joe Gardner é
um professor de música do ensino médio que sonhava em ser um músico de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">jazz</i>, e finalmente teve a chance depois
de impressionar outros músicos durante um ensaio aberto no Half Note Club. No
entanto, um acidente faz com que sua alma seja separada de seu corpo e
transportada para a “Escola da Vida”, um centro no qual as almas se desenvolvem
e ganham paixões antes de serem transportadas para um recém-nascido. Joe deve
trabalhar com almas em treinamento, como 22, uma alma com uma visão obscura da
vida depois de ficar presa por anos na Escola da Vida, a fim de retornar à
Terra <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: inherit;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">(Fonte: </span></b><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Soul_(filme)"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Wikipédia.org</span></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> – modificado).</span></b><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">***<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A Pixar novamente mostrou
que apesar de ter sido absorvida pela Disney ainda contém em seu cerne alguma
identidade própria, algo de original, de seu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Soul</span></i><span color="windowtext"> é uma animação
filosófica, existencialista e inspiradora. Foi criado para crianças, mas sua
temática tão abstrata, questionadora e existencialista extrapola o mero
propósito de entretenimento e resgata um questionamento fundante sobre o qual
muitos filósofos e religiosos já se debruçaram: qual o significado (propósito)
da vida?<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Joe Gardner passou toda a
sua vida obcecado com a ideia de que o seu propósito na vida era tocar piano
como musicista de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">jazz</i>, algo para o
qual ele realmente tinha talento, mas que por diversas vezes fora recusado e
nunca conseguira uma oportunidade concreta de viver de música e se tornar
famoso. Quando finalmente a sorte parece lhe sorrir ele morre e tem seu sonho
abortado. Extremamente frustrado por ter perdido a chance de realizar seu sonho
ele faz de tudo para voltar a vida e vê em 22 – uma alma ainda não nascida, mas
extremamente inteligente, instruída, autêntica, crítica e cética – a oportunidade
de voltar à vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">22 não via motivos para
vir ao mundo e viver uma vida nele, porque não via significado nisso, nem nada
que lhe atraísse, por isso que sempre que alguma alma (as mais brilhantes que
já passaram pela Terra) tentava inspirar nela o que era necessário para que
esse desejo de viver nascesse, era frustrada pela pequena alma. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Não estamos neste mundo por um propósito</span></i><span color="windowtext">, diz o filme, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">estamos
neste mundo para viver a vida</i>. Este é o único e indiscutível propósito da
vida: viver, nada mais. É algo no mínimo desesperador, mas, ao mesmo tempo,
libertador. Contudo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Soul</i> abre muitas
portas para a divagação (assim como qualquer obra filosófica) e nos ajuda a
questionar o nosso mundo. Esse mundo louco movido pelas leis do mercado que nos
impõe como propósito de vida: viver para consumir, consumir para viver. Porque <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Soul</i> explora – de forma ainda muito
ingênua – um terreno perigoso e que nos inspira a ir além dele mesmo e dizer o
que ele não disse: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">nos consumimos e nos
destruímos de diferentes modos para obter e produzir coisas sem significado e valor
intrínsecos (damos nosso tempo de vida em troca de coisas sem valor real).</b> <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Como assim? <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Bem, nesse instante em que
minhas ideias ainda estão caóticas em mim e se assentam pouco a pouco, o melhor
exemplo que posso dar é a questão do trabalho. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O trabalho no mundo humano
há muito que deixou de ser uma tarefa tão só para garantir ao corpo o que ele
necessita para continuar vivendo, e se tornou a nossa própria vida. Não
vivemos, trabalhamos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Contudo, não trabalhamos
unicamente para viver, mas para consumir ilusões. Ilusões que foram criadas
para sustentar outras ilusões, ilusões de outras pessoas (poder, riqueza, fama,
etc.). Vivemos em um mundo do ilusório, onde damos o nosso tempo – limitado e
irrecuperável – não apenas para garantir a integridade de nossos corpos e assim
continuar vivendo, mas para alimentar ilusões que são nossas ou que foram
criadas para nós. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Vivemos para consumir e
possuir objetos que na verdade não são necessários e só já muito tarde nos
damos conta que nada daquilo que tanto perseguimos tinha um propósito em si
mesmo, uma razão em si mesma. Somos nós que lhes damos significados (ou
reproduzimos os significados dados por outrem), e somente nós podemos
alterá-los. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">O filme convida a pensar que cada um de nós temos
paixões, talentos e objetivos, mas não devemos nos cegar por eles e deixar que
eles tomem conta de nossas vidas, nos esquecendo do propósito real da vida
(vivê-la). <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Eu inverto a ideia dizendo que nossas paixões,
talentos e objetivos são muitas vezes sufocados porque vivemos em um mundo que
nos exige muito para viver nele, e, no final, não temos tempo para viver
realmente. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Um mundo que categoriza a
utilidade e o valor de cada talento destrói pessoas como Joe Gardner. Um mundo
que torna o trabalho de cada um em algo sufocante, pesado e exaustivo mesmo quando
você faz algo de que gosta também destrói vidas. Um mundo no qual mesmo a ideia
de “viver realmente” se tornou uma coisa, um objeto mercadológico e voltado
para o consumo, enfraquece (e empobrece) o viver. Viver é consumir, sugere a
propaganda capitalista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Enfim, eu viajei com o
filme dirigido por Pete Docter que dá destaque a um personagem negro e
determinado ao mesmo tempo que explora a cultura afrodescendente
norte-americana, o mundo do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">jazz</i> e do
próprio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">soul</i> (o título é uma
brincadeira com os significados da palavra que é ao mesmo tempo “alma” e um
gênero musical criado por essa mesma comunidade afro-americana).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Fala de temas bastante
abstratos como vida pós-morte e “pré-vida” e brinca com isso, colocando no
lugar dos anjos da cultura cristã, outros seres administradores e burocráticos
de forma abstrata e curvilínea num estilo inspirado nos movimentos artísticos
cubistas e de arte abstrata em geral (talvez com forte influência de Picasso),
com identidades próprias e compartilhadas (todos, exceto um, se denominam com o
mesmo nome) e que têm origem não mágico-mitológica, mas como “materialização”
de forças naturais.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiguRgQ6X2iJRLS97Q57CVuYO7IpvbmNS3LtLyfBh2Y3jXYWp6IeeKWp-FYnM81MuNQXek4lkWTvwcMEMuK9SyG-PQGqpJZBqAdO1lXFrF6eljGs-2fuZ-VSGZMzqSOuAtrzLRLNv9yh5XE/s1500/soul-foto-pixar-disney-conteudo-categoria-nerd-172849008.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1500" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiguRgQ6X2iJRLS97Q57CVuYO7IpvbmNS3LtLyfBh2Y3jXYWp6IeeKWp-FYnM81MuNQXek4lkWTvwcMEMuK9SyG-PQGqpJZBqAdO1lXFrF6eljGs-2fuZ-VSGZMzqSOuAtrzLRLNv9yh5XE/w640-h426/soul-foto-pixar-disney-conteudo-categoria-nerd-172849008.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O mundo pré-vida de Soul com suas criaturas abstratas, seus tons tranquilos e formas simplificadas.</td></tr></tbody></table><br /><span color="windowtext"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Os cenários exploram
formas simples, com muitas cores em tons de azul, de lilás, de branco e de
preto, e o mundo terreno em cores mais quentes e terrosas (tranquilidade e
caos). <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Como já era de se esperar,
o filme explora bastante o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">jazz</i>, o
estilo musical pelo qual Gardner é apaixonado e traz peças musicais de muita
originalidade, mas que causa estranhamento aos brasileiros desacostumados ao
ritmo, como eu.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Em suma, um filme
complexo, que flerta com o metafisico e que desafia o público infantil e também
o adulto (que terá que responder perguntas difíceis sobre a morte, sobre a alma
e a pós-vida). Melancólico em muitos aspectos e com personagens que tem passagens
breves, mas que ainda assim foram muito bem definidos e com personalidades desenhadas
de forma bem demarcadas. Um filme que também fala da escolha entre perseguir sonhos
ou estabilidade e segurança, e que expõe os medos de uma mãe negra, preocupada
e temerosa porque com seu salário de costureira teve que alimentar dois
sonhadores: o esposo e o filho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Enfim, a lição de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">soul
</i>é esta: a vida não tem significado em si mesma, somos nós que lhe damos um.
Talvez você não enxergue no filme muita coisa do que eu disse aqui, mas pouco
me importa. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Soul</i> é o tipo de filme
que te provoca a ir muito além dele, e daqui eu retirei outra lição que ele não
ensinou: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o mundo que vivemos é criação
humana e nós podemos recriá-lo se quisermos dar à vida significados melhores</i>.</span></b><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"><iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="415" src="https://www.youtube.com/embed/hWBxoH4-4yw" width="760"></iframe></span></b></p>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-39115898143960005532021-01-01T00:01:00.039-03:002021-01-01T00:01:00.118-03:002021, o Ano da Itália no Conhecer Tudo - IV Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHnMcSr-1lB7REQvpsUl5nUJFQsVbgkRf9_nSjRHFVhT90u5rRGwP79nMaOhggcRctWZtn-bJklweo_Dymhcl6p4aVQkEBDmWh4Z85iNFvWLxeu-TNSYOYynhOS7pnErQxdsXhkZJ9UINN/s1600/Ano+da+It%25C3%25A1lia.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1600" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHnMcSr-1lB7REQvpsUl5nUJFQsVbgkRf9_nSjRHFVhT90u5rRGwP79nMaOhggcRctWZtn-bJklweo_Dymhcl6p4aVQkEBDmWh4Z85iNFvWLxeu-TNSYOYynhOS7pnErQxdsXhkZJ9UINN/s640/Ano+da+It%25C3%25A1lia.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Olá, caros leitores.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">A Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo (CALCT) é o nosso projeto mais ambicioso, contudo, no ano de 2019, não pudemos dar continuidade a nossa terceira edição que homenagearia a literatura italiana. Infelizmente a IV CALCT foi interrompida com apenas um mês de projeto. Para corrigir isso, resolvi em abril de 2020 que eu daria continuidade ao projeto com a literatura da Itália do ponto onde paramos logo que começasse 2021. O plano era ao longo do ano ir organizando toda a campanha, para quem no ano seguinte tudo ficasse pronto só para a publicação. Pois bem, estamos aqui e que tudo dê certo!!!!<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">____________________________________________________________________</span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Para quem não conhece o projeto principal do nosso blog, todo os anos, desde 2016, fazemos um itinerário de livros de um determinado país que é escolhido por votação pelos usuários do Google Plus. Para a enquete é pré-selecionados cinco países representando cada um dos cinco continentes do globo. Depois de escolhido o país a ser homenageado, fazemos um itinerário de livros de diferentes autores oriundos da nação homenageada e através de resenhas discutimos sobre os livros escolhidos, apresentamos seus autores e, em postagens especiais, discutimos os temas relacionados ao país e que surgem nos livros do itinerário: aspectos culturais, turísticos, históricos, sociais, etc.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitF-QlTT_VW690kAGsZkrAIsxZZR9N1ZlYiNKo2z1ejdP2C84j8frB1EEQRBVkxGLTsfCThjhZRL_rJwYjdJ5prg07CIWDRooK1qozOE5nlUc-LE_Y-CQfCv_1-Rssldu7oNOvlQFSgnYE/s1600/Captura+de+tela+2019-01-02+21.05.31.png" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="537" data-original-width="529" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitF-QlTT_VW690kAGsZkrAIsxZZR9N1ZlYiNKo2z1ejdP2C84j8frB1EEQRBVkxGLTsfCThjhZRL_rJwYjdJ5prg07CIWDRooK1qozOE5nlUc-LE_Y-CQfCv_1-Rssldu7oNOvlQFSgnYE/s400/Captura+de+tela+2019-01-02+21.05.31.png" width="393" /></a><span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Na pré-seleção para a IV CALCT, cinco países estiveram na disputa: Nova Zelândia (Oceania), Chile (América), Itália (Europa), Coreia do Sul (Ásia) e África do Sul (África). Foram 3 meses de votação que contou com a participação de 281 pessoas. E com 36% dos votos a Itália foi escolhida para ser o país homenageado.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Durante doze meses, nos aventuraremos pela literatura italiana. Olharemos mais de perto para um país cheio de cultura milenar que respira história e que influenciou toda a cultura ocidental. Um país de beleza cultural e natural surpreendente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Visitá-lo-emos pelo olhar de seus escritores e das obras por eles concebidas, conhecendo algumas das milhares de facetas do povo italiano através da literatura. E, em paralelo, falaremos também de filmes do cinema nacional.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">É claro que assim como nos anos anteriores, nosso foco não será exclusivo para esta campanha, ainda mais que outros projetos exigem nossa atenção, mas será prioritário e a marca principal do Conhecer este ano.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Quem quiser dar sugestões de livros para o itinerário, fique à vontade para postar nos comentários.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Então é oficial, 2021, em substituição ao ano de 2019, será o #AnoDaItália no Conhecer Tudo e durante este ano estaremos em páginas italianas.<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Atte.,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Conhecer Tudo,<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">01 de Janeiro de 2021, Ano da Itália.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Os livros do nosso itinerário resenhados até agora:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;"><span style="color: #00000a;">#1 - </span></b></i><span style="color: #00000a; font-family: georgia, times new roman, serif;"><b><i><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/o-decamerao-giovanni-boccaccio-resenha.html" target="_blank">O Decamerão</a> – Giovanni Boccaccio (</i></b></span><i><b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;"><span style="color: #00000a;">publicação - 10 de janeiro)</span></b></i><br />
<i><b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;"><span style="color: #00000a;">#2 - <a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/02/um-amor-incomodo-elena-ferrante-resenha.html" target="_blank">Um Amor Incômodo</a> - Elena Ferrante (publicação - 7 de fevereiro)</span></b></i><br />
<i><b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;"><span style="color: #00000a;">#3 - <a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/03/eu-e-voce-niccolo-ammaniti-resenha.html" target="_blank">Eu e Você</a> - Niccolò Ammaniti (publicação - 7 de março) </span></b></i></div><div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;"><span style="color: #00000a;">#4 - </span></b></i><span style="color: #00000a; font-family: georgia, times new roman, serif;"><b><i><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/se-um-viajante-numa-noite-de-inverno.html" target="_blank">Se um Viajante numa Noite de Inverno</a> – Italo Calvino </i></b></span><i><b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;"><span style="color: #00000a;">(publicação - 4 de abril) </span></b></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Sobre os autores:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><b style="font-size: medium;"><i>#1 - </i></b></span></span><br />
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><b style="font-size: medium;"><i><br /></i></b></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Filmes do nosso itinerário:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b style="color: #00000a; font-family: georgia, "times new roman", serif;"><i>#1 - </i></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Postagens Especiais do nosso itinerário:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i style="color: #00000a; font-family: georgia, "times new roman", serif;"><b>#1 - <a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2021/01/opiniao-o-decamerao-em-tempos-de.html" target="_blank">Opinião | O Decamerão em tempos de quarentena: as pandemias de peste negra e COVID-19</a></b></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: #00000a;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><i style="font-size: medium;"><b>#2 - </b></i></span></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<br />
<div class="CorpodoTexto" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: medium; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px;">
<span style="color: #00000a; font-family: georgia, "times new roman", serif;">Abaixo você pode localizar, no mapa do Japão, os locais onde se desenrolam as tramas dos livros lidos à medida que eles são resenhados, ou as cidades de origem dos escritores no caso de tramas que se desenrolam em outros lugares reais ou fictícios. Clicando nos ícones do mapa você pode saber mais sobre o livro resenhado e conferir imagens da capa e do local da história ou de nascimento do autor.</span></div>
<div style="margin: 0px;">
<span style="color: #00000a; font-family: georgia, "times new roman", serif;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px;">
<span style="color: #00000a; font-family: georgia, "times new roman", serif;"><br /></span></div>
</div>
<iframe height="680" src="https://www.google.com/maps/d/u/0/embed?mid=1Xa6GU3nqKEnWcHtKc7vCg5mw90cgE_q-" width="790"></iframe>
Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-39792917038466980002020-12-12T20:39:00.006-03:002021-01-24T13:57:54.031-03:00[Especial Zafón] Rosa de Fuego (conto) - Carlos Ruiz Zafón - Resenha<p style="text-align: right;"> <span color="windowtext" style="text-align: right;">Por Eric Silva para o </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/09/especial-zafon.html" style="text-align: right;">Especial
Zafón</a></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">12 de dezembro de 2020<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou
da resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span color="windowtext">Play<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4v0PXvJB6MhLfw1Ij5Dkg1ah6qyMI1RsqaPizhR6Zo4FeqGl61Sw1K0OeHogMut-6Uo_C-l_mnkXHV4sInzBCuWqqPG3LshlzWUjkKWLMO09V6CE4OKVbydva4BUXqk8ZCZx5wbT_oh68/s500/Rosa+de+Fuego+-+un+relato.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="324" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4v0PXvJB6MhLfw1Ij5Dkg1ah6qyMI1RsqaPizhR6Zo4FeqGl61Sw1K0OeHogMut-6Uo_C-l_mnkXHV4sInzBCuWqqPG3LshlzWUjkKWLMO09V6CE4OKVbydva4BUXqk8ZCZx5wbT_oh68/s16000/Rosa+de+Fuego+-+un+relato.jpg" /></a></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /><div style="text-align: justify;"><b><span color="windowtext">Conto breve que remota às origens do </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=Cemit%C3%A9rio+dos+Livros+Esquecidos" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><b><span color="windowtext">Cemitério dos Livros Esquecidos</span></b></span></a><b><span color="windowtext">, <i>Rosa de Fuego</i> retrocede até a </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/04/conhecendo-barcelona-pelos-passos-de.html" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><b><span color="windowtext">Barcelona</span></b></span></a><b><span color="windowtext"><span style="color: #0000ee;"> </span>do século XV, em meio a tragédia de uma
praga de febre e das atrocidades cometidas pelo Tribunal do Santo Ofício, para
contar como tudo começou e como chegou a um dos primeiros membros da família
Sempere a semente que originaria o lendário e labiríntico palácio feito de
livros que povoa as narrativas da série que leva seu nome. Uma história curta e
de cunho fantástico que até então nunca foi traduzido para o português e que
compõe o livro póstumo do autor<i>, </i></span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/09/especial-zafon-la-ciudad-de-vapor-livro.html" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><b><i><span color="windowtext">La Ciudad de
Vapor</span></i></b></span></a><b><i><span color="windowtext">.</span></i></b></div></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Confira a resenha de mais esta obra em mais uma
postagem do projeto do </span></b><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/09/especial-zafon.html" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">Especial Zafón</span></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">, que faz um
raio-X de toda a obra publicada do autor.</span></b><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Resenha</span></b><span color="windowtext"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Publicado em 2012 pela
revista Magazine y Diário de Ibiza<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Rosa%20de%20Fuego%20-%20Resenha.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
só um ano depois após o lançamento de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Prisioneiro do Céu</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rosa de Fuego</i>
é um pequeno conto pertencente à </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=Cemit%C3%A9rio+dos+Livros+Esquecidos" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext">série do Cemitério dos Livros Esquecidos</span></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext"> e que fora
escrito em comemoração ao Dia do Livro naquele ano</span></b><span color="windowtext">. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Apesar de nunca ter sido
traduzido para o português, assim como outras histórias curtas do autor, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rosa de Fuego </i>pode ser considerada como
marco inicial na cronologia da série por fazer um longo retrocesso no tempo até
o ano de 1454 para contar as origens mais remotas do intrincado labirinto que
daria origem ao cemitério de livros, um velho e secreto palacete barcelonês
onde ao longo de séculos foram escondidos milhares de livros, desde obras raras
ou desconhecidas até aqueles tomos que precisaram ser protegidos em tempos
ditatoriais e de censura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O Cemitério dos Livros
Esquecidos funciona como um importante personagem dentro d atrama da série
iniciada com </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">A Sombra do Vento</span></i></span></a><span color="windowtext"> e é citado em todos os livros que compõe a
tetralogia. No entanto, sua origem é totalmente desconhecida e permanece na
obscuridade durante toda a série. Não obstante, em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rosa de Fuego</i> Zafón dá as primeiras indicações da origem do
colossal templo literário, a catedral de livros que muito atiçou o fascínio e
curiosidade dos personagens e leitores de Zafón.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Como se trata de um relato
brevíssimo (perto de 10 páginas) dividido em sete capítulos de aproximadamente
uma página, é muito difícil resenhá-lo sem dar </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/02/o-que-e-spoiler.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">spoilers</span></i></span></a><span color="windowtext"> consideráveis, mas em resumo, o enredo gira entorno
de um dos mais antigos antepassados da família Sempere, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">impresor</i> (impressor) Raimundo de Sempere, o inquisidor Jorge de
Léon e o misterioso e quase forasteiro Edmond de Luna, um construtor
barcelonês<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de labirintos que fizera fama
em terras estrangeiras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A história se passa logo
depois que uma praga de febre quase havia dizimado a população de Barcelona
durante o inverno de 1454 e, por conta da epidemia, a cidade catalã havia sido
selada pelo Santo Oficio, cujas investigações (nem um pouco imparciais) haviam
apontado a origem da moléstia um poço próximo ao bairro judio de Call de
Sanaüja, supostamente envenenado pelos semitas ali residentes, o que valeu aos
judeus a expropriação de seus bens e o descarte de seus corpos em um pântano.
Enquanto isso, os cadáveres dos mortos pela febre perniciosa se acumulavam nas
fogueiras ascendidas pelas ruas para incineração.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">É em meio a este cenário
desolador que uma embarcação arruinada chega ao porto de Barcelona trazendo em
seu interior uma dúzia de sarcófagos e um único sobrevivente: Edmond de Luna,
um engenheiro “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">hacedor de labirintos</i>”
que trazia consigo apenas uma relíquia e um diário de bordo que continha a sua
história e a do objeto que portava consigo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Imediatamente após o seu
resgate, Edmond é entregue aos oficiais do Santo Ofício sob o comando do
ambicioso inquisidor Jorge de Léon. Como o caderno encontrado com Edmond se
encontrava escrito em um idioma desconhecido ao inquisidor, Léon confia a
tarefa de traduzir os escritos do engenheiro ao impressor Raimundo de Sempere e
o que este encontra naquele diário leva a cidade a um segundo suplício, desta
vez de fogo e cinzas. A partir daqui é melhor eu não contar mais nada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O conto de Zafón vai para
o gênero fantástico ou de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Fantasia" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">fantasia</span></span></a><span color="windowtext"> até então pouco explorado pelo autor na série, mas
que é figura carimbada em seus livros da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Trilogia%20da%20N%C3%A9voa" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">Trilogia da Névoa</span></span></a><span color="windowtext">. Contudo, o estilo usado é muito distinto daquele que
encontramos no segundo romance da série, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">O Jogo do Anjo</span></i></span></a><span color="windowtext">, que não é só </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/G%C3%B3tico" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">gótico</span></span></a><span color="windowtext"> como trata de elementos sobrenaturais. Por isso, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rosa de Fuego</i> está mais próximo das
narrativas da supracitada Trilogia da Névoa, do que de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/O%20Cemit%C3%A9rio%20dos%20Livros%20Esquecidos" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">sua série original</span></span></a><span color="windowtext">. Ainda assim, acho que ela se enquadraria melhor
entre as narrativas de fantasia que utilizam o </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Idade%20M%C3%A9dia" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">mundo medieval</span></span></a><span color="windowtext"> como cenário, unindo elementos reais com aqueles de
natureza mítica, o que faz com que este conto faça uma curva e se distancie
bastante da matéria do qual é feita a série </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=Cemit%C3%A9rio+dos+Livros+Esquecidos"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">do Cemitério dos Livros
Esquecidos</span></span></a><span color="windowtext"> e se aproxime do
estilo mágico-sobrenatural de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">O Príncipe da Névoa</span></i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext"> </span></i><span color="windowtext"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">O Palácio da Meia-noite</span></i></span></a><span color="windowtext">, sem, no entanto, ter temáticas, cenários, período e
nível linguístico dos mesmos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A mim parece que o autor
quis dar um tom mais fantástico para a origem do misterioso e secreto palácio
de livros para assim acrescentar o gênero fantasia à hibridização de gêneros
que marca suas obras. Mas a pesar disso, o que mais chamou a minha atenção no
conto foram suas referências históricas ao período medieval barcelonês que
muito bem conheci com a leitura de outro livro, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/11/a-catedral-do-mar-ildefonso-falcones.html" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">A Catedral do Mar</span></i></span></a><span color="windowtext"> do também hispânico Ildefonso Falcones. Neste </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Bildungsroman" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">bildungsroman</span></i></span></a><span color="windowtext">, termo alemão para designar o romance de formação ou
de aprendizagem, Falcones faz um verdadeiro panorama histórico-cultural e
social da Idade Média catalã e faz referências muito próximas daquelas que
foram feitas em<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Rosa de Fuego</i> por
Zafón. Alguns desses pontos de semelhança são as referências ao trabalho
parcial e tendencioso das autoridades do Tribunal do Santo Ofício, à
perseguição religiosa e fanática aos judeus e às constantes epidemias que, vez
por outra, dizimavam parte da população e cujas origens, quase sempre, eram
atribuídas a desígnios divinos ou a suposta vilania dos judeus – odiados pelos
cristãos por fazerem parte do povo que julgou e condenou Cristo ao flagelo da
cruz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Quanto ao estilo, Zafón
preserva neste conto toda a estética linguística e literária com o qual
descreveu sua Barcelona feita de vapor nos romances da referida série. Mais do
que isso, ler este conto em seu idioma original reforçou em mim a certeza que a
tradução para o português muito bem representou o estilo do autor, suas
construções metafóricas cheias de “arabescos” e seus jogos inusitados de
palavras que caracterizam seu estilo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Infelizmente, para aqueles
que não dominam o espanhol, os contos de Zafón nunca foram traduzidos para o
português (nem mesmo para o lusitano, ao que me parece) e o conto, apesar de se
encontrar gratuitamente em forma digital nas plataformas brasileiras da Amazon
e do Google Play, está em espanhol. A esperança de tê-los traduzidos, porém
surgiu em novembro quando foi lançado na Espanha o livro </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/09/especial-zafon-la-ciudad-de-vapor-livro.html" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">La Ciudad de Vapor</span></i></span></a><span color="windowtext">, uma coletânea que reúne todos os contos publicados
do autor e alguns ainda inéditos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O livro não tem previsão
de publicação no Brasil, mas como se trata de uma obra póstuma que homenageia o
autor, e tendo sido toda a sua obra traduzida anteriormente em terras
tupiniquins, é plausível afirmar que em breve teremos nossa versão traduzida de
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Rosa de Fuego</i> e de outras dez
narrativas que compõe o livro, dentre elas outro conto (quase uma novela) que
ainda estou lendo: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">El Príncipe de Parnaso</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Então, até lá sugiro um
bom dicionário (o meu é da Real Academia Española) e um pouco de esforço (bem
recompensado e não tão grande haja vista o tamanho reduzido do conto) e
saboreie o original em castelhano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A edição lida é digital,
distribuída gratuitamente pela Vintage Español, uma divisão da Random House. O
conto tem aproximadamente 10 páginas e é do ano de 2012.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens relacionadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Especial: Zafón</span></b></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Quem é Carlos Ruiz Zafón? - Especial Zafón</span></b></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A Sombra do Vento – Carlos Ruiz Zafón –
Resenha de Releitura </span></b></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Jogo do Anjo – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></b></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Prisioneiro do Céu – Carlos Ruiz Zafón –
Resenha</span></b></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O
Príncipe da Névoa – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></b></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Palácio da Meia-noite – Carlos Ruiz Zafón
– Resenha</span></b></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/09/especial-zafon.html" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioWr_yt1-O9Ea9KhkI00Uv1ym7EsqTkutu9nuIGbYJLT16GEknaLBeOeAJljVNsrwpzceSsc-8v-mbaXypssX4Chj2Rr8vx86aunBir0XmDlXWlHrwa3WNATl4o2aSO7XcqQxcGqUWCLiG/w400-h400/Especial+Zaf%25C3%25B3n.jpg" width="400" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Rosa%20de%20Fuego%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>https://es.wikipedia.org/wiki/Rosa_de_fuego.<o:p></o:p></p>
</div>
</div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-43101827931693687142020-11-29T00:00:00.005-03:002021-01-24T13:59:55.900-03:00[Especial Zafón] O Palácio da Meia-noite - Carlos Ruiz Zafón - Resenha<p style="text-align: justify;"> </p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Por Eric Silva <o:p></o:p></span><span style="color: #00000a;">para o </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html">Especial Zafón</a></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">21 de agosto de 2020<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Citação <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias, prévias,
banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/_SfSprBZea?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=507674773711" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLLPIqabv3IdyuBFYE1sBPfr_yKSxAw3W4bjIIc3dM6pxjZTKH8aydMJzVfYVlmbSaaufZ1-zOmnr5xEs7ZRNdN8wr7IE_DEWHaNObiJZ-wH20374vfiNWw7S6T7xICrEfG-Un5XFC4hrL/s2480/O+Pal%25C3%25A1cio+da+Meia-Noite.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2480" data-original-width="1654" height="739" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLLPIqabv3IdyuBFYE1sBPfr_yKSxAw3W4bjIIc3dM6pxjZTKH8aydMJzVfYVlmbSaaufZ1-zOmnr5xEs7ZRNdN8wr7IE_DEWHaNObiJZ-wH20374vfiNWw7S6T7xICrEfG-Un5XFC4hrL/w492-h739/O+Pal%25C3%25A1cio+da+Meia-Noite.jpg" width="492" /></a></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /><div style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Cinematográfico e pirotécnico, o segundo livro juvenil
escrito por Carlos Ruiz Zafón viaja até a quente e misteriosa cidade de Calcutá
para contar uma história sobre amizade, família e orfandade povoada de segredos
do passado e assombrada por um poderoso e perverso espírito de fogo que mesmo
depois de décadas ainda espalha sobre a vida de muitos a sua fúria destrutiva e
seu desejo implacável de vingança.</b></div><o:p></o:p></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Confira a resenha de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Palácio da Meia-noite </i>(<i style="mso-bidi-font-style: normal;">El Palacio de
la Medianoche</i>), mais uma obra do escritor barcelonês resenhado para o </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Especial Zafón</b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">.</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sinopse
do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Maio de 1916, Calcutá, Índia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Acossado por um assassino
implacável e sobre-humano, o tenente do Exército Britânico, Peake, corta a
noite úmida e escura da cidade indiana carregando consigo uma carga preciosa:
dois bebês recém-arrancados das unhas de seu perseguidor – o diabólico Jawahal.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Em clara desvantagem em
relação a seus adversários, o tenente percorre as ruelas da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cidade negra</i>, como era chamada a zona
norte de Calcutá, até alcançar o velho casarão bengali onde vivia Argami Bosé,
a última anciã da família Bosé e avó das duas crianças. Era preciso
entregar-lhe os gêmeos, avisar-lhe da morte de seus pais e do perigo que as
crianças e também ela corriam, o que ele felizmente consegue fazer antes de se
entregar ao seu destino certo enquanto tentaria, por fim, despistar seu
poderoso rival.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Sozinha com duas crianças
pequenas e sabendo dos riscos que corriam, a velha matriarca não tem tempo para
chorar a perda de sua única filha, mãe dos gêmeos, ou de seu genro, e resolve
partir o quanto antes de Calcutá. No entanto, sabendo do perigo e das
dificuldades de manter os irmãos juntos a ela, Argami resolve deixar para trás
uma das crianças, entregando o menino aos cuidados de um velho amigo de seu
falecido esposo, o inglês Thomas Carter, administrador do orfanato St
Patrick’s, onde a identidade da criança se matéria incógnita, e partiu, levando
consigo a menina, ainda que a estratagema não fosse o suficiente para apagar
todos os rastros das duas crianças. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Dezesseis anos se passam e
vivendo como órfão, Benjamin (Ben) está próximo de completar ele também seus 16
anos, idade na qual terá que deixar o orfanato com seus amigos mais próximos:
Isobel, Roshan, Siraj, Michael, Seth e Ian. Juntos eles haviam formado, anos
antes, um clube secreto, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Chowbar </i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; mso-ansi-language: EN-US;">Society</span></i><span style="color: #00000a;">, cujas
reuniões aconteciam à meia-noite em um velho e decadente palacete abandonado e
por eles apelidados de “o Palácio da Meia-noite”, em alusão ao horário das
reuniões. Muito unidos, ali, os jovens juraram ajudar-se mutuamente, garantindo
a ajuda, o apoio e a proteção incondicional um dos outros, além de
compartilharem entre si os conhecimentos que possuíssem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">No entanto, com a proximidade
do décimo sexto aniversário de ingresso de Bem ao orfanato, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Chowbar </i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; mso-ansi-language: EN-US;">Society</span></i><span style="color: #00000a;"> se prepara para ser desfeita e ter suas últimas reuniões
antes que Ian embarque para a Inglaterra, onde pretende estudar medicina, e que
os demais tomem cada um seu próprio rumo na vida incerta que os esperava fora
dos muros de St Patrick’s.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Contudo, após conhecerem a
delicada e inteligente Sheere, as coisas começam a mudar rapidamente e eventos
estranhos começam a acontecer no velho orfanato, fazendo emergir os segredos de
um passado de dor e violência e prenunciando o retorno de um antigo inimigo
feito de maldade, fúria e fogo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">De todos os livros que já li de Zafón para o </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">projeto
do especial que leva seu nome</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio da Meia-noite</i> foi a obra que
menos me cativou, que menos me envolveu em sua leitura e em seus mistérios tão
infantis</b> (talvez tão infantis quanto os presentes em </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Príncipe da Névoa</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, mas aquele
lá me agradou bem mais). Todavia é natural que isso aconteça com qualquer
leitor fã de um dado escritor, e eu não me encontre isento disso, ainda que
goste muito do autor, de sua escrita e da qualidade de suas narrativas. Também
foi seu livro mais famoso, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A Sombra do Vento</span></i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">,</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> a inspiração para o projeto principal
do nosso blog, a </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=campanha+anual+de+literatura"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Campanha
Anual de Literatura (CALCT)</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, que já teve três edições desde 2016,
mas infelizmente foi interrompido em 2019, no começo de sua quarta edição
adiada para 2021. Ainda assim, gostar de um autor, não significa gostar de toda
a sua obra. Abdiquemos então dos fanatismos sempre desnecessários, prejudiciais
e que nada agregam, mas que, no entanto, costumam dividir e criar desarmonia.
Mas voltando ao texto….</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Há pouco mais de um mês (contando a data em que redijo a
primeira versão desta resenha) entrei em contato com </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Príncipe da Névoa</span></i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, </span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">a primeira obra juvenil do autor
barcelonês. Apesar de considerar esta obra de qualidade abaixo da obra mais
madura do autor, teci vários elogios na resenha que escrevi sobre o livro,
sobretudo porque o autor conseguiu criar personagens maduros e um desfecho um
tanto incomum ao gênero; por fazer referências históricas que fizeram de um dos
personagens juvenis um convocado à segunda grande guerra (ainda que o tema seja
tratado com leveza) e, por fim, por optar por um terror não muito infantil
(ainda que o seja) e que agora me parece ainda mais familiar com o estilo de
Stephen King, sem, no entanto, ser propriamente similar ou copiado.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O que se pode julgar das minhas impressões sobre </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Príncipe da Névoa</span></i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">,</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> antecessor de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio da Meia-noite,</i> é que o livro de Zafón foi para mim
agradável e estimulante, mas não está entre as grandes obras que entraram para
o seleto grupo de meus livros preferidos, onde tem lugar cativo o já citado </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A Sombra do Vento</span></i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, </span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">e obras de outros atores, a exemplo de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/11/a-catedral-do-mar-ildefonso-falcones.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A Catedral do Mar</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do também espanhol Ildelfonso Falcones, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/05/meuslivros-admiravel-mundo-novo-aldous.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Admirável Mundo Novo</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> de Huxley, Os<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Miseráveis</i>, do francês Victor Hugo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Mil e Uma Noites</i>, principal obra da
literária árabe, e, por fim, no universo literário nacional, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/01/o-cacador-ana-lucia-merege-resenha.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O Caçador</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, de Ana Lúcia
Merege, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Capitães da Areia</i>, de Jorge
Amado, e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Meu Pé de Laranja-lima</i>, obra
infantojuvenil consagrada de José Mauro de Vasconcelos. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio da Meia-noite,</i> por seu turno, fica ainda mais distante
deste grupo de meus favoritos.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Como se vê, meu gosto é bem eclético, indo do clássico ao
infantojuvenil, mas em termos de gênero temático tende sobretudo para o drama.
Mas isso não me fez gostar de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio
da Meia-noite</i>, que me agradou bem menos do que seu antecessor, sobretudo
pela forma como sua narrativa foi construída e conduzida. O seu enredo em si
não me atraiu e a verdade é que achei a simplicidade de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i> mais atraente do que o desenvolvimento da
narrativa ambientada entre ruínas, palácios e ruas empoeiradas de uma Calcutá
escaldante e ainda sob domínio britânico (e aqui vejo agora algumas
similaridades com os cenários decadentes da Barcelona franquista onde se
ambienta <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i>).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a style="mso-comment-date: 20201126T2350; mso-comment-reference: E_1;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Assim como em outros dos seus romances, Zafón dá destaque a uma
cidade secular e envolta de mistérios ao escolher como cenário de sua narrativa
a quente e populosa Calcutá, a atual capital do estado indiano de Bengala
Ocidental, situada às margens do rio Hooghly, ao lado do qual, na história de
Zafón fora erguida uma suntuosa e engenhosa estação ferroviária feita de aço e
vidro, mas que fora destruída no dia de sua inauguração por um monstruoso
incêndio que vitimou não só o engenheiro idealizador do projeto, como centena
de crianças órfãs que participariam da viagem inaugural. O nome da estação era
Jheeter’s Gate, cujas ruínas se destacavam sombriamente na paisagem como uma
ferida na cidade. </span></a></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Corner_of_Harrison_Street_(Burra_Bazar)_and_Strand_Road,_Calcutta_in_1945.jpg" rel="nofollow" style="mso-comment-date: 20201126T2350; mso-comment-reference: E_1;" target="_blank"></a></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/74/Corner_of_Harrison_Street_(Burra_Bazar)_and_Strand_Road%2C_Calcutta_in_1945.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="608" data-original-width="800" height="486" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/74/Corner_of_Harrison_Street_(Burra_Bazar)_and_Strand_Road%2C_Calcutta_in_1945.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Calcutá em 1945. Wikimedia Commons.<br /></td></tr></tbody></table><a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Corner_of_Harrison_Street_(Burra_Bazar)_and_Strand_Road,_Calcutta_in_1945.jpg" rel="nofollow" style="mso-comment-date: 20201126T2350; mso-comment-reference: E_1;" target="_blank"><br /><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><br /></span></a><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As descrições que ele faz de Calcutá lembram de certa forma o
que Zafón faria mais tarde em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do
Vento</i> ao construir a atmosfera melancólica e tensa da Barcelona franquista
dos anos de 1960. Com parte da minucia que é característica do autor, ele
descreve as divisões da cidade, seus guetos e áreas de maior presença
colonialista, mas, provavelmente por conta de seu público-alvo ou da pouca
maturidade de escritor em começo de carreira, não dá ao romance o peso criativo
e a vivacidade narrativa que fez com que </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/04/conhecendo-barcelona-pelos-passos-de.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Barcelona</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> se despisse
ante os olhos de seus leitores tal como ela era na década de 60. E suspeito que
falar sobre terras estrangeiras tenha sido também motivo para a menor força
descritiva de seu livro juvenil. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ainda
que Calcutá se torne visível e compreensível em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio da Meia-noite,</i> não consegui me sentir na Índia</b>, tal
como me senti caminhar à noite pelas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ramblas</i>
barcelonesas com suas luzes vaporosas na companhia soturna de Daniel e Fermín
em busca do paradeiro de Carax.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a style="mso-comment-date: 20201126T2350; mso-comment-reference: E_2;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Talvez meu desalento com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Palácio da Meia-noite</i> tenha sido efeito da falta de algumas características
e marcas culturais das terras indianas que povoam o imaginário e senso comum
ocidental, mas que facilmente nos remeteriam àquelas paragens, a exemplo dos
desfiles de turbantes e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">saris</i>
coloridos, vacas “pastando” tranquilamente pelas ruas, mercados sortidos de
especiarias multicores, brâmanes eremitas por toda parte e encantadores de
serpentes com seus cestos e najas (caso queiramos ser ainda mais clichês). </span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Pela pouca exigência que o gênero juvenil
impõe, Zafón faz muito em suas descrições, mas não o faz com a vivacidade com a
qual nos acostumamos em </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=O+cemit%C3%A9rio+dos+livros+esquecidos"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">sua série mais famosa</span></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">,</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> (mas talvez eu esteja querendo demais).
</span><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuTF24xcjABeeuZVufx70dKaW3K325a1Du8lxnK63Q2W4bjFhyViuxdZI8-cFE0dJkiseGyRBmaqgDMbWGWHRW9v8gkqWNO8Jd8GdVrz0yoSB3cGKyOEXCfMBxgO9jbA73qsMnjXP0nct9/s1920/holi-2416686_1920.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="1920" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuTF24xcjABeeuZVufx70dKaW3K325a1Du8lxnK63Q2W4bjFhyViuxdZI8-cFE0dJkiseGyRBmaqgDMbWGWHRW9v8gkqWNO8Jd8GdVrz0yoSB3cGKyOEXCfMBxgO9jbA73qsMnjXP0nct9/w640-h426/holi-2416686_1920.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Festival das Cores (Holi), Índia. Murtaza Ali/Pixabay.<br /></td></tr></tbody></table><br /><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Por outro lado, Zafón consegue evidenciar na trama um pouco do
domínio cultural e político britânico sobre a cidade, o que se torna evidente
nas muitas referências aos britânicos e nos nomes ocidentais de alguns dos
integrantes da Chowbar </span><span lang="EN-US" style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Society</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, não esquecendo
das nacionalidades e posições sociais de dois dos personagens centrais da
trama, o tenente Peake e o administrador do orfanato, Thomas Carter, ambos
ingleses de origem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O enredo<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Em relação ao enredo, Zafón tece <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">uma narrativa que não é tão </b></span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/G%C3%B3tico"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">gótica</span></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> (seu principal estilo) quanto é fantasmagórica
e </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Fantasia"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">fantástica</span></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> (o gênero)</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">, e que ele decide narrar sob dois focos
narrativos. O primeiro mais poético e saudoso feito pelos olhos do mais frágil
dos órfãos, Ian, que fora testemunha ocular de todos (ou quase todos) os fatos
narrados, e o outro foco – predominante na obra – feito em terceira pessoa por
um narrador onisciente e não-personagem.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A história dos jovens órfãos indianos gira entorno de lugares
arruinados e de um espírito maligno com domínio sobre o fogo. Mortes e
acidentes complementam o cenário que se inspira na velha fórmula de um grupo de
jovens extremamente inteligentes que reúnem suas forças, coragem e capacidades
para proteger uns aos outros. Por isso, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o
romance de Zafón é uma obra que versa sobe a amizade, a coragem e o
companheirismo</b>, mas também podemos acrescentar a esta lista <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a importância da união e do amor familiar</b>,
tanto por parte dos gêmeos separados na infância, como por parte dos fortes
laços construídos entre os moradores de </span><span style="color: #00000a;">St
Patrick’s. São essa união e o espírito de coletividade que guiam os vários
personagens no enfrentamento a um adversário mais poderoso, com maiores
recursos (inclusive sobrenaturais) e com a vantagem de saber mais sobre eles do
que o grupo de adolescente, em contrapartida, possui sobre a identidade e
história de seu antagonista, inclusive esta é daquelas narrativas onde
conhecimento se torna crucial para virar o jogo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">A trama não é das mais instigantes, ainda que seja em
muitos aspectos bastante original. </span></b><span style="color: #00000a;">O
desenvolvimento é rápido e alguns pontos são propositadamente confusos, a fim
de despistar o leitor. Contudo algumas resoluções encontradas pelo autor no
desfecho poderiam ter sido melhor trabalhadas e acredito que este era um dos
pontos que na ocasião da publicação do livro Zafón manifestou a vontade de
mudar e reescrever a narrativa, mas não o fez para preservar a versão original
da obra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Por seu tamanho um tanto reduzido e narrativa sem muitos
elementos a explorar, uma vez que a trama é demasiadamente simples, assim como
são limitadas as possibilidades de ramificação da mesma</span></b><span style="color: #00000a;">, o livro não consegue desenvolver profundamente o número
elevado e desnecessário de personagens (oito só no núcleo jovem que pouco
criativamente possuem todos eles a mesma idade). Contudo, por ser um escritor
talentoso, Zafón conseguiu imprimir em cada um deles um traço único que de
certa forma os individualizam dentro do conjunto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O mais cinematográfico até então<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Uma característica marcante
na narrativa de Zafón é sua estética particularmente cinematográfica. Zafón
redige com uma riqueza de detalhes e imprime o cenário e também na narração um número
tão grande de elementos estéticos, que ler seus livros se torna uma experiência
quase fílmica, o que não é mera coincidência, mas um recurso do qual o
barcelonês lançou mão para que não houvesse necessidade de que sua obra fosse
posteriormente adaptada nem para a TV, nem para a telona. Desta forma, toda a
narração de sua obra faz lembrar os planos de filmagem usados na
cinematografia. Sinto isso quando ele descreve lugares e cidades como se
quisesse desenhar </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; mso-ansi-language: EN-US;">long</span></i><span lang="EN-US" style="color: #00000a;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; mso-ansi-language: EN-US;">shots</span></i><span style="color: #00000a;"> (planos gerais), ou quando vai descrevendo os interiores
de casarões e palacetes como se a câmera andasse (o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">travelling</i>). Mas mais do que isso, ele constrói elementos que dão
ainda maior cinematografia ao texto, a exemplo da névoa, do jardim de pedra e
do navio afundado que emerge do fundo do mar em </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i></span></a><span style="color: #00000a;">, ou os cenários chuvosos, decadentes, góticos e obscuros
de</span> <a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a;">. </span></i><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a;">O Palácio da Meia-noite</span></i><span style="color: #00000a;"> é, no entanto, o mais cinematográfico de todos, porque Zafón não só
explora elementos arquitetônicos fabulosos como a imensa estação de trem feita
de aço e ferro, arruinada pelo fogo e repleta de túneis obscuros que formam
verdadeiros labirintos (outro elemento comum na sua obra), como também explora
explosões e incêndios grandiosos (o fogo é outro fascínio de Zafón) e
acrescenta ao enredo um fantasmagórico trem em chamas que corre desgovernado
por sobre os trilhos e de onde se ouve os gritos de agonia de centenas de
crianças consumidas vivas pelo fogo, mas que desaparece tão repentinamente
quanto surge a sua frente. É quase uma cena de filme de terror num verdadeiro
show pirotécnico no qual acabe a você imaginar tudo enquanto lê. Um deleite
para os leitores de imaginação fértil. Enfim, o que quero dizer com isso é que,
o que tem de fraca a narrativa de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Palácio da Meia-noite</i> tem de riquíssima, por assim dizer, nestes elementos
cinematográficos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Chegando ao fim….</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a;">O Palácio da
Meia-noite</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;"> é exatamente o que propõe: um livro para adolescentes, s</span></b><span style="color: #00000a;">em muita profundidade, sem linguagem muito poética (salvo
algumas falas de Ian e a simbologia das “lágrimas de Shiva” que encerram
atrama), com linguagem nem rebuscada nem coloquial e infantil, com
desenvolvimento rápido para não se tornar cansativo e com certa originalidade.
Entretanto, no todo, seu enredo é mediano e sua melhor aposta está nos
elementos cinematográficos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Enfim, acho que Zafón cumpriu com seu objetivo de
escrever uma obra que agrada uma faixa etária mais ampla, mas que não chama
muito a atenção de quem conhece o outro Zafón, o do </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=Cemit%C3%A9rio+dos+Livros+Esquecidos"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Cemitério dos
Livros Esquecidos</b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">. Por isso, vamos a leitura de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Luzes de Setembro</i>, livro que encerra a trilogia juvenil de
Zafón, e depois à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marina</i>, que parece
ser a linha divisória entre aquele Zafón mais maduro de </span></b><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i></b></span></a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">, e este Zafón
dos romances juvenis.</span></b><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida é da Editora
Suma das Letras, com tradução de Eliana Aguiar. Do ano de 2013 e possui 271
páginas. O título original em espanhol <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">El Palacio de la Medianoche</i></b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Saiba mais sobre Carlos Ruiz Zafón na </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">postagem
especial</span></span></a><span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> </span><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">que fizemos sobre ele.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Preview do Google Books<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível
no Google Books. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; mso-ansi-language: EN-US;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=ekONDdvCRKQC&lpg=PP1&dq=o%20pal%C3%A1cio%20da%20meia%20noite&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens relacionadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Especial: Zafón</span></b></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Quem é Carlos Ruiz Zafón? - Especial Zafón</span></b></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Prisioneiro do Céu – Carlos Ruiz Zafón –
Resenha</span></b></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Jogo do Anjo – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></b></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A Sombra do Vento – Carlos Ruiz Zafón – Resenha
de Releitura </span></b></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span class="LinkdaInternet"><span style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-principe-da-nevoa.html">O Príncipe da Névoa – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</a></span></span></p><div style="mso-element: comment-list;"><div style="mso-element: comment;"><div class="msocomtxt" id="_com_2" language="JavaScript">
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/09/especial-zafon.html" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSsHkeXaiK15x4Y-Q_rFyZ4En5XVwgi-L37up7lz7W1BlczMU-Zn7VHIwzEc36og1L0T3HPzohhmMnr69A2RyCHEqVWxpNPy7Gfl4DDfsAo5WRFDjlrZcSd1sZH7pcjLI9Du6HK-d2bQw7/w400-h400/Especial+Zaf%25C3%25B3n.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p>
<!--[if !supportAnnotations]--></div>
<!--[endif]--></div>
</div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-41225017029025349472020-11-12T14:00:00.004-03:002021-01-24T13:59:30.168-03:00[Especial Zafón] O Príncipe da Névoa – Carlos Ruiz Zafón – Resenha <p style="text-align: justify;"> </p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Por Eric Silva para o </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html">Especial
Zafón</a><span style="color: #00000a;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">04 de julho de 2020<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 16.5pt;">“As
lembranças ruins perseguem você sem que precise carregá-las consigo”<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/J6Bq3egUiq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=889530933306" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoyCt8KjoFlW7fjWsBWZHbMLOGp1-cYK0F9vxLOC6dy2NWxl7KAm3xpZunssWxG078hh-O5K9TJZYI61XOTvp7ZEwqyEh8yqQEeKicYslTENVhVjiNoYYE8ZhKxrnu5V3NZt42Fx8Oj35O/s1600/O+Principe+da+Nevoa.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1067" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoyCt8KjoFlW7fjWsBWZHbMLOGp1-cYK0F9vxLOC6dy2NWxl7KAm3xpZunssWxG078hh-O5K9TJZYI61XOTvp7ZEwqyEh8yqQEeKicYslTENVhVjiNoYYE8ZhKxrnu5V3NZt42Fx8Oj35O/w426-h640/O+Principe+da+Nevoa.jpg" width="426" /></a></span></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;"><br /><div style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Um romance jovem intercortado pelo sobrenatural durante a
tensão e as incertezas da guerra, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Príncipe
da Névoa</i> é o livro com o qual Zafón principiou sua carreira nas letras e
também seu primeiro romance juvenil. Já nessa época, o escritor barcelonês
esboçava alguns traços do estilo gótico marcante em sua obra numa narrativa
que, sem deixar de ser “juvenil”, já se encontrava no limiar de uma escrita que
em pouco tempo se tornaria madura.</span></b></div><o:p></o:p></span></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Confira a resenha.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sinopse
do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">No verão do ano de 1943, a
batalha dos países Aliados contra os nazistas e fascistas durante a Segunda
Guerra Mundial caminhava para completar seu quarto ano, e mesmo nos lugares
onde os blindados da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Heer</i> e os aviões
da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Luftwaffe</i> alemã ainda não haviam
chegado, a tensão provocada pela guerra era tão presente quanto em qualquer
outro lugar da Europa. O Velho Mundo vivia anos de horror, desolação e apreensão
que se estenderiam até o verão de 1945.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Foi justamente para fugir da
guerra que naquele mesmo ano o relojoeiro e inventor Maximilian Carver decidiu
que ele e sua família deveriam mudar-se para outro lugar, um pequeno vilarejo
no litoral, cujas casas pareciam ter saído de uma maquete. Porém, a nova
moradia dos Carver era uma casa de praia com um passado trágico e cercado de
mistérios. A abastarda família que havia morado ali anteriormente tinha se
diluído por completo após a morte trágica de seu único herdeiro, Jacob, vítima
de afogamento aos cinco anos. Desde então a casa esteve abandonada a espera de
ser novamente habitada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Quando finalmente a família
do relojoeiro ali se instala, logo fica nítido que algo não está certo. Max, o
curioso filho dos Carver, descobre atrás da casa um jardim de pedra abandonado
que guardava em seu interior um estranho conjunto de estátuas e símbolos
desconhecidos. A irmã mais velha de Max, Alicia, passa a ter sonhos
perturbadores, e a caçula, Irina, ouve vozes que sussurram para ela de um velho
armário.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Mas nem tudo naquela vida
nova parecia ruim. Max e Alicia fazem um novo amigo, o jovem Roland, e com ele
desbravam os segredos de um velho barco que naufragou há muitos anos, durante
uma terrível tempestade. Daquele naufrágio só saiu vivo um único tripulante, o
avô do rapaz, o engenheiro responsável por construir o farol no fim da praia,
onde passou a viver durante todos aqueles anos, vigiando a costa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Mas os obscuros segredos
daquele pequeno vilarejo não tardam a se revelar e enquanto os adolescentes
exploram os mistérios do lugar, se interpõe em seu caminho uma entidade
diabólica que ao longo de muitos anos deixou para trás um rastro de mortes e
destruição: o Príncipe da Névoa. Um ser enigmático com forma humana que há muito
ilude os incautos<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/O%20Pr%C3%ADncipe%20da%20N%C3%A9voa%20-%20Resenha.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> com sua capacidade de
conceder desejos em troca de favores malignos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Escrever essa resenha hoje está sendo para mim, assim como foi a
leitura deste livro, um exercício de autoconvencimento de que é fato a morte
recente de Zafón e de que nunca mais sentirei a expectativa de esperar o
próximo lançamento desse autor que foi importantíssimo para mim e para a
história deste blog. Foram os livros do escritor espanhol que me ensinaram a
amar a Espanha, e mais particularmente a Catalunha, bem como o romance com
estética </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/G%C3%B3tico"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">gótica</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> e que me inspiraram a criar a </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=campanha+anual+de+literatura"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> em </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/2016%20Ano%20da%20Espanha"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">2016</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">. Novamente para homenageá-lo, retomo o </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">especial</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> sobre esse autor iniciado há quase dois anos,
mas que não pude terminar por conta da rotina exaustiva de trabalho que se
abateu sobre mim em 2019.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">O Príncipe da Névoa: juvenil de fantasia gótica<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Escrito na década de 1990, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i> pode ser considerado
como o livro de estreia do falecido escritor barcelonês Carlos Ruiz Zafón, e o
primeiro de uma série de romances voltados para o público juvenil, que inclui
também </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Palácio da Meia-noite</i></a><span style="color: #00000a;"> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Luzes de
Setembro</i>. Três livros que são considerados como “série”, mas que são
independentes entre si e não possuem conexões diretas entre suas narrativas. <o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpUp10r50B82nQsrOBdykKLmF_DxAqcdMJx7Kh9H-VNtqKxMMgYkYM0i-qOgRKxH9DIkyUbZA5N4murpZbFkbncIMQOXgewmR6Rvf70zRzX0b6SmfDek8ym0m8_nIwZYLVDxrTVIu9BVf_/s2480/O+Pal%25C3%25A1cio+da+Meia-Noite.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2480" data-original-width="1654" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpUp10r50B82nQsrOBdykKLmF_DxAqcdMJx7Kh9H-VNtqKxMMgYkYM0i-qOgRKxH9DIkyUbZA5N4murpZbFkbncIMQOXgewmR6Rvf70zRzX0b6SmfDek8ym0m8_nIwZYLVDxrTVIu9BVf_/s320/O+Pal%25C3%25A1cio+da+Meia-Noite.jpg" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRmV0waita85b8WLAO0yqt5ubl72t4Acl7uaZWCzDQ_aHy1IoA42NqGrEuwNavns17QJl1kEV_qESI2sG_yiumioKrqhusfLdx8EZ1ovx0OhY71bKrs8Srcq4r7-Fei5NyZO10YXVcc8An/s2480/As+Luzes+de+Setembro.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2480" data-original-width="1654" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRmV0waita85b8WLAO0yqt5ubl72t4Acl7uaZWCzDQ_aHy1IoA42NqGrEuwNavns17QJl1kEV_qESI2sG_yiumioKrqhusfLdx8EZ1ovx0OhY71bKrs8Srcq4r7-Fei5NyZO10YXVcc8An/s320/As+Luzes+de+Setembro.jpg" /></a></div><br /><span style="color: #00000a;"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Em geral, Zafón é mais conhecido
por sua série mais famosa, </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=O+Cemit%C3%A9rio+dos+Livros+Esquecidos"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a;">O Cemitério dos Livros Esquecidos</span></i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a;">,</span></i> <span style="color: #00000a;">que gira entorno de escritores malditos dos anos da
Espanha franquista e da colossal biblioteca secreta que dá nome a série<i style="mso-bidi-font-style: normal;">.</i> Contudo, o autor que nos deixou poucos
livros escritos até seu falecimento prematuro aos 55 anos, também deixou ao seu
público essa série composta de três livros juvenis que foram responsáveis por
sua inserção no mundo das letras e que, já na década de 90, revelavam as
nuances da estética literária gótica que mercariam seus livros posteriores.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">No entanto, quem lê <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i> pode se surpreender
ao constatar que para um livro classificado como juvenil, ele tem contornos que
não são tão comuns a esse tipo de narrativa. Mas isso não mudou o fato de que o
livro fora escrito pensando nos leitores mais jovens, o que se constata pela
brevidade da narrativa que pode ser facilmente entendida como uma novela; pela
opção por personagens majoritariamente jovens e vivendo as primeiras
descobertas da idade; pela alusão a elementos do imaginário infantil como
palhaços e mágicos de circo; pelo desenvolvimento rápido de seus personagens e,
por fim, por sua narrativa sem muita complexidade e com linguagem mais
acessível.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Um artigo da Wikipédia<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/O%20Pr%C3%ADncipe%20da%20N%C3%A9voa%20-%20Resenha.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
sobre literatura infantojuvenil classifica como as principais características
que marcam os livros do gênero juvenil: <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a;">Apresentar temas de
interesse ao jovem adolescente, alguns deles controversos, como sexo,
violência, drogas, relacionamentos amorosos, etc;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a;">Ter em sua trama
personagens da mesma faixa etária dos leitores, especialmente seus
protagonistas;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a;">Podem ser
ilustrados, ainda que não necessariamente;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a;">E possuir um número
maior de páginas, podendo alcançar 200 a 300 páginas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Com exceção de não ser um
livro ilustrado, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i>
possui todos os elementos elencados e pode ser facilmente classificado como um
livro da literatura juvenil por estes elementos, não obstante sua atmosfera e sua
composição excedem o gênero em alguns pontos: há nele uma elevada maturidade de
seus personagens, o seu desfecho que vai na contramão do que é comum ao gênero,
a sua história permeada de um terror não tão infantil, além do fato de que um
dos adolescentes está preste a ser convocado para lutar na guerra (um tema bem
adulto, mas tratado com bastante leveza). Por conta destes elementos me
surpreendi com a proposta de enredo do autor, ainda que eu a considere um tanto
simplória. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 107%;">Nas notas do livro, Zafón explica que quando era
adolescente não costumava ler romances juvenis e por isso resolveu ao escrever <i>O Príncipe da Névoa</i> compor um romance
que ele mesmo teria gostado de ler com 13 ou 14 anos, mas que ainda o
interessasse depois de adulto. O resultado foi algo muito bom. Um livro ágil,
instigante no qual </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Terror"><span style="line-height: 107%;">terror</span></a><span style="line-height: 107%;">,
tragédia, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Romance%20de%20amor"><span style="line-height: 107%;">romance</span></a><span style="line-height: 107%;">
e </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Aventura"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">aventura</span></span></a><span style="line-height: 107%;"> se encontra nos níveis nos quais qualquer
pré-adolescente se interessaria, mas que também é agradável a qualquer adulto
que se disponha a lê-lo.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 107%;">Eu,
ao contrário do escritor espanhol, li e ainda leio muitos livros juvenis. Na </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Os%20livros%20da%20minha%20inf%C3%A2ncia%20e%20adolesc%C3%AAncia"><span style="line-height: 107%;">minha
infância de leitor</span></a><span style="line-height: 107%;"> cheguei a ler algumas obras
classificadas como infantojuvenis ou apenas como juvenis que possuía alguma
maturidade, geralmente em seus temas, como foi o caso de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2014/12/tonico-jose-rezende-filho_22.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Tonico</span></i></span></a><span style="line-height: 107%;">, de José Rezende
Filho, que aborda a questão da pobreza e o trabalho infantil, e o bem pouco
conhecido <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Anjos no Aquário</i>, de Júlio
Emílio Braz, que aborda o difícil tema da gravidez na adolescência. Mas havia
também os livros que são maduros por seus desfechos como o inesquecível <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Meu Pé de Laranja Lima</i> de José Mauro de
Vasconcelos, que fala da aceitação da morte na infância e da violência
revestida pelo rótulo tradicionalista de “educação doméstica”. Contudo, nunca
li algo como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i> que
se diferencia por ser maduro em seu desfecho, nas personalidades dos
protagonistas, na atmosfera trágica da trama, no seu tema de terror sem
comicidade. Um livro que em alguns momentos me fez lembrar das histórias de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=Stephen+King+"><span style="line-height: 107%;">Stephen
King</span></a><span style="line-height: 107%;">
sem, no entanto, apelar para a carnificina das mesmas.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;">A
narrativa em si é muito simples e não muito original (pelo menos não para a
literatura mais madura), reitero, porém, que seu estilo é marcadamente incomum
entre as obras mais ingênuas classificadas como infantojuvenis ou apenas como
juvenis. A narrativa como um todo se passa em um período muito curto de tempo
(apenas algumas semanas do verão de 1943) e como quase qualquer história que
use os verões litorâneos como cenário desenvolve uma súbita paixão entre
adolescente em seu enredo.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;">Os
personagens são desenvolvidos de forma breve por conta da extensão mais curta
do romance e, para fazê-lo de forma mais propicia a cativa os narradores, Zafón
foca suas energias em apenas uma parte do elenco já bastante reduzido: Max, sua
irmã Alicia, o jovem Roland e seu avô Víctor Kray, que dividem entre si o
protagonismo da narrativa junto com o ser sombrio da narrativa que é ora
chamado de Dr. Cain, ora de Príncipe da Névoa.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;">Max
é o personagem central da trama, a mente pensante do grupo. Um garoto
introspectivo, perspicaz, inteligente e, por esses traços, bastante observador.
Ele é o primeiro a notar as estranhezas daquele vilarejo: sua estranha
aparência de maquete, o relógio da estação ferroviária que parecia andar para
trás, a aura medonha que circunda o gato que sua irmã Irina adota assim que
chegam de viagem. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;">Por
suas características entre ele e o pai existe uma cumplicidade e
autoentendimento difícil de descrever e que se produz com poucas palavras.
Maximilian o estimula com leituras avançadas a exemplo dos tratados de
Copérnico sobre o sistema solar e o menino responde às ações do pai com uma
maturidade acentuada. As falas de Max são em geral bem calculadas e
meticulosas, a menos que esteja sendo provocado pelas brincadeiras de Roland e
sinta a necessidade de rebatê-las, ou quando quer ser divertido com o jovem
casal que vai se formando entre seu novo amigo e sua irmã. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;">Alicia
por sua vez é ainda mais introspectiva e de uma rebeldia silenciosa. Come pouco
porque se preocupa com sua aparência e interage muito menos ainda com a
família, preferindo o isolamento de seu quarto e de seus silêncios. De todos,
ela é a quem menos se satisfez com a mudança repentina para o litoral, no
entanto, Alicia é daqueles personagens que crescem e se modificam ao longo da
narrativa e, por isso, vai aos poucos conquistando seu espaço, até se tornar um
elemento importante da história, apesar do elevado protagonismo masculino da
trama.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;">De
sua parte, Roland é o típico rapaz criado em cidade pequena. Ativo,
entusiasmado em interagir com os visitantes, desejoso de aventuras e por
respirar outros ares longe da monotonia do pequeno vilarejo. Extremamente
apaixonado pelo mar, o rapaz construiu sua própria cabana na praia, onde passa
a maior parte de seu tempo quando não está com o avô no farol, ou vasculhando
os restos de um velho navio naufragado perto da costa. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;">Expansivo,
prestativo e brincalhão, Roland facilmente conquista a amizade de Max e Alicia
que passam a segui-lo por toda parte, e acaba por ser a cola que começará a
unir os dois irmãos que pouco conversavam. Ainda assim, paira sobre o rapaz,
assim como sobre Max, a incerteza do futuro, uma vez que Roland está alistado
no exército e teme que aquele seja seu último verão antes que seja convocado
para o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">front</i> de guerra. A Max restaria
mais alguns anos de liberdade caso a guerra não encontrasse seu desfecho logo.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;">Entorno
destes três personagens e do velho faroleiro girará a história do personagem
principal da trama e que dá nome a mesma, o Príncipe da Névoa, Dr. Cain. Um
mago, um bruxo, uma entidade maligna, não dá exatamente para precisar o quê,
mas que ao longo de muitas décadas se dedicou a destruir muitas vidas através
de seus dons de conceder desejos, pelos quais exigia um preço elevado demais.</span><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit; font-size: x-large;">Apreciação crítica <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 107%;">Confesso
que apesar de ser um livro excelente, <i>O
Príncipe da Névoa</i> não se compara ao estilo e qualidade literária atingido
por Zafón quando este escreveu </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A Sombra do Vento</span></i></span></a><span style="line-height: 107%;">, seu livro de
maior sucesso. Provavelmente por isso que o autor teve que lutar contra seu
desejo de reescrever a história deste livro, desejo este que ele expressou
também na introdução de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-palacio-da-meia-noite.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;">O
Palácio da Meia-noite</span></i></span></a><span style="line-height: 107%;">. No entanto, para uma
trama de livro juvenil, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da
Névoa</i> é um livro estimulante, porque um pouco da estética do escritor
barcelonês já é visível, e sua predileção pelas temáticas góticas já são
evidentes.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Ele escreve uma narrativa de
terror, aventura e </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Suspense">suspense</a><span style="color: #00000a;"> com a </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=est%C3%A9tica+g%C3%B3tica+">estética
gótica</a><span style="color: #00000a;"> que marca seus livros, mas com uma
delicadeza e uma sensibilidade acentuada. Não há nada no livro que dialogue com
o universo barcelonês que serve de cenário a seus livros posteriores, nem mesmo
a localização de onde se dão os fatos narrados em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da Névoa</i> são revelados, o que deu a cada série de livros
uma alma e personalidade própria e distintas, estando ligados unicamente pela
estética narrativa de seu autor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A escrita é fluida,
instigante, mais leve e delicada do que a encontramos nos livros da série d’</span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=O+Cemit%C3%A9rio+dos+Livros+Esquecidos"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Cemitério dos Livros Esquecidos</i></a><span style="color: #00000a;">, mas mesmo ali a linguagem empregada por Zafón é de uma
beleza poética que quase não é sentida, uma vez que suas narrativas têm um
caráter cinematográfico proeminente que envolve o leitor na narrativa tal como
se a vivesse ou a assistisse na penumbra de uma sala de cinema<i style="mso-bidi-font-style: normal;">.</i> Essa característica cinematográfica
também já é notável em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Príncipe da
Névoa</i> que nos conduz a locais sombrios e paisagens marítimas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Chamou-me a atenção sobretudo
o desfecho que achei extremamente original e inesperado, ou melhor, esperado,
se partíssemos de uma lógica mais racional. É um livro que acredito que deixou
muitos de seus leitores com um leve aperto no peito e um sentimento de
impotência. Igualmente belo é a forma como naturalmente os laços entre os
personagens vão sendo construídos e fortalecidos, como se o encontro entre eles
tivesse sido destinado a acontecer. A questão é que você vive com os
personagens aquele verão, os acompanha a toda parte, e o laço se estende a você
também. Trata-se de uma narrativa que fala do amor, da juventude, do medo e da
necessidade de união para vencer as adversidades da vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Mesmo tendo me surpreendido com o desfecho escolhido pelo
escritor para uma narrativa juvenil, reitero que a forma como ele decidiu
fechar a trama é a parte mais original do livro, justamente por não seguir as
velhas fórmulas já tornadas clássicas neste gênero. Senti-me frustrado apenas
com o fato de não existir conexão entre as tramas dos livros seguintes que
seguem como obras independentes. Ainda assim, sinto-me ansioso pelo que virá
dos últimos livros escritos por Zafón que ainda não li, e ao mesmo tempo triste
por saber que serão os últimos.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida é da Editora
Suma de Letras, do ano de 2013 e possui 184 páginas. Título original: El
Príncipe de la Niebla.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Preview do Google Books<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #00000a;">Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível
no Google Books. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a; mso-ansi-language: EN-US;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=gqn2iI1F63MC&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens relacionadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Especial: Zafón</span></b></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Quem é Carlos Ruiz Zafón? - Especial Zafón</span></b></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span class="LinkdaInternet"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 22.8267px;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html">O Prisioneiro do Céu – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</a></span></b></span></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-labirinto-dos.html">O Labirinto dos Espíritos – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</a></span></b></span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Jogo do Anjo – Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></b></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><b><span style="color: #00000a; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A Sombra do Vento – Carlos Ruiz Zafón – Resenha
de Releitura </span></b></span></a><o:p></o:p></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/O%20Pr%C3%ADncipe%20da%20N%C3%A9voa%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
“Diz-se de ou aquele que não tem cautela; descuidado, imprudente; que ou o que
é destituído de malícia; crédulo, ingênuo” (Houaiss, 2009)<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Edi%C3%A7%C3%A3o%20Geral/Resenhas%20no%20geral%20e%20de%20campanhas/O%20Pr%C3%ADncipe%20da%20N%C3%A9voa%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
LITERATURA INFANTOJUVENIL. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida:
Wikimedia Foundation, 2020. Disponível em: <<a href="https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Literatura_infantojuvenil&oldid=57297725"><span class="LinkdaInternet">https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Literatura_infantojuvenil&oldid=57297725</span></a>>.
Acesso em: 05 jul. 2020.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/09/especial-zafon.html" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSsHkeXaiK15x4Y-Q_rFyZ4En5XVwgi-L37up7lz7W1BlczMU-Zn7VHIwzEc36og1L0T3HPzohhmMnr69A2RyCHEqVWxpNPy7Gfl4DDfsAo5WRFDjlrZcSd1sZH7pcjLI9Du6HK-d2bQw7/w400-h400/Especial+Zaf%25C3%25B3n.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p>
</div>
</div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-7882092340539271662020-11-01T00:00:00.035-03:002021-01-24T14:00:18.989-03:00[Especial Zafón] O Labirinto dos Espíritos – Carlos Ruiz Zafón – Resenha <p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Por Eric Silva<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">15 de abril de 2020<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;"><span style="color: #00000a;">“<i>As recordações que enterramos no silêncio são as que nunca deixam de
nos perseguir</i>” <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;"><span style="color: #00000a;">(O Labirinto dos Espíritos –
Carlos Ruiz Zafón). <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/mJyKwgWsiq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=126553094023" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOOjeaERKYOwt2ot-F8lUCZyfVois-fDzy81f4VuIzqQWABC3e5azZrJcI7Teg6OKUhIa_81ILaw0WV9lyrSv_sQ0Q1ck34fVTg4FdED6hk6pQnDDDNap84WIlgAb17OEw_LXkcMMbbyzf/" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1781" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOOjeaERKYOwt2ot-F8lUCZyfVois-fDzy81f4VuIzqQWABC3e5azZrJcI7Teg6OKUhIa_81ILaw0WV9lyrSv_sQ0Q1ck34fVTg4FdED6hk6pQnDDDNap84WIlgAb17OEw_LXkcMMbbyzf/w446-h640/O+Labirinto+dos+Esp%25C3%25ADritos.jpg" width="446" /></a></b></div><b><div style="text-align: justify;"><b>Retomando o Especial Zafón trago a resenha do livro épico
que fecha a Série do Cemitério dos Livros Esquecidos. Numa trama <i>noir</i> e cinematográfica, <i>O Labirinto dos Espíritos</i> faz confluir
as narrativas de todos os principais personagens da série e explora de forma
bastante incisiva o lado obscuro do passado da cidade catalã de Barcelona nos
seus tempos de regime franquista, denunciando as atrocidades que eram comuns
durante e também após a Guerra Civil Espanhola.</b></div><o:p></o:p></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sinopse
do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/05/ano-da-espanha-no-conhecer-tudo.html"><span class="LinkdaInternet">Espanha</span></a><span style="color: #00000a;"> vivia o
auge da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/12/a-guerra-civil-espanhola-e-campanha-do.html"><span class="LinkdaInternet">Guerra Civil</span></a><span style="color: #00000a;"> que
culminaria com ascensão do General Francisco Franco quando </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/04/conhecendo-barcelona-pelos-passos-de.html"><span class="LinkdaInternet">Barcelona</span></a><span style="color: #00000a;"> se tornou
o alvo da <i>Aviazione Legionaria</i>
italiana. Entre os dias 16 e 18 março de 1938 a cidade catalã seria
intensamente bombardeada e 1.300 pessoas morreriam no ataque<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Labirinto%20dos%20Esp%C3%ADritos%20%E2%80%93%20Carlos%20Ruiz%20Zaf%C3%B3n%20-%20Resenha.docx#_ftn1" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a>.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Na época, Alicia Gris ainda
era uma menina que só escapou da morte, graças a inesperada ajuda de um amigo
de seu pai, o foragido Fermín Romero de Torres. Desesperados, os dois fogem
pelos telhados dos prédios vizinhos à casa da menina até que uma explosão os
separa e deixa em Alicia uma ferida que a torturaria pelo resto de sua vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Vinte e um anos depois,
Alicia é uma investigadora talentosa que percorre o submundo da capital
espanhola solucionando casos a serviço do sistema franquista. Quando o ministro
da educação, Maurício Valls, desaparece, a moça é recrutada para investigar e
determinar seu paradeiro. É nesse momento que ela e seu parceiro no caso, o
capitão Vargas, imergem numa trama obscura envolvendo o passado do ministro e
que tem início ainda no período da guerra, quando ele ainda era diretor da
prisão barcelonesa de Montjuic. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Em Barcelona, Daniel Sempere,
protagonista de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><i>A Sombra do Vento</i></span></a><i><span style="color: #00000a;">,</span></i><span style="color: #00000a;"> vive uma vida pacata ao lado da esposa e do filho,
Julián, mas é constantemente atormentado pelas sombras do mistério que cerca a
morte de sua mãe, Isabella. Angustiado pelo seu desejo de vingança, o rapaz
dedica-se secretamente a investigações inúteis sobre seu principal suspeito, o
desaparecido ministro Valls, enquanto administra a livraria do pai ao lado da
esposa e de Fermín. </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A
medida que a investigação de Alicie avança, os fios que compõe a trama de uma
história cheia de crimes e segredos vão convergindo e se entrelaçando à
história da família Sempere, e em pouco tempo o destino de Alicia, Daniel e
Fermín se entrecruzam revelando mistérios e fechando lacunas que foram deixadas
nos livros publicados anteriormente. Assim, a macronarrativa do </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=Cemit%C3%A9rio+dos+Livros+Esquecidos"><span class="LinkdaInternet"><i>Cemitério dos Livros
Esquecidos</i></span></a><i><span style="color: #00000a;">,</span></i><span style="color: #00000a;"> que teve seu
início a 18 anos atrás (2001 foi o ano de publicação de <i>A Sombra do Vento</i>), encontra seu desfecho com o entrecruzamento das
várias narrativas dos muitos personagens que compõem a série.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Quarto e último livro da
série <i>O Cemitério dos Livros Esquecidos,
O Labirinto dos Espíritos</i> reúne, integra e faz confluir as narrativas de
todos os principais personagens da série, fazendo dos livros predecessores
afluentes de um rio tortuoso que vai preenchendo as lacunas e clareando os
livros anteriores. Ao mesmo tempo essa é também a mais longa narrativa de Zafón,
que introduz na trama a história de um novo e importante personagem: a sombria
e sarcástica Alicia Gris. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Sou fã declarado da série e
do estilo de escrita de Zafón e a leitura de <i>O Labirinto dos Espíritos</i> me prendeu de forma irresistível em seu
labirinto de histórias, tragédias e tramas. Zafón constrói cenários, enredos e
personagens de uma forma única e, em seu estilo sombrio e misterioso, compõe
com uma escrita que me fascina. <i>O
Labirinto dos Espíritos</i> é mais um atestado da qualidade da obra do escritor
barcelonês que fecha com estilo a sua série mais famosa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Percebi que ao longo da
escrita da série Zafón optou por escrever combinando as características de
diferentes gêneros literários. <i>A Sombra
do Vento</i> é basicamente um livro de mistério e aventura, característica que
é mantida em </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><i>O Prisioneiro do Céu</i></span></a><i><span style="color: #00000a;">, </span></i><span style="color: #00000a;">entretanto, esse último vai além da aventura e ressalta o
cenário de terror da ascensão do regime franquista<i>. </i>Por sua vez, </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><i>O Jogo do Anjo</i></span></a><i><span style="color: #00000a;"> </span></i><span style="color: #00000a;">possui uma pegada mais sobrenatural e gótica, no qual
elementos mágicos e a loucura são muito explorados. Contudo, <i>O Labirinto dos Espíritos</i> é
essencialmente um <i>romance noir<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Labirinto%20dos%20Esp%C3%ADritos%20%E2%80%93%20Carlos%20Ruiz%20Zaf%C3%B3n%20-%20Resenha.docx#_ftn2" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></b></span></span></span></a></i></span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">. Digo isso
porque seu principal foco está nas investigações de Alicia e seu companheiro
Vargas que na busca por encontrar o paradeiro de Valls revira o seu passado e
desenterra seus crimes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Diferente do que ocorre em </span><i><span style="color: #00000a;">A Sombra do Vento</span></i><span style="color: #00000a;">, no qual Daniel e Fermín investigam o passado do escritor
maldito Julián Carax, os personagens do último livro da série são de fato
investigadores profissionais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Alicia não é uma policial como Vargas, mas não deixa de se
comportar como uma investigadora, uma detetive implacável. Ela é uma mulher
soturna e sofrida, como tantas outras que sobreviveram aos tempos de
guerra.<span> </span>Como investigadora Alice é uma
pessoa curiosa, determinada e capaz de tudo. Sua aura é sombria e até mesmo
fatal e seu humor sarcástico só vacila quando as dores de seu ferimento de
guerra a atormentam. Mas no fundo ela é também uma pessoa sensível e que ama,
uma literata apaixonada e alguém que inveja a felicidade modesta daqueles que
vivem uma vida comum. Como um mosaico de sentimentos conflitantes que vão da
frieza a doçura, Alicia é um personagem singular e único dentro do livro
responsável por revelar cada um dos fios que ligam os muitos personagens da
série.<span> </span>Não é à toa que ela é a
personagem preferida de seu criador. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Vargas, por sua vez, faz o papel do investigador durão e
rústico, comilão e que odeia demonstrar qualquer tipo de fragilidade. Ele é o
típico policial que, de tão acostumado ao submundo e aos seus horrores, já não
consegue ter uma perspectiva positiva da vida, além de carregar consigo todo o
peso de um passado de tragédias e traumas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Juntos, mesmo que contra a vontade, os dois reviram o passado
nebuloso do ministro Valls e revelam a corrupção e a podridão que existe por
trás do sistema e das pessoas ilustres que representam o seu panteão</span><span style="color: #00000a;">. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Quanto a Daniel, também nesse
livro sua participação é modesta, como vinha se revelando nos volumes
anteriores protagonizados por outros personagens, mas tudo conflui para ele e
para o passado de sua família como também já se era de esperar. O mesmo se dá
com Fermín que, depois do seu protagonismo em </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><i>O Prisioneiro do Céu</i></span></a><i>,</i> <span style="color: #00000a;">volta a
dar mais espaço aos novos personagens, contudo ainda sendo uma peça chave para
o desencadeamento da narrativa e para ligar as histórias de cada personagem na
trama.<span> </span>Por vezes, me questiono se Fermín
não seria o grande personagem dessa série, haja vista a sua extensa
participação nos fatos ocorridos em várias épocas da linha histórica de <i>O Cemitério dos Livros Esquecidos</i>.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 19pt; line-height: 107%;">Estilo e temática de um livro mosaico, caleidoscópico<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Em </span><i><span style="color: #00000a;">O Labirinto dos Espíritos,</span></i><span style="color: #00000a;"> </span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Zafón volta a falar da corrupção e de toda a
podridão impregnada dentro do sistema implantado durante o governo do general
Franco. Os horrores do fim da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/12/a-guerra-civil-espanhola-e-campanha-do.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%;">Guerra
Civil Espanhola</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> também são novamente invocados. </span><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/31/Barcelona_bombing_(1938).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="Fotografia do bombardeio aéreo de Barcelona em 17 de março de 1938, visto de um bombardeiro italiano. Wikimedia Commons." border="0" data-original-height="520" data-original-width="800" height="416" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/31/Barcelona_bombing_(1938).jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fotografia do bombardeio aéreo a Barcelona em 17 de março de 1938, visto de um bombardeiro italiano. <a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/31/Barcelona_bombing_%281938%29.jpg" rel="nofollow" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.<br /></td></tr></tbody></table><br /><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><div><br /></div></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Barcelona e Madri são cidades mergulhadas na obscuridade, ainda
mais sombrias do que a Barcelona narrada pelo olhar de Daniel no </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%;">primeiro
livro da série</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">. A narrativa, as suas personagens e os lugares
que lhes servem de cenário estão impregnados pela melancolia, pelo sabor de
derrota e pela taciturnidade dos espanhóis, mas principalmente pelas sombras
pesadas de um regime que espalhara a morte e cultivava o terror através de seus
agentes sombrios, que carregavam a morte no olhar e ceifavam vidas em nome de
um sistema deturpado e a favor apenas dos mais poderosos. </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Mas o elemento que mais se destaca no livro é o estilo. </span><b><i><span style="color: #00000a;">O Labirinto dos Espíritos representa, sem dúvida, o</span></i></b><b><span style="color: #00000a;"> ápice da
escrita de Zafón</span></b><span style="color: #00000a;">. <b>Nele seu estilo que mistura poética, romance gótico e policial ganha um
maior refinamento e sua escrita chega ao seu auge</b>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Sempre comento como admiro o
estilo poético e cheio de construções estilísticas da escrita de Zafón. Mesmo
falando sobre temas sombrios ele escreve de uma forma única que lhe é peculiar
e que ajuda a construir com <i>sombras</i> e
<i>vapores</i> os cenários e a atmosfera de
seus enredos. A escrita é bastante descritiva, mas nunca se torna cansativa.
Humor, sarcasmo, ironia e divagações poetizadas se misturam a uma descrição
impecável e original que encanta aqueles que, como eu, apreciam um texto muito
bem escrito. Mas o que o escritor barcelonês faz no último livro de sua série é
levar ao ponto mais extremo esse seu estilo único e compor o volume mais bem
escrito da coleção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Confesso que ainda prefiro <i>A Sombra do Vento, </i>o livro mais
romântico da série e que apresenta meu personagem predileto, Daniel. Ali
Barcelona é uma mistura de sombras e perfumes que se misturam e revelam uma
cidade cheia de mistérios, perdas e pessoas sofridas e taciturnas. Mas, ao
mesmo tempo, é uma cidade que permite o florescer dos amores juvenis e inconsequentes
como o de Daniel e Beatriz, e que abriga, apesar dos pesares, os sonhos
daqueles que possuem muito pouca esperança. <o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG0GXM1i_dkcEuWBaRElSVBh-OPQu2P_-wk-YWlyW4JxDmYOn7B2IvKhuKFN1cvbgFsA8y07Py8upqR8unedg2PVR0BszEtb3LpxWWROu4odiQmX7M3Qv0ZeAUbbAo3szToVP4kHja0Mr2/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1426" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG0GXM1i_dkcEuWBaRElSVBh-OPQu2P_-wk-YWlyW4JxDmYOn7B2IvKhuKFN1cvbgFsA8y07Py8upqR8unedg2PVR0BszEtb3LpxWWROu4odiQmX7M3Qv0ZeAUbbAo3szToVP4kHja0Mr2/w279-h400/A+Sombra+do+Vento.jpg" width="279" /></a></div><span style="color: #00000a;"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Não obstante, à medida que
avançamos na série, Barcelona vai se tornando cada vez mais sombria, por vezes
gótica, mas sempre encoberta por um véu de obscuridade formada pelo medo, por
mentiras e mistérios, e pela crueldade da guerra e do regime de Franco. <b><i>O
Labirinto dos Espíritos</i> explora de forma ainda mais incisiva esse lado
obscuro do passado da cidade catalã e denuncia as atrocidades cometidas durante
a Guerra Civil Espanhola, ao mesmo tempo que faz uma excursão pelos bastidores
do sistema implantado após a sua conclusão</b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O romance é </span></b><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">mosaico</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> e em suas muitas partes ele vai
conectando cada uma das narrativas contadas nos livros anteriores da série,
compondo um labirinto com muitas portas, ramificações e fantasmas. Todas as
histórias e personagens do </span><i><span style="color: #00000a;">Cemitério dos Livros Esquecidos</span></i><span style="color: #00000a;"> convergem para essa trama e muitos pontos
propositadamente deixados soltos nos demais livros vão sendo preenchidos e os
vários fios da trama são atados em um ponto de convergência único. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Podemos considerar que em si
o livro todo é o desfecho de uma grande história, a do <i>Cemitério dos Livros Esquecidos</i>, mas Zafón também buscou dar ao <i>Labirinto dos Espíritos</i> um desfecho
completamente e indubitavelmente fechado, o que nos torna oficialmente órfãos
da série.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O autor dá destino a todos os
seus personagens, encerrando para sempre uma das melhores séries que já li. Por
isso, </span><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O livro de Julián</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, a última
parte que compõe a história, não só nos dá uma noção de depois, indicando os
desdobramentos das vidas de cada personagem, como também nos dá uma noção da
transformação sofrida pela </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/05/ano-da-espanha-no-conhecer-tudo.html"><span style="line-height: 107%;">Espanha</span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> com o final
do regime franquista. A cidade que vemos é uma cidade que se moderniza e que
dissipa as trevas e a lugubridade que marcam a Barcelona da série. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Assim, a
história épica que começa com o jovem e ingênuo Daniel Sempere em uma madrugada
de magia e descobertas, se encerra com a perigosa aventura de Alicia Gris e com
o destino da nova geração que vislumbra, com brilho nos olhos, a magnífica
basílica de livros, o </span></b><b><span style="color: #00000a;">Cemitério dos Livros Esquecidos.</span></b><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Enfim, um fim digno a uma narrativa caleidoscópica que
por 15 anos embalou os leitores assíduos e apaixonados de Zafón.</span></b><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida é da Editora
Suma, do ano de 2016 e possui 680 páginas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Saiba mais sobre Carlos Ruiz Zafón na </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%;">postagem
especial</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> que fizemos sobre ele. </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Preview </span><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">do Google Books<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível
no Google Books. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=HYwtDwAAQBAJ&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: red;"><o:p> </o:p></span></p>
<div><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Labirinto%20dos%20Esp%C3%ADritos%20%E2%80%93%20Carlos%20Ruiz%20Zaf%C3%B3n%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a>https://pt.wikipedia.org/wiki/Bombardeio_de_Barcelona<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Labirinto%20dos%20Esp%C3%ADritos%20%E2%80%93%20Carlos%20Ruiz%20Zaf%C3%B3n%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[2]</span></span></span></span></a>Os
romances Noir, Preto em francês é o tipo de romance policial onde os
personagens são mais humanizados, os detetives nesse tipo de história, costumam
beber, brigar, se envolver em romances e sexo. Também existem outras tramas
paralelas, a história portanto não gira em torno de apenas um fato, mas vários.
(Wikipédia)<o:p></o:p></p>
</div>
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/09/especial-zafon.html" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSsHkeXaiK15x4Y-Q_rFyZ4En5XVwgi-L37up7lz7W1BlczMU-Zn7VHIwzEc36og1L0T3HPzohhmMnr69A2RyCHEqVWxpNPy7Gfl4DDfsAo5WRFDjlrZcSd1sZH7pcjLI9Du6HK-d2bQw7/w400-h400/Especial+Zaf%25C3%25B3n.jpg" width="400" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-4739998127947384572020-10-04T00:00:00.008-03:002021-01-23T09:58:53.609-03:00[#MeusLivros] Admirável Mundo Novo – Aldous Huxley – Resenha<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Por Eric Silva<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Dedicado à ex-professora de Inglês<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Está sem tempo para
ler? Ouça a nossa resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/uEEHM-Xwiq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=749780385087" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;"></span></b></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGpnN4tiXzZoUFLvkoDYEAH58oRVCG2xZusyHQXZatq335v-jPhIwJj5kGmsA0vgFagd4F8_cNo7gGkdWeSnbB3YpwT7QBMpblY9_p_-IdTI6q9AmT1NrQEJyYDvbmIiZ9K42IZIq_LnH6/" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1219" data-original-width="800" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGpnN4tiXzZoUFLvkoDYEAH58oRVCG2xZusyHQXZatq335v-jPhIwJj5kGmsA0vgFagd4F8_cNo7gGkdWeSnbB3YpwT7QBMpblY9_p_-IdTI6q9AmT1NrQEJyYDvbmIiZ9K42IZIq_LnH6/w421-h640/Admir%25C3%25A1vel+Mundo+Novo.jpg" width="421" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Edição de bolso que ganhei na aurora dos meus 18 anos de idade<br /> e que me acompanha até hoje.</td></tr></tbody></table><div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><b></b></div><b><div style="text-align: justify;"><b>Distópico e desolador, <i>Admirável Mundo Novo</i> foi o último livro a marcar minha adolescência
deixando impressões que influenciaram meu pensamento político e social ainda no
começo da minha vida adulta. Um romance sobre uma sociedade supertecnológica e
consumista que aboliu a família, a religião e as relações duradoras em nome de
uma felicidade programada e determinada pelo estado. Um livro cuja crítica
social se torna cada vez mais atual apesar dos mais de setenta anos de escrito.</b></div><o:p></o:p></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Confira a resenha.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sinopse<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Após uma guerra que
revolucionaria a história da humanidade, a sociedade é inteiramente
reorganizada entorno de um regime totalitário baseado em princípios
científicos, com divisão social em castas e que prega a felicidade eterna.
Nessa nova organização social de escala planetária, famílias e religiões forma
abolidas tornando-se um mundo de pessoas biologicamente programadas em
laboratório, e adestradas para cumprir um papel predeterminado na sociedade. Um
mundo altamente tecnológico que proibiu a literatura e exalta o avanço da
técnica e a uniformidade. Esse é o cenário de Admirável Mundo Novo, obra mais
conhecida do escritor inglês Aldous Huxley publicado pela primeira vez em 1932.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Eu e Admirável Mundo
Novo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Ganhei esse livro de minha professora de Língua Inglesa já no
final do último ano do Ensino Médio, como uma lembrança dos últimos três anos
em que fui seu aluno. Ela, é claro, acertou em cheio em sua escolha, porque não
há presente algum que me faça mais feliz do que ganhar um livro. É um tipo de
presente que não me desfaço e que conservo com carinho. A prova disso é que os
primeiros livros que ganhei na vida estão comigo há quase 22 anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Mas <i>Admirável Mundo Novo</i> significa muito
mais do que uma lembrança carinhosa de alguém que admiro como ser humano e
profissional docente, ele marcou um período de mudança para mim e se tornou uma
importante referência no meu posicionamento crítico e político</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">. Dentro da
lista dos livros da <i>Minha infância e
adolescência, </i>ele representa o último portal que atravessei antes de me
tornar um leitor maduro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Era dezembro de 2008, eu tinha 18 anos e o fim do ensino médio marcava
para mim uma mudança profunda: <b>o fim da
vida escolar como eu a conhecia</b>. Era o fim daquela rotina a qual estava
acostumado desde os meus três anos de idade, e confesso que só não me sentia
assustado com o que estaria por vir, porque sempre tive maturidade o suficiente
para me manter equilibrado diante da mudança. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Sabia que o fim do período escolar marcava um momento em que se
abriria para mim uma nova perspectiva: <i>a
vida adulta </i>(que na verdade se iniciara um ano antes com o adoecimento de
minha mãe) <i>e também a vida acadêmica</i>
(que eu adiaria até meados do ano de 2010). De fato, um <i>mundo novo</i> de possibilidades e novas experiências me projetariam
para além do universo e da rotina que eu conhecia até meus malformados 18 anos.
O Eric CDF da escola daria lugar ao acadêmico, a um Eric mais crítico e
fortemente ligado à ciência, à crítica social e à literatura como um todo.<span> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Como o protagonista do livro de Aldous Huxley, eu deixaria o
mundo que conhecia para contemplar as maravilhas e os dissabores de outro,
desconhecido. Por outro lado, também como ele, esse indivíduo que contemplaria
e vivenciaria um <i>mundo novo</i> estaria
de toda forma fortemente ligado e alicerçado no seu, no meu caso, o passado
escolar, porque <b><i>sou o que meus professores fizeram de mim, e eles são partes que
compõem o meu todo</i></b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Li <i>Admirável Mundo Novo </i>justamente
nessa época, fazendo com que fosse o meu último livro desse período. Contudo
sua influência vai além. A obra icônica de Huxley carrega em seu enredo uma
crítica muito forte e contundente a uma sociedade que vive para o consumo e
para a produção em massa. Uma sociedade alienada, baseada em um modo de vida
alienante e de forte controle social, que é garantido mediante a inculcação de
valores e ideias que reproduzem o <i>status
quo</i> ao naturalizar a organização social hierarquizada e injusta, e que
também reproduzia o conformismo e a submissão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Admirável Mundo Novo</span></i></b><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> é uma fabulosa crítica ao sistema capitalista
bem como toda forma de autoritarismo seja ele de direita ou de esquerda, e, por
isso, esse livro também se tornaria referência para mim em meus estudos
acadêmicos.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Por conta destas coisas <i>Admirável
Mundo Novo</i> é um livro que tem uma dupla importância para mim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">O Enredo e os
Personagens Principais<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">No ano de 632 depois de Ford (2540 d.C.), muito séculos após A
Guerra dos Nove Anos (141 d.F. – 2049 d.C.), o mundo e a sociedade como a
conhecemos não existe mais. A sociedade humana alcançou o seu apogeu
tornando-se ainda mais industrializada e voltada para o trabalho e o consumo,
além de quase desprovida de humanidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Não existem mais pais ou filhos, maridos ou esposas, porque as
crianças são produzidas, criadas e educadas em Centros de Incubação e
Condicionamento como o de Londres Central, onde são também condicionadas e
deformadas de acordo com sua posição social predefinida, duplicadas em grupo de
dezenas de gêmeos para atender a demanda de mão de obra nas fábricas e
condicionadas a não criarem vínculos afetivos duradouros. <b>O amor e a paixão foram abolidos assim como as relações baseadas em
compromisso</b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Em nome de uma pretensa <i>estabilidade</i>
a religião foi extinta, assim como as ciências humanas e a literatura, só os
meios de comunicação de massa são permitidos e o acesso ao conhecimento é
filtrado e restrito a uns poucos. A sociedade dividida em classes sociais foi
substituída por uma comunidade organizada em castas (<i>alfas, betas, gamas</i>…), sem mobilidade social e definidas desde o
nascimento. Da mesma forma é definida desde o nascimento a <i>identidade</i> individual e coletiva de cada indivíduo, condicionado a
aceitar passivamente e alienadamente o seu lugar na sociedade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Todos são sempre jovens e livres para ter tudo o que foram
condicionados a desejar e, por isso, o isolamento, a castidade e a
contemplação, mesmo que da natureza, são vistos como comportamentos estranhos e
inadequados, atitudes antissociais e reprimíveis. Toda essa forma de pensar é
inculcada e reproduzida constantemente através da repetição de uma ideologia
que prega uma mentalidade e uma felicidade quase que infantil, que exalta o
novo sobre o velho e a superficialidade das relações. A vida se resume a
trabalhar e ser produtivo, consumir e descartar e, enfim, entregar-se aos
prazeres proporcionado pelo sexo livre e sem compromisso, pelas drogas e pelas
atividades de lazer em grupo, mas que envolvam algum tipo de consumo. E para
àqueles que por algum erro no processo de “fabricação” ou de condicionamento não
conseguem se encaixar nesse modelo de sociedade resta o exílio em alguma ilha
isolada em algum lugar do globo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Em resumo, essa é a sociedade distópica a que somos apresentados
por Aldous Huxley em <i>Admirável Mundo Novo</i>.
Uma sociedade criada e organizada por um Estado Mundial que tem como lema:
COMUNIDADE, IDENTIDADE, ESTABILIDADE. Estabilidade essa que é forjada a partir
de um controle social rígido, legitimado e inescapável e do consumo regular do <i>soma,</i> uma droga psicodélica capaz de
afastar os anseios e sentimentos negativos através de uma fuga da realidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Ao longo dos três capítulos que iniciam a obra somos
apresentados a forma como esse <i>novo mundo
</i>se apresenta e é organizado. Acompanhando uma visita técnica de estudantes <i>alfas – </i>a casta superior na hierarquia
social, formada basicamente por cientistas e dirigentes <i>–</i> ao Centros de Incubação e Condicionamento de Londres Central, o
narrador de Aldous vai descortinando a tessitura<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftn1" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a>
social sustentado pelo Estado Mundial bem como história que levou a sociedade
humana desprezar toda a sua cultura e natureza biológica para criar outra
sociedade, uma que fosse “feliz”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Porém sob a
capa da pretensa felicidade, comunhão e estabilidade entre os povos mundiais
existem aqueles que não conseguem se encaixar completamente dentro da sociedade
e se sentem sempre deslocados e incompletos. O enredo de <i>Admirável Mundo Novo</i> gira entorno principalmente de três destes
deslocados: Bernard, Helmholtz e Jhon.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Psicólogo da casta dos <i>alfas,</i>
Bernard é um dos poucos em Londres que tem consciência da futilidade e
promiscuidade das relações, além disso ele se sente diferente dos demais de sua
casta porque possui um físico acanhado e muito parecido com o comum entre os
indivíduos das castas inferiores, o que o irrita e diminui seu sucesso com as
mulheres. Por conta destas inadequações, o psicólogo evita bastante a interação
social com seus colegas de trabalho e nutre uma certa paixão por Lenina, uma
das funcionárias do Centro de Incubação. Por outro lado, as atitudes
“antissociais” de Bernard fazem com que gradativamente ele vá sendo evitado,
desprezado e considerado como estranho por seus pares. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Por sua vez, Helmholtz é o justo contrário de seu amigo Bernard.
Porém, mesmo sendo socialmente muito requisitado e um competente e promissor
“Engenheiro em Emoção”, Helmholtz se sentia tolhido em uma sociedade tão
carregada de superficialidade e tão desprovida de conteúdo. Decepcionava-o a
falta de significado em tudo o que fazia como engenheiro (escrever para rádios,
compor cenários para <i>filmes sensíveis</i>
e criar slogans e versinhos <i>hipnopédicos</i>)
e ansiava por algo que não sabia descrever ao certo o que era.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Por fim, temos John, ou o Selvagem, como seria chamado posteriormente.
John é o principal personagem da trama de Aldous – apesar de só aparecer a
partir do capítulo 7 – e o mais deslocado dos três, por ser o único que não
havia nascido e sido criado dentro da sociedade controlada pelo Estado mundial.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">John era filho de Linda, uma <i>beta
</i>que acidentalmente se perdeu em uma reserva indígena durante uma viagem de
turismo. Lá ela deu à luz a uma criança do último homem com quem se relacionara
antes de se perder, e, por conta da vergonha de ter se tornado mãe, é forçada a
viver entre os índios. Contudo as reservas indígenas eram os únicos recantos do
mundo onde ainda se era permitido viver como séculos atrás, e impedidos de se
adequar as gritantes diferenças culturais entre Linda e os indígenas, mãe e
filho foram durante muitos anos desprezados e excluídos socialmente pela tribo
até que são resgatados por Bernard e Lenina e levados de volta para Londres. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Em Londres John passa a conhecer aquele mundo novo que só
conhecia das histórias contadas pela mãe, e começa a sentir o forte choque
cultural que essa aproximação lhe impõe, sobretudo quando se descobre
apaixonado pela fútil e sedutora Lenina. Ele era muito ligado às tradições e
aos costumes da reserva, e com a forte influência dos livros de Shakespeare,
ele era incapaz de compreender a futilidade, a licenciosidade e a
superficialidade daquele modo de viver. Era incapaz de entender que seu
sentimento por Lenina jamais seria correspondido da mesma maneira, porque o
amor sublime, por vezes platônico e capaz de sacrifícios inimagináveis,
simplesmente não existia na realidade em que ela vivia, e da qual fazia parte.
Ela não conhecia essas coisas e era incapaz de compreendê-lo, e ele, a ela.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Quando pesamos o quanto John e sua mãe eram considerados
indesejáveis na Reserva e toda a sua relutância em aderir ao modo de viver e de
pensar do Outro Lado, concluímos que ele não pertencia a nenhum dos dois
mundos, nem ao da reserva, nem a da sociedade condicionada a qual pertencia
Lenina, e por isso estava ainda mais deslocado e irremediavelmente perdido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Outros personagens importantes na trama são: a própria Lenina
Crowne, que como todas as moças de seu tempo era uma mulher superficial e pouco
inclinada a compreender as excentricidades de Bernard e John; o rígido Diretor
do Centro de Incubação de Londres, Thomas “Tomakin”, e o Administrador Mundial,
Mustafá Mond, principal dirigente da sociedade londrina e inglesa e notadamente
o homem mais culto da trama.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Controle total:
totalitarismo como tema principal<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal"></p><div style="text-align: justify;">Admirável mundo Novo é um livro de ficção científica, mas é também uma distopia moderna. O principal tema deste livro é o totalitarismo, um totalitarismo que passa a controlar não apenas a ideologia e o comportamento das pessoas, como também, através do condicionamento e do soma, o seu nascimento, suas preferências e seu lugar no mundo. Um controle total e quase inescapável, tanto onipresente (uma vez que todos dentro da sociedade se tornam vigilantes em relação aos comportamentos uns dos outros) como onipotente (já que o sistema direciona todos os aspectos da vida dos indivíduos). </div><span style="color: #00000a; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><font color="#00000a"><div style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;"><font color="#00000a">É muito claro na narrativa
que o principal objetivo de Aldous é, ao mesmo tempo que critica o
autoritarismo, demonstrar o destino para o qual a sociedade humana está
caminhando: </font></span><b style="color: #00000a;">uma sociedade de
supercontrole, consumista, superficial e da fugacidade</b><span style="color: #00000a;">.</span></div></font></span><p></p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Objetivando alcançar uma felicidade absoluta e incontestável a
sociedade de <i>Admirável Mundo Novo</i>
caminha para uma ditadura totalitária e de controle total. Para a filósofa
política alemã Hannah Arendt, o totalitarismo tem de específico “<i>a dominação permanente de todos os
indivíduos em toda e qualquer esfera da vida</i>”<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftn2" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><i><span><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></b></span></span></i></span></a>, ou seja,
exatamente o que é feito pela sociedade imaginada por Huxley. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">As “<i>medidas biopolíticas
de administração da vida</i>”<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftn3" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[3]</span></span></span></span></a> existem e são aplicadas
pelo Governo Mundial visando garantir o controle total sobre os indivíduos e
seus corpos. A <b>manipulação genética</b>
é utilizada para selecionar e agrupar os indivíduos, separando-os pelas
potencialidades e cerceando por completo a liberdade de escolha; <b>a propaganda ideológica</b> serve à
disseminação da obediência e da visão ideológica do sistema, naturalizando-as;
a <b>hipnopedia</b> é empregada nas
crianças para incutir a aceitação e o conformismo, ampliando as possibilidades
de dominação absoluta na fase adulta – a mais complicada das fases; o <b>soma</b> existe como droga capaz de
entorpecer os desejos e inconformismo, alienador químico, possibilidade de fuga
controlada; a <b>proibição da literatura</b>
para que ideias contrárias ao sistema e seus valores não sejam propagadas, bem
como impedir o desenvolvimento da criticidade dos sujeitos para que eles não
enxerguem como prisioneiros do sistema; e, por fim, o <b>monitoramento constante dos comportamentos</b> que desestimula a
solidão e a exclusividade para que os próprios indivíduos se tornem vigilantes
e vigiados, uma vigilância eterna, ininterrupta e sem rosto definido. Uma
vigilância sem necessidade de câmeras. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Enfim, o que se vê em <i>Admirável
Mundo Novo</i> é uma sociedade de controle total da vida, no qual cada aspecto
do indivíduo (profissional, emocional, comportamental, amoroso, religioso e
intelectual) é moldado a pensar e agir conforme a programação do regime. </span><span style="color: red; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Mas além de totalitária a sociedade de <i>Admirável Mundo Novo</i> é também utilitarista, forjada para o consumo
e para uma vida emocionalmente fácil. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Tudo e cada
coisa é medida e dado valor pela utilidade no tocante a torná-los felizes.</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> Mesmo o corpo
e o sexo deve ter essa utilidade, deixando de ser espaço individual e privado.
Por outro lado, para sustentar o próprio sistema o consumo se torna essencial
para que a economia esteja sempre em movimento. Consumista, a sociedade de
Huxley se torna também do descarte, porque o que não é novo, o que não é
tendência deve ser descartado eliminado, trocado, alimentando o consumismo
irresponsável, despreocupado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Se não
bastasse, não há por que se preocupar com os laços por que eles não existem.
Nesta sociedade vínculos familiares, de amizade e de amor inexistem.</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> O primeiro é
considerado uma aberração, um ato vergonhoso e quase criminoso. Os dois últimos
são desestimulados para que se evite os excessos, os sentimentos de posse e de
ciúmes. A felicidade pensada para essa sociedade é uma felicidade encontrada no
descompromisso, caminho que, se pensarmos, já vem sendo seguido, sobretudo
pelos mais jovens que buscam relações cada vez mais líquidas e
descompromissadas. Contudo, a sociedade do livro de Huxley elimina
completamente essas relações e as cercam de tabus. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Fico imaginando se não deveria ser solitário e vazio não se ter
uma origem, não se ter pais ou família, viver com a certeza que será sempre só
você e as pessoas que, transitoriamente, passarão por sua vida sem, no entanto,
deixarem impressões profundas, sem que haja permanência e continuidade nessas
relações tão somente marcadas pela realização dos desejos mais urgentes e
efêmeros. <b><i>Admirável Mundo Novo</i> é, parafraseando Saramago, um <i>ensaio sobre a efemeridade e a
superficialidade</i>.</b> Ali tudo é efêmero ou superficial: a vida, os
sentimentos, as relações, a utilidade das coisas. Acho que por isso mesmo houve
a necessidade por aquela sociedade de adotar o consumo em massa de uma droga
que fosse capaz de preencher as lacunas deixadas por essas coisas, por essas
ausências, efemeridades e superficialidades que em nada combina com a natureza
intensa e complexa do ser humano. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Contraditoriamente, a sociedade imaginada para o livro exalta a
“comunidade”, o “fazer junto”, o “nunca estar só ou isolado” e o
“compartilhar-se” literalmente. Todavia o resultado que essa exigência de
comunidade produz no leitor é um sentimento de solidão inexpugnável, porque na
verdade todos ali estão e sempre foram sós. <b>Tudo no mundo daqueles personagens é vazio de conteúdo e profundidade,
mas eles não são capazes de percebê-lo. O regime não o permitem ver.</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Sátira da sociedade capitalista, consumista e
utilitarista</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, em <i>Admirável Mundo Novo</i>
Huxley faz sua crítica a sociedade capitalista moderna cada vez mais vazia de
sentido em si. Tão acríticos quanto os personagens de sua trama, nós, a
sociedade do consumismo e da liquidez, não vemos o vazio de nossas existências
regidas pelo consumo do supérfluo e pelo desejo do que é inútil, vazio,
entorpecente e alienante. A organização mundial da economia e a indústria
cultural nos oferece o seu <i>soma</i> e
como ovelhas lobotomizadas os seguimos sem refletir a essência das coisas. Nada
é coletivo, mas é de massa. Os que por acaso se desviam deste caminho
predefinido – semelhante ao que acontece no livro de Huxley – são acusados de
desajustamento e sofrem preconceito, hostilidade ou são alvos de piadas<i>.</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Cheio de referências<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Um dos livros mais importantes de Aldous Huxley, <i>Admirável
Mundo Novo</i></span><span style="color: #00000a;"> (<i>Brave New World</i>) foi escrito em 1931, mas só foi publicado no ano
seguinte pela Chatto & Windus. O título é inspirado em uma passagem do
livro <i>A Tempestade</i> (Ato V), de
William Shakespeare, mas funciona dentro da trama como um jogo de palavras, uma
vez que para John o mundo moderno e ultratecnológico de <i><span>Admirável Mundo Novo</span></i> é uma
realidade nova e desconhecida. Contudo, o livro é ainda cheio de outras
referências à obra de Shakespeare, bem como de várias personalidades
importantes que influenciaram profundamente a ciência e a história recente da
humanidade. As principais dessas referências são a Henry Ford, Sigmund Freud e
Thomas Malthus. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Em uma sociedade extremamente
industrializada em que até a fecundação e o nascimento dos indivíduos se dá
como em uma linha de produção fabril, Henry Ford, mundialmente conhecido pela
criação da Linha de Montagem, acaba por se tornar uma figura messiânica<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftn4" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[4]</span></span></span></span></a>
dentro do mundo controlado pelo Estado Mundial. Ele é mencionado e exaltado a
todo momento pelos personagens da trama. Não apenas seu nome como também
algumas de suas ideias são mencionadas e configurando-se quase como um Deus, a
referência a Ford substitui na trama até a tão conhecida expressão inglesa “<i>my God</i>” por “<i>our Ford</i>”, e a cruz, símbolo máximo do cristianismo, pelo “T”, nome
do primeiro modelo de carro confeccionado pela empresa de Ford. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">No caso de Freud o destaque é
bem menor e por vezes citado no lugar de Henry Ford. Por sua vez, quanto a
Thomas Malthus, economista britânico que via o crescimento da população como a
causa da pobreza no mundo, a referência é bem mais sutil e relacionada aos
métodos contraceptivos adotados pelas mulheres que podem reproduzir. Por fim,
Shakespeare é outra grande referência na obra que cita através das falas de
John – um dos poucos a ter tido contato com alguma obra de literatura – grandes
passagens de obras como <i>Macbeth</i>, <i>A Tempestade</i>, <i>Romeu e Julieta</i>, <i>Hamlet</i>, <i>Rei Lear</i>, <i>Sonho de uma Noite de Verão</i>, <i>Medida
por Medida</i> e <i>Otelo</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Sobre a estética
literária<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">Admirável Mundo Novo</span></i><span style="color: #00000a;">
é dividido em 18 capítulos sem títulos e sem que haja grandes ganchos entre
eles. Não há suspense ou grandes reviravoltas em grande parte de sua narrativa,
mas Huxley garante a atenção do seu leitor pelo deslumbramento causado por um
mundo absurdo, onde certamente não conseguiríamos nos encaixar facilmente. E é
por ser absurdo um mundo sem pais, filhos, amor ou religião que o livro de
Huxley causa em seus leitores mais sensíveis um sentimento de desolação e
desesperança.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A</span><span style="background: white; color: #00000a; line-height: 107%;">pesar de
escrito há quase 89 anos atrás a escrita de Hu</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">xley nesse livro é muito fluida e de
fácil compreensão o que e aliado a tradução de Lino Vallandro ajudou bastante
para o entendimento de todo o universo distópico e muito singular imaginado
pelo autor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O narrador deste livro é
onisciente<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftn5" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[5]</span></span></span></span></a>
e bastante complexo, ora mostrando distanciamento da narrativa ora “<i>deixando marcas das suas impressões</i>”
como atesta Nelson Samuel Porto Veratti. Na sua narração, muitas vezes crítica,
irônica e até desdenhosa, como a caracteriza o autor supracitado, o narrador
permite que os pensamentos dos personagens se misturem à sua fala indo no
íntimo das convicções e dos pensamentos alheios, sem, no entanto, acatá-los,
por isso, Veratti o classifica como um “<i>entre
aqueles que não se deixam iludir pelas aparências</i>” daquele <i>mundo novo</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O que mais gosto nessa
narrativa é sua crítica social ao totalitarismo, à sociedade do consumo, à
superficialidade e à banalidade das relações do mundo dito pós-moderno. É quase
uma aula de Zygmunt Bauman. Porém, o livro tem também seus pontos fracos e o
principal deles é a lentidão do seu desenvolvimento. Contudo, esse foi um mal
necessário sem o qual não conheceríamos e compreenderíamos a fundo nem o mundo
criado para o livro nem as pretensões do autor ao escrevê-lo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Notas finais: a
atualidade de um livro complexo e fascinante<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Admirável
Mundo Novo</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> foi escrito numa época na qual grande parte de seus avanços
tecnológicos ainda se encontravam no campo do <i>vir a ser</i>, do <i>pode vir a ser</i>.
O capitalismo financeiro e industrial se encontrava instalado e passava
primeira de suas mais profundas crises, a grande depressão. O tom da obra
transmite o pessimismo daqueles dias sombrios, nos quais as nações capitalistas
viviam anos de profunda recessão econômica e desemprego crescente, regimes
totalitários emergiam na Europa e as circunstâncias preparavam o terreno para
uma segunda guerra mundial que eclodiria em set de 1939.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O profundo pessimismo de Huxley que não oferece saída a seus
personagens reflete a própria atmosfera de um período no qual o futuro era
incerto e as circunstâncias adversas, por isso esse tom carregado de desalento
domina o livro. Mas em grande parte, para a sociedade da década de 30,
Admirável<i> Mundo Novo</i> não fez tanto
sentido quanto ele faz nos dias atuais de um capitalismo globalizado, de
grandes avanços científicos e tecnológicos de uma sociedade liquida e
consumista e com uma população mundial de 7,5 bilhões de pessoas (na década de
30 éramos pouco mais de 2 bilhões).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Parecemo-nos muito mais com a sociedade de <i>Admirável Mundo Novo</i> do que há 89 anos, quando instituições como a
família e religião eram sólidas e as relações, duradoras. O consumo se
encontrava limitado pelas circunstâncias dos anos difíceis, mas em anos
anteriores, sobretudo nos EUA, havia ocorrido um crescimento exponencial do
consumo por conta da busca incessante dos estadunidenses por manter o <i><span>American
way</span> of <span>life<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftn6" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[6]</span></b></span></span></span></a></span><span> </span></i><span>(o estilo americano de vida)<i> </i>e concretizar o tão sonhado <i>American
Dream<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftn7" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[7]</span></b></span></span></span></a> </i>(o sonho
americano).</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Por se parecer tanto com nossa sociedade é que <i>Admirável Mundo Novo</i> pode ser
considerado visionário e fazer mais sentido hoje do que na época em que foi
escrito. </span><span class="fontstyle01"><span style="color: #00000a;">Com uma
clareza impressionante o pesquisador </span></span><span style="color: #00000a;">Nelson
Samuel Porto Veratti</span><span class="fontstyle01"><span style="color: #00000a;">
expõe a atualidade do livro de Huxley quando afirma que: </span></span><span class="fontstyle01"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span class="fontstyle01"><i><span style="color: red;"><span> </span></span></i></span><span class="fontstyle01"><i><span style="color: #17406d;">“A passividade e a cooptação que caracterizam as
personagens huxleyanas também estão presentes na massa acrítica do mundo atual,
muitas vezes sedada por tranquilizantes (Soma), distraída por superficialidades
sensoriais (cinema sensível e música sintética), conduzida pelo aboio
ideológico capitalista (consumismo desenfreado), seduzida pela busca da
felicidade a qualquer preço (</span></i></span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=hedonismo"><i><span face="AGaramondPro-Regular, serif" style="line-height: 107%;">hedonismo</span></i></a><span class="fontstyle01"><i><span style="color: #17406d;"> e </span></i></span><span class="fontstyle21"><span style="color: #17406d;">ecstasy</span></span><span class="fontstyle01"><i><span style="color: #17406d;">), privada das instâncias libertadoras (escasso
incentivo à leitura e à reflexão) e infantilizada pela intolerância à frustração
(liberdade sem responsabilidade), entre outras coisas</span></i></span><i><span style="color: #17406d;">”<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Enfim, a ideia do livro de
Huxley não é só criativa como avançadíssima para a época em que a obra fora
escrita. O autor antevê avanços como a inseminação artificial e a clonagem que
só se tornariam possíveis muitas décadas depois. Além disso, o consumismo
retratado na narrativa é um tema cada vez mais atual e próximo da forma como se
dá na trama: ilimitado, superestimulado e inconsciente. Em muitos aspectos,
como expõem Veratti, nos encontramos perigosamente próximos de um mundo <i>admiravelmente</i> <i>novo</i>.</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">O desfecho é inusitado, bastante realista e pessimista,
mas bastante condizente com o caráter desapaixonado de seu narrador e de toda a
narrativa, bem como com a insanidade daquele mundo. [ALERTA DE SPOILER SOBRE O
DESFECHO]. Não havia ali possibilidade de um final romântico ou ingênuo, mas só
da realidade crua e bruta de quando somos incapazes de nos encaixar e
possibilidades de solução nos faltam. Aos personagens que conseguem vislumbrar
algo para além do que o controle social lhe permite resta apenas duas
opções:<span> </span>ou aceitar o que é posto e
aderir a ele, ou ir para o extremo contrário e abandonar tudo, pois não é a
eles permitido transformar a realidade ao sabor dos próprios desejos ou convicções.
Uma realidade inescapável tão não só pela morte.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Enfim, um livro crítico, atual, possível e
desapaixonadamente marcante.</span></b><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida é da Editora
Globo, do ano de 2003 e possui 318 páginas. Abaixo você pode conferir uma
prévia do <b>livro em outra edição</b> que
se encontra disponível no Google Books. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Escritor inglês, Aldous Leonard Huxley nasceu em Godalming, no
dia 26 de julho de 1894. Estudou no Balliol College, em Oxford e graduou-se em
inglês em 1916.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Huxley é mundialmente conhecido pelos seus romances e ensaios. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Seus primeiros poemas foram publicados em 1916. Quatro anos
depois lançou mais duas obras. Só em 1921 chegou a publicar seu primeiro livro
de crítica social, "<i>Crome Yellow</i>",
ainda sem tradução no Brasil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Atuou como crítico literário e teatral e escreveu artigos para
várias revistas. Foi editor da revista <i>Oxford
Poetry</i> e publicou contos, poesias, literatura de viagem e roteiros de
filmes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A partir da década de 50, tornou-se um entusiasta do uso
responsável do LSD, fazendo ele mesmo uso do alucinógeno. Em 1960, Huxley foi
diagnosticado com câncer de laringe e faleceu em Los Angeles no dia 22 de
novembro de 1963.<o:p></o:p></span></p>
<span face="calibri, sans-serif" lang="EN-US" style="color: #00000a; font-size: 20pt; line-height: 107%;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 20pt;">Prévia
do Google Books</span></div></span><div style="text-align: justify;"><font color="#00000a" face="Calibri, sans-serif"><span style="font-size: 26.6667px;"><br /></span></font></div><div><div style="text-align: justify;"><span face="calibri, sans-serif" style="color: #00000a; font-size: 26.6667px;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=FfX-AgAAQBAJ&lpg=PP1&dq=admir%C3%A1vel%20mundo%20novo&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe></span></div>
<div><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a>Modo
como estão interligadas as partes de um todo; organização, contextura<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[2]</span></span></span></span></a>ARENDT,
H. <b>Origens do totalitarismo</b>. São Paulo: Companhia das Letras, 1989<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[3]</span></span></span></span></a>Nelson
Samuel Porto Veratti.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[4]</span></span></span></span></a>https://pt.wikipedia.org/wiki/Admirável_Mundo_Novo<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[5]</span></span></span></span></a>Segundo
Ana Paula de Araújo é quando o narrador “sabe de tudo. Há vários tipos de
narrador onisciente, mas podemos dizer que são chamados assim porque conhecem
todos os aspectos da história e de seus personagens. Pode por exemplo descrever
sentimentos e pensamentos das personagens, assim como pode descrever coisas que
acontecem em dois locais ao mesmo tempo”. (Infoescola).<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[6]</span></span></span></span></a>O
Sonho Americano (em inglês: American Dream) é um ethos nacional dos Estados
Unidos, uma variedade de ideais de liberdade inclui a chance para o sucesso e
prosperidade, maior mobilidade social para as famílias e crianças, alcançada
através de trabalho duro em uma sociedade sem obstáculos. (Wikipédia).<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Admir%C3%A1vel%20Mundo%20Novo%20-%20Resenha.docx#_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[7]</span></span></span></span></a>O
American way (em português, '‘jeito ou estilo americano’') ou American way of
life ('estilo americano de vida’') é a expressão aplicada a um estilo de vida
que funcionaria como referência de autoimagem para a maioria dos habitantes dos
Estados Unidos da América. Seria uma modalidade comportamento dominante e
expressão do ethos nacionalista desenvolvido a partir do século XVIII, cuja
base é a crença nos direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade, como
direitos inalienáveis de todos americanos, nos termos da Declaração de
Independência. Pode-se relacionar o American way com o American Dream.
(Wikipédia).<o:p></o:p></p>
</div>
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-3973675440348684372020-09-22T20:45:00.004-03:002020-12-12T12:50:31.981-03:00[Especial Zafón] “La Ciudad de Vapor”: livro póstumo de Carlos Ruiz Zafón é anunciado para novembro <p align="right" class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">Por Eric Silva<o:p></o:p></span></p>
<p align="right" class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span color="windowtext">21 de setembro de 2020<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" style="font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto"><span color="windowtext"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/LU5028RWea?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=115192058589" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe> <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia;"><b><span color="windowtext">Editora Planeta anuncia para novembro a publicação de
uma coletânea de contos publicados e inéditos do escritor barcelonês. </span></b><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzDFx1l62wLnSMaMnHo6cpAVUhKtou3ek2m2yn08QsmVzjt0wvTm5PJ7y_3nhqhfROG9uJ-g0RxSqrwor0S5tFeNscMHqT-t2dUD0HuTGB8FPGWO7rUY8UVQ2S7AmsHjaJoUkiSQlJRC3G/s1024/libro-carlos-ruiz-saf%25C3%25B3n-1024x780.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="780" data-original-width="1024" height="488" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzDFx1l62wLnSMaMnHo6cpAVUhKtou3ek2m2yn08QsmVzjt0wvTm5PJ7y_3nhqhfROG9uJ-g0RxSqrwor0S5tFeNscMHqT-t2dUD0HuTGB8FPGWO7rUY8UVQ2S7AmsHjaJoUkiSQlJRC3G/w640-h488/libro-carlos-ruiz-saf%25C3%25B3n-1024x780.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">La Ciudad de Vapor será publicado pela editora espanhola Planeta em novembro. 224 páginas. Imagem: Divulgação.<br /></td></tr></tbody></table><span color="windowtext"><br /></span><p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Após dois anos de luta, no
dia 19 de junho deste ano, o escritor </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">Carlos Ruiz Zafón</span></span></a><span color="windowtext"> perdeu a batalha contra um câncer e veio a falecer na
cidade de Los Angeles, EUA, deixando aos seus leitores uma obra composta por oito
romances publicados e uma série de contos e que o colocara na qualidade do
escritor espanhol mais vendido no mundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">A morte prematura do
escritor fez supor que </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-labirinto-dos.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">O Labirinto dos Espíritos</span></i></span></a><span color="windowtext">, publicado na Espanha, em 2016, seria a última obra
publicado do autor. Contudo, para a surpresa dos fãs, na última segunda feira
(21), a editora espanhola Planeta anunciou a publicação de um livro póstumo de
Zafón, com data prevista para o dia 17 de novembro ainda deste ano. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">La Ciudad de Vapor, </span></i><span color="windowtext">título escolhido para obra, é uma coletânea que reúne os contos
publicados por Zafón em vida, além de outros textos do autor ainda inéditos.
Trata-se de um copilado de onze narrativas breves, sete delas publicadas em
jornais, revistas e edições especiais de suas próprias novelas e que, por isso,
se encontram atualmente fora de circulação. Já as outras quatro narrativas,
ainda inéditas, reúnem tanto personagens como situações presentes nos quatro
romances da série </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=O+Cemit%C3%A9rio+dos+Livros+Esquecidos+"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">O Cemitério dos Livros Esquecidos</span></i></span></a><span color="windowtext"> do qual fazem parte livros como </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">A Sombra do Vento</span></i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext"> </span></i><span color="windowtext">e </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">O Prisioneiro do Céu</span></i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">.</span></i><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Entre os contos já
publicados e que farão parte da publicação anunciada se encontram <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Gaudí em Manhattan </i>(2002) e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Leyenda de Navidad</i> (2003), ambos
publicados no periódico La Vanguardia; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La
Mujer de Vapor </i>e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Alicia al Alba</i>,
ambos publicados no livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Barcelona
Gothic</i>, obra organizada por Libros de Vanguardia y Renfe em 2008.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Além destes, fazem parte
também da coleção os contos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Hombres de
Gris</i> (2008) e </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/12/especial-zafon-el-principe-de-parnaso.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">El Príncipe de Parnaso</span></i></span></a><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext"> </span></i><span color="windowtext">(2012) que foram publicados pela editora Planeta em
edições promocionais. Por fim, há ainda o pequeno conto </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-rosa-de-fuego-conto.html"><span class="LinkdaInternet"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext">Rosa de Fuego</span></i></span></a><span color="windowtext">, que apareceu na Magazine do periódico La Vanguardia
em 2012. Estes dois últimos contos serão, em breve, resenhados aqui no blog
dentro do projeto do </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">Especial Zafón</span></span></a><span color="windowtext">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Apesar de só ter sido
divulgado alguns meses após o falecimento do autor, o projeto do livro não é
recente e foi discutido por Zafón e seu editor e amigo Emili Rosales, mas foi
adiado com a piora do quadro clínico do escritor</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">La Ciudad de Vapor</span></i><span color="windowtext">, foi idealizado originalmente para ser uma homenagem
aos leitores de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Sombra do Vento</i>,
mas será publicado como homenagem póstuma ao autor barcelonês. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">O livro chegará às
livrarias espanholas no dia 17 de novembro com uma edição também em catalão,
segundo idioma da comunidade autônoma espanhola da Catalunha, onde se localiza
a Barcelona eternizada pelos escritos de Zafón.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext">Não há previsão para uma
edição brasileira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%;">Referências das informações coletadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">ALONSO, Begoña. Tu libro de otoño va a ser seguro 'La ciudad de vapor',
la obra póstuma de Carlos Ruiz Zafón. Elle, [s.l.], 21 set. 2020. </span><span color="windowtext">Disponível em: </span><a href="https://www.elle.com/es/living/ocio-cultura/a34092820/la-ciudad-de-vapor-cuentos-carlos-ruiz-zafon/"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">https://</span></span><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">www.elle.com/es/living/ocio-cultura/a34092820/la-ciudad-de-vapor-cuentos-carlos-ruiz-zafon/</span></span></a><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">. Acesso em: 21
set. 2020.</span><span color="windowtext" lang="ES" style="mso-ansi-language: ES;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">MORÁN, David. Los relatos inéditos de Carlos Ruiz Zafón verán la luz en
«La ciudad de vapor». ABC, Barcelona, 21 set. 2020. Disponível em: </span><a href="https://www.abc.es/cultura/libros/abci-relatos-ineditos-carlos-ruiz-zafon-veran-ciudad-vapor-202009211109_noticia.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">https://www.abc.es/cultura/libros/abci-relatos-ineditos-carlos-ruiz-zafon-veran-ciudad-vapor-202009211109_noticia.html</span></span></a><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">. Acesso em: 21
set. 2020.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">VILA-SANJUÁN, Sergio. El libro “La ciudad de vapor” rescatará los
relatos inéditos de Carlos Ruiz Zafón. La Vanguardia, [s.l.], 21 set. 2020.
Disponível em:</span><span color="windowtext" lang="EN-US"> </span><a href="https://www.lavanguardia.com/cultura/culturas/20200921/483582072849/ciudad-de-vapor-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">https://www.lavanguardia.com/cultura/culturas/20200921/483582072849/ciudad-de-vapor-ruiz-zafon.html</span></span></a><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">. Acesso em: 21
set. 2020.</span><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span color="windowtext" lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><b><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens Relacionadas</span></b><span color="windowtext" style="font-size: 22pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">Especial Zafón</span></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/quem-e-carlos-ruiz-zafon-especial-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">Quem é Carlos Ruiz Zafón?</span></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><b><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Resenhas</span></b><span color="windowtext" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">A Sombra do Vento – Carlos
Ruiz Zafón – Resenha de Releitura</span></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/02/especial-zafon-o-jogo-do-anjo-carlos.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">O Jogo do Anjo – Carlos
Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/05/especial-zafon-o-prisioneiro-do-ceu_2.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">O Prisioneiro do Céu –
Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span color="windowtext"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/11/especial-zafon-o-labirinto-dos.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="windowtext">O Labirinto dos Espíritos –
Carlos Ruiz Zafón – Resenha</span></span></a><span color="windowtext">
(em breve)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto"><span color="windowtext"><o:p> </o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/especial-zafon.html" target="_blank"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSsHkeXaiK15x4Y-Q_rFyZ4En5XVwgi-L37up7lz7W1BlczMU-Zn7VHIwzEc36og1L0T3HPzohhmMnr69A2RyCHEqVWxpNPy7Gfl4DDfsAo5WRFDjlrZcSd1sZH7pcjLI9Du6HK-d2bQw7/w400-h400/Especial+Zaf%25C3%25B3n.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-33263673789869741392020-09-13T21:01:00.003-03:002020-09-20T12:27:45.351-03:00O Retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde – Resenha <p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Por Eric Silva<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">19 de abril de 2020<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 7cm; text-align: right;"></p><div style="text-align: right;">“Não existem fatos morais ou imorais em um livro. Os livros são apenas bem ou mal escritos. Isto é tudo”.</div><font size="2"><div style="text-align: right;"><br /></div></font><div style="text-align: right;">(Oscar Wilde)</div><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/a1DXm4vWea?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=864818531343" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH20JoheMCnQ1GykFOEkU169fPfimO9hF9B6WlXfjMparTLw_zHvySUb0RQC-743ZbCodCl_F8iUOW23q83Zo3vQ1fxJBFgaBVk9zPBJ8P5R7_clIgHASTTKQ5O04cn2V84yclXL8NRd1R/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="351" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH20JoheMCnQ1GykFOEkU169fPfimO9hF9B6WlXfjMparTLw_zHvySUb0RQC-743ZbCodCl_F8iUOW23q83Zo3vQ1fxJBFgaBVk9zPBJ8P5R7_clIgHASTTKQ5O04cn2V84yclXL8NRd1R/d/O+Retrato+de+Dorian+Gray.jpg" /></a></b></div><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="text-align: left;">A história fantástica de Dorian Gray, mesmo após de 130
anos, é uma ressalva sobre a corrupção nascida da vaidade e do ego ainda
bastante atual, ainda que a intenção do autor não fosse originalmente dar
nenhuma lição de moralidade. Complexo, dramático e absurdamente original em sua
ideia básica de enredo, <i>O Retrato de
Dorian Gray</i> de Oscar Wilde causou polêmica em sua época por trazer temas
reprováveis pela sociedade da época, e é o tipo do livro que ou você ou vai
amar ou odiar (e há muitos motivos para ambos).</b></p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sinopse
do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O pintor Basil Hallward
encontra um novo ímpeto e inspiração para sua arte depois que conhece o jovem
Dorian Gray, um rapaz um tanto puro, ingênuo e imaturo, mas dono de uma beleza
juvenil espetacular e que vinha chamando a atenção da aristocrática sociedade
londrina. Movido por essa adoração quase romântica, Basil comenta com seu
amigo, o hedonista e cínico </span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Lorde Henry Wotton,</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> sobre o seu
achado. Exalta o caráter e beleza de Dorian e fala sobre o</span><span style="color: #00000a;"> retrato estupendo do rapaz que com tanto afinco e arte
ele pintava, ainda que Dorian se sentisse entediado de posar por tanto tempo
para seu amigo pintor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Curioso com a devoção
apaixonada de Basil pelo rapaz, Henry insiste em conhecer Dorian, e também se
encanta com o rapaz, logo se tornando amigos. Com a convivências com Henry,
Dorian pouco a pouco se desvia para uma vida de prazeres imediatos e de
superficialidades estéticas que o Lorde cultuava como o único tipo de vida que
valia a pena ser vivida e que tratou de incutir na mente do rapaz. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Quando finalmente a pintura
de Basil fica pronta, o pintor teme ter impresso na tela todo o seu íntimo e
assim ter exposto seus sentimentos mais recônditos pelo rapaz. Então, decide
presentear Dorian com o retrato pintado dele. Impressionado com a pintura, o rapaz
se dá conta, pela primeira vez, de sua enorme beleza e inveja a pintura, porque
ela nunca envelheceria, enquanto ele perderia o frescor da juventude com o
transcorrer dos anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Depois daquele episódio, a
medida com que o tempo passa, a beleza do rapaz aprece imutável e enquanto
todos envelhecem ele se mantém jovem. Ao mesmo tempo, uma revolução se dá no
caráter do rapaz, e Dorian vai se tornando ele também hedonista, egoísta e
narcisista, entregando-se a um estilo de vida que transforma radicalmente a ele
e ao retrato.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Antes de começar, preciso fazer a seguinte observação: <i>O Retrato de Dorian Gray</i> possui duas
versões, a original de 1890, com treze capítulos, e outra, publicada no ano
seguinte, com vinte capítulos. Essa segunda versão ampliada e modificada foi
exigência dos editores de Oscar Wilde que desejavam que a narrativa original de
1890 fosse suavizada, provavelmente pela recepção do público e as controvérsias
entorno do livro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A edição que eu li, é a versão original, bilíngue, contendo apenas
os 13 capítulos originais. Por conta disso, essa edição não pode ser comparada,
por exemplo, com o filme homônimo de Oliver Parker (2009), que possui
personagens existentes na versão ampliada, mas que inexistem na versão original
de 1890.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Como falei no lead desta resenha, <i>O Retrato de Dorian Gray</i> é uma obra complexa, dramática e
absurdamente original em sua ideia básica de enredo. Mas preciso, no entanto,
esclarecer cada um desses pontos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Afirmo que o único romance escrito por Oscar Wilde é <b>uma obra complexa</b> por um motivo
bastante peculiar. Em geral considero um livro complexo pela natureza de sua
narrativa, mas este não é o caso, porque que em geral os acontecimentos
narrados em <i>O Retrato de Dorian Gray</i>
se dá em espaços fechados como o ateliê de Basil, ou em teatros e óperas,
quando não nas salas de estar dos aristocratas Henry e Dorian. <b>Não, em relação a enredo o livro é simples,
bem pouco dinâmico e pesado na quantidade de diálogos.</b> <b>O que faz essa narrativa complexa do meu ponto de vista é a complexidade
de dois de seus personagens principais</b>. Falemos um pouco então deles:
Dorian e Lorde Henry.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Dorian</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O rapaz Dorian é de longe o mais complexo dos personagens do
livro, porque o protagonista da trama foi pintado por Wilde com muitos matizes
de cores e sua personalidade vai se metamorfoseando com o desenvolvimento da
trama, tornando-o extremamente narcisista, imoral, insensível e até pérfido. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Segundo dá a entender o narrador, Dorian, antes mesmo de
conhecer Basil, era um garoto ingênuo, puro e bom. Sua beleza física, que se
encontrava na primavera da vida, se harmonizava com uma candura, talvez,
bucólica, campestre. Mas talvez ele não fosse isso tudo, e essa minha sensação
seja influência da atuação de Ben Barnes, que interpreta um Dorian bastante
tímido e um tantinho interiorano no filme de Oliver Parker (2009). Mas seja
como for, foram o culto recebido nos salões ingleses, mas principalmente a
devoção apaixonada de Basil, que levaram o rapaz a tomar consciência do quão
grande e fascinante era a sua beleza física, despertando nele a primeira
semente de sua derrocada: uma vaidade até então adormecida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4NpEL-KdcP_lSh4H1Mp84Xj09PCaovEIOoIFraT0fyffWahKq9t-OTHB9ODXZbHeo3hhb9hJBYt1VP-jqLQx29cKZ_e-5pQJ8udN2PeHTHSHxHXz5mhKjovKYmiOrUmPVmEn7CNqlgC54/" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1366" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4NpEL-KdcP_lSh4H1Mp84Xj09PCaovEIOoIFraT0fyffWahKq9t-OTHB9ODXZbHeo3hhb9hJBYt1VP-jqLQx29cKZ_e-5pQJ8udN2PeHTHSHxHXz5mhKjovKYmiOrUmPVmEn7CNqlgC54/w400-h225/Captura+de+tela+2020-05-13+13.35.04.png" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dorian, interpretado por Ben Barnes, ao chegar em Londres<br /></td></tr></tbody></table><br /><div><div style="text-align: justify;">Contudo, Henry, foi o ator e o regente principal da perdição do
jovem Dorian, que inocente das maldades e vaidades do mundo, encontra no Lorde
um instrutor para uma vida de prazeres supérfluos, devassidão, superficialidade
e galanterias.</div><o:p></o:p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Henry incute em Dorian uma paixão doentia pelo que a vida e a
sua condição podiam lhe dar. Dentro dessa paixão ele acaba deturpando ou
afastando qualquer outro sentimento que possa prendê-lo ou afastá-lo de uma
realidade que ele criou em sua mente e considera como perfeita. [ALERTA DE SPOILER].
Por isso, ele se mostra capaz distorcer a realidade para que ela caiba no que
seu desejo lhe impõe, como convencer a si mesmo que Sibyl Vane, atriz sem
sucesso por quem ele pensou estar apaixonado e que depois ele ilude e abandona
por um motivo torpe e sem sentido, não cometeu suicídio por sua causa. Ele,
literalmente, convence a si mesmo que não tem culpa por aquela morte
desesperada, e passa a ver o caso com indiferença e a Sibyl como um sonho de um
passado mais longínquo do que recente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Além disso, essa paixão pela vida leva Dorian a ter uma sede
insaciável por conhecer coisas novas, uma fome de conhecimento que poderia ser
construtiva, se em outros aspectos de seu caráter o rapaz não fosse danoso a si
e a todos os demais (na narrativa quase todo mundo que se relaciona com ele se
desvia, entra em declínio ou tem fim trágico).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Contudo, <b>Dorian não é, em
nenhum sentido, um personagem plano</b>, ou seja, previsível e constituído de
uma única ideia ou qualidade. Em muitos momentos, a mente de Dorian parece
enevoada e tentando resistir ao declínio rápido e acentuado de seu caráter. Ele
tem momentos breves de sensatez e humanidade, mas que logo depois são
espantados pela vaidade e degeneração a que estava submetido. Ainda assim,
Dorian vai ser, até o fim da trama, egoísta e egocêntricos. Incapaz de
arrepender-se de seus crimes e das consequências de seus atos. Até chega a
surgir um lampejo de uma vontade de ser bom novamente, talvez resultado do
cansaço promovido pelo peso de sua vida depravada, mas na minha opinião (a
mesma de Henry), ele só estava inclinando-se ao desejo de sentir uma nova
sensação, novamente agia por vaidade. Porque a imagem que construí de Dorian, é
que ele só tinha pena de si mesmo e tudo que fazia era pensando unicamente em
si, em sua vaidade e em alimentar sua fome de novidades, prazeres, de sentir
novas sensações e de afastar o tédio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Todo esse egoísmo e depravação de Dorian se tornam evidentes na
pintura de Basil que passa a carregar em si o peso dos pecados e da consciência
que o próprio rapaz parecia perder.<span>
</span>Tanto que seu instinto de esconder o quadro não era apenas para ocultar
dos outros o seu segredo, era também ocultar de si a verdade de que ele se
transformava em um monstro desalmado, porque a pintura, como um espelho, era o
reflexo de sua alma corrupta. Por desejar nunca envelhecer e perder sua beleza,
colocando a beleza e a estética na frente de tudo, de todos e de todas as
coisas que ele teria “<i>uma carga terrível
de carregar</i>”. Essa seria a frase que melhor ilustra o futuro de Dorian na
trama.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Lorde Henry <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Considero <span>Lorde Henry
Wotton</span> como um hedonista desprezível. Henry é uma pessoa inescrupulosa,
imoral e sob sua influência Dorian vai se tornando sórdido e desprezível. Um
dos personagens mais repulsivos que já tive o desprazer de conhecer na
literatura. A avó sadista dos <span>Dollanganger
de </span></span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/02/o-jardim-dos-esquecidos-virginia-c.html"><span class="LinkdaInternet"><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O Jardim dos Esquecidos</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, não conseguiu provocar em mim tanta repulsa quanto o personagem do
aristocrata de </span><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O Retrato de
Dorian Gray</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3SuwJc9euseaxwHgdOgAt-DcXb2e-pDRrxF9xS9fpizlc9vAsru4TANZ42ugG0N8UyKub-AsO_ekrkr8gL-w5TOxjgseCUFmriJU_RKalAjfrKjSGP4w0B7_hv4QOqMH-pxOSzYNiXFEf/" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1366" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3SuwJc9euseaxwHgdOgAt-DcXb2e-pDRrxF9xS9fpizlc9vAsru4TANZ42ugG0N8UyKub-AsO_ekrkr8gL-w5TOxjgseCUFmriJU_RKalAjfrKjSGP4w0B7_hv4QOqMH-pxOSzYNiXFEf/w400-h225/Captura+de+tela+2020-05-13+13.36.24.png" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lorde Henry, interpretado por Colin Firth<br /></td></tr></tbody></table><br /><div><div style="text-align: justify;">Ele é o que na época era chamado de
dândi, um homem que se vestia de forma refinada, com excelente senso estético,
conhecedor da arte, que defendia que a vida deveria ser vivida de forma intensa
e que dava um enorme valor ao esteticismo e à beleza presente em detalhes
miúdos e por vezes até insignificantes<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftn1" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></a>.
No popular um boa-vida muito bem trajado e cheio de tempo ocioso para pensar,
tecer e falar sobre coisas pouco imediatas enquanto se entretém com jogos e
lazer. <b>Contudo, Henry era um dândi em
decadência, além disso, um homem arrogante e sem nenhum moralismo</b>.</div><o:p></o:p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Era profundo defensor da filosofia </span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">hedonista<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftn2" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></span></span></span></a>,
mas um completo hipócrita, uma vez que ele mesmo não pusesse em prática as suas
ideias. Em lugar disso, usava como experiências aqueles que, ao seu redor,
fossem impressionáveis o bastante para se envolver em suas preleções pomposas,
aparentemente muito profundas e reveladoras. Uma vez que os mergulhava em suas
ideias Henry se entretinha em observá-los, estudá-los e distorcer pensamentos e
sentimentos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Dorian foi ingênuo e impressionável o bastante para se tornar um
experimento de Henry, e, enquanto Basil criou sua obra-prima a partir da imagem
de Dorian, impresso na tela, o aristocrata hedonista buscou tornar Dorian,
literalmente, em seu <i>magnum opus<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftn3" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[3]</span></b></span></span></span></a></i>. Talvez, acredito
eu, que ele só o tenha conseguido porque faltou a Dorian orientação familiar. O
rapaz havia tido como única família um tio que o desprezava, maltratava e o
trancava, isolando-o do mundo. Dorian era novo demais e não foi preparado para
pensar por si mesmo ou para separar o joio do trigo. Basil, que era
profundamente moral, talvez pudesse tê-lo ajudado, se sua devoção, se sua
paixão por Dorian não o tivesse tornado fraco e complacente<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftn4" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[4]</span></span></span></span></a>
com os erros do rapaz. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Gosto de filosofia, mas o hedonismo e esteticismo apresentado
pelo personagem Henry, me enojou bastante, não me convenceu e foi insuportável
de ler. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Dramático e
absurdamente original<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Mesmo tendo falado mais profundamente destes dois personagens,
porém, isso não é o suficiente para explicar porque eu acho <i>O Retrato de Dorian Gray</i> dramático,
absurdamente original e o tipo do livro que ou você ama ou odeia, havendo
muitos motivos para ambos.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivBEWGfma1nZm2RbfQbJgde4k4G0gzUfJYU50VIXo7yy-49SSgqoJ3NGFf8ItcuruswNR72Gg5fgwIxFPs6ZlFWnQD0KDrfRBU560AWxGKjMmkMhAfaOcWipMkGk2RCZU6kJdOuummf9lX/" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="404" data-original-width="404" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivBEWGfma1nZm2RbfQbJgde4k4G0gzUfJYU50VIXo7yy-49SSgqoJ3NGFf8ItcuruswNR72Gg5fgwIxFPs6ZlFWnQD0KDrfRBU560AWxGKjMmkMhAfaOcWipMkGk2RCZU6kJdOuummf9lX/d/page.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Corrupção: o retrato antes e depois.<br /></td></tr></tbody></table><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Histórias de maldições e de pactos com o demônio são comuns, mas
eu ainda não vi nada na literatura moderna que se assemelhe a proposta de
enredo de <i>O Retrato de Dorian Gray</i> e
que não tenha sido inspiração na própria obra de Wilde. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Em primeiro lugar, temos aqui uma maldição muito peculiar:
trocar de lugar com um retrato que envelhecerá em seu lugar e representará o
âmago de sua alma como se fosse um espelho. Faz lembrar o conto da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=branca+de+neve"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Branca de Neve</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, onde o espelho seria o retrato, e a
vaidade o motor que move o seu usuário. Contudo, Dorian não é um bruxo. Ao
contrário do que ocorre no conto dos </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=Irm%C3%A3os+Grimm"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Irmãos Grimm</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, trata-se de uma maldição que dota o
personagem de uma personalidade muito singular e maquiavélica, sem, no entanto,
dotá-lo de nenhum poder sobrenatural em particular o qual ele possa fazer uso.
Mas se fossemos comparar esse texto a algum clássico antecessor, <b>eu o compararia</b> <b>a uma releitura moderna do mito de Narciso. </b></span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Na trama, Basil talvez seria a versão masculina da ninfa Eco,
que cultua a imagem de Narciso (Dorian), enamora-se e fica preso a uma torrente
devocional que causa a desgraça dos dois. No caso, a Eco de Wilde confecciona a
pintura que será a destruição dos dois. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">No mito, por conta de Eco, que em algumas versões morre
apaixonada, Narciso é levado por Nêmesis, deusa da vingança, a olhar para seu
reflexo n’água e apaixona-se por sua própria imagem refletida, ficando tão
fixado e incapaz de afastar-se da imagem, que morre ali mesmo à margem do
regato. Dorian, assim como Narciso, era belo, orgulhosos e arrogante, e ao
ver-se representado na tela de Basil, inveja a si mesmo, porque passa a amar a
si mesmo mais do que a tudo e a todos. Como Narciso, era incapaz de se
apaixonar, e por isso causou dor, não só a Basil, como a muitas outras pessoas
que por ele se enamoraram. [ALERTA DE SPOILER] E pela vaidade e egoísmo condena
a si e a Basil a um fim trágico.<i> <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #0f6fc6; line-height: 107%;">“A própria agudeza do contraste costumava animar seu sentimento de
prazer. Ele se tornava cada vez mais enamorado de sua própria beleza e cada vez
mais interessado na corrupção de sua alma”</span></i><span style="color: #0f6fc6; line-height: 107%;">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Mas voltando a discussão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Em segundo lugar, o livro de Wilde contém uma maldição nascida
de um desejo muito forte, mas quase inconsciente e sem que haja uma promessa,
um pacto demoníaco. E por fim, Wilde faz com que tudo isso se torne uma união
entre o fantástico </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Sobrenatural"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">sobrenatural</span></span></a><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">,</span></span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> sem perder as
raízes na podridão muito real das relações humanas em uma sociedade hipócrita,
conservadora e corrupta. Por isso, achei <i>O
Retrato de Dorian Gray</i> original, sobretudo para a sua época. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Segundo afirma a introdução da edição lida, Wilde teria tido a
ideia após ser chamado ao estúdio do pintor Basil Ward. Na época, o pintor estava
finalizando uma pintura de um jovem modelo, e Wilde, após ter visto a obra
teria dito: “<i>é uma pena que tal gloriosa
criatura um dia envelheça</i>”, afirmação com a qual Basil Ward concordou e
acrescentou: “<i>seria maravilhoso se ele
pudesse permanecer exatamente como ele é; a imagem do quadro é que deveria
ganhar as marcas do tempo</i>”. Daí nasceria a inspiração para o livro.</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Contudo, apesar dessa ideia básica do enredo ser estimulante,
instigante, a escrita de Wilde não ajudou muito. <i>O Retrato de Dorian Gray</i> é um livro pensado pelo autor para que
seja filosófico e defenda suas ideias esteticistas e, por isso, o autor carrega
a narrativa com diálogos pomposos e longuíssimos que logo entediam o leitor
mais acostumado ao dinamismo da literatura contemporânea, ou simplesmente
àqueles que não estão interessados na temática do hedonismo ou do esteticismo
wildiano (este último é meu caso em particular).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Além desse fator, o livro é extremamente dramático no sentido
dramatúrgico da palavra. Único romance do autor inglês que, no entanto,
escreveu dezenas de peças teatrais, é provável que por conta da veia dramaturga
de Wilde tudo nesse livro soa como uma grande peça de teatro, com longos
discursos do narrador e diálogos extensos quase sempre com duas ou três pessoas
no máximo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Outro aspecto da narrativa a ser destacada é o seu conteúdo
filosófico proeminente, ligado ao hedonismo e ao esteticismo (</span><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_Temas_que_saltam"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">falo mais sobre logo a seguir</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">), e que torna
a leitura do livro um pouco irritante, bastante cansativa e me fez levar 105
dias para terminar de ler. Esses 105 dias é expressão do quanto muito pouco a
escrita wildiana me estimulou a terminar de ler. </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Por isso,
afirmo que ele é um livro que ou você vai amar (pela originalidade e pela
narrativa de cunho fantástico) ou odiar (por todos os outros motivos).<o:p></o:p></span></b></p>
<h1 style="margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: left;"><a name="_Temas_que_saltam"></a><span style="color: #00000a; font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Temas
que saltam à vista: esteticismo e homossexualidade <o:p></o:p></span></h1>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Como falei, <i>O Retrato de Dorian Gray</i> é um livro que
aborda com ênfase o esteticismo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Segundo Alexandre Garcia
Peres<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftn5" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[5]</span></span></span></span></a>,
o esteticismo foi um movimento tanto artístico quanto intelectual que se
desenvolveu ao longo do século XIX. Tinha por características o <i>“[...] culto ao Belo na arte, em detrimento
da função ético-moral que ela pode ter [...]</i>” e <i>“[...] foi um dos vários movimentos que se valeram da ideia de se fazer
‘arte pela arte’</i>”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;">Segundo informa a introdução<a href="https://www.blogger.com/#">[6]</a> da edição que eu li “as bases do Esteticismo foram desenvolvidas principalmente por Walter Pater, professor de Estética da Universidade de Oxford [...].” A principal defesa do movimento seria “[...] o ‘belo’ como única solução contra tudo o que considerava denegrir a sociedade da época, onde em suas manifestações mais fortes, os valores estéticos têm predominância sobre todos os demais aspectos da vida, numa atitude elitista em relação à arte”. Seria naquele século um movimento, que contaria com o apoio de uma geração de intelectuais e artistas britânicos e que “[...] visava transformar o tradicionalismo na época vitoriana, dando um tom de vanguarda às artes”. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><span style="color: #00000a;"><div style="text-align: justify;">Seguidor desta corrente Wilde
imprime na sua obra muitos aspectos de suas ideias, e obviamente entrara em
choque com a posição que era corrente na preconceituosa, moralista e
conservadora sociedade vitoriana, “<i>onde a
Arte não é apenas um meio de se propagar a moralidade, mas também um meio de
reforçá-la</i>”<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftn7" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[7]</span></span></span></a>.</div></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Por conta das ideias do
esteticismo, o livro traz muitas referências às artes, desde as artes menores
(joias e objetos decorativos), até as artes mais destacadas como às literaturas
clássica e moderna, à música, dentre outras formas de artes. O capítulo nove,
por exemplo, dedica várias páginas a falar dos <i>hobbies</i> de Dorian e as coisas que por algumas temporadas
chamavam-lhe a atenção, e as quais se dedicava com afinco até abandoná-las e
seguir para a atividade seguinte. Essas atividades, quase todas, estavam
ligadas ao mundo artístico. Além disso, o amor passageiro de Dorian por </span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Sibyl Vane
estava mais ligado aos talentos artísticos da moça no teatro, do que de fato à
pessoa que ela era: uma jovem apaixonada e inexperiente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">As ideias esteticistas estão também nos discursos tediosos de
Lorde Henry e também nas observações do narrador. Por fazer essa defesa das
ideias do autor, o narrador é bastante opinativo, porque ele representa a
própria voz do autor, que como havia se referido uma vez, via nos personagens
algo de si: <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #0f6fc6; line-height: 107%;">“<i>Basil
Hallward é o que penso que sou: Lorde Henry é o que o mundo pensa de mim:
Dorian Gray é o que eu gostaria de ser — em outras eras, talvez</i>”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Acredito que com isso ele queria firmar que era um apaixonado
como Basil, mas que era visto como um degenerado que desviava inocentes, como
Lorde Henry, e desejava ser tão encantador e fascinante quanto era Dorian.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Sou uma pessoa que gosta de
filosofia, sobretudo do ato de pensar filosoficamente, apesar de ser mais da
prática do que da teoria, mas esse autor me cansou verdadeiramente, não tive
muita paciência de ler as ideias filosóficas de Wilde, e o texto se tornou um
martírio para mim. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">No entanto, algo que surpreende em <i>O Retrato de Dorian Gray</i> é a coragem de Wilde de, naquela época,
fazer referências tão óbvias ao homossexualismo, sobretudo com o personagem do
pintor Basil. </span></b><span style="color: #00000a;">Mas esta atitude corajosa
se voltou contra ele quando, em uma contenda judicial contra o pai de um de
seus amantes, passagens de <i>O Retrato de
Dorian Gray</i> foram usados como provas das inclinações homossexuais de Wilde.
Além de ter sido preso ele foi afastado de seus filhos e, depois, abandonou a
Inglaterra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A era vitoriana foi marcada por
uma moral muito severa, marcada por valores que englobavam a “<i>restrição sexual, pouca tolerância para o
crime e um código social de conduta pública rigoroso</i>”<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftn8" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[8]</span></span></span></span></a>
e nesse período foram constantes os processos por sodomia ilegal. Na época, os
homossexuais eram tratados como sodomitas, uma referência a Sodoma, cidade
citada na bíblia sobre a qual eram relatados casos de relações sexuais entre
homens. A homossexualidade era considerada uma aberração e era alvo de estudos
médicos que tentavam entendê-la. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">No plano legal, a <i>Emenda Labouchere</i> à <i>Lei de Emenda da Lei Criminal</i> de 1885, tornou todos os atos
homossexuais masculinos ilegais no Reino Unido. A punição para quem
desrespeitasse pública ou privadamente a norma era de dois anos de prisão, em
outras palavras, cometer ou ser parte em atos de homossexualidade era crime,
mesmo quando isso ocorria de forma privada. Oscar Wilde foi um dos condenados
por violar esta lei, em 1895, se tornando símbolo da repressão puritana inglesa<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftn9" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[9]</span></span></span></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;">Mesmo muitos anos depois, no Reino Unido, a homossexualidade continuou como um tabu que gerava punições. É também icônico o caso do cientista da computação Alan Turing, retratado no filme O Jogo da Imitação (2014) como um dos responsáveis pela vitória sobre os alemães durante a segunda guerra mundial. Turing era homossexual e, para não ser condenado a prisão, foi forçado a sofrer <a href="https://www.blogger.com/#">castração química</a> em 1952. Ainda naquela época a orientação homossexual era amplamente considerada pelos britânicos como uma doença mental cujo tratamento eficaz seria a castração química<a href="https://www.blogger.com/#">[10]</a>. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><span style="color: #00000a; font-size: 18pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 18pt;">Para finalizar...</span></div></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a name="OLE_LINK1"><i><span style="color: #00000a;">O Retrato de Dorian Gray</span></i></a><span><span style="color: #00000a;"> </span></span><span style="color: #00000a;">é um livro interessante e peculiar. Um romance gótico que
seria um dos meus favoritos se tivesse sido escrito em outra época e sem o
exagero de tantos diálogos longuíssimos e suntuosos, e sem tanto destaque para
o hedonismo e o esteticismo que foi exaustivamente descrito por Wilde. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Os personagens são complexos
e muito bem desenvolvidos e a trama fantástica (gótica) muito bem pensada e
executada. O texto traz muitas referências a cidade de Londres, aos costumes
ingleses em voga e também a obras da literatura clássica que tornam as notas de
tradução indispensáveis. O desfecho não se dá pelos motivos mais criativos, mas
não decepciona.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Atrevo-me a dizer, apesar de não ter gostado do livro,
que a obra de Wilde é uma expressão vívida e apaixonada do idealismo de uma
época e do íntimo de um grupo que era marginalizado, ainda que falar de
homossexualismo não fosse o objetivo do autor, mas, como era de sua natureza e
Wilde se coloca tão intensamente nesta obra, não foi possível a ele dissimular.
<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida é bilíngue
(português e inglês), da Editora Landmark, do ano de 2012 e possui 224 páginas.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sobre
o autor</span></b></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a7/Oscar_Wilde_Sarony.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="481" height="320" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a7/Oscar_Wilde_Sarony.jpg" width="192" /></a></div>Nascido em 16 de outubro de 1854, em Dublin, na Irlanda, e filho
de uma poetisa nacionalista, Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde foi escritor,
poeta e dramaturgo. Em quanto estudou em Oxford se aliou ao movimento artístico
do Esteticismo. Casou-se em 1884 com Constance Lloyd, com quem teve dois
filhos.<p></p><o:p></o:p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Embora conhecido nos círculos sociais, recebeu pouco
reconhecimento por sua obra durante muitos anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Em 1895, o marquês de Queensberry, pai de Lorde Douglas amante
de Wilde, iniciou uma campanha pública contra o autor. Após perder um processo
judicial contra o Marquês, Wilde foi condenado a dois anos de trabalhos
forçados. Ao ser libertado, se autoexilou em França, onde morreu na completa
obscuridade em 30 de novembro de 1900. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<div><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A2ndi<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[2]</span></span></span></span></a>
Cada uma das doutrinas que concordam na determinação do prazer como o bem
supremo, finalidade e fundamento da vida moral, embora se afastem no momento de
explicitar o conteúdo e as características da plena fruição, assim como os
meios para obtê-la (HOUAISS, 2009).<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[3]</span></span></span></span></a>
Refere-se a melhor, mais popular ou renomada obra de um artista ou pensador.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[4]</span></span></span></span></a>
Desejoso de agradar, de demonstrar cortesia, de servir<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[5]</span></span></span></span></a>
PERES, Alexandre Garcia. Esteticismo – O que é? Quando surgiu? O que defende?
Características e Artistas. Disponível em:
<https://www.gestaoeducacional.com.br/esteticismo-o-que-e/>. Acesso em:
19 de abril de 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[6]</span></span></span></span></a>
INTRODUÇÃO. In: WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. São Paulo: Landmark,
2014. 224 p. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[7]</span></span></span></span></a>
INTRODUÇÃO. In: WILDE, Oscar. O Retrato de Dorian Gray. São Paulo: Landmark,
2014. 224 p. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn8">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[8]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Moral_vitoriana<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn9">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[9]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Moral_vitoriana<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn10">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Retrato%20de%20Dorian%20Gray%20-%20Resenha.docx#_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">[10]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Castra%C3%A7%C3%A3o_qu%C3%ADmica#Europa<o:p></o:p></p>
</div>
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></div></div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-14317661895328991422020-09-02T20:59:00.001-03:002020-09-05T20:28:57.925-03:00Opinião | Nem só de pão carecem os pobres: impostos, acesso a livros e pobreza no Brasil<p style="text-align: right;"> <span color="" style="text-align: right;">Por Eric Silva</span></p><p style="text-align: right;"><span color="">Professor e blogueiro</span></p><p class="CorpodoTexto"><b><i><span color="" style="font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p><p align="left" class="CorpodoTexto"><span color=""><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/vwQ0pjl4iq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=243189264597" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p><p align="center" class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color="">"</span><i style="color: windowtext;">Ele (Marcelo Freixo) está preocupado, naturalmente, com as classes mais baixas (ao questionar sobre a isenção para o livro). Essas, se nós aumentarmos o Bolsa Família, atenderemos também. Agora, eu acredito que eles, num primeiro momento, quando fizeram o auxílio emergencial, estavam mais preocupados em sobreviver do que em frequentar as livrarias que nós frequentamos</i><span color="">”</span></p><p align="center" class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color=""> (Paulo Guedes, durante reunião da comissão mista da reforma tributária – 05/08/2020)</span></p><p align="center" class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color=""> </span><span color="">* * *</span></p><div><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Há algum tempo venho querendo redigir alguns textos de
opinião para o blog sobre temas que dizem respeito ao mundo literário. Coisa
simples e sem muitas pretensões, mais para variar o conteúdo do blog do que
realmente pelo desejo de opinar sobre determinadas questões. No entanto, a
falta de tempo e os encargos de meu trabalho docente vieram frustrando minhas
pretensões neste sentido e o projeto não saiu do papel. <o:p></o:p></span></p></div><div style="text-align: justify;"><span color="">O tempo passou, mas eis que nos últimos dias surgiram notícias de um novo imposto sobre o comércio de livros, o que vem me impelindo a iniciar esta série de textos, mesmo que a despeito de meus atuais problemas oculares que me fazem forçar as vistas na frente do computador. Trata-se de uma proposta de reforma tributária apresentada pelo governo atual e que terá impactos consideráveis sobre o mercado editorial e, claro, no bolso dos leitores. Diante disso e da mobilização crescente nas redes sociais em defesa do livro, decidi abordar o tema e expressar aos meus leitores o que penso sobre o assunto.</span></div><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 17.12px;"></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color=""> </span><span color="">* * *</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgx08PPEaQHzc2kQlFv7O3EUahpzsX8_XQnEvxWfxvYkVYkQU4JktLSTsvve5M5g8OCa7-T-Tf-CVNzAGcnopXcnFSbIoQy6UMBSaN2mgxvEtqsL7Xy15muj5vQ-gi0qv_xjCzeUH4U3fY/s1920/books-389392_1920.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1285" data-original-width="1920" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgx08PPEaQHzc2kQlFv7O3EUahpzsX8_XQnEvxWfxvYkVYkQU4JktLSTsvve5M5g8OCa7-T-Tf-CVNzAGcnopXcnFSbIoQy6UMBSaN2mgxvEtqsL7Xy15muj5vQ-gi0qv_xjCzeUH4U3fY/s640/books-389392_1920.jpg" width="640" /></a></div><p align="center" class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color=""> </span><span color="">* * *</span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><b style="color: windowtext; text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O CONTEXTO
ATUAL</span></b></p><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">É do conhecimento de todos que a pandemia de Covid-19 e as
medidas de restrição e distanciamento social que foram essenciais para reduzir
a mortandade (que no dia em que escrevo já chega a 848.084 no mundo, e a
122.596 no Brasil) tiveram profundos impactos não apenas no campo da saúde
pública – que exigiu maiores gastos por parte dos governos – como também no
campo econômico que teve grande parte do processo produtivo e de consumo
paralisados. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Houve em decorrência desta crise global o aumento do
desemprego, a falência de milhares de pequenos negócios, a diminuição da
arrecadação e outras consequências que ainda demandarão tempo para serem
amplamente conhecidas, sentidas e – sabe-se lá depois de quanto tempo –
superadas. Uma situação que vem preocupando governos do mundo todo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No Brasil, particularmente, os reflexos da crise também se
deram no campo étnico, social e, principalmente, político. O Estado se viu
obrigado a socorrer uma imensa população empobrecida de um país historicamente
desigual através do pagamento de um Auxílio Emergencial, e sobretudo os Estados
da União tiveram seus gastos aumentados no combate ao avanço da doença. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Não obstante, mais do que estes fatores, os problemas gerados
pela epidemia chegaram no Brasil em um momento em que os dirigentes brasileiros
haviam começado uma série reformas e se encaminhavam para iniciar a discussão
de outra importante reforma, a tributária. Trata-se de Propostas de Emenda à
Constituição (PECs) que, caso sejam aprovadas, trarão impactos profundos no
curto e no longo prazo não só para a cadeia produtiva (empresarial) e de
prestação de serviços, como também sobre o bolso do cidadão comum,
principalmente agora que, nas últimas semanas, a reforma está sendo palco para
a proposição de medidas econômicas, no mínimo, discutíveis por parte da equipe
econômica do atual governo, liderada pelo então ministro da economia, Paulo
Guedes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O que pretende a equipe econômica mediante sua proposta de
reforma é, através da unificação de uma série de impostos, aumentar a
arrecadação, taxando áreas que atualmente possuem isenção e reativando impostos
considerados ruins a exemplo da CPMF, usando a crise atual como razão de
fazê-lo. Se aprovada a proposta da equipe econômica nos termos em que esta se
apresenta atualmente, os impactos serão profundos para diversos setores da
economia e, entre eles, o setor editorial, talvez o mais prejudicado de todos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">REFORMA E
CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Já faz algum tempo que o poder legislativo junto ao executivo
vem tentando – desde governos anteriores –discutir mudanças nas regras do
complexo sistema tributário brasileiro, responsável por uma carga tributária<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
elevadíssima, causando impactos negativos não só para o setor produtivo, mas
principalmente para o cidadão comum. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Segundo a advogada tributarista e professora de Direito
Tributário, Ana Caroline Monguilod (2019<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>), o
sistema tributário brasileiro é confuso e complexo, demandando das empresas
brasileiras investimentos elevados em recursos e tempo na hora de fazerem o
recolhimento dos impostos devidos. Além disso, afirma a especialista, a carga
tributária brasileira, em 2019, equivalia a 33% do PIB brasileiro, sendo
bastante elevado quando se comparado a países com níveis de desenvolvimento
semelhantes ao nosso e chegando até mesmo a ser equivalente a carga tributária
paga em países desenvolvidos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Se não bastasse, ainda explica a tributarista, o sistema
tributário brasileiro – que data do ano de 1965, quando aconteceu sua última
reforma – se encontra obsoleto frente aos tempos atuais. De lá para cá, o setor
de serviços ganhou maior participação na economia e o comércio online e de
produtos digitais passou a se tornar parte de uma realidade que é por nós
vivida, mas que está muito distante daquela dos anos 60. O resultado, explica,
foram distorções na tributação e na arrecadação que pesam no bolso dos
brasileiros, das empresas e afeta também o Estado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Por conta destes fatores, uma reforma no sistema tributário é
esperada com expectativa e até receio por parte do contribuinte brasileiro,
podendo – a depender dos jogos políticos e de poder em Brasília – aliviar ou
tornar ainda mais onerosa a contribuição para a máquina pública. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Um sistema financeiro eficiente e com menor carga tributária
poderia, por exemplo, diminuir o preço de diversos bens de consumo bem como
reduzir os valores elevadíssimos que pagamos em forma de imposto direto. No
entanto, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o objetivo desta reforma
pretendida por nossos governantes</b>, como explica o blog da Fundação
Instituto de Administração<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">não objetiva aliviar diretamente o bolso
dos contribuintes, haja vista que não se pretende reduzir os valores
arrecadados</b>, mas tornar o sistema mais simples e desburocratizar a gestão
empresarial, o que, segundo os especialistas, no entanto, poderia nos beneficiar
de forma indireta, através de uma maior promoção da igualdade social (reduzindo
os impostos daqueles que possuem baixa renda e taxando grandes fortunas),
reduzindo a carga tributária, sobretudo sobre o consumo, além de diminuir os
custos administrativos daqueles que possuem algum empreendimento. No entanto,
há anos que se tenta reformar o sistema tributário sem que o executivo e o
legislativo cheguem a algum consenso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No momento, duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs) já
se encontravam em tramitação no legislativo e, no dia 21 de julho, um Projeto
de Lei foi encaminhada à Câmara pelo governo federal: a PL 3.887/2020<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. Esta
PL que propõe a unificação de dois dos principais tributos federais e cuja
tributação é bastante complexa: o PIS/PASEP e a COFINS. Para ficar mais claro:
o PIS/PASEP é um imposto destinado ao pagamento do seguro-desemprego, do abono
salarial e participação na receita dos órgãos e entidades para os trabalhadores
públicos e privados<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
e a COFINS é destinada sobretudo para a Saúde. As duas siglas não são
desconhecidas do grande público e você pode encontrá-las, por exemplo, nas suas
contas de água e de eletricidade, além disso, quase todos os anos se fala no
saque do PIS/PASEP.</span><span color=""><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Em 2019, segundo reportagem de Camilla Veras Mota, para a BBC
Brasil, o PIS/PASEP e a COFINS foram sozinhos responsáveis por uma arrecadação
de R$ 325 bilhões. No entanto, a proposta do governo de unificação destes
tributos daria origem a chamada Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) cuja
alíquota proposta seria de 12% em um regime não cumulativo, porcentagem que foi
considerada alta até mesmo pelos especialistas, segundo a mesma reportagem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">MAS ONDE
ENTRA O MUNDO LITERÁRIO NESTA HISTÓRIA?<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Se aprovada a alíquota da CBS, ela não só aumentará os preços
de diversos serviços (setor mais atingido), elevando os custos, por exemplo, no
pagamento de mensalidades escolares e universitárias (idem, ibidem), mas também
terá um forte impacto sobre o mercado editorial que até então goza de algumas
isenções fiscais. O projeto não só eliminaria a isenção tributária para livros,
concedida no ano de 2004, como aplicaria para os mesmos a alíquota de taxação
de 12%. Contudo, o sistema tributário que já é bastante complexo se somaria,
neste caso, a complexidade da própria cadeia produtiva do livro que envolve não
só a produção do bem físico (o livro) na gráfica, como também a prestação de
serviço de vários agentes envolvidas (pessoal contratado pela editora, serviços
gráficos e etc.). No final, o custo para o consumidor final aumentaria não em
12%, mas em 20% segundo afirmou Bernardo Gurbanov, presidente da Associação
Nacional de Livrarias, em entrevistas para a edição brasileira da DW<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Em termos proporcionais, caso o aumento seja realmente de 20%
no preço de capa dos livros (ou seja, o preço sugerido pela editora às
livrarias e que pode ser reajustado por estas últimas), as obras que em média
custam de R$ 30,00 a R$ 40,00, passariam a custar entre R$ 36,00 e R$ 48,00. Já
obras mais caras, a exemplo das obras técnicas estrangeiras traduzidas e que
superam a cifra dos R$ 100,00, e também de boxes de livros que custam, por
exemplo, R$ 60,00, R$ 80,00, passariam a custar, respectivamente R$ 120,00, R$
72,00 e R$ 96,00.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A proposta foi recebida com críticas dentro do mundo
literário, tanto por parte dos leitores quanto pelo mercado editorial
(editoras, autores, livrarias e outros livreiros) e foi responsável por
alavancar as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hashtags</i>
#EmDefesaDoLivro e #DefendaOLivro bem como campanhas que tentam expor os
efeitos negativos não só sobre o setor como sobre a cultura caso seja aprovada
a taxação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O QUE
ARGUMENTA O GOVERNO?<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Os argumentos do governo para estender aos livros a alíquota
proposta para o CBS, no entanto, não poderiam ser mais falaciosas e sínicas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No dia 05 de agosto, </span><span color="">durante
reunião da comissão mista da reforma tributária, </span><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Paulo Guedes, o atual ministro da
economia, </span><span color="">foi </span><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">questionado
se sua proposta de reforma tributária se estenderia também a uma taxação sobre o
comércio de livros. Na ocasião, Guedes defendeu que no Brasil o consumo de
livros é feito pelas camadas sociais de maior renda e assim quis justificar que
manter a isenção sobre os livros não se justificaria, porque estes possuem
condições de pagar por seus livros ainda que mais caros. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Mais do que isso, afirmou o economista que para compensar os
mais pobres seria mais efetivo que o governo promovesse doações de livros aos
mesmos (o que ele não deixou claro como seria feito) e ampliasse o Bolsa
Família – através da criação do Bolsa Renda, atual carro-chefe da gestão
governamental. Além disso, o ministro completou sua fala sugerindo que os mais
pobres estão mais preocupados em sobreviver (comprar comida, naturalmente) do
que frequentar as livrarias que ele e os deputados presentes frequentavam e
adquiriam livros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vamos dar o livro de graça para o mais
frágil, para o mais pobre. Eu também, quando compro meu livro, preciso pagar
meu imposto. Então, uma coisa é você focalizar a ajuda. A outra coisa é você, a
título de ajudar os mais pobres, na verdade, isentar gente que pode pagar</i>”<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: center;"><span color="">"<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ele
(Marcelo Freixo) está preocupado, naturalmente, com as classes mais baixas (ao
questionar sobre a isenção para o livro). Essas, se nós aumentarmos o Bolsa
Família, atenderemos também. Agora, eu acredito que eles, num primeiro momento,
quando fizeram o auxílio emergencial, estavam mais preocupados em sobreviver do
que em frequentar as livrarias que nós frequentamos</i>”<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><b>O QUE PENSO DE TUDO ISSO<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Em primeiro lugar, considero o posicionamento da equipe
econômica tão equivocada quanto irracional. É certo que parcela significativa
daqueles que consomem livros no Brasil fazem parte de classes sociais que podem
custear os aumentos de preços, mas isso não significa que devemos ignorar que
os leitores se encontram distribuídos num espectro de renda muito mais amplo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Há na margem deste espectro um considerável número de pessoas
para as quais a compra de um livro de R$ 30,00 ou R$ 40,00 significa um
investimento (a palavra correta é esta) muito elevado. Ainda assim, são pessoas
que movidas pela necessidade salutar de enriquecer-se culturalmente, adquirir
conhecimento ou na busca de entretenimento usam de todas as estratégias para
apertar o orçamento e comprar seus livros. Planejam a compra por meses,
economizam, esperam feiras e bienais, liquidações, promoções e queimas de
estoque ou correm atrás de cupons de desconto para adquirir seus livros por um
preço mais acessível às suas condições. A pouco tempo atrás, eu mesmo fui uma
destas pessoas. Tirava dos meus parcos R$ 400 de renda mensal uma parcela que
ia juntando para comprar dois ou três livros numa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Black Friday</i> ou em outra promoção qualquer. Minha média era de
quatro ou cinco livros comprados por ano e parte considerável de minhas
economias eram sugadas pelos fretes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Mas para além destes aspectos, o governo também ignora que no
Brasil há poucas possibilidades de acesso à leitura e um dos motivos disso é o
número pequeno de bibliotecas públicas (principalmente em consideração a outros
países) que poderiam atender a demanda dos leitores mais pobres. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Segundo levantamento do portal G1<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
feito em 2014 a partir de dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas,
haviam 6.148 bibliotecas públicas no Brasil, na época, uma para cada 33 mil
brasileiros. Índice extremamente pequeno e que não havia mudado em cinco anos
segundo a mesma reportagem. Para se ter uma noção da pequenez deste número,
segundo o site Educa+ Brasil, na República Tcheca, a proporção é de uma
biblioteca para cada 1.970 habitantes<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Além do número pequeno, soma-se a isso, a má distribuição
destas bibliotecas pelo território nacional e as centenas de cidades que não
contam com um único espaço deste tipo e quando contam, nem sempre é um espaço
que atenda a uma ampla diversidade de leitores. Minha cidade é um exemplo
disso. Temos duas bibliotecas públicas, ambas universitárias, voltadas (por
razões óbvias) para o público universitário, com acervo de obras literárias
(ficcionais) limitadíssimo, com recursos parcos para ampliação do acervo e com
restrições de uso para preservá-lo (os livros não saem da biblioteca). Coube a
iniciativa privada – uma filarmônica no caso de minha cidade – oferecer acesso
às obras que as duas universidades públicas não dispõem. Uma biblioteca
pequena, mantida por doações, por parcas verbas de alguns raros programas
públicos para ampliação do acervo e pelas mensalidades dos estudantes de música
da instituição – que mantém igualmente o prédio, as contas e os salários de
funcionários e professores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Minha segunda contra-argumentação ao que depõe Guedes, vai no
sentido de que o Governo cria com esta proposta uma armadilha para o próprio
Estado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Através do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), bem
como do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), o governo federal é um
dos maiores compradores de livros, sobretudo, didáticos, do país. Com o aumento
dos preços no setor editorial o Estado arcará com despesas maiores na aquisição
de livros para os estudantes das escolas públicas, para montagem e manutenção
das bibliotecas das mesmas. Todavia, não me surpreenderia se ambos os programas
fossem reformulados com o objetivo de oferecer menos livros, com um período
mais logo sem renovação das edições distribuídas ou até com o fim do PNBE (no
contexto mais grave até mesmo do PNLD), haja vista que, em agosto de 2019, o
MEC (Ministério da Educação) já havia feito cortes de R$ 348 milhões na verba
destinada a compra de livros<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Segundo a linha de lógica, seja no cenário de redução da
aquisição de livros didáticos por parte do governo ou do aumento da despesa com
esta aquisição, como e quando o governo federal destinaria verbas para a compra
e doação de livros aos obres como afirmou Guedes? De onde sairia o dinheiro? O
discurso do ministro me parece demagogia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><b>NO QUE TANGE À QUESTÃO ECONÔMICA E DE MERCADO<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Minha terceira contra-argumentação versa sobre a situação de
fragilidade do mercado editorial brasileiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Segundo reportagem da DW supracitada, o mercado editorial no
Brasil encolheu mais de 20% nos últimos dez anos com perdas de R$ 1,4 bilhão, o
que seria consequência, afirma a reportagem, “[...] das transformações digitais
e agravado pela recessão econômica iniciada em 2015”. Além disso, a situação se
viu agravada com a falência e pedido de recuperação judicial de duas gigantes
do setor: as livrarias Saraiva e Cultura. O impacto foi enorme e nos últimos
anos ambas as empresas fecharam dezenas de suas livrarias físicas por todo o
país, obrigando as editoras a investirem em estratégias como a venda direta
para os consumidores através de seus sites. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Se não bastasse este cenário negativo, no contexto mais
recente, em conformidade com as medidas de contenção da pandemia de Covid-19,
livrarias físicas foram fechadas por todo o território. O resultado foi mais
perda de faturamento – 47% em abril deste ano em comparação com o mesmo período
em 2019 (idem, ibidem).<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">No Brasil, o consumo de livros é limitado, por um lado, pelo
preço do livro, que está acima do poder aquisitivo de muitos, e de outro, por
uma cultura alimentada e alicerçada por uma política de desvalorização da
leitura, fazendo com que os consumidores assíduos de livros não sejam
suficientes para garantir e impulsionar as vendas no setor. O resultado são
tiragens menores e preços elevados. O menor número de livraras físicas também
aumenta as compras online em lojas virtuais acrescentando aos encargos a
despesa (quase sempre elevada) com frete, o que desestimula o consumo por parte
de muitas pessoas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O aumento do preço de capa por conta da taxação proposta
aumentaria consideravelmente o valor despendido pelo consumidor, desestimulando
o consumo, tornando mais grave a crise do setor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Reitero ainda que, sendo o governo federal um dos maiores
compradores de livros, caso haja cortes ou redução de verbas para aquisição de
didáticos, a situação se tornará mais grave.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Se vivemos em um momento econômico delicado, considero
estranho e até irracional (para variar!) sufocar um mercado que já estava
demasiadamente comprometido e em situação difícil há vários anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Além de tudo o que mencionei, há que se lembrar que a
proposta de CBS com alíquota de 12% feita pelo governo incide sobre bens, mas
também sobre serviços. Disto feito, se o preço do frete for ajustado para cima
pelas transportadoras, comprar pela internet se tornará ainda mais oneroso, o
que afetaria, por um lado, os varejistas que apostaram no e-commerce e, de
outro, os leitores (como eu) que moram em cidades pequenas do interior
desassistidas de sebos, livrarias e até de bibliotecas públicas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><b>O CENÁRIO PODE SER AINDA PIOR?<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Não sou economista, mas venho tentando entender outra
proposta dentro da reforma tributária do governo que, no meu entendimento,
contribuirá também para agravar o cenário já descrito: a criação de uma nova
CPMF. Como o assunto vem sendo discutido à parte do tema da taxação dos livros,
não tenho muitas referências que respondam minhas dúvidas e conjecturas, por
isso, a partir de agora o que farei será mais um exercício de indagações
lógicas do que de afirmações em si. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Além da alíquota de 12% de CBS, Guedes vem falando também em
um imposto sobre transações financeiras eletrônicas, que, segundo reportagem da
DW<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
incidiria, por exemplo, sobre compras de bens em sites e sobre transações
bancárias digitais – o que incluiria uma série de formas de pagamentos digitais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O objetivo do governo seria arrecadar fundos para a folha de
pagamento do Estado e também financiar o novo programa social do governo que
substituirá não só o Bolsa Família como vários outros programas sociais, e que
vem sendo chamado de Renda Brasil. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Sobre este novo imposto em que Guedes vem insistindo, lanço
alguns questionamentos no campo do mercado editorial e livreiro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Se essa proposta (ainda obscura) de tributação sobre
pagamentos incidirá sobre operações financeiras digitais, não significa que
teremos que pagar mais um imposto sempre que fizermos uma compra online? Não
seria também tributado um pagamento feito por via digital por meio de cartões,
boletos e transferências diretas? Partindo daí: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">comprar livros por meio de livrarias online não se tornará ainda mais
caro quando somado a isso a taxação já discutida</b>? O e-commerce não ficaria
ainda mais custoso tanto para adquirir livros físicos quanto e-books? <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">E já que citei os polêmicos e-books: em geral quem compra
esta modalidade de publicação o faz porque dispensa a necessidade de transporte
(logo de pagamento de frete), pela rapidez com o qual tem a leitura em mãos,
por economia ou ainda por falta de espaço físico em casa. Mas ainda valeria a
pena comprá-los pelo primeiro motivo? Penso que não, porque pesam contra eles o
fato de que a diferença de preço entre livros físicos e digitais costuma não
ser grande (as vezes nem compensa) e, além disso, eles também serão reajustados
com a taxação dos 12%. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Enfim, quem compra livros online pagará pela taxação de CBS
no preço de capa, pagar impostos pela compra em meio eletrônico e também no
pagamento realizado por meio de alguma transação financeira digital. Estou
equivocado?<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"><b>OS POBRES NECESSITAM DE MAIS DO QUE SOMENTE PÃO!<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Por fim, o posicionamento do governo acerca da relação entre
pobreza e consumo de livros me inclina a pensar que nossos dirigentes
consideram que os pobres não carecem de acesso à leitura, que livros não são
necessários a eles, à construção de sua cidadania e do intelecto dos mesmos. Faz
pensar, sobretudo, que não sendo “essenciais” não figurariam como necessidades
reais para os mesmos. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Um discurso
falacioso e que alimenta não só a ignorância como contribui para a manutenção
de uma ampla massa de manobra</b> iletrada, inculta e perfeita para ganhos
eleitoreiros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Parto do princípio de que os pobres não costumam ler mais do
que leem (sim, nós lemos, caro ministro!) principalmente por conta de dois
fatores. O primeiro é porque <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">não há
estímulo</b> e disso advém muitas razões:<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-fareast-font-family: "Adobe Garamond Pro";"><span style="mso-list: Ignore;">1.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As
políticas no sentido de estimular a leitura são poucas, de pequeno alcance e em
geral pouco eficientes;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-fareast-font-family: "Adobe Garamond Pro";"><span style="mso-list: Ignore;">2.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">As mídias
audiovisuais como cinema e televisão exigem menor esforço e são vistas como
mais atraentes;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-fareast-font-family: "Adobe Garamond Pro";"><span style="mso-list: Ignore;">3.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Nas escolas
o hábito da leitura não é cultivado apropriadamente. Lê-se por obrigação e
quase exclusivamente obras cuja linguagem exige um capital cultural
elevadíssimo e escasso entre os jovens, ainda mais quando se trata daqueles
provenientes das camadas mais humildes da população. O incentivo e consolidação
do habito de leitura exige um avanço gradativo no grau de complexidade tanto
linguística como temática que quase nunca é respeitado;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-fareast-font-family: "Adobe Garamond Pro";"><span style="mso-list: Ignore;">4.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A taxa de
analfabetismo ainda é expressiva no Brasil, cerca de 6,6%, em 2019<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. Se
não bastasse, entre os que oficialmente são considerados alfabetizados há os
analfabetos funcionais, ou seja, não compreendem o que leem, são meros
“decodificadores de palavras”. Em 2018, segundo o Indicador do Alfabetismo
Funcional (Inaf), 29% da população brasileira era formada por analfabetos
funcionais<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.
Majoritariamente, os dois grupos (analfabetos de fato e analfabetos funcionais)
são formados por pessoas das classes mais humildes;<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-family: "Adobe Garamond Pro"; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-fareast-font-family: "Adobe Garamond Pro";"><span style="mso-list: Ignore;">5.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O habito de
leitura sofre forte influência familiar e se ninguém no núcleo familiar tem
este hábito, torna-se mais difícil que os filhos o adquiram.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A outra
questão que limitam o número de leitores entre as classes mais pobres é o
acesso.</span></b><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;"> Livros são caros para que os mesmos adquiram com frequência;
não são custeados pelo governo – exceto os didáticos das escolas públicas –, e
o número de bibliotecas públicas é pequeno e mal distribuído. Soma-se a isso o
pequeno poder aquisitivo frente aos gastos essenciais primários.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Somo a estes dados outra questão: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">grande parte da tributação no Brasil é sobre o consumo</b>, isso
significa que pagamos impostos em cada produto ou serviço seja ele essencial ou
não. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Isso encarece, por exemplo, a cesta
básica.</b> Segundo a Valor Investe<a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftn13" name="_ftnref13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "Adobe Garamond Pro","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 18.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>, em
2019, 17,24% do valor cobrado no preço do feijão era referente a impostos, o
mesmo para o Arroz (17,24%) e um valor próximo para o Pão Francês
(16,86%).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As contas de água e energia
elétrica possuíam porcentagens ainda maiores: 24,02% e 48,28%, respectivamente.
O que sobra aos mais pobres para comprar livros, mesmo entre aqueles assistidos
pelos benefícios de programas de transferência de renda como o Bolsa Família?
Pouquíssimo!<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A leitura é
importante para formação dos indivíduos e deveria ser estimulada, pois ajuda a
desenvolver o cognitivo sobretudo dos jovens, a compreensão da semântica e a
ampliar o vocabulário. Ela ainda estimula a imaginação, a criatividade, inspira
e politiza, e é uma porta de acesso à informação e à cultura nacional e
universal. Todos estes elementos são amplamente benéficos e mais, ajudam na
formação crítica e intelectual dos indivíduos preparando-os para vida.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Por estes fatores, digo que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">os pobres não têm só fome de pão, mas igualmente de acesso à cultura
que vem histórica e sistematicamente sendo negado aos mesmos</b>. Entre os
mais empobrecidos que compreendem a importância da leitura (fiz parte deste
grupo até o início do ano de 2019 quando finalmente me tornei assalariado) são,
por força dos fatores que elenquei, impedidos de saciar sua fome intelectual.
Já os outros, os que não chegaram a valorizar o habito da leitura, expressiva
maioria não foi iniciada ou devidamente incentivada a adquirir o costume de
ler. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">A título de conclusão afirmo ainda que a proposta proferida
pelo ministro da economia Paulo Guedes afetam a todos, mesmo os mais pobres,
haja vista que, como já expliquei, a maior parte da tributação no Brasil incide
sobre o consumo, um tipo de tributação regressiva, ou seja, que desconsidera as
condições sociais do contribuinte, tributando igualmente ricos e pobres, o que
já é um custo mais elevado para estes últimos em termos relativos – uma
porcentagem maior de sua renda é comprometida ao adquirir bens, mesmos os mais
básicos como alimentos. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">As novas
tributações são também sobre o consumo e onerarão ainda mais – e de forma
indiscriminada – ricos e pobres.</b> <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">O governo usa como contra-argumentação frases e lógicas
sínicas e cheias de demagogia como a que inicia esse texto e que fora proferida
por Guedes. Ela encerra em si a ideia de que a fome de cultura é coisa que só
dá em ricos e que aos pobres basta o alimento e alguns livros doados pelo
governo. Mesmo nesse último ponto, levanto ainda outra questão: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">em um governo de posição ideológica tão
inflexível e reacionária, que tipo de livros seriam doados aos mais carentes</b>?
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Qual seria o seu conteúdo</b>?<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Tudo o que consigo enxergar nesta neblina das operações
complexas que compõem o sistema tributário, de sua reforma, dos jogos de poder
e de interesses eleitoreiros, é que as consequências para o mundo das letras
não serão nada boas. E como os leitores não se cercearão do acesso aos livros,
prevejo ainda mais uma consequência negativa para o mercado editorial: o
aumento considerável da pirataria de e-books, já amplamente praticada nos
últimos dez anos e que ajudará a afundar mais alguns centímetros o mercado
editorial.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span color="" style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">Nesse país
onde o Estado vem histórica e sistematicamente negando o acesso à cultura, para
os mais pobres, este acesso vem sendo cada vez menor, insatisfatório, ilegal ou
nulo. As consequências, no fim, é uma população empobrecida não só de bens
materiais como também de conhecimento, servindo de massa de manobra ou de bode
expiatório para discursos demagogos e para pretensões que só beneficiam aqueles
que se encontram no poder.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span color="" style="font-size: 20pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Postagens relacionadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/12/nos-e-literatura-brasileira-ate-quando.html"><span class="LinkdaInternet"><span color="" style="font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Nós e a literatura brasileira: até quando
acharemos que o que é de fora é melhor?</span></span></a><span color=""><o:p></o:p></span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoNormal"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
“Relação entre o total dos tributos arrecadados pelo governo de um país e o
produto interno bruto (PIB)” (<span style="font-size: 10pt; line-height: 107%;">CARGA
TRIBUTÁRIA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation,
2018. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Carga_tribut%C3%A1ria&oldid=53152958>.
Acesso em: 29 ago. 2020</span>).<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <a name="__DdeLink__766_1514491510">MONGUILOD</a>, Ana Carolina. [Entrevista
concedida a] Juliana Rangel. UM BRASIL. O Complexo Sistema Tributário
brasileiro. 2019. (32 m 22 s). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Fy90D1jgjaA. Acesso em: 29 ago. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span style="line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 18.0pt;">FUNDAÇÃO INSTITUTO DE
ADMINISTRAÇÃO</span>. Reforma Tributária: Tudo que você precisa saber. Fundação
Instituto de Administração, [s. l.], [s/d]. Disponível em:
https://fia.com.br/blog/reforma-tributaria/. Acesso em: 30 ago. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> MOTA,
Camilla Veras. Como a reforma tributária pode afetar seu bolso. São Paulo, BBC,
6 ago. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53617286.
Acesso em: 30 ago. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoNormal"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="line-height: 107%;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="line-height: 107%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="line-height: 107%;"> </span><span style="line-height: 107%;">PIS/PASEP.
In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2020.
Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=PIS/PASEP&oldid=58998429>.
Acesso em: 30 ago. 2020.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoFootnoteText"><o:p> </o:p><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span></span></a> COMO
a taxação de livros pode afetar os mais pobres. DW, [s.l.], [s/d]. Disponível
em:
https://www.dw.com/pt-br/como-a-taxa%C3%A7%C3%A3o-de-livros-pode-afetar-os-mais-pobres/a-54619040.
Acesso em: 30 ago. 2020.</p></div><div id="ftn6" style="mso-element: footnote;"><p class="MsoFootnoteText"><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>REIS,
Thiago. Brasil tem uma biblioteca pública para cada 33 mil habitantes. G1, São
Paulo, 02 nov. 2014. Disponível em:
http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/11/brasil-tem-uma-biblioteca-publica-para-cada-33-mil-habitantes.html.
Aceso em: 01 set. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
MARIA, Bárbara. O número de bibliotecas no Brasil é baixo comparado a outros
países. Educa+ Brasil, [s.l.], 16 jul 2018. Disponível em:
https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/noticias/o-numero-de-bibliotecas-no-brasil-e-baixo-comparado-a-outros-paises.
Aceso em: 01 set. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
HARTMANN, Marcel. MEC decide congelar R$ 348 milhões em compra de livros para
escolas. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Gauchazh</b>, [s.l.],
07/08/2019. Disponível em:
https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/noticia/2019/08/mec-decide-congelar-r-348-milhoes-em-compra-de-livros-para-escolas-cjz1kw1u6006a01qm00pzpi3s.html#:~:text=Obrigado%20no%20fim%20de%20julho,para%20escolas%20da%20educa%C3%A7%C3%A3o%20b%C3%A1sica.
Acesso em: 01 set. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
LINDER, Larissa. Nova CPMF agravaria desigualdade social, afirmam economistas.
DW, [s.l.], 18 ago. 2020. Disponível em: https://p.dw.com/p/3h7JW. Acesso em:
01 set. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
TOKARNIA, Mariana. Analfabetismo cai, mas Brasil ainda tem 11 milhões sem ler e
escrever. Agência Brasil, Rio de Janeiro, 15 jul. 2020. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-07/taxa-cai-levemente-mas-brasil-ainda-tem-11-milhoes-de-analfabetos.
Acesso em: 01 set. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
BRASIL tem cerca de 38 milhões de analfabetos funcionais. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Correio do Povo</b>, [s.l.], 05 ago. 2018. Disponível em: https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/ensino/brasil-tem-cerca-de-38-milh%C3%B5es-de-analfabetos-funcionais-1.268788.
Acesso em: 01 set. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn13" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Eric/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Opini%C3%A3o/Nem%20s%C3%B3%20de%20p%C3%A3o%20vive%20o%20pobre.docx#_ftnref13" name="_ftn13" style="mso-footnote-id: ftn13;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: "MS Mincho"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[13]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
FILGUEIRAS, Isabel. Você sabe quanto paga de imposto em cada produto? <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Valor Investe</b>, São Paulo, 02 set. 2019.
Disponível em:
https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2019/09/02/voce-sabe-quanto-paga-de-imposto-em-cada-produto.ghtml.
Acesso em: 01 set. 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
</div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-34406521976231257972020-08-02T00:00:00.041-03:002020-09-13T19:52:15.835-03:00A Revolução dos Bichos – George Orwell – Resenha <p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Por Eric Silva<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">“</span><span style="color: #00000a; font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A
linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o
crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de
solidez”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a; font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">(George Orwell)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa resenha,
basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/Zm5M0zAmiq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=250733045744" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;"></span></b></p><b><div style="text-align: justify;"><b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></b><b><div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuoDwCq27t5GCP-4TX4uM9fMOJnR0AiGpN3aXdza7V7NZuh0Yczh072Z0JQ0MkUSEFm4PpUGTLjAWJSesDIP6k1JkYtMuxjfWHxYxNCbJNAHAHdGT3C4cmsw9MQhMj1I5c5c3FT0XfHekX/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2108" data-original-width="1360" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuoDwCq27t5GCP-4TX4uM9fMOJnR0AiGpN3aXdza7V7NZuh0Yczh072Z0JQ0MkUSEFm4PpUGTLjAWJSesDIP6k1JkYtMuxjfWHxYxNCbJNAHAHdGT3C4cmsw9MQhMj1I5c5c3FT0XfHekX/w412-h640/81D0qNDMqPL.jpg" width="412" /></a></div>Um livro que marcou uma época superpolarizada e
controversa, <i>A Revolução dos Bichos</i> é
um livro extremamente politizado e leitura importante para se entender toda uma
época de opressão: o totalitarismo soviético comandado por Stalin na União Soviética.
Com uma linguagem simples e direta, Orwell, que foi imortalizado pelos seus
ensaios políticos e por suas obras mais populares e importantes, <i>1984 </i>e<i> A Revolução dos Bichos</i>, descreve nesse livro, sobre uma ótica
clara, lúcida e objetiva, o retrato satírico da opressão, hasteando uma
bandeira contra toda e qualquer forma de totalitarismo político, ainda que suas
ideias tenham sido desviadas e, no final, utilizadas para outros fins
políticos.</b></div><o:p></o:p></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Uma
fábula política: sinopse do enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Publicado no ano de 1945, o
livro do inglês George Orwell, <i>A
Revolução dos Bichos</i>, conta a história da revolução empreendida pelos
animais da Granja do Solar, uma propriedade no interior da Inglaterra, cujo
dono, o Sr. Jones, por ser indolente e alcoólatra, deixa aos cuidados de
empregados preguiçosos que frequentemente deixam os animais com fome. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A vida na granja não é fácil
para os animais que além de trabalharem e terem os frutos de seus esforços
usurpados pelos humanos, ainda sofriam maus-tratos e viviam em condições de
miséria. Certa noite, porém, o discurso de um velho porco de premiação, Major,
incute nos animais da granja a semente de uma rebelião contra os humanos e a
instauração de um sistema social no qual os animais trabalhassem para si e fossem
considerados como iguais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Major, pouco antes de morrer,
reúne todos os animais para falar-lhes sobre um sonho que tivera na noite
anterior. Segundo ele no sonho ele vira um mundo onde os animais viveriam em
liberdade, livres da tirania humana e sem que fossem explorados, mortos ou
usurpados pelos homens. O velho porco fala aos animais sobre as coisas que
aprendera ao longo de sua vida e da exploração a que sempre se encontraram
submetidos e ensina-os um velho hino que fala daquele mundo utópico regido pelos
animais: o hino “Bichos da Inglaterra”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Major morre três noites
depois, mas deixa plantada a semente da revolução. Os porcos, por serem os mais
inteligentes entre os animais da granja e por terem, secretamente, aprendido a
ler e escrever, passam a liderar o movimento revolucionário tendo como lideres
os porcos Bola-de-Neve e Napoleão. Sobretudo Bola-de-Neve, baseado nas ideias
do Major na noite em que revelara seu sonho, institui os preceitos do <i>Animalismo</i>, o sistema social no qual os
animais eram tidos como iguais e os humanos considerados seus principais
antagonistas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A rebelião, porém, não tarda
a explodir e os animais expulsam Jones e todos os outros humanos assumindo o
controle da granja. Vitoriosos, após destruírem todos os objetos da opressão
imposta pelo homem (freios, argolas de nariz, correntes de cachorro, facas para
castrações, rédeas e cabrestos), os animais mudam o nome da granja para <i>Granja dos Bichos</i> e decidem os sete
mandamentos do novo sistema, o Animalismo, que deveria ser conduzido pelos
animais da granja sobre orientação dos porcos e que deveria instituir uma
sociedade animal livre, igualitária e opulenta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Alguns dias depois, Sr. Jones
ainda tenta retomar a posse de sua propriedade, mas é novamente afugentado
pelos animais após uma batalha onde uma ovelha falece e um humano é quase
morto. Livres do antigo proprietário e a despeito de todo o descrédito e
calúnias contadas pelos outros granjeiros que temiam rebeliões semelhantes em
suas propriedades, os animais se dedicam a fazer dar certo o Animalismo e a
propagar para outras fazendas as notícias sobre a revolução através de pombos
mensageiros que voavam por toda parte divulgando as ideias do sistema que
nascia ali.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Muito inventivo e
inteligente, Bola-de-Neve com a ajuda dos outros porcos planeja e institui todo
o sistema produtivo da granja, coordenando os trabalhos de forma planejada,
criando comitês de animais e aumentando a produção de alimento para todos. Ele
chega a idealizar a construção de um moinho de vento que permitiria a geração
de energia na granja, diminuindo o trabalho dos animais e aumentando o conforto
de todos. Por outro lado, seu parceiro, Napoleão, a todo momento desacredita as
ideias de Bola-de-Neve e na primeira oportunidade acusa-o de traição e
utiliza-se de cães secretamente treinados por ele para acossarem Bola-de-Neve e
expulsá-lo da granja, tomando para si o poder. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Utilizando-se do medo e de
acusações enganosas que colocam todos contra o “traidor” Bola-de-Neve, Napoleão
se consolida no poder e instaura um regime opressor e totalitário se
autoproclamando o Líder e criando uma elite intelectual formada pelos porcos,
que passam a ter privilégios sobre os demais animais da granja.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><b><i><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Roman à clef</span></i></b><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">: Orwell,
a Revolução Russa e a <i>Animal Farm</i><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Polêmico e denunciativo, <i>A
Revolução dos Bichos</i> é uma fábula que satiriza não só a Revolução Russa,
mas, principalmente o sistema totalitarista imposto pelo ditador socialista,
Josef Stalin, na União das Repúblicas Socialistas Soviética (URSS), após a morte
do primeiro líder revolucionário do país, Vladimir Ilyich Ulyanov, mais
conhecido como Lenin.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Mesmo afirmando-se socialista, George Orwell repudiava o domínio
absoluto e o regime de terror, exploração e perseguição política instituído por
Stalin na União Soviética. Orwell havia lutado ao lado dos socialistas na </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/12/a-guerra-civil-espanhola-e-campanha-do.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%;">Guerra
Civil Espanhola</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, em 1936 e lá teve a oportunidade de
presenciar as atrocidades cometidas a mando do regime soviético contra seus
inimigos políticos e opositores dentro do partido comunista espanhol. </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Um profundo conhecedor da política e dono de uma clareza de
visão única, Orwell, que não aceitava que disfarçassem a verdade, ao retornar
ao Reino Unido começa a compreender o que ocorria no longínquo e fechado país
socialista e, em 1943, escreve um <i>roman à
clef <a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftn1" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></b></span></span></span></a></i>que satirizaria e
denunciaria no que a revolução socialista russa estava se transformando, assim
como antevê alguns dos caminhos que o regime totalitarista de Stalin adotaria
contra seu próprio povo. <i>A Revolução dos
Bichos </i>é este romance que, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, quando a
URSS era aliada da Inglaterra e da França contra os países do Eixo (Alemanha,
Itália e Japão), foi considerado inconveniente e só pôde ser publicado em 1945,
com o término do conflito. Um livro explosivo que claramente usava animais para
contar a história da Revolução Russa e que usava um porco para retratar o líder
soviético era visto com maus olhos por ofender e denunciar claramente as
atrocidades do regime stalinista. Por isso o livro foi por muitos anos
censurado em muitos países e proibido nas nações que adotavam o socialismo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A fábula contada em <i>A
Revolução dos Bichos</i> faz diversas e profundas referências a Revolução de
1917, ano da derrubada do poder imperial na Rússia. A Granja do Sol
representaria o antigo Império Russo que após a revolução bolchevique mudaria
de nome (assim como a granja), passando a ser chamada de União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Sr. Jones e os outros humanos da granja simbolizariam, ao mesmo
tempo, os capitalistas, a monarquia e a burguesia russa que explorava o
proletariado do país (os bichos) e viviam em conforto com os frutos do trabalho
usurpado destes últimos. No que lhe concerne, os animais seriam os
trabalhadores que viviam na miséria e sustentavam a sociedade
capitalista/monárquica/burguesa com os produtos do seu esforço e sacrifício.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O porco Major, para alguns pensadores representaria Karl Marx,
teórico e economista alemão que denunciou o esquema de funcionamento da máquina
de exploração do sistema capitalista e idealizou um sistema social comandado
pelos trabalhadores (proletários) através de uma ditadura no qual estes
formariam a classe dominante e almejariam uma sociedade igualitária e opulenta.
Para outros teóricos Major seria a “personificação” de Lenin, líder máximo dos
Bolcheviques, grupo partidário que deflagrou a Revolução Russa, e primeiro
governante da URSS. Assim como Lenin, Major morre e seu corpo (embalsamado) é
colocado em exposição para servir de símbolo da revolução.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #002060; font-family: "times new roman", serif; line-height: 107%;">“A</span></i><i><span style="color: #002060; line-height: 107%;"> caveira do
velho Major, já sem carnes, fora desenterrada e colocada sobre um toco ao pé do
mastro, junto à espingarda. Após o hasteamento da bandeira, os animais deviam
desfilar reverentemente perante a caveira, antes de entrar no celeiro”<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Por sua vez, Bola-de-Neve representaria Leon Trotsky, segundo no
comando da revolução e rival de Stalin (o porco Napoleão) na disputa pela
hegemonia do Partido Comunista da União Soviética após a morte de Lenin<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftn2" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></span></span></span></a>.
Assim como Trotsky, Bola-de-Neve é expulso e exilado nunca retornando vivo a
URSS.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Os cães representariam as diversas forças armadas, repressoras e
de serviços de inteligência e contrainteligência existentes no país como o
Exército Vermelho<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftn3" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[3]</span></span></span></span></a>, o Comissariado do Povo
para Assuntos Internos (NKVD)<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftn4" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[4]</span></span></span></span></a> e as polícias secretas da
União Soviética<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftn5" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[5]</span></span></span></span></a>. Os cães seriam
responsáveis não só pela proteção do Líder (Stalin/Napoleão) e defesa da granja
(nação), como também pela perseguição e execução dos traidores e inimigos
políticos do Líder, e por manter o controle social. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Por seu turno, as organizações de censura soviéticas<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftn6" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[6]</span></span></span></span></a>
e propaganda<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftn7" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[7]</span></span></span></span></a> foram representadas por
Garganta, o porco porta-voz de Napoleão que tinha como responsabilidades:
enaltecer a figura do líder estimulando o culto à personalidade de Napoleão;
transmitir aos demais animais as decisões do líder; manipular e incutir
informações falsas na mente dos “trabalhadores”, e, principalmente,
transfigurar os princípios do animalismo, aproveitando-se da memória
naturalmente curta dos animais e da ignorância de muitos que não aprenderam a
ler ou que eram simplesmente simplórios demais para compreender ideias
complexas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Nesse ponto, algo que se pode
destacar é a questão da memória. Os animais tinham dificuldade de se lembrar o
que havia acontecido nos primeiros dias de revolução e antes da Revolução,
sobretudo, porque a maioria deles eram estúpidos. Essa condição natural dos
animais foi amplamente utilizada por Napoleão, através da retórica de Garganta,
como uma maneira de estratégica de mantê-los obedientes e modificar os
princípios do Animalismo ao seu bel-prazer sem que estes conseguisse protestar
de fato, uma vez que não tinham certeza do que recordava ou se o que lembrava
realmente é correto. Benjamim, o burro, era o único que de fato se recordava
das coisas, porém costumava não se manifestar.</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Ao longo da sátira, outros aspectos do socialismo soviético são
representados e denunciados na narrativa: <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><span>1.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O uso do termo
camaradas que se inspira na mesma linguagem empregada pelos revolucionários
russos e marxistas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><span>2.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">“<i>Todos os animais são iguais</i>”: princípio
da igualdade social entre os homens que afirma que todos os homens são iguais e
por isso a sociedade de classes deve ser abolida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><span>3.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a; font-family: "times new roman", serif; line-height: 107%;">O </span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Animalismo seria o comunismo ou socialismo dos animais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><span>4.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A doutrinação
ideológica empreendida sobretudo com as ovelhas que repetem exaustivamente
máximas do “partido” (animalismo) e com os cães que agem cegamente segundo as
ordens e desejos do Líder.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><span>5.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A propagação
de ideias contrárias aos países estrangeiros (as granjas comandadas por
humanos) apresentadas como plutocracias<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftn8" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[8]</span></span></span></span></a>
que desejavam o fim da URSS/Granja dos Bichos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><span>6.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A perseguição
política com execução sumária dos “traidores” da revolução como forma de
controle social através da coerção e de eliminar a oposição interna.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><span>7.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O gosto pelos
desfiles militares que visavam intimidar é ostentar o poderio do país e ao
mesmo tempo ovacionar sua grandeza e do Líder.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 12pt 0cm 8pt 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><span>8.<span style="font: 7pt "times new roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O uso da propaganda e da coerção para que a
população mantenha a obediência aos princípios valores difundidos e à figura do
líder.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 12pt 0cm 8pt 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><span>9.<span style="font: 7pt "times new roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">A formação de uma </span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">elite
intelectual e tecnocrata por trás da administração pública (os porcos), mas que
no final formam uma classe social dirigente composta por burocratas
privilegiados e detentores do poder, grupo que na URSS foi chamada de <i>nomenklatura</i> (“burocracia” ou “casta
dirigente”)<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftn9" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[9]</span></span></span></span></a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 12pt 0cm 8pt 36pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><span>10.<span style="font: 7pt "times new roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O Hino “Bichos
da Inglaterra” faz apologia ao Hino da Internacional Socialista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Em todos os seus aspectos a fábula criada por Orwell denuncia e
desmistifica “o mito soviético”<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftn10" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "Adobe Garamond Pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[10]</span></span></span></span></a>
que divulgava para as demais nações do mundo um sistema perfeito, de justiça e
igualdade social, riqueza e progresso liderado e feito pelo e para os
trabalhadores, e que mascarava a realidade de um sistema injusto, perseguidor,
ditatorial e totalitário sobre a chefia de Josef Stalin.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O objetivo claro de Orwell era criticar o modelo de socialismo
adotado pelos soviéticos, mostrar ao mundo que haviam outras formas de socialismo
e que aquilo que vinha sendo imposto por Stalin era, na verdade, uma forma
totalitária de governar muito distinta do que o socialismo verdadeiramente
propõe para a sociedade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Contudo, após sua morte, no ano de 1950, a propaganda
antissocialista adotada pelos EUA durante o contexto da Guerra Fria, período de
polarização do mundo entre socialistas e capitalistas, utilizou-se desta obra e
também de outra, o livro <i>1984</i>, para
pregar contra os regimes socialistas, sem fazer nenhum tipo de distinção das
diferentes matizes que o pensamento socialista possui, e desconsiderando a
posição política de Orwell. A CIA, serviço secreto americano, chegou a
financiar a distribuição dos dois livros de Orwell em diversos países, bem como
a produção de um desenho animado em 1954, adaptando a obra segundo a visão
propagandista da Guerra Fria. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Tanto destaque se deu a crítica política presente no livro e sua
correlação com a revolução e o sistema socialista russo, que o livro, cujo
título original é <i>Animal Farm – </i>algo
que poderia ser traduzido como <i>Fazenda de
animais</i>, <i>Fazenda dos animais</i> ou <i>A Fazenda dos animais</i> –, teve seu nome
modificado em alguns países para enfatizar seu conteúdo político e facilmente
associá-lo ao regime soviético. Foi o caso do Brasil (<i>A Revolução dos Bichos</i><span>) e da Espanha (<i><span>Rebelión en la granja</span></i><span>)</span>.</span>
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Crítica literária:
escrita, linguagem e narração<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">A Revolução dos Bichos</span></i><span style="color: #00000a;">
é um romance de muitos personagens. Como afirmamos esta obra é um <i>roman à clef, </i>ou seja, uma<i> </i>narrativa na qual Orwell trata de
pessoas reais por meio de personagens fictícios, no caso os bichos da fazenda.
A maioria dos bichos, no entanto, representam o povo soviético que era na época
essencialmente multicultural, multiétnicos e multinacional. A variedade dos
animais retratados pelo romance representam essa multiplicidade do povo da
URSS, como também a multiplicidade de posições: os que acreditavam piamente no
sistema e davam o melhor de si para construir a grande nação socialista mesmo
não compreendendo completamente o cenário político-social (caso do cavalo
Sansão), aqueles que olhavam com desconfiança para o sistema mas não possuíam o
conhecimento necessário para contestá-lo (a égua Maricota), os partidários que
absorviam as versões simplificadas e cheias de erros e incoerências do ideal
socialista e repetiam as máximas do sistema e viviam através delas sem
compreendê-las por completo (as ovelhas), os intelectuais que compreendiam toda
a barbárie que estava sendo feito, mas que se calavam por medo (o burro
Benjamim), a elite intelectual dirigente (os porcos) e a massa camponesa que
vivia para produzir (os demais animais).</span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Diante da multiplicidade de
papéis desempenhado pelos animais, o personagem principal da trama acaba por
ser a própria revolução que se transmuta e muda de forma com o tempo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O livro foi escrito para ser
fácil de ser lido e compreendido com uma linguagem simples, enxuta e acessível
numa narração linear e com capítulos pequenos. Orwell evitou metáfora bem como
outros recursos estilísticos e escreveu <i>A
Revolução dos Bichos </i>com uma forma simples e fluída o que é essencial para
que o maior número de pessoas pudesse compreender a mensagem objetiva do livro.
A escrita é descritiva só no essencial e de forma precisa, por isso o livro não
é cansativo e, simultaneamente, cumpre a função de transmitir uma visão da URSS
da época. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 0.6pt; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Cheguei
à conclusão, ao longo de minha leitura, que facilitar a linguagem era uma
estratégia do autor para facilitar também o entendimento da denúncia: <i>o que vinha sendo feito na URSS por Stalin
não era socialismo, assim como o que Napoleão fez não era animalismo.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 0.6pt; text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O
narrador procura não intervir na narrativa, mas tece comentários breves. Porém
apesar de breves alguns destes comentários são mordazes:<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 0.6pt; text-align: justify;"><span style="color: #17406d;">“<i>Depois que o casco
ficou bom, Sansão trabalhou mais violentamente do que nunca. Aliás, naquele ano
todos os bichos trabalharam feito escravos. Além da faina normal na fazenda e
da reconstrução do moinho de vento, ainda houve a escola dos porquinhos,
iniciada em março</i>”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Gostei do livro como um todo
e a única coisa que me faz pensar como um ponto fraco da obra, politicamente
falando, é seu desfecho desesperançoso. O tom da obra é quase todo esse, mas
está obvio que sua mensagem não é de desesperança, e acho que Orwell não soube
deixar isso evidente. A ideia é original e criativa, mas deixou espaço para ser
utilizada para fins diversos e, até mesmo, contrários.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">A título de conclusão:
um final inconcluso<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A União Soviética só teve seu
fim em 25 de dezembro de 1991, e como era de se esperar, <i>A Revolução dos Bichos</i> possui um desfecho em aberto, mas com o
prenúncio de um futuro obscuro e a abertura para uma nova revolução. Apesar
disso, este é um livro que não faz apenas uma sátira aos regimes
totalitaristas, é também uma obra que fala de justiça social e liberdade.
Espelha a realidade de uma época no qual emergiu uma luta dos oprimidos contra
uma sociedade injusta e excludente, que o exploravam massivamente e a tentativa
de construir um reino de liberdade e opulência. Fala de como esse projeto ia
mal e de como a forma de opressão só havia mudado de nome, pois o regime
instaurado se afastara completamente dos princípios iniciais que garantiriam a
liberdade e a fartura desejada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Contudo, é uma obra que também traz uma mensagem para
nossa época que se encontra tomada pelo desalento, o desamparo e a
desesperança. <i>A Revolução do Bichos</i>
não possui um final feliz, nem uma moral da história como as fábulas clássicas,
mas como fábula moderna ela deixa implícito um ensinamento: a liberdade e a igualdade
só é possível com o trabalho de todos, mas exige um olhar atento e politizado
contra os governantes, bem como o combate contra o oportunismo, os abusos e a
ganância. O conhecimento e a liberdade de expressão e debate são os princípios
fundamentais para se conquistar a liberdade e reconstruir a sociedade, porque,
“<i>se a liberdade significa alguma coisa,
será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir</i>”
(George Orwell).<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida é da Editora
Companhia das Letras, do ano de 2007 e possui 152 páginas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Eric Arthur Blair nasceu Motihari, na Índia, em 1903. Sob o
pseudônimo de George Orwell foi um romancista, ensaísta e crítico, conhecido
por seus livros “A Revolução dos Bichos” e “1984”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Nascido numa família aristocrática inglesa decadente, Orwell
viveu seus primeiros anos na Índia onde seu pai, um funcionário público
britânico, trabalhava. No ano seguinte a seu nascimento, mudou-se com sua mãe e
irmã para a Inglaterra onde estudou em colégio interno e viveu sua infância e
parte da vida adulta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Estudou por um tempo na Wellington College e na Eton College,
mas se viu obrigado a abandonar a última por questões financeiras e, por isso,
acabou se alistando na Indian Imperial Police Force, em 1922. Viveu cinco anos
na Birmânia, mas renunciou ao seu cargo e voltou para a Inglaterra para se
dedicar à literatura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Passou uma fase muito difícil e empobrecida na Inglaterra e na
França enquanto tentava deslanchar na carreira de escritor. Gradativamente
ganha interesse pela política, área na qual demonstrou uma considerável clareza
de pensamento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Casou-se com Eileen O’ Shaughnessy em junho de 1936 e no mesmo
ano, ambos viajaram para a </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/2016%20Ano%20da%20Espanha"><span style="line-height: 107%;">Espanha</span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, onde,
aliados a um dos grupos milicianos, lutaram contra o general Francisco Franco,
na </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/12/a-guerra-civil-espanhola-e-campanha-do.html"><span style="line-height: 107%;">Guerra Civil Espanhola</span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Orwell foi gravemente ferido durante o enfrentamento, levando um
tiro na garganta e ficou sem poder falar por várias semanas. Orwell e Eileen
após serem acusados de traição na Espanha foram obrigados a retornarem à
Inglaterra. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Nos anos seguintes atuaria no jornalismo e sua literatura
ficaria conhecida pelo teor político, pela escrita marcada por descrições
concisas de eventos e condições sociais, e pelo desprezo por todos os tipos de
autoridade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Orwell faleceu em 21 de
janeiro de 1950, em Londres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Preview </span><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">do Google Books<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível
no Google Books. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="color: #00000a;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=Gqgxpt060qYC&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<div><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a><span class="MsoFootnoteReference"> </span><i>Roman
à clef</i>, ou <i>roman a cle</i>, designa a
forma narrativa na qual o autor trata de pessoas reais por meio de personagens
fictícios. Em alguns casos, o autor recorre a anagramas ou pseudônimos para
referir-se a sujeitos reais; noutros, vale-se de uma tabela que permite
converter números ou iniciais em nomes (verdadeiros) correspondentes. (Wikipédia)<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[2]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leon_Tr%C3%B3tski<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[3]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ex%C3%A9rcito_Vermelho<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[4]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/NKVD<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[5]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_secreta_da_Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[6]</span></span></span></span></a>
https://en.wikipedia.org/wiki/Censorship_in_the_Soviet_Union<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[7]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Propaganda_na_Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn8">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[8]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Propaganda_na_Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica#Plutocracias<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn9">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[9]</span></span></span></span></a>
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nomenklatura<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn10">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Revolu%C3%A7%C3%A3o%20dos%20Bichos%20-%20Resenha.docx#_ftnref10" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[10]</span></span></span></span></a>
DOS SANTOS, Fernanda Cristina N.; MATOS, Luciene; DE OLIVEIRA, Lucilene. Uma
Discussão sobre os Elementos Utópicos e Distópicos em A Revolução dos Bichos.<o:p></o:p></p>
</div>
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-41670560412226883182020-07-19T00:00:00.002-03:002020-08-07T18:11:01.738-03:00[Novos Escritores] O Amaldiçoado e o Príncipe das Trevas – João Gabriel Leal – Resenha <p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Por Eric Silva para a Tag Novos Escritores<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/PIjCcn6_iq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=990843542191" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBqrneZDRbhXtjGPhIxZDbmF6Kq8PO7GKCcJMDMQQiYKdAilEKOE2pgsqWUHdOIJegDVMqk5uTHi-wxBq8zM5Q3z7nMaHaW_T-UdiD6rzQsCrmYDFBCP95YvpCdppyGPLWf03zuDmjdXin/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="499" data-original-width="319" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBqrneZDRbhXtjGPhIxZDbmF6Kq8PO7GKCcJMDMQQiYKdAilEKOE2pgsqWUHdOIJegDVMqk5uTHi-wxBq8zM5Q3z7nMaHaW_T-UdiD6rzQsCrmYDFBCP95YvpCdppyGPLWf03zuDmjdXin/d/o+amaldi%25C3%25A7oado-500x500.jpg" /></a></b></div><b><div style="text-align: justify;"><b>Nos últimos tempos, navegando pelas redes sociais, tenho
conhecido muitos autores novos com poucos anos de carreira, estreantes, além de
autores independentes que lutam pelo seu espaço no tão competitivo e fechado
mercado editorial. Esses encontros casuais acabaram por me lembrar de muito
outros que possuo na estante e que nunca cheguei a ler. No final, isso me deu a
ideia de uma nova tag: o “Novos Escritores”.</b></div><o:p></o:p></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Na terceira resenha dessa nova tag apresento o primeiro
livro da trilogia <i>O Amaldiçoado </i>de
João Gabriel Leal, <i>O Amaldiçoado e o
Príncipe das Trevas</i> conta a história de Lucas, um menino de aparência muito
exótica que descobre ser um lobisomem, cuja missão é exterminar o mal dos </span></b><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Tempos%20de%20Sangue"><b>vampiros</b></a><b><span style="color: #00000a;"> que ameaçam a humanidade. Um livro de tema
um pouco batido, mas com seu próprio charme, esse é uma obra com um
protagonista cativante e com um estilo de narrativa que muito me lembrou as
histórias reunidas na </span></b><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Cole%C3%A7%C3%A3o%20Vaga-Lume"><b>Coleção Vaga-lume</b></a><b><span style="color: #00000a;">.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Confira a resenha</span></b><span style="color: #00000a;">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">João Gabriel Leal tem 26 anos de idade é jornalista, baiano, e
atua na imprensa esportiva. Começou a escrever ainda criança, com apenas oito
anos de idade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Na infância, João Gabriel escrevia histórias curtas sobre
super-heróis, porém só depois de adulto se sentiu pronto para desafios maiores
e escrever mais do que algumas folhas de caderno. Depois de assistir a um
documentário sobre lobisomens, teve a inspiração para escrever seu primeiro
livro publicado, </span><i><span style="color: #00000a;">O Amaldiçoado e o Príncipe das Trevas</span></i><span style="color: #00000a;">, primeiro volume de uma trilogia que já tem continuação
em <i>O Amaldiçoado e a Tarefa dos Lunáticos</i>,
lançado ano passado</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Atualmente, está produzindo o terceiro livro da trilogia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Sinopse do Enredo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Eulália é uma mulher muito religiosa,
mas se casa com Arthur Lupino, um dos maiores mulherengos da pequena cidade
sulista de Vale dos Anjos. Aparentemente, aquela relação impensável dá certo
até o dia que supostamente Arthur é convocado pelo exército e só retorna nove
meses depois com um bebê nos braços. Esse bebê é Lucas, uma criança que
supostamente Arthur encontrou abandonado em um ninho de cobras e acabou
salvando-lhe a vida. Mesmo desconfiada da história e preocupada com o destino
de Lucas, Eulália aceita adotar o menino.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Um tempo depois Arthur é
assassinado por um vampiro que tenta atacar sua família. Ninguém descobre a
forma como ele morreu e consideram a morte como resultado de um suicídio.
Eulália sozinha não consegue tocar a fazenda e torna a se casar, indo morar com
Lucas na casa de seu novo marido, Pedro Antônio, e de seu filho, Édipo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Com o passar do tempo, Lucas
vai crescendo e se tronando um menino de aparência estranha, fome descontrolada
e temperamento difícil. Está sempre metido em brigas e confusões na escola e
tem uma relação delicada e difícil com o padrasto e o enteado da mãe, o que o
coloca em situação difícil também com a mãe. O rapaz se irrita muito facilmente
e apesar de muito franzino possui uma força descomunal. Mas é quando completa
13 anos de idade que Lucas faz uma grande descoberta sobre si mesmo: um monstro
vivia dentro dele. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">No dia do seu aniversário,
Lucas se desentende e acaba agredindo Édipo, mandando-o para o hospital.
Irritado consigo mesmo o garoto passa aquela noite inquieto e sente febre. Como
consequência da misteriosa febre, Lucas passa por uma transformação que o torna
num lobo faminto, destrói a janela do quarto e desaparece na noite iluminada
pela lua cheia. No dia seguinte, o garoto acorda nu no meio da floresta ao lado
dos restos de um animal morto que ele, transformado em lobisomem, havia
devorado naquela noite. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><div style="text-align: justify;">Desorientado o menino vaga pela floresta sem saber como chegar em casa. É nesse momento que ele encontra um Border Collie<a href="https://www.blogger.com/#">[1]</a> que o guia até uma cabana. Morcego, forma como Lucas apelida seu novo companheiro, guia o menino até a casa de seu dono, Anselmo, um antigo amigo de Arthur que revela a Lucas o que havia acontecido com ele e o esclarece acerca de sua missão no mundo, a missão de todos os lobisomens: caçar e exterminar os vampiros. Mais do que isso, o menino lobo é o único capaz de deter o retorno da Rainha das Trevas, a mais poderosa vampira da história. É nesse momento que tudo muda na vida do garoto que passa a enfrentar desafios enormes e perigosas aventuras, ao mesmo tempo que tem que lidar com a chegada de Félix, um garoto novo na escola, mas de áurea misteriosa e sombria. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><b><div style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Resenha</span></b></div></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Vampiros,
lobisomens e adolescência: apreciação crítica das temáticas<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Histórias de vampiros são
muito comuns e não são poucas as obras que possam ser citadas quando se fala do
tema. Contudo, histórias de lutas entre lobos e vampiros e o tema da
miscigenação entre estas raças parecem ter se tornado mais populares após obras
de grande sucesso e divulgação internacional como jogos de RPG, a série <i>Crepúsculo</i> e a franquia de filmes <i>Anjos da Noite</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">É possível perceber na trama
de João Gabriel influências de algumas obras, sobretudo dos jogos de RPG. Isso
não significa, porém, que o <i>O Amaldiçoado
e o Príncipe das Trevas</i> não seja original. Pelo contrário, se o autor
inicialmente parece se inspirar em outras obras para sua ideia base, por outro
lado esbanja originalidade ao apresentar uma proposta de narrativa
completamente distinta, nem exageradamente adulta, violenta e pouco crível como
o elétrico <i>Anjos da Noite</i>; nem
melosa, enjoativa e clichê como o romântico água com açúcar, <i>Crepúsculo</i>; e bem mais literário e
intimista do que costumam ser os jogos de RPG.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Romance de terror
infantojuvenil, puxado para o subgênero da fantasia sombria, João Gabriel oferta
ao seu leitor uma história com muitos personagens realistas e cativantes como
Lucas e seu Anselmo. <b>Uma narrativa que
não é exageradamente infantil para ser desprovida de ação realista e mortes
reais, nem exageradamente adulta para deixar de ser recomendável aos menores
como é o caso do subgênero do </b></span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Terror"><b>terror</b></a><b><span style="color: #00000a;">: o vampirismo erótico.</span></b><span style="color: #00000a;"> <o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b></b></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e6/Les_vampires.jpg" style="display: block; margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 1em 0px;"><img border="0" data-original-height="489" data-original-width="316" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e6/Les_vampires.jpg" /></a></td></tr></tbody></table><p></p>Gravura no frontispício do livro "História dos vampiros e espectros malignos: com um exame do vampiro" Publicado por Masson, Paris 1820 por Collin de Plancy. <a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e6/Les_vampires.jpg" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;"><br />É um livro leve sem deixar de
ser crível ou abusar do sentido de impossível. Possui mágica e elementos fantásticos
que me fizeram lembrar do universo paralelo de Harry Potter e a originalidade
de uma mente criativa que gosta de brincar com seu enredo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">O Amaldiçoado e o Príncipe das Trevas</span></i><span style="color: #00000a;"> é um livro que me lembrou bastante as histórias e o
estilo das narrativas da </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Cole%C3%A7%C3%A3o%20Vaga-Lume">Coleção
Vaga-Lume</a><span style="color: #00000a;">. Não apenas por seu estilo de escrita
se assemelhar com a de alguns escritores da coleção mais lida do país, mas
porque ele possui uma temática sólida por trás, e que busca discutir nas entre
linhas um aspecto da vida do leitor jovem. Não é um livro apenas para
entretenimento, sem, por outro lado, deixar de sê-lo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Todo livro destaca ou espelha algum aspecto da vida e nos
leva a pensar a nossa realidade mesmo quando a trama é de fantasia e tem em si
uma verossimilhança unicamente interna. No caso do livro de João Gabriel esse
aspecto é a adolescência.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A adolescência é uma fase
difícil porque é marcada por uma série muito grande e complicada de mudanças
físicas, psicológicas e comportamentais. É um momento de descobertas e de
construção da personalidade, das paixões súbitas, da não aceitação do corpo e
de uma maior preocupação com a aparência e com a imagem que o outro faz de si. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Como passagem para a vida
adulta, essa é uma fase complicadíssima de muitas mudanças e incertezas, no
qual o adolescente busca desafiar-se e integrar-se com o mundo social. É um
período de formação do indivíduo que será adulto logo mais, um momento de
buscar voltar os olhos para o social, tirando-os um pouco do âmbito familiar.
Por isso, os jovens gostam de estar integrados a grupos, aos seus pares e estar
mais com os amigos e menos com a família. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Lucas está entrando na
adolescência e se sente deslocado porque se sente diferente dos demais, mais do
que isso, porque é visto como diferente, como estranho e, por isso, sofre
rejeição e bullying, e tem dificuldade de fazer amizades. <b>Se aceitar como diferente é seu principal desafio.</b> Mas temos o
outro lado também. <b>Mesmo sendo um alguém
diferente, Lucas também sente dificuldades de lidar com as diferenças dos
outros</b>. O exemplo máximo dessa assertiva é seu único “amigo”, Chico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Francisco Redondo (um
sobrenome bem clichê para alguém gordinho) possui uma personalidade bem diferente
da de Lucas, além de ser bastante invasivo, ou “entrão”, como se diz aqui na
Bahia. Chico, assim como Lucas, é um garoto solitário e isolado socialmente e
vê no menino lobo a oportunidade fazer uma amizade. Por conta disso, Chico
tenta de todo modo forçar uma aproximação que Lucas não desejou e nem deseja.
Por seu turno, Lucas não sabe lidar com Chico porque, não forma com ele
exatamente um igual, um semelhante, e isso cria em Lucas uma certa rejeição ao
garoto e uma dificuldade de aceitá-lo como amigo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Outro ponto desse personagem
complexo que vive o principiar da adolescência é a busca por seu lugar no mundo
e o papel que desempenhará nele. <b>Descobrir
que é um lobisomem não só joga o peso do mundo em suas costas como lhe dá uma
missão que ele não pediu, que parece irrealizável, mas, também inescapável.</b>
Para alguém que ainda está se conhecendo e se descobrindo, criando referência e
desenvolvendo-se a missão de proteger o mundo do retorno de uma poderosa
vampira é um fardo pesadíssimo.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><br /><div style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/WeirdTalesv36n2pg038_The_Werewolf_Howls.png" style="display: block; padding: 1em 0px;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="690" height="487" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/WeirdTalesv36n2pg038_The_Werewolf_Howls.png" width="421" /></a></div><p></p>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td class="tr-caption">Desenho de um lobisomem na floresta à noite.</td><td class="tr-caption">Mont Sudbury. <a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/WeirdTalesv36n2pg038_The_Werewolf_Howls.png" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.</td></tr></tbody></table><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Se tudo isso não bastasse ele
também está apaixonado e tem fé que conseguirá atrair a atenção da garota que
gosta, Melissa, mas, ao mesmo tempo, está inseguro de tudo e não tem certeza de
que um dia conseguirá. Na escola as relações com os colegas e professores é um
desafio e, em casa, os atritos e brigas são constantes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Enfim, a adolescência é uma fase de contradições e Lucas
é a própria contradição em pessoa. O livro de João Gabriel mostra com maestria
o que é ser adolescente pela perspectiva do mais estranho e deslocado de todos:
um garoto lobisomem. O livro fala de bullying, de primeiro amor, de amizades,
de amor familiar, de aceitação e por isso é diversificado e ultrapassa os
limites de uma narrativa de fantasia ou terror infantojuvenil sobre lobisomens
e vampiros. <span> </span><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">O pequeno lobisomem e
outros personagens<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Um dos pontos que mais gostei
neste livro foi a construção de seu protagonista que de tão complexo parece
real. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">João Gabriel concebe um
protagonista com quem muitos facilmente se identificariam. O menino estranho
dos cabelos espetados que cheira a cachorro molhado, que vive isolado, mas que
esconde uma pequena paixão pela garota bonita da classe. Um filho que ama sua
mãe, mas que não consegue evitar de trazer-lhe desgostos. Um jovem cheio de
energia e potencial, mas que é hostilizado por um padrasto que o considera um
incômodo. O garoto diferente que é alvo de bullying do enteado da mãe e dos
valentões da escola. O rapaz que tenta entender quem ele é e qual o seu
propósito no mundo. Todos eles são Lucas Lupino.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Lucas é um garoto diferente
com uma aparência estranha (isso é fato incontestável). Tem uma fome
incontrolável e uma irritação ameaçadora que assusta muitos a sua volta. Para
muitos ele é só mais um futuro delinquente, mas intimamente ele é só um garoto
como outro qualquer, com seus medos, sonhos e paixonites. Ele também é um
monstro, perigoso, ameaçador quase incontrolável, mas também tem a pureza de
alguém que deseja ser bom e fazer o seu melhor. <b>Enfim, Lucas é um personagem multifacetado e isso faz dele um personagem
intrigante ao mesmo tempo que cativante</b>. <b><o:p></o:p></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Acompanhá-lo é ver uma
criança perdida que tenta desesperadamente buscar respostas e controlar seus
ímpetos agressivos. Ele é um garoto corajoso, mas cheio de medos e indagações.
Sua instabilidade emocional o faz tão frágil quanto o faz forte e, mesmo sua
natureza biológica, ao que tudo indica, parece desafiar as próprias leis
naturais.<b> O tipo de personagem que mais
adoro porque tem uma construção que tende a ser complexa e realista. <o:p></o:p></b></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Acredito que todo ser humano é um universo em si complexo
e multifacetados. Não somos a mesma pessoa nem agimos igual ao tempo todo e
como cebolas (sim, cebolas, você não leu errado) somos feitos de camadas
sobrepostas de tamanhos distintos, porém, diferentes das cebolas, com tons
ligeiramente dessemelhantes.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Não gosto de personagens
planos, simples construídas em redor de uma única qualidade ou defeito, mas de
personagens complexos e contraditórios, os ditos personagens redondos. <b>Lucas é um deles e já vale pelo livro
inteiro.</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">O Amaldiçoado</span></i><span style="color: #00000a;"> é
uma série com um elenco vasto e muitos outros personagens perfilam pela
história. O misterioso Arthur Pedro Antônio, o padrasto burguês e hostil que só
pensa em dinheiro; seu filho, Édipo, prepotente e que pensa ser superior a
Lucas e por isso está sempre atormentando seu juízo. Chico, o “melhor” e
praticamente único amigo de Lucas, mas que passa a maior parte da história
forçando esta aproximação e amizade. Melissa, a menina bonita por quem Lucas é
apaixonado. Cito ainda Félix, o menino novo da escola que acaba criando uma
grande confusão em Vale dos Anjos e se tornando elemento-chave na narrativa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Muitos outros personagens
secundários foram criados por João Gabriel, contudo estes alongariam demais a
resenha caso fossem citados com pormenores. Contudo, dois personagens precisam
ser destacados. O primeiro é Eulália, a mãe de Lucas, o outo seu Anselmo, que se
destaca como mestre e instrutor de Lucas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Destaco Eulália porque foi um
personagem que me chamou a atenção e me causou estranhamento. Eulália é uma
religiosa fervorosa, descrita como uma verdadeira beata, porém a maior parte do
tempo ela não me convenceu. Achei que o personagem está demasiadamente cercado
de estereótipos por ter sido criado como uma mulher exageradamente pura,
cristianizada e correta, um exemplo de retidão e probidade só porque é
religiosa. Fora os seus momentos de irritação, quando Lucas apronta das suas,
Eulália é comparável a Virgem de tão certinha, por isso achei sua construção um
pouco caricata e fora da realidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Eulália é um exemplo de
personagem plano e na maior parte do tempo permanece como um – ela só mostra as
unhas uma única vez, já perto do final do livro. Como já disse não gosto de
personagens planos, porque é meio difícil de acreditar na constância moral
deles, eles não me parecem críveis ou realistas. É certo que a história esconde
um propósito para ter um personagem assim, mas isso só fica claro muito tempo
depois e é só nesse momento que Eulália ganha um pouco mais de profundidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Por seu turno, destaco seu
Anselmo por ser um dos personagens mais exóticos e enigmáticos da trama. Ele é
descrito como um senhor de idade, sempre portando seu chapéu panamá, e que vive
isolado na sua cabana no meio da floresta. Como Lucas ele é um lobisomem, já
tem mais de 100 anos e é na trama a chave central para entendermos o passado do
menino e suas origens. Ele cumpre o papel de mestre e mentor de Lucas, e o
ajuda em muitos aspectos, mas acho que ele poderia ter uma presença mais
intensa na trama. Ele some nos momentos mais cruciais da narrativa, mas tenho
impressão que será elemento-chave no segundo volume da série. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Para finalizar...<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">A escrita de João Gabriel é leve e fácil de compreender.</span></b><span style="color: #00000a;"> Ele escreve bem, no entanto, a história do livro tem um
começo fraco e só ficar realmente interessante quando Lucas passa por sua
primeira transformação.<span> </span>A partir dali a
narrativa passa alternar entre momentos tranquilos, momentos de tensão e outros
de ação e morte. <b>A leitura só é
cansativa nos primeiros capítulos, mas, à medida que a trama se torna mais
dinâmica e consistente, passa a fluir rapidamente e se torna mais instigante</b>.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">O Amaldiçoado e o Príncipe das Trevas</span></i><span style="color: #00000a;"> é uma história interessante com um protagonista
cativante com o qual o leitor divide e reage aos anseios e medos do mesmo.
Lucas é um menino problemático, mas com o qual você se compadece. <b>Só acho que a obra deveria evitar as
armadilhas de americanização da cultura brasileira.</b> Uma cidade inteira que
comemora o dia das bruxas não é exatamente comum no Brasil. Comemorações como
estas em escolas, sobretudo particulares, são bem comuns, mas uma cidade
inteira não é ainda algo existente. </span><span style="color: red;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">Infelizmente, <i>O
Amaldiçoado e o Príncipe das Trevas</i> possui alguns pontos negativos, três
para ser exato</span></b><span style="color: #00000a;">. O primeiro deles já
mencionei quando falava de Eulália: essa não é uma obra livre de alguns
estereótipos inocentes, mas inegáveis e que deixam alguns personagens, como
Eulália com um certo ar caricatural. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O segundo ponto é o narrador
e suas piadas sem humor. Narrado em terceira pessoa, o livro tem um narrador
ativo na narrativa. Ele opina, se compadece dos personagens e tenta se
engraçado, mas nem sempre consegue êxito. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Mas o que mais me chamou a
atenção foi um pequeno trecho, imperceptível quase, mas destaco porque achei
muito incoerente e, até certo ponto, inadequado para um livro infantojuvenil.
Trata-se de um comentário sobre um dos personagens relacionada a questão da
autodefesa do porte de armas:<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #0f6fc6;">“Na sala, pegou uma lanterna
potente de fazendeiro, uma faca de caça e uma espingarda calibre doze que
deixava num armário para ocasiões como aquela. <b>Era a favor da autodefesa. Achava que a polícia não fazia seu trabalho
direito e a segurança no país estava um caos”</b>.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O comentário é completamente
desnecessário para o entendimento da trama e de seu personagem. Sem querer, a
passagem faz aos jovens uma espécie de apologia ao porte de armas, um
posicionamento político do personagem desnecessário a obra que, para sua faixa
etária e temática, deveria ser politicamente neutra. Na minha opinião, bastava
mencionar que ele pegava uma espingarda, arma comum entre caçadores de animais.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">O desfecho é sem dúvida um dos melhores aspectos da
narrativa. Cheio de acontecimentos inesperados, mistérios e reviravoltas, a
conclusão do primeiro livro nem de perto dá um ponto final na narrativa ou
esgota suas possibilidades. João Gabriel soube o exato momento onde encerrar a
escrita de <i>O Amaldiçoado e o Príncipe das
Trevas</i> para deixar seu leitor curioso e ansioso pelo segundo volume da
série. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;">O destino de Lucas fica em aberto bem como da maioria dos
personagens. O seu futuro e o destino da humanidade ficam em suspenso e você
curioso para saber como Lucas fará para enfrentar os novos desafios que se
abrem a sua frente. Quais aliados fará nessa empresa e como seguirá em frente
em direção ao seu destino? As possibilidades são imensas, mas tudo depende de
como o autor conduzirá a segunda edição que já foi publicada sob o título de <i>O Amaldiçoado e a Tarefa dos Lunáticos.</i>
Esperemos pelos desfechos do próximo livro.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida é independente
e está disponível na Amazon, porém o livro já foi publicado em edição impressa
pela Editora Giostri, no ano de 2017 e possui 188 páginas.</span><o:p></o:p></p>
<div><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/O%20Amaldi%C3%A7oado%20e%20o%20Pr%C3%ADncipe%20das%20Trevas%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span face="" style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a>Raça
canina do tipo Collie desenvolvida na região da fronteira anglo-escocesa na
Grã-Bretanha para o trabalho de pastorear gado, em especial, de ovelhas.
(Wikipédia)<o:p></o:p></p>
</div>
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-32763628751502651122020-07-05T00:00:00.001-03:002020-07-05T00:00:00.161-03:00A Espada que dá Vida – Yagyu Munenori – Resenha<br />
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: right;">
<span style="color: windowtext;">Por Eric Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: right;">
<span style="color: windowtext;">11 de abril de 2020<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: right;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="color: windowtext;">“Se os
pensamentos estão dentro, suas tintas serão manifestadas fora”<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="color: windowtext;">(Yagyu
Munenori)<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: windowtext;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: windowtext; font-size: 11pt; line-height: 107%;"><br /></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: windowtext; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou
da resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><i><span style="color: windowtext; font-size: 14pt; line-height: 107%;"><br /></span></i></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><i><span style="color: windowtext; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: left;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: left;">
<span style="color: windowtext;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/OJbipYatea?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=247570488312" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiec_lbLKTxzyW24I0TrV2juXaUbqmKw1VFOfDo3a8C7bqSIeZjLn-dCv_HU2yIUz_sg6wVtQtju3IEmwnFCwnE-Y7xjNjTxJEy7Jb8B4x0BZ6_9FJRnJlbrj3KQMB6JJ9_HhoEXi5t1H3I/s1600/A+espada+que+d%25C3%25A1+vida.jpeg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1498" data-original-width="1000" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiec_lbLKTxzyW24I0TrV2juXaUbqmKw1VFOfDo3a8C7bqSIeZjLn-dCv_HU2yIUz_sg6wVtQtju3IEmwnFCwnE-Y7xjNjTxJEy7Jb8B4x0BZ6_9FJRnJlbrj3KQMB6JJ9_HhoEXi5t1H3I/s640/A+espada+que+d%25C3%25A1+vida.jpeg" width="426" /></a></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext;">Um tratado de esgrima, um texto clássico do
zen-budismo e lições de vida, <i>A Espada
que dá Vida</i> do espadachim japonês que viveu ativamente as primeiras décadas
do xogunato Tokugawa, Yagyu Munenori, é um livro por sua filosofia desafiante,
mas, ao mesmo tempo, repleto de valiosas reflexões sobre a mente humana.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext; font-size: 22pt; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sinopse
do livro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Espadachim e mestre de
artes maciais fundador do ramo <i>Yagyū
Shinkage-ryu de Edo<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftn1" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></b></span></span></span></a></i>,
Yagyu Munenori é considerado como o maior rival de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/12/a-vida-secreta-do-senhor-de-musashi-e.html"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: windowtext;">Musashi</span></span></a><span style="color: windowtext;">, outro famoso espadachim </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/2018%20Ano%20do%20Jap%C3%A3o"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: windowtext;">japonês</span></span></a><span style="color: windowtext;">, ainda que nunca o tenha conhecido pessoalmente.
Retentor direto da casa Tokugawa, e instrutor de espadas de três gerações
sucessivas de xoguns: Ieyasu, Hidetada e Iemitsu. Contudo, mais do que um
instrutor de artes marciais, Yagyu, foi também um importante conselheiro do
xogunato Tokugawa e uma figura influente na vida do terceiro xogum, Iemitsu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Na arte da espada, Yagyu
foi um mestre de grande respeito e fama, tendo aperfeiçoado o estilo de espada
de seu clã ao introduzir nele uma série de ideias e conceitos do </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search?q=Zen-budismo"><span class="LinkdaInternet"><span style="color: windowtext;">zen-budismo</span></span></a><span style="color: windowtext;">. <i>A Espada que
dá Vida </i>(Heihō kadensho – </span><span lang="JA" style="color: windowtext; font-family: "ms mincho";">兵法家伝書</span><span style="color: windowtext;">)<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftn2" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></span></span></span></a> é o
tratado de Yagyu através do qual ele passou às gerações seguintes de seu clã
toda a filosofia de seu estilo de espada, uma reflexão sobre a Não Espada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">O tema central dessa obra,
que ainda hoje é considerada como um texto clássico do zen, é a arte de
utilizar a espada mais como instrumento de vida do que de morte, através de um
controle sobre o oponente por meio da preparação espiritual para lutar, muito
mais do que pela luta propriamente dita. Trata-se de um livro de estratégia que
leva o seu leitor a refletir como vencer uma batalha sem necessariamente usar
força ostensiva e evitando perda para todas as partes envolvidas. Um livro que
extrapola o universo da esgrima, ainda que este seja seu tema central.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext; font-size: 22pt; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Resenha<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a6/Koshirae_daisho_Met_36.25.1725.jpg/1024px-Koshirae_daisho_Met_36.25.1725.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="457" data-original-width="800" height="363" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a6/Koshirae_daisho_Met_36.25.1725.jpg/1024px-Koshirae_daisho_Met_36.25.1725.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: #f8f9fa; color: #222222; font-family: sans-serif; font-size: 13.3px;">Detalhe dos suportes (koshirae) para um par de espadas (daishō), período Edo. <br />Autor: Marie-Lan Nguyen. <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Koshirae_daisho_Met_36.25.1725.jpg" target="_blank">Wikimedia Commons</a>.</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Comecei a ler esse livro
por conta de um aluno novo que ao saber da minha opção religiosa me pediu que
lesse esse importante texto do kendō (</span><span lang="JA" style="color: windowtext; font-family: "ms mincho";">剣道</span><span style="color: windowtext;">), arte marcial praticada
por ele, mas que também é considerado um texto clássico da literatura zen,
fortemente influenciado pelo pensamento do monge Takuan Soho, que era amigo
próximo de Munenori<i>. </i>Por conta disso,
<i>A Espada que dá vida</i> nos apresenta
uma série de ideias filosóficas aplicáveis em muitos aspectos da vida cotidiana.
Princípios que pode ser utilizado no convívio social, bem como nos negócios. <b>Isso se deve porque a ideia central desse
texto não é unicamente ensinar técnicas de manuseio da espada, mas ensinar um
estilo de espada que considera que não é a derrotar o oponente a maior vitória
que você pode conquistar, mas torná-lo seu parceiro, evitando o conflito</b>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Escrito no século XVII, <i>A
Espada que dá Vida, </i>foi concebido em plena era de domínio do Xogunato
Tokugawa, o Período Edo. Nessa época, o Japão vivia um momento político marcado
tanto pelo forte isolamento político-econômico do país, como pelo controle
rígido exercido pelos xoguns<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftn3" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[3]</span></span></span></span></a>,
generais que comandava o exército imperial, mas que a partir do século XII, haviam
se tornado governantes de facto de todo o país<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftn4" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[4]</span></span></span></span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Durante o período Edo, o Japão foi governado pelos xoguns da
família Tokugawa, da qual foram membros Ieyasu</span><span style="color: windowtext;">,
Hidetada e Iemitsu, os três primeiros xoguns da linhagem que governaria as
terras nipônicas de 1603 até 1868. Foi durante o governo dos primeiros três
xoguns que Yagyu Munenori (1571 – 1646) viveu grande parte de sua vida, e foi
ao lado deles que o espadachim fez seu nome na história das artes marciais
japonesas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Yagyu era filho caçula de
um espadachim de renome e aristocrata de um vale em Yamato<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftn5" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[5]</span></span></span></span></a>,
Yagyu Sekishusai Muneyoshi, e herdou deste os segredos de seu estilo de
espadas, o <i>Shinkage-ryu</i>. Em certa
ocasião, o futuro xogum, Ieyasu, convidou Sekishusai para visitá-lo em sua vila
de Takagamine, fora da capital. Ieyasu queria conhecer a famosa técnica de
Sekishusai de derrotar um homem armado usando apenas as mãos livres – a técnica
da Não Espada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Sekishusai foi ao encontro
de Ieyasu acompanhado de Munenori, na ocasião com 22 anos, e lá explicaram ao
xogum os princípios do <i>Shinkage-ryu </i>e
o demostraram numa luta entre Sekishusai e Ieyasu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Impressionado, Ieyasu
pediu que o velho mestre se tornasse seu instrutor pessoal. Recusando
educadamente, Sekishusai declarou que tinha uma idade já avançada e recomendou
seu filho para o posto oferecido. Foi desse modo, que Munenori tornou-se
instrutor de três xoguns da casa de Tokugawa, passando a ter também, com o
tempo, uma forte influência política dentro do xogunato como conselheiro de
Iemitsu, neto de Ieyasu.<span> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Por volta de 1632,
Munenori concluiu o <i>Heihō kadensho</i> (</span><i><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">A Espada que dá Vida</span></i><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">)</span><span style="color: windowtext;">, livro no qual ensinaria a prática da espada <i>Shinkage-ryu</i> e como seus princípios
poderia ser aplicado em um nível macro à vida e também à política<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftn6" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[6]</span></span></span></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-size: 18pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Filosofia, zen-budismo e artes marciais<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: windowtext;"><br /></span></i></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/74/Japanese_buddhist_monk_by_Arashiyama_cut.jpg/558px-Japanese_buddhist_monk_by_Arashiyama_cut.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="558" height="400" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/74/Japanese_buddhist_monk_by_Arashiyama_cut.jpg/558px-Japanese_buddhist_monk_by_Arashiyama_cut.jpg" width="290" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Monge zen-budista japonês da escola Soto em meditação.<br />
Autor: Marubatsu. Wikimedia Commons.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: windowtext;">A Espada que dá vida </span></i><span style="color: windowtext;">é um livro difícil de descrever – tanto quanto está
sendo complicado resenhá-lo. Essa dificuldade nasce porque ele <b>não é só um livro de artes marciais, é
também um livro de estratégia</b>. Contudo além de um livro de estratégia, ele
é também uma obra que mergulha na tradição zen, e como tal é <b>repleto de ideias sofisticadas oriunda de
uma filosofia cuja compreensão e aplicação podem ser muitas vezes bastante
complexo</b>, ainda que tudo pareça ser muito simples. Se não bastasse, além do
zen, o livro também tem fortes influências confucionistas<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftn7" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[7]</span></span></span></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Sou zen-budista, e como
tal posso atestar que a simplicidade do zen e de sua prática meditativa, o <i>zazen</i>, são apenas a superfície de um
lago profundo no qual repousam conceitos que em certos momentos parecem muito
simples de compreender, mas, em outros, parece flertar com o paradoxal porque
exige de você enxergar além do aparente (muito além). <i>A Espada que dá Vida</i> é assim também, e <b>lê-lo é um convite a meditar cada ideia antes de prosseguir com a
leitura, o que desacelera bastante o ritmo desta leitura</b>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">O zen é uma tradição
religiosa associada ao Budismo do ramo mahayana, que foca, sobretudo, na
prática, no <i>zazen</i>, ou seja, em
sentar-se em meditação (em zen), acalmar a mente, e, nas palavras de Rodrigo
Daien, “existir, ser uno com todas as coisas, ouvir os sons sem julgá-los, não
fazer cogitações ou viagens para passado ou futuro”<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftn8" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[8]</span></span></span></span></a>.
Parece simples, entretanto não é. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Mas como em toda tradição
religiosa, há uma filosofia complexa que da base ao Zen: os ensinamentos do
Dharma, a lei verdadeira ensinada pelo Buda histórico, Shakyamuni, ou Sidarta
Gautama. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Após atingir a iluminação,
o próprio Shakyamuni Buda buscava ensinar as quatro nobres verdades sobre o
sofrimento de maneiras muito diversas, indo das formas mais simplificadas, às
mais complexas, para que independente do grau de conhecimento e instrução de
cada um, todos pudessem entender a mensagem do Dharma. Logo, apesar de muito
evidentes, muitos ensinamentos de Buda podem ser dificílimos de compreender à
primeira vista. Um livro que bebe dessa tradição, inevitavelmente, fará emergir
algumas coisas bem complexas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Mesmo para mim, que tenho
uma certa familiaridade com o Zen e com o budismo (dentro do nível mais básico
que um recém-convertido pode ter), houve momentos que ler <i>A Espada que dá Vida</i> foi ficar perdido com conceitos abstratos de
uma filosofia muito diferente da nossa, mas que fala de nós e do nosso mundo
com imensa precisão. Por diversas vezes prossegui na leitura em meio a névoas
até alcançar um novo ponto onde as coisas voltassem a ser compreensivas no
todo, mas é inegável que as palavras de Munenori, em vários momentos, têm um
peso imenso e uma profundidade arrepiante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">O livro original é
dividindo em três partes, nas quais Munenori vai mesclando as técnicas do <i>Shinkage-ryu</i> com a filosofia zen e as ideias
confucionistas. No entanto, a edição lida também contém um longo prefácio
(intitulado aqui como introdução), no qual o editor da tradução inglesa,
William Scott Wilson, faz um apanhado geral da trajetória de vida de Munenori e
das origens do estilo de espada por ele herdada e aperfeiçoada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;">O primeiro capítulo, “<i>A
Ponte do Sapato de Presente</i>”, é o menor dos três e apresenta as técnicas
fundamentais do estilo, bem como orienta seu treinamento. Além disso, esse
capítulo aborda a importância da estratégia criada “<i>ainda dentro dos limites do nosso território</i>”, tendo o inimigo ainda
longe, e também de entender nas artes márcias “<i>os limites do território são a nossa mente</i>”. Uma mente que deve ser
livre de negligências e observadora dos movimentos e atividades do oponente,
buscando falhas e planejando estratégias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;">A parte seguinte, “A Espada que Traz Morte”, fala das
estratégias e da postura a ser adotada pelo aprendiz </span><span style="color: windowtext;">do <i>Shinkage-ryu</i></span><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">, enfatiza
o aspecto técnico mas dá um grande destaque ao aspecto mental, falando sobre o <i>ch’i,</i> a intensão, a ilusão como base das
artes marciais, sobre a essência do atacar e do aguardar, assim como a relação
entre a mente e os ritmos na luta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Um ponto muito interessante deste capítulo é quando o livro
trata do que Munenori chama de <b>doença
nas artes marciais</b>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Nas palavras de </span><span style="color: windowtext;">Munenori,
pensar apenas em vitória ou em só usar as artes marcais, ou em demonstrar
resultados nas mesmas é doença, e nos ensina a usar o pensamento para atingir o
<b>não pensar</b> e usar a conexão para
desconectar. Confusão, não? Mas trata-se de usar o pensamento para expulsar o
mal, expulsar pensamentos usando pensamentos, e que leva ao não pensar. Me
farei mais claro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Imagine uma situação onde
você se encontra dominado por pensamentos obsessivos relacionados a algo ou
alguém. Uma frustração, uma insatisfação, uma dor. Sua mente está inquieta,
dispersa, e você, doente. Mas através de outros pensamentos, de outra coisa que
tome sua atenção e ocupe passageiramente sua mente você se libertará, tanto dos
pensamentos obsessivos quanto daqueles que os substituíram, e alcançará o não
pensar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">Nas artes marciais, quando
você está obcecado pela vitória, a derrota pode ser a única realidade que você
conhecerá, por isso, o não pensar te traz ao equilíbrio necessário para estar
atento ao seu oponente e a sua própria espada e seu próprio corpo. A mente se
equilibra, e ela é a senhora de seu corpo. Isso vale para a vida também.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Finalmente, em “<i>A
Espada que dá Vida</i>”, é explorada a ideia da “não-espada” citada no começo
da resenha e que foi demonstrada ao xogum. Além disso, o capítulo fala sobre
como usar a distância na luta com espadas, posicionamentos a serem adotados, da
importância de que a mente jamais fique parada numa ação já ocorrida. Além disso,
outros conceitos filosóficos zen-budistas são discutidos como o conceito de
apego, da existência e da não-existência, do falso vazio e do verdadeiro vazio,
do potencial e da função e outras discussões sobre a mente e o corpo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext;">Enfim, </span></b><b><i><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">A Espada que dá Vida</span></i></b><b><span style="color: windowtext; line-height: 107%;"> é um livro que será muito interessante
àqueles que praticam artes marciais, porque, mais do que ensinar técnicas de
esgrima, a obra ensinará sobre a vida e como vivê-la de forma a evitar
conflitos desnecessários. Para os budistas, será uma fonte de mais alguns
ensinamentos. Já para os demais, ela também será uma fonte de conhecimento
sobre a história de alguns importantes personagens da história do Japão. Ainda
assim, pode ser uma leitura difícil e em vários momentos exaustiva. Eu mesmo
tive muitas dificuldades de concentração e de prosseguir a leitura toda vez que
me deparava com algum pensamento mais complexo. Foram 52 dias de leitura –
ressaltando que meu trabalho também influiu no atraso da leitura. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Ademais,
acrescento que a tradução é impecável e o texto original de Yagyu é conciso. A
introdução achei excessivamente longa. Por fim, a edição tem uma capa muito
elegante e foi produzida em papel em tom amarelado.</span></b><b><span style="color: windowtext; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext;">A edição lida é da Editora
Cultrix, do ano de 2013 e possui 184 páginas. <o:p></o:p></span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<!--[if !supportFootnotes]-->
<br />
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a>https://institutoguanyu.wordpress.com/2015/06/02/yagyu-munenori/<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[2]</span></span></span></span></a>https://en.wikipedia.org/wiki/A_Hereditary_Book_on_the_Art_of_War<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[3]</span></span></span></span></a>https://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_Edo<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[4]</span></span></span></span></a>https://pt.wikipedia.org/wiki/Xogum<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[5]</span></span></span></span></a>O
texto não deixa claro se Yamato seria alguma das muitas cidades japonesas com
esse nome ou se faz referência a antiga Província de Yamato, que atualmente
corresponde à atual prefeitura de Nara em Honshū.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[6]</span></span></span></span></a>https://en.wikipedia.org/wiki/Yagy%C5%AB_Munenori<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[7]</span></span></span></span></a>Referente
às ideias de Confúcio (<span lang="JA" style="font-family: "ms mincho";">孔子</span>551 a.C. – 479 a.C.), pensador e filósofo chinês do
Período das Primaveras e Outonos. (<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Conf%C3%BAcio"><span class="LinkdaInternet">Wikipédia</span></a>)<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/A%20Espada%20que%20d%C3%A1%20Vida%20-%20Resenha.docx#_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[8]</span></span></span></span></a>https://sobrebudismo.com.br/o-zen-e-enganadoramente-simples/<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-54262892855817681422020-06-14T00:00:00.022-03:002020-06-14T14:13:12.933-03:00[Novos Escritores] Os Cinco do Ciclo – Elias Flamel – Resenha <p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">Por Eric Silva para a Tag <a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Novos%20Escritores" target="_blank">Novos Escritores</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: right;"><span style="color: #00000a;">27 de maio de 2020<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 6cm; text-align: right;"><span style="color: #00000a;">“Não se pode esquecer dos homens simples que, mesmo sendo
fracos, decidiram defender suas terras e seus deuses.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="margin-left: 6cm; text-align: right;"><span style="color: #00000a;">(Os Cinco do Ciclo – Elias Flamel)<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; font-size: 11pt; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #00000a; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/EdilgUPmea?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=141776902933" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a;"></span></b></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqOKmRNVBD-C99UXMXC7xJCMMQK2sByTEuvVtstG4mqvNqNVWRn-ewBqpjgViMg-bbfbZdhIOAZWeT6TCL9TX9IK_gc45IYA5FlGRo3Q17pwAWwq_N7jNu4NldYfDC9CyfLKfn3f3Ngl0L/" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="333" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqOKmRNVBD-C99UXMXC7xJCMMQK2sByTEuvVtstG4mqvNqNVWRn-ewBqpjgViMg-bbfbZdhIOAZWeT6TCL9TX9IK_gc45IYA5FlGRo3Q17pwAWwq_N7jNu4NldYfDC9CyfLKfn3f3Ngl0L/d/Os+Cinco+do+Ciclo.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa da edição lida. A edição é resultado de uma<br />produção independente.<br /></td></tr></tbody></table><b><div style="text-align: justify;"><b>Reflexivo, introspectivo, contemplativo, este é o livro
do brasileiro Elias Flamel, um romance extremamente difícil de classificar,
porque se equilibra entre dois mundos, <i>o
da literatura como entretenimento e o da literatura como expressão da natureza
humana</i>.</b></div><o:p></o:p></b><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sinopse<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Keltoi é um pequeno e
pacífico </span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">vilarejo</span><span style="color: #00000a;"> agrícola nos confins
do império Numitor, “</span><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">que cresce
pouco e é alimentado pela rotina</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">”, mas </span><span style="color: #00000a;">que
vive seus dias tranquilos sob a proteção dos cinco deuses do Ciclo e sob a
gerência benevolente de seu líder, Yosef, um homem tão devotado a felicidade de
sua vila quanto ao amor que possui por sua família ou à devoção que tem pelos
deuses. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Todos os anos é ele o
responsável por entregar, na capital do império, o pesado imposto, pago em
centeio, que Numitor lhe exige, mas nada o faz se acostumar com a capital e
suas contradições, com a arrogância do império ou com o fato de que grande
parte do esforço de sua vila alimenta a enormidade de uma nação de corruptos,
assassinos e preguiçosos. Mas diante da força do maior império do mundo, Yosef
prefere submeter-se a pôr em risco sua família e seu povo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Fora seus deveres como líder
de Keltoi, a vida de Yosef é pacata enquanto envelhece ao lado da mulher,
Morgiana, de seu caçula, Julian, do sério Hitalo, o primogênito, do
despreocupado Yohan, o filho que mais lhe causa preocupação, e da velha Guilda,
que com tanto amor cuidou dele e agora cuida também de sua família. Mas há algo
que o preocupa, que o inquieta e não o abandona, porque se prenuncia em todos
os lugares e em todas as bocas: os ventos da mudança.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">É com essa inquietação que
Yosef chega a capital do império para entregar mais um carregamento de seu precioso
centeio e é também lá que ele ouve boatos sobre uma nova ameaça que não só
coloca em risco o seu povo, mas a sua cultura e crenças: uma nova religião,
monoteísta e conduzida por fanáticos que ameaçam a vida daqueles que consideram pagãos. E com a urgência de manter protegido tudo que ama, ele se vê no difícil
desafio de buscar ajuda no seio daquele que mais o enoja: o poderoso Império de
Numitor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Resenha<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Quando Flamel me convidou para ler seu livro e opinar sobre esta
longa narrativa, imaginei que encontraria ali uma saga ao estilo </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Fantasia"><span class="LinkdaInternet"><i><span style="line-height: 107%;">fantasy</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, cheio de
cenas dantescas, batalhas épicas, criaturas improváveis e muitos desafios no
caminho de um protagonista que tem uma missão preciosa e perigosa a cumprir.
Mas me enganei completamente. </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O que eu tinha na tela do meu <i>tablet</i> não era o livro que imaginei, mas outro, um romance
extremamente difícil de classificar, porque se equilibra entre dois mundos, <i>o da literatura como entretenimento e o da
literatura como arte que versa sobre a vida e a natureza humana</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Reflexivo, introspectivo, contemplativo, escrito com uma
qualidade narrativa acima da média, num estilo de escrita que parece morrer
frente ao imediatismo e superficialismo de nossos tempos, que atinge as novas
gerações de leitores, me atinge (não me excluirei), e a tantos outros. Uma
forma de contar histórias que parece flertar com alguns estilos comuns à
literatura mais clássica e menos comercial.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Mas vamos ao livro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">O medo da mudança e liberdade religiosa<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Os Cinco do
Ciclo</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> é daquelas obras que o livro e o personagem principal são uma
coisa só</span><span style="color: #00000a;">. Ele é a própria narrativa, porque
não nos deixa espaço para contemplar o mundo por outra janela que não seja a do
seu próprio olhar. Isso, obviamente, é característica fundante dos romances
escritos em primeira pessoa, mas nem sempre um livro escrito neste foco
narrativo tem um narrador que se preocupe tanto em expressar, nos mínimos
detalhes, suas próprias emoções e opiniões sobre o que vê, e que acabe por
dominar completamente o ritmo em que a narrativa vai seguir como é o caso de
Yosef, líder de Keltoi. <b>Sua alma
envelhecida e cansada, o seu olhar sempre tão alongado, contemplativo e
introspectivo, domina toda a peça e dita o ritmo</b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">O líder de Keltoi é um homem
digno e respeitável, fascinado pelos livros e que ama com intensidade seu povo
e se dedica para garantir o bem-estar dos mesmos, ainda que para isso faça
enormes sacrifícios pessoais e carregue sozinho o peso de um passado do qual
não se orgulha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Yosef é também um homem muito
observador e reflexivo. Influenciado pela sua fé e pelos livros que lê</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> e valoriza
enormemente</span><span style="color: #00000a;">, o velho líder tem um olhar
afiado que observa o mundo com curiosidade e sobre o qual tece reflexões longas
e desapressadas. Pouca coisa escapa desse olhar afiado que a tudo observa e
processa compondo o mosaico do mundo e das muitas pessoas e realidades que
surgem em seu caminho. </span><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O mundo parece
caminhar devagar enquanto Yosef o observa e descreve e</span></b><b><span style="color: #00000a;"> essa natureza
observadora, que dita o ritmo lento da narrativa, lhe dá um certo caráter de
romance filosófico</span></b><span style="color: #00000a;">. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Por ser uma pessoa íntegra e
dedicada, Yosef exige de sua família os mesmos valores, por isso sua
convivência com o filho mais extrovertido e relaxado, Yohan, quase nunca é
fácil e as comparações com o primogênito extremamente responsável são
invitáveis. Ainda assim, ambos os filhos desejam, cada um ao seu modo, honrar e
conquistar o respeito e aprovação do pai. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Por sua vez, a seriedade que
o líder de Keltoi demonstra é a daqueles que tem uma grande responsabilidade,
mas que confia que há forças superiores que o guiam, e que sempre o permitiram
prosseguir com sua missão, por isso, a fé que Yosef deposita em seus deuses é
imensa e sólida. Pelo mesmo motivo, ainda que admire a seriedade solene e grave
de seu filho mais velho, Hitalo, Yosef não a toma para si em mesma medida e se
permite seus momentos de tranquilidade, bom humor</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> </span><span style="color: #00000a;">e
relaxamento, ainda que nunca se esqueça por completo de seus problemas e
preocupações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Sobre a gerência desse homem
amigo de todos, honesto, generoso e compassivo, Keltoi não é a vila mais rica,
mas segue prosperando e feliz. E a história do livro de fato começa quando este
homem tão arraigado às tradições, a sua terra, seu povo e suas crenças, se dá
conta de que o mundo para além do que ele conhece, sempre fechado em sua bolha,
está em uma rápida e violenta mudança e que essa mudança ameaça transformar e
destruir tudo o que ele conhece. Por isso, digo que </span><b><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Os Cinco do Ciclo </span></i></b><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">é também um livro sobre o medo da mudança</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">[Citação]<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #0f6fc6; line-height: 107%;">“[...]. Mudança, meu amigo. Essa palavra está na boca daqueles que
amo. Querem que eu a veja, dizem até que ela me cerca e isto me preocupa.”<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Falando de minha própria crença religiosa, nós budistas
acreditamos que nada é eterno ou premente, mas que tudo nesse universo é feito
de impermanência, nós e tudo ao nosso redor estamos sempre em ininterrupta
mudança. Desse modo, um estado de vida que hoje existe nunca será permanente e
dará lugar a outro, e devemos aceitar essa mudança. O mesmo não se dá com
Yosef, que meio cego – apesar de tão lúcido (eis aí uma contradição) – parece
alheio as mudanças, ou tem, no início, uma posição “negacionista”. Acho que de
tão fechado em seu mundo – que quase se resume a Keltoi – ele não pode notar o
começo de <i>um novo ciclo</i>, e acabou não
tendo o alcance de visão que outros demonstravam. Por isso, a mudança se impõe
violentamente e sua ameaça obriga-o a mover-se na esperança de conservar o que
ele conhece.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O livro de Flamel, por sua vez, parece querer nos ensinar que <b>a mudança é algo que sempre vem, que se
move independente da vontade contrária dos homens, mas que, contraditoriamente,
também pode ser acelerada pelas ações humanas</b>. Mesmo os impérios mais
poderosos estão sujeitos aos caprichos da mudança e devem se adaptar ou
sucumbir aos seus efeitos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Vivemos hoje um momento assim, no qual um surto viral tomou
proporções tais que força governos, o mercado e a sociedade civil a repensarem
o mundo e como as pessoas vivem suas vidas. A mudança chegou a galope e pegou a
todos desprevenidos. O mundo voltara a ser o mesmo? Provavelmente não.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Mas para
qualquer mudança que se abate sobre o mundo, os impactos não excluem o campo da
cultura, sobretudo quando se vive em um mundo violento como o de Yosef, no qual
os mais poderosos impõem os seus desejos pela força e pela manipulação política</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">. Tomando isso
por base, <i>Os Cinco do Ciclo</i> aborda
uma realidade muito comum no passado humano: se uma nova religião estende sua
influência até aqueles que governam com tirania, as consequências sobre os que
não compartilham da mesma fé costumam ser desastrosos (imposições e
perseguições, ou seja, violência física e simbólica). É o que o líder de Keltoi
teme quando finalmente a mudança fica evidente aos seus olhos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Todavia o tema
de <i>Os Cinco do Ciclo</i> está longe de
ser desatualizado, pelo contrário, nos tempos atuais a falta de liberdade
religiosa e conflitos de cunho religioso são realidades comuns para dezenas de
povos, atingindo, sobretudo, grupos minoritários como o povo de Keltoi</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">. A imposição
brutal pelo grupo Estado Islâmico da <i>Sharia</i>,
código religioso que regula a vida privada e civil<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Em%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20do%20autor/Os%20Cinco%20do%20Ciclo%20-%20Resenha.docx#_ftn1" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a>,
o conflito entre budistas e muçulmanos na Tailândia, entre muçulmanos e
não-muçulmanos no Sudão, de xiitas e sunitas no Iraque, e tantos outros de
grande ou pequena projeção internacional evidenciam a atualidade do livro de
Flamel, que, através de um narrador-personagem politeísta, <b>tenta exprimir o medo ao qual as minorias são impostas quando suas
tradições são ameaçadas pelas diferenças religiosas com outros povos</b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Diante da iminência de que uma profunda mudança religiosa no
império ameace a sobrevivência de seu povo, o líder de Keltoi resolve lutar com
as ferramentas que possui, mas toma para si uma tarefa tal qual a de Sísifo,
personagens da mitologia grega citada pelo próprio Yosef.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Sísifo era um mortal, filho do rei Éolo, da Tessália, que foi
condenado no Reino de Hades a empurrar para o alto de uma montanha uma pedra
imensa, mas que logo depois de todo o esforço do rapaz, sempre rolava montanha
baixo, forçando Sísifo a repetir seu esforço inútil.<span> </span>Essa é a melhor analogia que se pode fazer em
relação a tarefa a que Yosef se propõe com determinação: rolar uma pedra
montanha acima, uma vez que ele tentará lutar contra algo contra o qual
aparentemente não tem poder para mudar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Numitor: uma releitura do Império Romano<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Se por um lado, a questão religiosa é o tema que mobiliza o
velho Yosef, outro tema é bastante destacado pelo narrador: a subjugação de um
povo por outro, com a subsequente tirania e exploração aos quais os povos são
submetidos para sustentar a elite da nação dominante. O povo de Keltoi é um desses
povos subjugados e obrigados a sustentar com o seu suor uma nação estrangeira,
distante, mas poderosa o bastante para fazer valer a sua vontade pela força e
pela coerção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Para ambientar <i>Os Cinco do
Ciclo</i> Flamel não cria exatamente um mundo alternativo e fictício, mas
adapta uma época da história humana no qual um povo guerreiro e de exércitos
poderosos construiu pela guerra um dos maiores impérios da Terra: o Império
Romano. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Na história da Idade Antiga, Roma é particularmente conhecida
por ter deixado de ser uma vila empobrecida da península itálica e ter
estendido seu domínio por uma vasta extensão de terra, colocando sob seu julgo
centenas de povos, até o ponto de ser conhecido como um dos maiores e mais
duradores impérios da História. Entretanto, Roma é igualmente lembrada por sua
política corrupta, cheia de traições, golpes, e pelos muitos regentes vaidosos,
inescrupulosos e genocidas que a governaram ao lado ou contra o Senado.<span> </span>Contudo, em <i>Os Cinco do Ciclo</i> Roma não é Roma, é Romula, e o Império Romano tem
outro nome, Numitor, que na mitologia romana, foi rei destituído do trono de
Alba Longa e avô dos gêmeos que fundaram a Roma real.<o:p></o:p></span></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigZqN9XwxKdZFbHzpFFufN0sS4X7rfQNDsoIei1o78ikc2aF1cqcJn4EMvTKufGQJ4yIiP7cogocEg8zp39FYXenB6I83CotcKE_IozDyycY_o39EOTdDvQgOTN9vOA0xkpbsQ5eQg-Mpj/s1600/D%25C3%25A9tail_de_la_maquette_de_Rome_%25C3%25A0_l%25C3%25A9poque_de_Constantin_%25285840455090%2529.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigZqN9XwxKdZFbHzpFFufN0sS4X7rfQNDsoIei1o78ikc2aF1cqcJn4EMvTKufGQJ4yIiP7cogocEg8zp39FYXenB6I83CotcKE_IozDyycY_o39EOTdDvQgOTN9vOA0xkpbsQ5eQg-Mpj/w640-h480/D%25C3%25A9tail_de_la_maquette_de_Rome_%25C3%25A0_l%25C3%25A9poque_de_Constantin_%25285840455090%2529.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maquete da cidade de Roma
durante o governo de Constantino (306-337)<br /></td></tr></tbody></table><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Flamel faz uma releitura do poder, política e cultura romana,
recontando, inclusive, uma das versões do mito de Rômulo e Remo, e desse modo
cria seu próprio império dominador dos quatro cantos do mundo sem
obrigatoriamente se atrelar a nomes reais e fatos históricos datados. Uma saída
inteligente, porque o desobrigou de ter que envolver na sua narrativa a
complicada tessitura histórica, repleta de personagens e de ações muito bem
datadas do Império Romano, o que só tornariam mais complicada a narrativa e
engessaria o seu desenvolvimento. Mas é fato que a política e o poder do
exército e do senado romano está ali retratado sob o nome de Numitor. Egípcios,
gregos e nórdicos também são citados como povos que foram subjugados pelo poder
do império, e a incorporação do cristianismo ao império (que obviamente não
recebe esse nome na narrativa) é também retratada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Mas um fato que, particularmente, me chamou a atenção foi a
opção do autor de não retratar a capital do império como um lugar suntuoso como
nunca visto em outro ponto do mundo antigo, mas como era de fato a Roma real:
uma grande cidade, cheia de riquezas e de vida comercial, mas também de
pobreza, e assaltantes. <b>Um lugar onde a
riqueza proeminente contrasta com a horda de mendicantes morrendo de fome, mas
cuja miséria é ignorada pela multidão</b>. Senti falta apenas do <i>pão e circo<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Em%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20do%20autor/Os%20Cinco%20do%20Ciclo%20-%20Resenha.docx#_ftn2" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><b><span style="color: #00000a; font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[2]</span></b></span></span></span></a></i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Tomando essa releitura como
cenário, o autor se dedica a demonstrar a opressão e descaso do império em
relação aos seus súditos e dominados através do olhar de Yosef. O líder de
Keltoi, com sua mente lúcida e observadora vai pouco a pouco nos mostrando a injustiça
de um império que não deseja mais nada do que expandir o seu poder e explorar
ao máximo os povos que vivem dentro dos seus domínios, sendo indiferente as
necessidades e dificuldades dos mesmos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Aponta também como cada povo
tem que entregar uma grande parcela dos frutos da terra que produz, como os
impostos aumentam a cada ano, e como são tratados com indiferença e até
desprezo pelos representantes do Estado. E vai além quando desnuda a corrupção,
os jogos políticos e de aparência e a boçalidade e pompa dos dirigentes de
Numitor, t</span><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">ecendo uma crítica a como determinadas classes sociais
dirigentes vivem e legislam na opulência e cercados de ritos sem sentidos às
custas do suor da população empobrecida, que por meio da opressão e coerção se
vêm obrigados a contribuir com impostos pesados, sem, no entanto, receber em
retorno o que lhe é legítimo por parte daqueles que governam. Como eu disse, um
livro atual.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: left;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Em lento e contemplativo compasso: sobre o ritmo e o estilo<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Contudo, se </span><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Os Cinco do Ciclo</span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> trata de um
tema atual e se inspira na empolgante história de um dos mais famosos impérios
da antiguidade</span><span style="color: #00000a;">. Por outro lado, o seu lento
desenvolvimento foi algo que me aborreceu bastante durante a leitura que
intercalei com outros quatro livros, todos concluídos antes de terminar </span><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Os Cinco do Ciclo</span></i><span style="color: #00000a;">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Por ser muito detalhista e
contemplativo, Yosef analisa o mundo num ritmo que é só dele e acaba por ditar
o ritmo do próprio livro que conta com 556 páginas, sem que haja grande
dinamismo em sua maior parte. Mas a verdade é que para entender porque </span><i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Os Cinco do Ciclo </span></i><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">é um livro de
extensão tão grande, mas com desenvolvimento tão lento, é preciso entender o
próprio estilo do autor</span><span style="color: #00000a;">.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Flamel é um autor que escreve bem e com uma fluidez que,
normalmente, só é encontrada nos escritores mais experimentados. Não há nele
uma preocupação com o imediatismo, com que as coisas fluam rapidamente para um
clímax, porque prefere trabalhar profundamente a complexidade da personalidade
de seu narrador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Neste livro ele opta por desenvolver uma obra que se inclina
para o filosófico, para a reflexão do personagem-narrador acerca de seu mundo,
sobre como nele funciona a vida, sobretudo a vida cotidiana. Para tanto ele
desenvolve um personagem nostálgico e que beira ao poético, extremamente descritivo,
atento aos detalhes e compassos, intuitivo até, e que apesar de parecer absorto
em seus pensamentos, na verdade está atento aos movimentos da vida, às
expressões, aos sons, aos ritmos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O autor também gosta de sobrepor na linha de desenvolvimento da
história o presente e o passado e por diversas vezes faz com que seus
personagens contem suas histórias para o protagonista escutá-las com atenção,
ou dá espaço as memórias do passado do próprio Yosef. Por conta disso, alguns
diálogos são arrastados e algumas histórias simples chegam a ser contadas sem
objetividade. Mas também não se pode deixar de mencionar que o livro é povoado
por muitos monólogos interiores do narrador. E é nesses aspectos que <i>Os Cinco do Ciclo</i> testou minha
paciência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Em minha visão de mundo, considero que ler é algo que exige
esforço, é diferente de assistir a um filme, no qual as cenas já prontas passam
em seu próprio ritmo indiferente se nossa compreensão segue com o mesmo
compasso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Ler exige esforço do leitor que precisa se acomodar, experimentar
uma boa luz em uma posição confortável e exigir de seus olhos que leia e da sua
mente que imagine, até que texto e imaginação fundam-se numa coisa só. Por
conta disso, leitura e mente devem estar em perfeito compasso. No entanto, se o
desenvolvimento da narrativa se arrasta, junto com diálogos igualmente
arrastados, o resultado é desastroso, porque a mente não espera e passa a
vaguear indo para direções opostas a leitura. Foi assim que me senti lendo <i>Os Cinco do Ciclo</i> e acabei lançando mão
de um recurso que não gosto de utilizar: o autoestímulo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">As vezes quando uma leitura não está dando certo ou eu estou me
amarrando para prosseguir com ela, leio o epílogo ou as últimas páginas do
capítulo final, para ter um lapso fragmentado do desfecho, mas somente até um
ponto em que continue impossível a compreensão de como a história chegou aquele
ponto. As vezes leio as páginas de trás para frente, e quando vejo que é
informação demais, paro. Isso cria artificialmente um interesse em mim de
entender aquelas páginas dispersas e retomar a leitura se torna mais fácil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Isso significaria que <i>Os
Cinco do Ciclo</i> é um livro ruim e sem qualidade? De forma alguma. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Flamel tem
muito talento para a narração, é detalhista sobretudo na construção de seus
personagens e sua escrita é fluida e muito bem estruturada.</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> <b>Se eu fosse comparar <i>Os Cinco do Ciclo</i> a algum livro que já tenha lido, o compararia,
talvez com um livro intimista de um grande escritor</b>, a exemplo de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/10/historias-da-outra-margem-nagai-kafu.html"><span class="LinkdaInternet"><i><span style="line-height: 107%;">Histórias da outra margem</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> clássico da
literatura japonesa escrito por Nagai Kafu, mas principalmente ao livro </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/07/o-tigre-na-sombra-lya-luft-resenha.html"><span class="LinkdaInternet"><i><span style="line-height: 107%;">O tigre na sombra</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, de Lya Luft,
ambos com coincidentes 128 páginas. </span><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj86xTs5_b5guc9xzRHhWIJPeC0Q1tmSonxrLjF3n3x3Ci7bvxwBB0dwMvgXs-yGuX_6d815OV6iEs2y2EbqH148cMH0pkKxpXj30_yVqIsJtOEjBWxzKMBjsWYFw2hZM0uI63aZgCPV86l/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="334" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj86xTs5_b5guc9xzRHhWIJPeC0Q1tmSonxrLjF3n3x3Ci7bvxwBB0dwMvgXs-yGuX_6d815OV6iEs2y2EbqH148cMH0pkKxpXj30_yVqIsJtOEjBWxzKMBjsWYFw2hZM0uI63aZgCPV86l/s320/Hist%25C3%25B3rias+da+Outra+Margem.jpg" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Sy8pSSK9QK6dfH-1vallr76qWybUfS3UE5k-lAVw02tlhMVvNvGVYe0v-1ue0qcrFb0d7NC6CVK08zjt5QF1kf0bgUpHcz3x38shVJ3hCjMkYs34UgslIOZ6hZMGLHphsKNhEDx_108W/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="777" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Sy8pSSK9QK6dfH-1vallr76qWybUfS3UE5k-lAVw02tlhMVvNvGVYe0v-1ue0qcrFb0d7NC6CVK08zjt5QF1kf0bgUpHcz3x38shVJ3hCjMkYs34UgslIOZ6hZMGLHphsKNhEDx_108W/s320/O+Tigre+na+Sombra.jpg" /></a></div><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Esses são os estilos mais aproximados ao de Flamel, levando em
consideração apenas livros que já li. Ambos são livros cheios de monólogos
interiores, extremamente voltados para seus narradores, para as percepções que
os mesmos têm do momento, da vida, dos lugares e do passado. Mas com algumas
diferenças cruciais em relação a obra de Flamel: <b>são narrativas baseadas na vida cotidiana simples e puramente</b>, sem
criar um mundo para ambientá-las e que precise ser descrito para fazer sentido,
e, principalmente, <b>são livros
desenvolvidos em narrativas rápidas, a fim de que não se perca o frescor do
personagem-narrador que por si só é a principal razão do leitor ler a obra</b>.
Digo isso, porque do meu ponto de vista, Dôda, de Lya Luft, e Tadasu Oe, de
Nagai Kafu, são as razões desses dois livros existirem, porque os mesmos são
lidos não pela narrativa, mas pelo personagem que é foco, centro e praticamente
único tema da história. <b>São obras
intimistas com personagens voltados para si, vendo o mundo sob sua ótica,
contando fragmentos de seu cotidiano, obras que se fossem maiores do que são,
seriam extremamente enfadonhas para o leitor médio de nosso tempo</b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Outro livro a que <i>Os Cinco
do Ciclo</i> me remete é </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2018/10/naufragios-akira-yoshimura-resenha.html"><span class="LinkdaInternet"><i><span style="line-height: 107%;">Naufrágios</span></i></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">, obra de
outro japonês, Akira Yoshimura. Esse é também um livro que tem ritmo muito
próprio, que não tenciona acelerar a narrativa porque o tempo não é acelerado
na realidade; segue o compasso e o ritmo da natureza. Fala também da
sobrevivência de uma pequena comunidade, mas no caso, trata-se de aspectos de
subsistência puramente. Todavia, mais que isso, é um livro bastante descritivo
como o de Flamel. Há nele a preocupação quase obsessiva de descrever a vida cotidiana,
a cultura e as dificuldades da pequena sociedade, fazendo com que a história em
si se preocupe mais com descrever o movimento da vida (e no caso do japonês
também da morte) do que contar uma história que prenda seu leitor seja pela
força da curiosidade ou pela adrenalina da ação. <span> </span></span><o:p></o:p></p><p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ4rwV0rwiy7ybB4vTuqoMfb3u960DN5NhbDOJmNK7wg43TL0ObYEXxo5wxCFglqIs3dPOLzcKZ2Om3-18Poyhntfl-BZmIxoQ38Ntdrwx6-PocB0rPnbz98EAqSGWOeFV7UiNC19mTJDU/" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1516" data-original-width="1071" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ4rwV0rwiy7ybB4vTuqoMfb3u960DN5NhbDOJmNK7wg43TL0ObYEXxo5wxCFglqIs3dPOLzcKZ2Om3-18Poyhntfl-BZmIxoQ38Ntdrwx6-PocB0rPnbz98EAqSGWOeFV7UiNC19mTJDU/w283-h400/Naufr%25C3%25A1gios+-+Akira+Yoshimura.jpg" width="283" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Naufrágios é um livro que segue o compasso<br /> e o ritmo da natureza</td></tr></tbody></table><span><br /></span><p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O que quero
dizer com essas comparações é que Flamel não escreve um livro comercial,
cinematográfico, repleto de clichês e fórmulas manjadas, mas que conquistaria
facilmente o leitor médio, aquele que está mais interessado no entretenimento
do que no lado humanista da literatura</span></b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">. Não que o cinematográfico falte ao
livro. Ele está lá, em muitas cenas, no naufrágio do navio, nos sonhos com os
deuses do ciclo, no desfecho da narrativa. <b>Mas
o principal do livro flerta com outro tipo de literatura, mais clássica, mais
preocupada em desnudar questões existenciais, humanas, e encarem isso como um
elogio, porque o é.</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Tamanha é essa suposta despreocupação de escrever um livro
comercial que não sei em que gênero enquadro o livro de Flamel, porque ele pode
até parecer pela sinopse como uma espécie de fantasy, mas sua narrativa não tem
elementos mágicos ou sobrenaturais que justifique essa classificação, além
disso, o enredo poderia facilmente se passar pelo relato de fatos reais acontecidos
em qualquer lugar da Europa entre o fim da Idade Antiga e o início da Idade
Média. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Seria este um livro existencialista? Não sei dizer. Um
personagem obrigado a sair de sua zona de conforto e do mundo por ele conhecido
que precisa encarar a mudança me faz lembrar vagamente o estilo. Mas a despeito
disso, é um livro que beira muito o realista, não em relação a harmonia um
tanto idealizada da aldeia, mas com relação a todo o resto, da descrição
daquele mundo imperialista ao desfecho da narrativa. Além disso, é intimista,
muito ligado a memória e profundamente imerso nos pensamentos, sensações,
observações de seu personagem narrador. Um livro assim é difícil de colocar em
uma caixinha, o que é estupendo, mas o desenvolvimento arrastado quebra parte
do potencial da obra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">No passado, obras com a pegada de desenvolvimento lento e
compassado costumavam ser longos e ainda assim fazerem muito sucesso, porque
eram obras escritas para um público que vivia em um ritmo diferente do público
atual. No passado, seguia-se uma cadência muito mais paciente, muito menos
imediatista, um ritmo muito mais próximo do tempo da natureza, de seus CICLOS. <o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">No entanto, nesse </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/2020/10/meuslivros-admiravel-mundo-novo-aldous.html" target="_blank"><span class="LinkdaInternet"><span style="line-height: 107%;">admirável
mundo novo</span></span></a><span style="color: #00000a; line-height: 107%;"> em que vivemos, um mundo globalizado ditado pela
velocidade de trilhões de gigabytes correndo por fibra óptica superavançada, é
muito difícil que um livro com o estilo de Flamel e com seu volume que passa
das 500 páginas, consiga conquistar o seu público-alvo em geral impaciente e
desejoso de emoções rasas, fáceis, ou de simplesmente viver momentos febris de
emoções arrebatadoras, além de ansioso para ver um pouco de si no personagem
que lê. Ainda assim, Flamel conseguiu uma nota bastante elevada no Skoob por <i>Os Cinco do Ciclo</i>, porque o livro
evidencia seu talento indiscutível para a escrita e para a narração. </span><o:p></o:p></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">O autor brasileiro escreve bem e com esmero, mas, na minha
opinião, peca por escrever um livro tão grande em um ritmo de desenvolvimento
tão lento e com pouquíssimo dinamismo. Por isso, sigo com a opinião que, nos
nossos tempos, onde há muita oferta de leitura e pouca paciência por parte de
um grupo expressivo de leitores, o leitor espera de um livro extenso que a
narrativa seja instigante e dinâmica o máximo de tempo possível, para que ele
possa correr as páginas sem sentir, nem que já leu muito além do que pretendia,
nem sentir o tempo que passou veloz como um corcel adentrando a madrugada fria.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;">Para finalizar, um ponto que não compreendi perfeitamente<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Uma coisa que me intrigou bastante no livro de Flamel é o
universo mitológico-religioso da crença seguida pelos habitantes de Keltoi.
Vejo agora que talvez alguma coisa me escapou e não pude compreender por
completo a crença defendida por Yosef e que baseia em uma certa “ciclicidade”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Segundo o que entendi, o mundo seria governado por Destino (uma
referência a inevitabilidade da repetição de um ciclo?), e por um conjunto de
cinco deuses que compõem uma espécie de ciclo que dita a própria vida na Terra
e que dão nome ao livro. Ao mesmo tempo, ao que me parece, para o povo de
Keltoi ciclos são iniciados e interrompidos, são períodos de tempo, sinônimos
para estações, o tempo de vida e também trajetórias seguidas por cada vida e
pela própria natureza. Mas um trecho em especial me deixou confuso:<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">[Citação]<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #17406d; line-height: 107%;"><span> </span>“Cada escolha é um novo ciclo,
cada ciclo é um novo mundo. Assim os Cinco do Ciclo aprenderam com Destino e
nos ensinaram. Minha escolha já foi feita e um mundo se abre diante de
mim."</span></i><span style="color: #17406d; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">No meu entendimento, uma filosofia que acredita em
circularidade, acredita que tudo volta a um estágio inicial e novamente caminha
por estágios anteriormente superados, porque círculos não bifurcam, se repetem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Ciclos são repetições, como os ciclos na natureza, das estações
e a da alternância entre vida e morte. É como acreditar em <i>ouroboros</i>, a serpente que morde a própria calda, e que representa
movimento, continuidade, autofecundação e eterno retorno<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Em%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20do%20autor/Os%20Cinco%20do%20Ciclo%20-%20Resenha.docx#_ftn3" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><span><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #00000a; font-family: "adobe garamond pro", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">[3]</span></span></span></span></a>.
Essa ideia simples parece dominante na narrativa, mas esse trecho quebra a
lógica, porque um novo ciclo não se abre para outro, é apenas repetição do
mesmo ciclo, porém em uma outra época, com outras pessoas, mas é sempre
repetição de situações similares. Uma ideia que vi ser construída com bastante
lucidez em <i>Naufrágios</i>, o livro de
Akira Yoshimura, que enfatiza o ciclo das estações e a constante repetição das
atividades sazonais que garantia a sobrevivência dos personagens.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Por isso, esse ponto sobre a cresça de Keltoi me deixou um tanto
confuso, porque, se escolher significa ter dois caminhos e abandonar um em
favor de outro, como isso pode ser um ciclo? Já que repetição não significa
ruptura, e ruptura significa abandonar, romper o ciclo. Em vários momentos a
ideia de Flamel concorda com essa repetição, mas nessa passagem, a contradiz,
por isso não ficou claro para mim. Então, como um bom resenhista perguntei
diretamente a fonte e recebi uma explicação com a cara de Yosef:<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #17406d; line-height: 107%;">“Sobre o ponto que te causou confusão. Os Cinco do Ciclo servem a
Destino que controla todos os Ciclos. O que pensei com esses Ciclos? Vejo que
muitas coisas se repetem no mundo: guerra, fome, revoluções, esperanças, catástrofes
e etc. Apesar desses Ciclos se repetirem, eles nunca são os mesmos. As guerras
do passado e do presente podem aparentar semelhanças, mas tem as suas
diferenças e são travadas em mundos diferentes. A idade de bronze, a idade
medieval e o mundo moderno repetem ciclos, mas são mundos diferentes. Para mim, um
ciclo só se fecha quando há a completa destruição. Caso ela não ocorra, o ciclo
vira aprendizado.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #17406d; line-height: 107%;">"Cada escolha é um novo ciclo, cada ciclo é um novo mundo".<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #17406d; line-height: 107%;">Cada nova escolha pode gerar uma mudança, sendo assim, cada escolha pode
influenciar em um novo ciclo. E, se influencia em novo ciclo, então influencia
no mundo.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><i><span style="color: #17406d; line-height: 107%;">O fechar de um ciclo já marca o início do outro. E, esse outro ciclo, é
influenciado pelo anterior. Não há repetição, há evolução. Assim Os Cinco do
Ciclo aprenderam com Destino e ensinaram para o povo de Keltoi. Uma flor sempre
vai crescer na terra, isso é um Ciclo. Porém, nunca vai crescer da mesma forma.”<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Poético.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; line-height: 107%;">Mas, deixando
os pormenores de lado, <i>Os Cinco do Ciclo</i>
é um livro que nos apresenta um autor de qualidade que tem a sua frente o
desafio de continuar refinando sua arte, definir por completo o seu estilo e
conceber muitas obras de boa qualidade como esta. Digo que <i>Os Cinco do Ciclo</i> me causou impaciência pela sua extensão combinada
ao ritmo lento e à narração detalhista, porque sou imediatista, ansioso e perco
facilmente o interesse, infelizmente, mas isso faz parte da minha contradição
como ser humano que ama filosofar, especular e se alongar em resenhas
intermináveis, mas que não tem igual paciência para o alongar alheio. </span></b><b><span style="color: #00000a; font-size: 18pt; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">A edição lida é uma produção
independente, do ano de 2017 e possui 556 páginas. A continuação da obra se dá
com o livro Herdeiro do Ciclo, outra produção independente, do ano de 2020 e
que possui 708 páginas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><b><span style="color: #00000a; font-size: 22pt; line-height: 107%;">Sobre
o autor<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="color: #00000a;">Sou Elias Flamel, tenho dois
volumes publicados da saga do Ciclo na </span><a href="https://www.amazon.com.br/Loja-Kindle-Elias-Flamel/s?rh=n%3A5308307011%2Cp_27%3AElias+Flamel">Amazon</a><span style="color: #00000a;">, sou pós-graduado em escrita criativa e análise literária
pelo Instituto Vera Cruz e resenhista do site </span><a href="http://leitorcabuloso.com.br/"><i>Leitor
Cabuloso</i></a><span style="color: #00000a;">. Aficionado por mitologia, desde a
grega até a africana, vejo genialidade em Hamlet e no Batman e confesso somente
para os íntimos que ainda espero a carta de Hogwarts (no mundo bruxo existe
tanta coruja destrambelhada).<o:p></o:p></span></p>
<div><div style="text-align: justify;"><br /></div><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Em%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20do%20autor/Os%20Cinco%20do%20Ciclo%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[1]</span></span></span></span></a>SOUSA,
Bertone. Estado Islâmico, Sharia e a democracia (im)possível no Islã. <b>Bertone Sousa</b>, [s.l.], 2015. Disponível
em:
<https://bertonesousa.wordpress.com/2015/11/18/estado-islamico-sharia-e-a-democracia-impossivel-no-isla/>.
Acesso em:<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Em%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20do%20autor/Os%20Cinco%20do%20Ciclo%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[2]</span></span></span></span></a><i>Panem et circenses</i> foi uma política
desenvolvida durante a República Romana e o Império Romano (Wikipédia).
Trata-se do “modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em
geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio”
(Santiago, Emerson. Política do pão e Circo. <i>Infoescola</i>. Disponível em:
<https://www.infoescola.com/historia/politica-do-pao-e-circo/>. Acesso
em: 27 de maio de 2020.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Em%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20do%20autor/Os%20Cinco%20do%20Ciclo%20-%20Resenha.docx#_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%;">[3]</span></span></span></span></a>Ver:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouroboros<o:p></o:p></p>
</div>
</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3071426735249449223.post-13841044765339786072020-06-07T00:00:00.004-03:002020-06-14T12:16:24.222-03:00Bruxa da Noite – Nora Roberts – Resenha <span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<br />
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: right;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Por Eric Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: right;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">05 de abril de 2020<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">“O mundo é mágico. As pessoas
não morrem, ficam encantadas”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: right;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">(João Guimarães Rosa)<i> <o:p></o:p></i></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Diga-nos o que achou
da resenha nos comentários.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><i><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></i></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><i><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Está sem tempo para ler? Ouça a nossa
resenha, basta clicar no play.<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: left;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: left;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><iframe src="https://www.4shared.com/web/embed/audio/file/XtPTwIOviq?type=NORMAL&widgetWidth=530&showArtwork=true&playlistHeight=0&widgetRid=651882355191" style="border: 0; height: 152px; margin: 0; overflow: hidden; width: 530px;"></iframe><o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></b>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRr_lplYW2GUPobzvJ9UDDcY0CJtK6378RiPrUmZm7_WBkWxn4IntDUR6_SIuGSpvKY_oqXD9PJ62cA4F7WjA_9KYi0p54uQhrVb-viN4zytZSP_81dtm1cit5IqFCWLH22TGp6czG4zxa/s1600/Bruxa+da+Noite.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="654" data-original-width="454" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRr_lplYW2GUPobzvJ9UDDcY0CJtK6378RiPrUmZm7_WBkWxn4IntDUR6_SIuGSpvKY_oqXD9PJ62cA4F7WjA_9KYi0p54uQhrVb-viN4zytZSP_81dtm1cit5IqFCWLH22TGp6czG4zxa/d/Bruxa+da+Noite.jpg" style="cursor: move;" /></a><b><span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Meu primeiro contato com a obra da cultuada Nora Roberts,
<i>Bruxa da Noite </i>é uma narrativa que
reúne história, magia, romance e a luta do bem conta o mal em um único enredo. Em
alguns momentos empolgante e, em outros, maçante este é um livro que valeu a
pena ler para conhecer a autora, mas que não mudou meu sentimento de antipatia em
relação ao gênero romance de amor.</span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<h2>
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Sinopse
do enredo</span></b></h2>
</div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><i><span style="color: windowtext;">County Mayo, Irlanda</span></i><span style="color: windowtext;">. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Sorcha, a Bruxa da Noite, como
era conhecida na região, sente-se cada vez mais debilitada após o aborto
espontâneo de sua quarta criança. Sozinha com os três filhos (Brannaugh, Eamon
e Teagan) enquanto o marido estava ausente em batalha, ela sente que a energia
maléfica do bruxo Cabhan está cada vez maior, assim como o desejo dele de
apossar-se dela e de seu poder. Ela e sua família estão em risco. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"></span><br />
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Para defender seus filhos
contra os ataques de Cabhan e destruí-lo, Sorcha faz o mais extremo dos
sacrifícios. Transfere para os filhos o seu poder, escolhendo para cada um
deles um animal como guia (o cão, o falcão e o cavalo) e num ato suicida usa o
pouco de poder que lhe resta para enganar e destruir seu inimigo. Contudo,
Cabhan não está morto e de algum modo sua existência sombria vai, ao longo dos
séculos, atormentando a descendência da grande bruxa, restando aos que herdaram
o sangue de Sorcha terminar o que ela havia começado muito tempo antes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/20/Nephin_Mountain%2C_County_Mayo_July_2010.jpg/576px-Nephin_Mountain%2C_County_Mayo_July_2010.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="576" height="400" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/20/Nephin_Mountain%2C_County_Mayo_July_2010.jpg/576px-Nephin_Mountain%2C_County_Mayo_July_2010.jpg" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Paisagem de County Mayo. Autor da Imagem: Comhar. <br />Julho de 2010. Wikimedia Commons.</td></tr>
</tbody></table>
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Muitos séculos depois a extensa
linhagem dos três filhos da Bruxa da Noite ainda sobrevive, dotados de poder e
marcados pela maldição. Cabhan é ainda uma ameaça presente e poderosa da qual os
irmãos Branna e Connor O’Dwyer tiveram que aprender a se defender ainda muito
crianças. Descendentes dos três irmãos, ela é a bruxa guiada pelo cão e ele o
bruxo guiado pelo falcão, mas para que o círculo fique completo, falta o
terceiro, aquela que é guiada pelo cavalo, a descendente de Teagan.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Do outro lado do Atlântico,
nos Estados Unidos, Iona Sheehan cresceu ansiando por amor e aceitação. Com
pais indiferentes, o porto seguro da menina foi sua avó materna, irlandesa, com
quem aprendeu as lendas antigas da grande bruxa e através de quem Iona ficou
sabendo onde encontrar suas raízes:<span>
</span>County Mayo. Ali Iona poderia entender quem é, compreender a dimensão
dos seus poderes e encontraria um lar e o seu destino determinado muitos
séculos antes de nascer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"></span><br />
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Após vender o pouco que
possuía, Iona faz as malas e deixa tudo para trás, com nada além de instruções
de sua avó, muito otimismo, e um talento nato com cavalos. Abandona para sempre
a vida infeliz que vivia para buscar as respostas para suas dúvidas naquela terra
antiga, repleta de florestas exuberantes, ruínas, e velhas lendas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Ali onde tinha origem o
sangue e a magia de sua família, Iona encontra seus primos, Branna e Connor e é
convidada a viver com eles em sua casa onde eles ensinariam tudo o que era
necessário à jovem bruxa. É também com ajuda deles que a moça consegue um
emprego nos estábulos locais e conhece Boyle McGrath, o proprietário. Boyle é um
homem ousado, rústico e rude, mas capaz de mexer com os mais íntimos desejos de
Iona. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Junto de seus primos, de
Boyle e dos amigos que consegue fazer, logo a moça percebe que naquele lugar ela
pode construir um lar para si e viver a sua vida como sonhava. Mas isso também
significava enfrentar os assédios e os ataques do mal antigo que atormenta sua
família e reunir forças para derrotá-lo de uma vez por todas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<h2>
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Resenha</span></b></h2>
</div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"></span><br />
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"></span></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdGoA4oFFx1CnEgyHMWI1MYK3ug7Ymo8Su44ezOaDf0WmlgRqI0G3E9Zb60flAwQdlnpagWdzBbiOJZk45TD3vMhu63NOkEuXB6Id5UCkl1PV9FvzdI9E_5-diy4gm4taXdtETm2k5Bic0/s1879/Bruxa+da+Noite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1877" data-original-width="1879" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdGoA4oFFx1CnEgyHMWI1MYK3ug7Ymo8Su44ezOaDf0WmlgRqI0G3E9Zb60flAwQdlnpagWdzBbiOJZk45TD3vMhu63NOkEuXB6Id5UCkl1PV9FvzdI9E_5-diy4gm4taXdtETm2k5Bic0/w640-h640/Bruxa+da+Noite.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Infográfico da nossa resenha. Clique para Ampliar.<br />Elaboração: Eric Silva.<br /></td></tr></tbody></table>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;"><br /></span></span></div><div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Não costumo ler </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Romance%20de%20amor"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">livros do
estilo que Nora Roberts escreve</span></a><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">, apesar de ter resenhado dois em toda a
história do blog até então. Isso significa que <i>Bruxa da Noite</i>, mais pela sua temática próxima do estilo </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Fantasia"><i><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">fantasy</span></i></a><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">, é meu
primeiro contato com a obra da autora. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Para ser realmente sincero, escolhi este livro por acaso (na
base do sorteio). Sou bibliomaníaco e tenho muitos livros digitais (e quando
digo muitos é porque são muitos mesmo) e com frequência sorteio ao acaso um
deles para ler. Trata-se de uma maneira meio <i>hardcore<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Bruxa%20da%20Noite%20-%20Resenha.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><b><span style="line-height: 107%;">[1]</span></b></span><!--[endif]--></span></span></a></i>
de fugir da minha lista de leitura, mas é também uma forma de ler algo não
planejado. Foi assim inclusive que nasceu a </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/05/ano-da-espanha-no-conhecer-tudo.html"><span style="line-height: 107%;">Campanha Anual de Literatura
de 2016</span></a><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">, quando ao acaso decidi ler </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html"><i><span style="line-height: 107%;">A Sombra do Vento</span></i></a><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">, livro do espanhol </span><a href="http://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Zaf%C3%B3n"><span style="line-height: 107%;">Ruiz Carlos Zafón</span></a><i><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">.<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"></span><br />
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">O problema disso é que quase sempre leio ou algo que não
pretendia mesmo ler, ou algum gênero literário do qual não gosto. Foi o caso
dessa vez, já que apesar de ser um romance paranormal, é também classificado
nos gêneros de </span><span style="background: white; color: windowtext; line-height: 107%;">romance
contemporâneo e de </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Romance%20de%20amor"><span style="background: white; color: windowtext; line-height: 107%;">romance de amor</span></a><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Primeiro livro da </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/S%C3%A9ries"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">trilogia</span></a><span style="color: windowtext; line-height: 107%;"> <i>Primos O'Dwyer</i>, <i>Bruxa da Noite</i> <b>faz parte</b>
d<b>e um gênero literário que não perco
tempo lendo: o romance de amor</b>. Em primeiro lugar, porque não sou do tipo
romântico e que acredita nestas paixões avassaladores comuns nos livros de
romance de amor, segundo, porque detesto livros que ocupam páginas ou até um
capítulo inteiro descrevendo minuciosamente o coito selvagem de um casal. Confesso
que tenho particular horror a romances de banca tipo Julia, Sabrina e Bianca.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<u><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></u></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><u><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">É preciso uma escrita empolgante, um senso estético
fabuloso, uma temática fora do padrão, <b>um
bom enredo</b> e um escritor de renome</span></u><span style="color: windowtext; line-height: 107%;"> para me convencer a ir além da
página 12, ou então, a OBRIGATORIEDADE INESCAPÁVEL de ler algo de que não
gosto. <b>Nora Roberts tem a escrita, a
temática, o senso e o renome necessário</b>, por isso não abandonei <i>Bruxa da Noite</i> logo de cara.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<h2>
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Passagens míticas</span></h2>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Roberts
começa seu livro contando os últimos dias de vida de Sorcha e de como começou a
maldição que persegue sua família ao longo dos séculos. Com o talento de uma
escritora experimentada, de cara ela nos introduz naquela atmosfera bucólica da
vida na Irlanda antiga e reconstrói o caráter meio mágico, meio sombrio de suas
florestas milenares. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/53/Killary_Harbour.jpg/1024px-Killary_Harbour.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="374" data-original-width="800" height="298" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/53/Killary_Harbour.jpg/1024px-Killary_Harbour.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Paisagem de County Mayo. Fiorde de Killary Harbour. Wikimedia Commons.</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Não
sei se fui influenciado pelo meu espirito geográfico que ama conhecer lugares
diferentes, mas as descrições de Nora e minha imaginação tornavam quase
palpável as imagens que ela descrevia, cenários e pessoas. Além disso, logo a
autora faz você entrar numa atmosfera de livros de magia e bruxaria, passados
em um tempo remoto e ancestral. <b>Um bom
começo</b> <b>posso dizer</b>, mas ora e
meia esse clima eram estragados pelos toques sensuais exagerados dado às
sensações que Sorcha sentia quando na presença intimidadora de Cabhan.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: #17406d; font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: #17406d; font-family: inherit; line-height: 107%;">“<i>Sorcha
sentia a luxúria dele como mãos suadas em sua pele</i>”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: #17406d; font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="color: #17406d; font-family: inherit; line-height: 107%;">“<i>Ela
os sentiu como mãos ousadas em sua pele</i>”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 107%;">Essas
passagens que ora e meia explodiam no texto acabavam por me fazer recordar de
que estava lendo um tipo de romance no qual essa pegada mais sexual é muito
comum, e meio que destruíam o clima anterior. Mas as passagens míticas
provocaram minha apreciação pelo gênero </span><a href="https://conhecertudoemais.blogspot.com/search/label/Fantasia"><i><span style="line-height: 107%;">fantasy</span></i></a><span style="line-height: 107%;">
de um jeito que não me recordo ter sentido há muito tempo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"></span><br />
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Há
uma passagem do livro, em particular que mexeu muito comigo. Trata-se de quando
Iona visita com Boyle as ruinas de <i>Ross
Errilly</i>. <i>Ross Errilly</i> é um
monastério franciscano medieval destruído após os britânicos terem expulsado os
monges e, algum tempo depois, os seguidores de Oliver Cromwell<a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Bruxa%20da%20Noite%20-%20Resenha.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> terem saqueado e queimado
o que restou. Nesse lugar que Nora Roberts descreve como “<i>saído de um filme antigo em que criaturas tramavam escondidas no escuro</i>”,
Iona tem uma visão do passado intensa e arrepiante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e1/RossErrillyFriary.jpg/909px-RossErrillyFriary.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: inherit;"><img border="0" data-original-height="676" data-original-width="800" height="337" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e1/RossErrillyFriary.jpg/909px-RossErrillyFriary.jpg" width="400" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: inherit; font-size: small;">Imagens das ruínas de Ross Errilly.<br />Wikimedia Commons.</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0d/Refriary.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" height="300" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0d/Refriary.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: inherit; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="line-height: 107%;">A forma como Robert descreve a
visão em meio as ruinas foi simplesmente poderosa.</span></b><span style="line-height: 107%;">
Iona percorre as velhas ruínas enquanto fala com Boyle e, ao mesmo tempo, vê-se
numa vida passada na qual viveu por um curto período de tempo naquele lugar,
entre os monges que a abrigaram com sua neta. Mas mais do que isso, ela reexperiencia
quando febril, em seu leito de morte, se viu obrigada a passar seu poder e sua
maldição à menina, para impedir que Cabhan conseguisse o que desejava. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="line-height: 107%;">Há muito tempo não sentia uma
descrição literária com tanta intensidade</span></b><span style="line-height: 107%;">, mas acho que
não foi só a escrita desse trecho do livro que mexeu comigo, mas um conjunto de
leitura e música.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 107%;">Tenho
costume de ler e escrever ouvindo música. Composições de Ludovico Einaudi, de Brian
Crain, de Yann Tiersen, e, mais recentemente, de Abel Korzeniowski. Enquanto
lia a passagem da visão de Iona, meu computador tocava </span><a href="https://www.youtube.com/watch?v=rh4dIaX3jBw"><i><span style="line-height: 107%;">Moonlit
Shore</span></i></a><span style="line-height: 107%;">, uma música melancólica de Brian Crain tocada ao
piano, e antes dela, ouvi arrepiado a hipnotizante e até mítica composição de
Ludovico Einaudi, </span><a href="https://www.youtube.com/watch?v=3_aJZ8Z4vJk"><i><span style="line-height: 107%;">The Tower</span></i></a><span style="line-height: 107%;">.
Só sei que ambas as composições, e sobretudo a de Einaudi, junto com a passagem
da visão de Iona no livro criaram em meu quarto uma atmosfera intensa e que me
tirou do ar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Mas o que parece bom, nem sempre o é o tempo todo<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Depois da morte de Sorcha,
<i>Bruxa da Noite</i> dá um pulo no tempo e
avança para os dias atuais nos quais conhecemos Iona e seus primos. É a partir
daqui que o livro mostra de forma marcante a sua personalidade de romance de
amor e a narrativa mítica perde força e se torna meio cansativa, repetitiva e
arrastada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="color: windowtext;">A verdade é que Nora Roberts deixa a proposta inicial
– a luta entre luz e escuridão – seguir um ritmo de desenvolvimento muito lento</span></b><span style="color: windowtext;"> porque sua intenção era não esgotar uma <b>narrativa</b> que, na realidade, é<b> bastante limitada</b>. Deste modo a autora
teria assunto para três livros nos quais o foco real é desenvolver a vida
amorosa dos três protagonistas: Iona, Connor e Branna, nesta ordem. Destruir </span><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Cabhan é
pôr fim prematuramente à saga. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Por essas razões, <i>Bruxa</i></span><i><span style="color: windowtext;"> da Noite</span></i><span style="color: windowtext;"> </span><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">tem maior foco no desenvolvimento pessoal e
amoroso de Iona, destacando as mudanças sofridas em sua rotina ao chegar na
Irlanda, seu crescimento em quanto bruxa e, principalmente, a evolução de seu
relacionamento com seu <i>cawboy</i> ranzinza,
problemático e cheio de frescuras. Cheguei inclusive a pular dois capítulos
inteiros os quais a autora dedicou-se quase que exclusivamente a descrever (com
por menores) as transas do casal. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext;">Os momentos paranormais da
narrativa passam a ser triviais e as constantes e inesperadas aparições de </span><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Cabhan vão
seguindo uma formula repetitiva que tira pouco a pouco a mágica, o brilhantismo
e alguma originalidade que a narrativa poderia ter. Com isso meu encanto
inicial pela escrita de Nora também vai perdendo seu brilho e termina de morrer
nos últimos capítulos quando, <b>caminhando
para o desfecho da narrativa, Nora Roberts perde completamente a mão para os
elementos sobrenaturais e transforma o final do livro em uma luta confusa, sem
resultados e sem emoção alguma.<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<h2>
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Os personagens</span></h2>
</div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">No que tange a construção
dos personagens e ao desenho psicológico dos mesmos, Nora Roberts se mostra uma
escritora competente na criação de personagens com características bem diversas
que as marcam e definem completamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Iona é uma moça bonita,
ativa e impetuosa, mas sobretudo otimista. Mesmo tendo vivido com seus pais uma
vida de pouco afeto e de pouco amor, ela é uma garota que sempre está em busca
de amar e de ser amada. Iona também tem seus medos e seus momentos de dúvida e
fraqueza, mas com esforço e vontade de progredir ela vai pouco a pouco
conquistando seu espaço, tanto em Mayo como na vida de todos os outros
personagens, tornando-se necessária e quista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext;">Connor é tranquilo,
otimista e conciliador. Sempre muito bem-humorado, mas mostrando-se sério
quando necessário, é ele que costuma desarmar os personagens em momentos de
atrito, forçando o grupo a atingir um ponto de equilíbrio e trabalhar juntos
contra as investidas de </span><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Cabhan.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Branna, por sua vez, é a mais realista e desconfiada. Quase
sempre acorda com um humor acre, mas está sempre disposta a ouvir, aconselhar e
alimentar quem precisa dela. Com um instinto matriarcal pronunciado, ela é a
mais preocupada de todos, sendo bastante severa e exigente com o treinamento de
Iona para que essa seja capaz de se defender e colaborar com os primos na luta
contra o bruxo sombrio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Quanto a Boyle, este é um homem explosivo que exige demais de
si e também dos demais. Um homem acostumado a ser líder e ter iniciativa, mas
que teme mais do que tudo se tornar refém de seus próprios sentimentos, com os
quais tem uma dificuldade enorme de lidar. Iona entra na sua vida para virá-la
de cabeça pra baixo e pouco a pouco desarmar todas as suas defesas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Por fim, outros personagens se destacam também como
importantes na trama e de personalidades bem demarcadas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">O primeiro é o misterioso e calmo Fin (</span><span style="color: black;">Finbar Burke),</span><span style="color: windowtext; line-height: 107%;"> sócio de Boyle e descendente de Cabhan. Fin
é apaixonado por Branna, mas é constantemente evitado e afastado por ela, que
desconfia do rapaz por conta da marca de sua descendência. Ele é junto com
Boyle um dos melhores amigos de Connor.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">A outra é </span><span style="color: windowtext;">Meara, uma
amazona e professora de equitação, funcionária dos estábulos e melhor amiga de
Branna. Meara é sarcástica, mas muito bem-humorada. Muito sincera, a moça não
tem papas na língua e está sempre dizendo o que lhe vem na cabeça.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Por fim, Cabhan é muito pouco caracterizado na trama. Quase
nada é revelado sobre seu passado e quem de fato era. Só um pouco de suas ações
é descrito e, na verdade, ele próprio aprece muito de repente logo no começo da
história. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="color: #17406d; font-family: inherit;"><br /></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="color: #17406d; font-family: inherit;">[...] <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="color: #17406d; font-family: inherit;">– Se
tivéssemos, papai lutaria contra eles. E eu também. – Ela olhou para sua mãe. –
Dervia, do castelo, me disse que Cabhan foi banido.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="color: #17406d; font-family: inherit;">– Você já
sabia disso.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="color: #17406d; font-family: inherit;">– Sim, mas
ela disse que ele volta e se deita com mulheres. Sussurra em seus ouvidos e
elas acham que é seu legítimo marido. Mas de manhã, descobrem. Choram. Ela
disse que você deu às mulheres amuletos para mantê-lo longe, mas... ele seduziu
uma das criadas da cozinha, no pântano. Ninguém consegue encontrá-la.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="color: #17406d; font-family: inherit;">Sorcha
sabia disso, e sabia também que a criada nunca seria encontrada.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="color: #17406d; font-family: inherit;">– Ele
brinca com elas e abate os fracos para se alimentar. Seu poder é negro e frio.
A luz e o fogo sempre o derrotarão.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><span style="color: #17406d; font-family: inherit;">[...]<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="margin-top: 12pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Na maioria das vezes Cabhan aparece
como um lobo negro e feroz portando um colar com uma pedra de brilho vermelho, fonte
de seu poder, e que sempre está atacando Iona, supostamente o elo mais fraco
dos três bruxos da noite. Mas quando aparece em sua forma humana, ele se
demonstra um homem sórdido e de grande luxuria, mas igualmente sedento por
poder e destruição.</span><span style="color: windowtext;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<h2>
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Concluindo...</span></h2>
</div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Nora
escreve bem e de forma fluida.</span></b><span style="color: windowtext; line-height: 107%;"> As descrições são boas e não chegam a ser
cansativas, exceto quando a autora resolve perder um ou meio capítulo narrando
as “excussões” sexuais dos personagens principais. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Passagens como da visão de Iona em <i>Ross Errilly</i>, são carregadas de força e impressionam. Contudo, um
problema sério de sua escrita é sua <b>pouca
preocupação em demarcar nos diálogos a quem pertence cada fala</b>. Em muitos
momentos ela apenas sugere a quem pertence a fala através de pistas dadas pelo
próprio diálogo, e, em outras passagens, sobretudo nos diálogos entre duas
pessoas, é a ordem das falas na sequencia o único elemento para diferenciar
quem fala e quem ouve em cada momento do discurso. Fora isso, não há o que
reclamar da sua escrita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Além disso, <b>os
cenários escolhidos são fabulosos e míticos</b>. Florestas tão sombrias quanto
encantadoras e que mesclam beleza, misticismo e escuridão. Ruinas, castelos e
construções antigas que despontam numa paisagem bucólica, rural e pontilhada de
pequenas vilas com suas casas simples, mimosas e campestres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></i></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><i><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Bruxa da
Noite</span></i><span style="color: windowtext; line-height: 107%;"> é um livro que <b>muitas
vezes lhe prende</b> e <b>em outras é
apenas uma leitura fácil e prazerosa</b>. <b>Sua
ideia não é original, mas em muitos momentos é bem executada</b>. O narrador é
bastante impessoal e isso não agrega grande coisa a narrativa também. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Deixar para depois a conclusão da batalha dos primos </span><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">O'Dwyer </span><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">contra
Cabhan foi uma boa saída para transformar uma história que daria no máximo dois
livros, contudo a dispersão enfraqueceu o primeiro livro. <b>Diria que o livro de Nora é, pela soma dos pontos fortes e fracos, um
livro mediano. <o:p></o:p></b></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">Não sei se
seguirei lendo a série</span></b><span style="color: windowtext; line-height: 107%;">. Não é um hábito meu ler continuações, principalmente
porque tenho muita coisa boa ainda esperando para ser lida. Algo que achei
interessante e único neste livro foi o fato de que, no final, ele tem um
capitulo extra, na verdade, o primeiro capitulo de <b><i>Feitiço da
Sombra </i></b><span>segundo livro da sequência. Uma estratégia muito interessante para
atiçar a vontade de continuar a série. Contudo, imagino que o foco dos livros
posteriores seja o mesmo de </span><i>Bruxa
da Noite,</i> e isso não me estimula.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Não sei,
mas acho que eu gostaria mais de <i>Bruxa da
Noite</i> se ele se passasse na Irlanda medieval do que no nosso mundo moderno.
Os primeiros capítulos são, sem dúvida, os de melhor qualidade. Além disso, a
parte romântica também seria possível no contexto de uma narrativa histórica.
Fazer passar tantas gerações para que o embate final acontecesse fez, na minha
modesta opinião, com que esse primeiro livro perdesse parte de seu misticismo e
encantamento. Ainda mais que todos levam muito bem o fato de Bannar, Connor,
Iona e Fin serem bruxos, quase como se fosse natural ter um amigo de infância
feiticeiro. Muito inverossímil no meu ponto de vista. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Um <i>Bruxa da Noite</i> passado na idade média
irlandesa seria mais empolgante e poderoso, quem sabe, até cinematográfico.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: inherit;">A edição lida é digital, da
Editora Arqueiro, do ano de 2015 e possui 320 páginas em sua versão impressa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<h2>
<b><span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Sobre
o autor</span></b></h2>
</div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Escritora norte-americana, Eleanor Marie Robertson ou Nora
Roberts começou a escrever em 1979. Depois de várias rejeições, seu primeiro
livro, Almas em chamas, foi publicado em 1981. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">É autora de mais de 200 best-sellers românticos, publicados
em mais de 35 países e traduzidos para 25 idiomas. Em seu lançamento, <i>Um novo amanhã</i>, <i>Álbum de casamento</i>, <i>Bruxa da
noite</i>, <i>Feitiço da sombra</i> e <i>Magia do sangue</i> foram direto para o
primeiro lugar da lista de mais vendidos do The New York Times, na qual Nora é
presença constante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Nora tem mais de 500 milhões de livros vendidos e foi a primeira
mulher a figurar no <i>Romance Writers of
America Hall of Fame</i>. Também recebeu diversos prêmios, entre eles o Golden
Medallion, da <i>Romance Writers of America</i>,
o RITA e o Quill. <o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;">Ela escreve também sob o pseudônimo de J. D. Robb (na Série
Mortal), Jill March e Sarah Hardesty.<o:p></o:p></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 107%;">Preview </span><span style="line-height: 107%;">do Google Books<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<b><span style="color: windowtext; font-family: inherit;">Abaixo você pode conferir uma prévia do livro
disponível no Google Books. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: windowtext; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="CorpodoTexto" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: windowtext; font-family: inherit;"><iframe frameborder="0" height="500" scrolling="no" src="https://books.google.com.br/books?id=glTABgAAQBAJ&lpg=PP1&hl=pt-BR&pg=PP1&output=embed" style="border: 0px;" width="800"></iframe><o:p></o:p></span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<!--[if !supportFootnotes]-->
<br />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Bruxa%20da%20Noite%20-%20Resenha.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="line-height: 107%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Algo feito ou executado de forma extrema (https://www.significados.com.br/hardcore/)<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><a href="file:///C:/Users/usuario/OneDrive/Conhecer%20Tudo/Resenhas/Revis%C3%A3o%20Geral/Publicar/Bruxa%20da%20Noite%20-%20Resenha.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="line-height: 107%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Oliver Cromwell (c. 1599 - 1658), foi um militar e líder político inglês e,
mais tarde, Lorde Protetor. Puritano e um homem intensamente religioso ele
acreditava profundamente que Deus era o seu guia nas suas vitórias. Participou
na Guerra civil inglesa, ao lado dos Parlamentaristas. Foi um dos signatários
da sentença de morte do rei Carlos I em 1649, e, como membro do Rump Parliament
(1649–53), dominou a Comunidade da Inglaterra. Foi escolhido para assumir o
comando da campanha inglesa na Irlanda durante 1649–50. As suas forças
derrotaram a coligação entre os Confederados e os Realistas, e ocuparam o país
– terminando, assim, com as Guerras confederadas irlandesas. Durante este
período, foram redigidas uma série de Leis Penais contra os católicos romanos
(uma minoria significativa na Inglaterra e na Escócia, mas uma grande maioria
na Irlanda), e grande parte das suas terras foram confiscadas (texto: <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Oliver_Cromwell">Wikipédia</a>).<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Conhecer Tudohttp://www.blogger.com/profile/17155946506430597429noreply@blogger.com0