Postagem: Eric Silva
Em homenagem aos 128 anos
de nascimento de Cora Coralina
Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
Sobre o autor
Cora
Coralina é o pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, poetisa e
contista brasileira. Nascida na Cidade de Goiás, no dia 20 de agosto de 1889,
Cora Coralina faleceu em Goiânia, no dia 10 de abril de 1985 quando tinha 95
anos de idade. É considerada uma importante escritora brasileira, mas só teve
seu primeiro livro publicado em 1965 quando já tinha quase 76 anos de idade. Durante
sua vida trabalhou como doceira e compunha suas poesias enquanto trabalhava. Mulher
simples, sua obra se caracteriza pela poética rica em temas cotidianos do
interior do país.
Poema
extraído do livro Poemas dos becos de Goiás e estórias mais, publicado em 1997, pela editora Global.
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