domingo, 26 de abril de 2020

[ESPECIAL] A Zona: uma galeria inspirada nas Vozes de Tchernóbil – Postagem Especial

Por Eric Silva
“A zona é um mundo à parte. Outro mundo em meio ao restante da Terra”
(Svetlana Alexijevich, Vozes de Tchernóbil)
                                                                                                                                                           

A vida em uma nação tão fechada quanto a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) sempre foi algo que mobilizou a minha curiosidade. Trata-se de um desejo de conhecer o desconhecido, para além das visões tendenciosas ou impregnadas pelas ideologias fossem elas da direita ou da esquerda.

Por outro lado, como geógrafo e educador, o acidente nuclear de Chernobyl [Tchernóbil], ocorrido em 1986, na Ucrânia, até então uma das repúblicas da URSS, é de grande interesse para mim, seja pela sua importância para a compreensão da história e do período da Guerra Fria, seja para o entendimento da matriz energética mundial, sobretudo para a conscientização quanto aos limites e os riscos inerentes ao emprego da energia nuclear. Por isso, ler o livro Vozes de Tchernóbil foi uma oportunidade única de conciliar dois interesses e conhecer a dimensão humana e subjetiva do acidente nuclear bem como sobre a vida e o homem soviético. Um livro precioso e excepcional.

Como é tradição aqui no Conhecer Tudo, livros relevantes e que abordam temáticas interessantes, a exemplo da obra de Svetlana Aleksiévitch, costumam ganhar postagens especiais no blog. Com estas postagens buscamos aprofundar nosso conhecimento dos temas que estes livros abordam ou vê-los por outras dimensões que extrapolam os limites das palavras.

Como Vozes de Tchernóbil é um daqueles livros que evocam temas de importância ímpar, preparei essa postagem pensando em conciliar palavra e imagem e dar a vocês, leitores, a oportunidade de conhecer um pouco das falas presentes no livro. Ao mesmo tempo, através da nossa seleção queremos mostrar um pouco da Zona de exclusão de Chernobyl que de diversas formas é sempre evocada pelas vozes ouvidas por Svetlana. Traduzir palavras em imagens.

Espero que gostem da postagem e deixe-nos o seu comentário.


A Zona

Contemplando territórios da Ucrânia e na Bielorrússia, a Zona de Alienação da Usina Nuclear de Chernobyl, conhecida também como Zona de exclusão de Chernobyl, é uma área de isolamento com mais de 2600 km² de extensão[1] entorno da área do acidente nuclear.

Quase desabitada pelo ser humano, a população que antes vivia na região fora removida nos meses que se seguiram a explosão, tonando cidades e povoados como Chernobyl e Pripyat em lugares-fantasmas. Contudo ainda é possível encontrar na região algumas pessoas, sobretudo, antigos moradores idosos que para lá retornaram ilegalmente após a evacuação.

Ainda hoje a área é proibida para a moradia ou qualquer outra atividade devido ao elevado grau de contaminação de seu solo, água e ar. As únicas atividades permitidas é o turismo, cujas excursões duram apenas algumas horas e sob diversas restrições[2], além de alguns estudos científicos relacionados com instalações para a segurança nuclear[3]. Para evitar a entrada ilegal de civis a zona de exclusão é patrulhada por unidades especiais do Serviço de Guardas Fronteiros da Ucrânia e do Ministério de Assuntos Interiores da Ucrânia[4], além de ser uma área de permanente controle de radiação[5].

Um dado curioso é que, a despeito de todo os riscos e mesmo com os elevados níveis de radiação dentro do perímetro da zona, a central nuclear de Chernobyl se encontrou em funcionamento até o ano de 2000.
A zona é citada em inúmeros depoimentos do livro de Svetlana e alguns dos entrevistados são ainda residentes nela. São falas que nos dão uma dimensão do que se viveu naquela área no tempo que se seguiu ao acidente, de como aquele é um mundo à parte e algumas transmitem, inclusive, uma carga simbólica muito forte, mostrando como a própria zona possui uma representação simbólica, subjetiva, indo além do espaço físico propriamente dito.

A Zona de Exclusão de Chernobyl

“Fui à zona de Tchernóbil. Já estive lá muitas vezes. E lá eu entendi que era impotente. Que não compreendo. E esse sentimento de impotência está me destruindo. Porque não reconheço este mundo. Tudo nele mudou. Até o mal é outro. O passado já não me protege. Não me tranquiliza. Não dá respostas. Antes sempre dava, agora não mais. O futuro me arruína, não o passado” (Vozes de Tchernóbil)

“A zona te puxa. Como um ímã, eu digo. Eh, minha senhora! Quem passar por lá… aquela alma será puxada.” (Vozes de Tchernóbil)

“Temos à nossa frente a tarefa de compreender Tchernóbil como filosofia. Há dois Estados separados por uma cerca de arame farpado: um é a zona, o outro, o restante. Nos postes apodrecidos que cercam a zona, como se fossem cruzes, penduraram panos brancos. São os nossos costumes. As pessoas vão ali como se estivessem indo a um cemitério. O mundo depois da tecnologia. O tempo andou para trás. Ali estão enterradas não só as suas casas, mas também uma época inteira. A época da fé! Da fé na ciência!” (Vozes de Tchernóbil)


A Zona: uma galeria inspirada nas Vozes de Tchernóbil

Fonte das Imagens: Wikimedia Commons





"Vê como foi? A ordem de evacuação era ‘Em três dias’. As mulheres gritando, as crianças chorando, o gado mugindo. Tapeavam os pequenos: ‘Vamos ao circo’. As pessoas achavam que iam voltar. A expressão ‘para sempre’ não existia".



“Não havia terroristas. Havia roentgen, curie…”




“Há um monumento aos heróis de Tchernóbil. É o sarcófago que construíram com as próprias mãos e no qual depositaram a chama nuclear. Uma pirâmide do século XX".




“Não apenas a paisagem mudou, pois onde antes se estendiam campos, cresceram novamente bosques e arbustos, mas também o caráter nacional mudou. Todos estão depressivos. O sentimento é o de estarem irremediavelmente condenados”.




“Eu queria gravar tudo na minha memória: um globo terrestre achatado por um trator no meio do pátio de uma escola; roupa lavada enegrecida, estendida havia vários anos num varal; bonecas envelhecidas pela chuva”.




“Porque já não é terra de ninguém. Deus a tomou. As pessoas a abandonaram”.




“Trabalhávamos dia e noite… Os comboios iam repletos. As pessoas fugiam… Muitos russos deixavam as suas casas… Milhares! Dezenas de milhares! Centenas! Uma Rússia inteira”.




“Foi elaborado um itinerário que tem início na cidade morta de Prípiat. Lá, os turistas podem observar os altos prédios abandonados com roupas enegrecidas nas varandas e carrinhos de bebê. E também o antigo posto de polícia, o hospital e o Comitê Municipal do Partido. Aqui ainda se conservam, imunes à radiação, os lemas da época comunista”.




“Certo, as casas estavam vazias, não havia pessoas, tinham partido, mas tudo ao redor estava mudo, não havia nem um pássaro. Pela primeira vez vi uma terra sem pássaros. Sem mosquitos. Nada voava”.




“Ninguém falava em radiação, só os militares circulavam com máscaras respiratórias… As pessoas compravam os seus pães, saquinhos com doces e pastéis nos balcões… A vida cotidiana prosseguia. Só que… as ruas eram lavadas com uma espécie de pó…”




“Quando falamos de passado e futuro, imiscuímos nessas palavras a nossa concepção de tempo, mas Tchernóbil é antes de tudo uma catástrofe do tempo. Os radionuclídeos espalhados sobre a nossa terra viverão cinquenta, cem, 200 mil anos. Ou mais. Do ponto de vista da vida humana, são eternos. Então, o que somos capazes de entender? Está dentro da nossa capacidade alcançar e reconhecer um sentido nesse horror que ainda desconhecemos?”




“Os gansos selvagens gritando, a primavera chegando. Era hora de semear. E nós com as casas vazias… Só os telhados estavam inteiros.”




“Avó, é proibido levar o gato. Não permitem. O pelo é radiativo.”
“Não, meus filhos, sem o gato eu não vou. Como é que eu posso deixá-lo? Sozinho? Ele é a minha família.”




“Os jardins cresciam, mas para quem? As pessoas tinham abandonado as aldeias. Quando passaram pela cidade de Prípiat, viram varandas com flores e roupas penduradas; debaixo de um arbusto, uma bicicleta com a bolsa de lona de um carteiro cheia de jornais e cartas. Sobre ela havia um ninho de passarinho. Como eu vi no cinema”.




“Imagine a estrada de ferro, uma via férrea traçada por brilhantes engenheiros; o trem é veloz, mas em lugar de um maquinista temos um cocheiro do século passado. Este é o destino da Rússia: viajar entre duas culturas. Entre o átomo e a pá”.




Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear
Svetlana Alexijevich





[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Zona_de_exclus%C3%A3o_de_Chernobil
[2] http://exame.abril.com.br/mundo/chernobyl-completa-25-anos-e-abre-portas-para-turismo/
[3] https://es.wikipedia.org/wiki/Zona_de_alienaci%C3%B3n
[4] https://es.wikipedia.org/wiki/Zona_de_alienaci%C3%B3n
[5] http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/f%C3%A1tima-oliveira/as-babushkas-da-zona-de-exclus%C3%A3o-de-chernobyl-1.1269487

domingo, 19 de abril de 2020

[ESPECIAL] Vozes de Tchernóbil – Svetlana Aleksiévitch – Resenha


Por Eric Silva para os blogs Conhecer Tudo e Geographia Mundi

Nota: todos os termos com números entre colchetes [1] possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias, prévias, banners ou postagens relacionadas.

Diga-nos o que achou da resenha nos comentários.

Sábado, 26 de abril de 1986, 1 h e 23 minutos, explode o quarto reator da usina de Chernobyl[1][2][3], na Ucrânia soviética[4]. A radiação liberada pela explosão entraria para a história como o maior acidente nuclear conhecido[5] e a nuvem radioativa se espalharia por toda Europa, bem como as substâncias gasosas e voláteis projetadas a grandes alturas e que chegariam até mesmo à América do Norte[6]. Depois da tragédia que se abateu sobre soviéticos, muitos livros e reportagens relatariam o desastre, suas causas, as tentativas do governo soviético de mantê-lo em segredo, mas poucos deles mostrariam a dimensão humana, poucos dariam voz as vítimas: liquidadores, camponeses, soldados, as crianças. Em Vozes de Tchernóbil, a repórter bielorrussa e ganhadora do Nobel de Literatura, Svetlana Aleksiévitch, dá espaço para os depoimentos daqueles que viveram o desastre de perto, que testemunharam e padecem dos seus reflexos. Relatos emocionantes, carregados dos mais diversos sentimentos e que mostram muitas das facetas do acidente que só quem viveu pode contar.

Confiram a resenha do livro.

Sinopse

Em abril de 1986, a explosão da usina de Chernobyl criou um dos maiores desastres da história da humanidade e teve como saldo mortes, evacuações e desolação. As perdas materiais foram imensas, mas os danos emocionais e os custos humanos, incalculáveis. Por meio de relatos daqueles que viveram Chernobyl, que por ele foram marcados e que também vivem em meios as sombras do desastre, Svetlana Aleksiévitch (grafado também como Alexijevich ou Alexievich) conta a história oral do acidente nuclear. Um livro emocionante e único que descortina a letargia[7] do Estado, o desalento daqueles que foram arrancados da terra e de tudo que conheciam, bem como a morte e o sofrimento daqueles que, por amor à pátria, deram sua vida na luta suicida contra a radiação.

Resenha

Como alguns dos leitores do blog devem saber, sou licenciado em Geografia e discutir em sala de aula temas como matrizes e fontes energéticas é uma das minhas funções. Nesse tema faz parte também o debate acerca da produção de energia elétrica a partir do calor gerado pela fissão nuclear de átomos radioativos, produção no qual EUA e URSS fizeram uso pioneiro.

Dentro do tema, particularmente, a discussão acerca da produção e do emprego da energia nuclear na sociedade moderna sempre me atraiu, tanto pela polêmica que gira entorno dos riscos envolvidos em seu emprego, como também pelo tanto de conhecimento e domínio tecnológico imbuído em seu desenvolvimento: uma produção de energia que não é só perigosa, mas também complexa e contraditória (no fim dessa postagem você encontra um vídeo sobre como funciona a produção dessa energia).

Digo complexa porque sua produção demanda o cumprimento de muitas medidas de segurança e um conhecimento técnico apurado; e contraditória porque, apesar de produzir resíduos extremamente nocivos e cujo armazenamento e descarte deve seguir um rigoroso protocolo, a energia nuclear é considerada como limpa por liberar na atmosfera durante a sua produção apenas vapor d'água. Contudo, ela é ainda muito perigosa porque não elimina o risco de vazamento ou de um acidente nuclear, a exemplo do ocorrido em Fukushima, no Japão, em 2011, em decorrência de um terremoto seguido de tsunami, ou do acidente em Chernobyl, Ucrânia, em 1986. Vozes de Tchernóbil trata justamente deste último desastre nuclear, porém, a partir de uma perspectiva completamente diferente daquela utilizada nos livros, filmes, documentários e reportagens que abordaram o tema.

Para nos situarmos geográfica e historicamente no contexto do livro de Svetlana Aleksiévitch fizemos uma postagem especial sobre o momento histórico do acidente e como este se deu. Contudo, aqui repetirei algumas coisas para que o leitor possa se situar histórico-espacialmente.

O acidente da usina nuclear de Chernobyl se deu no ano de 1986, já no princípio do fim da Guerra Fria e do bloco socialista que se desmancharia com a desagregação da União Soviética em 1991. Localizada na república soviética da Ucrânia, a província de Kiev, onde se encontram as cidades de Chernobyl e Pripyat, seria o principal cenário do desastre que também afetaria enorme e principalmente a república vizinha, a Bielorrússia.

Após uma explosão em decorrência de testes que eram realizados no reator 4 da usina durante a madrugada de 26 de abril, uma grande nuvem radioativa se espalharia pela região alcançando diversos países da Europa e de outros continentes, mas afetando por sobremaneira os habitantes dos arredores da usina que tiveram que ser evacuados em massa sem possibilidade de retorno.

A explosão ocorrida no reator 4 da Usina Nuclear de Chernobyl gerou um grande saldo de mortes e mesmo hoje é a causa principal dos muitos casos de doenças congênitas e má formações nas crianças, bem como pela elevada incidência de câncer na população de diversas faixas etárias.

Entretanto, mais do que sequelas na saúde da população ucraniana e bielorrussa, o incidente provocou diversos outros reflexos na vida daqueles sujeitos. Perdas imateriais e subjetivas: perda de identidade e do lugar de pertença, este último um conceito que usamos na Geografia e que está ligada ao subjetivo e ao simbólico, mas também ao espaço físico da vivência.

Composto completamente de relatos orais, Vozes de Tchernóbil vem contar essa história sob um “olhar mosaicista[8] onde as várias vozes, sob ópticas abordagens e pontos diferentes vão montando o cenário e o roteiro daqueles acontecimentos do qual elas mesmas fizeram parte, porém em posições e momentos distintos. O resultado é uma quebra com a impessoalidade da notícia e com a frieza dos números. É o acidente e a própria União Soviética vistos de outro ângulo, através do olhar de quem esteve lá, de quem ainda vive nas zonas proibidas, de quem colhe e padece dos frutos radioativos de Chernobyl. Também daqueles que não viveram os primeiros dias, mas tiveram suas vidas inevitavelmente marcadas pelos efeitos do acidente: as gerações posteriores.

Durante quase 20 anos Svetlana entrevistou e reuniu dezenas de relatos provenientes de um grupo extremamente heterogêneo: ex-soldados, ex-liquidadores[9], físicos, professores, camponeses, donas de casa, burocratas, membros de ONGs, refugiados, moradores da zona, evacuados, crianças, adultos, idosos, homens e mulheres. Relatos que perpassam o antes, o durante e o depois, de pessoas que testemunharam não só a derrocada de um sistema, como também de suas vidas e das gerações que se sucederam.

O livro começa com uma Nota Histórica onde a autora copila trechos de notícias e livros que falaram sobre Chernobyl e assim permite ao leitor, sobretudo aos leigos, se situarem, mesmo que minimamente, no contexto do que foi e de como se deu o acidente nuclear. Mas logo em seguida, a autora começa de fato com as narrativas trazendo o relato de Liudmila Ignátienko, a esposa de um dos primeiros bombeiros a chegarem ao local do incêndio na central atômica.

Em seu relato comovente e angustiante, Liudmila expressa o profundo sentimento que nutria pelo esposo, Vassíli Ignátienko, e de como a exposição à forte radiação liberada pelo reator transformou o corpo de Vassíli e o matou em apenas 14 dias. Uma narrativa forte que transcreve não só uma história de sofrimento e dor, mas de um amor desmedido de uma mulher por seu marido, que mesmo estando grávida de seu primeiro filho foi contra toda a racionalidade para se manter ao lado do esposo doente até o último dia de vida dele.

Através de relatos como de Liudmila, alguns deles bem tensos, outros saudosistas, melancólicos e até desesperados, Svetlana traça um panorama de como viviam os soviéticos atingidos, desde camponeses a citadinos, mas sobretudo de como vivem os deserdados que foram obrigados a abandonar a terra onde viveram por gerações, as dificuldades de readaptação em lugares estranhos para onde foram mandados, o preconceito que ainda sofrem por serem “pessoas de Chernobyl”, como lidam com o sentimento da perda, com a certeza da morte prematura e/ou com o medo de gerar filhos doentes. Conta também sobre a insanidade de tentar “vencer” a radiação, que esteve sempre aliada ao zoocídio[10] de centenas de animais domésticos contaminados, à desinformação sobre os riscos, ao patriotismo exacerbado e à necessidade urgente de conter o vazamento do reator e impedir que outros desastres maiores acontecessem, mas que custou a saúde e até a vida de milhares de homens e mulheres que trabalharam na zona contaminada. 

Por esses tantos olhares, através de um conjunto de vozes que compõem um coro, Vozes de Tchernóbil tece o drama destas pessoas, como também faz a denúncia da ação do Estado, que sob a desculpa de não causar pânico e desordem, preferiu esconder a verdade sobre a dimensão real do problema, até mesmo para a comunidade internacional.

O meu interesse em ler esse livro foi imediato desde o seu lançamento, mas, infelizmente, não foi possível no momento. Mais do que um interesse profissional sobre o tema, vi nesse livro uma possibilidade de conhecer um pouco mais da realidade cotidiana de um dos países que já fizeram parte do bloco socialista. Esse meu interesse se justifica porque desde quando aprendi as diferenças entre capitalismo e socialismo que tenho curiosidade de saber mais sobre os países que experimentaram o socialismo, a exemplo da URSS, China, Vietnã e Cuba. Uma curiosidade quase imanente de saber como era e é a realidade cotidiana desses países, no que avançaram em relação ao capitalismo, no que regrediram, como se vivia e se vive nessas nações. Contudo, sempre vejo com desconfiança o relato de autores de extrema esquerda, e com ainda mais desconfiança o que falam os pensadores de direita, sejam eles moderados ou de ultradireita.

Pela primeira vez leio um livro no qual as pessoas comuns são a voz a relatar. Uma história oral, do ponto de vista de quem viveu a realidade daquele lugar daquela época. O foco é sem dúvida Chernobyl, mas não há como separar o maior desastre nuclear do mundo e o socialismo soviético. A forma como tudo se deu fala muito do que era a URSS, da ideologia dos que enfrentaram o desastre, dos que dirigiam o gigante socialista. E os testemunhos, sobretudo, falam dessa realidade. Aprendi com esse livro muito mais do que um pensador socialista pudesse me dizer, de forma bem mais real do que as críticas, por vezes tendenciosas, que um pensador de direita poderia supor sobre o que foi o socialismo real.

Sem dúvida, um livro angustiante, pois a situação vivida por essas pessoas era como um tipo de guerra, uma guerra contra um inimigo invisível, incompreensível, dissimulado na aparente normalidade do que existia em volta, no qual, longe da usina, tudo parecia normal. Como compreender a evacuação, a destruição do seu lar, e o homicídio de seus animais, quando nem você mesmo compreende quem é o inimigo contra o qual se luta? Por isso encerro dizendo, simplesmente, que este é um livro altamente recomendável.

A edição lida é da Editora Companhia das Letras, do ano de 2016 e possui 384 páginas. 

Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível no Google Books. Abaixo também você pode ver imagens aéreas feitas por um drone da cidade de Pripyat, hoje uma cidade-fantasma.


Vídeos

Pripyat de vista por um Drone


Como funciona a produção de Energia Nuclear?



Prévia do Google Books





[1]A transliteração do nome Chernobyl (em ucraniano Чорнобиль) possui diferentes grafias a exemplo de Chernobil, Chernóbil, Chernobyl, Tchernobil ou Tchernóbil. O tradutor do livro de Svetlana Aleksiévitch optou pela grafia Tchernóbil, aportuguesada e mais próxima da pronúncia. Contudo aqui optamos por uma grafia mais popular (Chernobyl) e corrente, inclusive, no Inglês.
[2]https://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_nuclear_de_Chernobil
[3]O reator era também conhecido como Chernobil-4
[4]No período a Ucrânia era uma das repúblicas que compunham a União das Repúblicas Soviéticas (URSS).
[5]https://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_nuclear_de_Chernobil
[6]ALEKSIÉVITCH, Svetlana. Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
[7]Incapacidade de reagir; inércia e/ou desinteresse. (Houaiss, 2001).
[8]Uso a expressão “olhar mosaicista” comparando o conjunto dos relatos com as peças de um mosaico. Peças que apesar de distintas, porque as visões dos depoentes são diversas e distintas, ajudam a compor um todo que são os fatos ocorridos naquele momento.
[9]Liquidador é o termo que era empregado pelo Estado Soviético para designar cada membro do grupo de mais de 600 mil pessoas responsáveis pela limpeza da área atingida e contensão do vazamento da usina, ou seja, eram responsáveis por minimizar as consequências do acidente.
[10]Assassínio de animais. Disponível em: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/assassinio-de-animais--zoocidio/28815

domingo, 12 de abril de 2020

[ESPECIAL] O Acidente Nuclear de Chernobyl: Contexto Histórico de Vozes de Tchernóbil – Postagem Especial


Por Eric Silva para os blogs Conhecer Tudo e Geographia Mundi

Nota: todos os termos com números entre colchetes [1] possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias, prévias, banners ou postagens relacionadas.

Diga-nos o que achou da resenha nos comentários.


Em 26 de abril deste ano, o acidente nuclear de Chernobyl completa 34 anos. Hoje começo uma série especial de artigos sobre o livro Vozes de Tchernóbil, de Svetlana Aleksiévitch (grafado também como Alexijevich ou Alexievich), que documentou uma série de relatos de sobreviventes do acidente e também de seus descendentes. Neste primeiro artigo, como forma de introdução ao tema, trago um resumo do contexto histórico da época falando um pouco das cidades atingidas, da União Soviética no contexto da Guerra Fria e do acidente propriamente dito.

No segundo artigo, trago a resenha crítica do livro de Svetlana, e, no terceiro, uma galeria de imagens da zona de exclusão com citações do livro.

Confiram agora o contexto histórico do acidente.

A época do acidente

Em 1986, o mundo ainda vivia em plena Guerra Fria, um período no qual a ordem mundial se encontrava bipolarizada e as nações divididas em dois blocos: o bloco capitalista, comandado pelos EUA, e outro socialista, encabeçado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS, ou apenas União Soviética). Ambas as nações naquele tempo buscavam demonstrar seu poderio tecnológico e bélico, bem como defender e promover as ideias de seus respectivos modelos sociais e econômicos, em um jogo político que buscavam influenciar diversos países, sobretudo através de ajuda econômica.

Durante a Guerra Fria os conflitos armados se deram de forma indireta, o que não eliminava, porém, a tensão de uma possível guerra entre as duas superpotências. Na época, a forte disputa ideológica empreendida pelas dois píeses, mas principalmente a ameaça de uma guerra atômica entre eles e que provavelmente exterminaria a vida na Terra, contribuíram não apenas para amedrontar todas as nações do mundo como deixavam as populações americana e soviética sempre alertas ao ataque inimigo.

Não é de se surpreender que o primeiro pensamento dos soviéticos, quando se iniciou a movimentação do exército vermelho no local da explosão da central atômica de Chernobyl, fosse a de que o acidente estivesse de alguma forma ligado a uma sabotagem promovida pelos inimigos. Pensamento que só com o tempo foi desfeito.

Localização da República Socialista Soviética da Ucrânia.
Autor: Milenioscuro. Wikimedia Commons.
Localizada na Europa Oriental, na fronteira com a atual Federação Russa, a Ucrânia, assim como muitas outras nações, em 1986, fazia parte da União Soviética como uma de suas repúblicas, uma das mais ricas da URSS. Na época, era chamada de República Socialista Soviética da Ucrânia (em ucraniano: Радянська Соціалістична Республіка Українa)[1] e ali viviam milhões de pessoas (51.706.746 em 1989) tanto nativas como oriundas dos mais diferentes recantos da extensa União Soviética, inclusive da república soviética vizinha, a República Socialista Soviética da Bielorrússia (em bielorrusso: Беларуская Савецкая Сацыялістычная Рэспубліка).

Seria na Ucrânia país, entre as cidades de Pripyat e Chernobyl, mais precisamente a noroeste desta última, onde a usina nuclear de Chernobyl seria construída, a 16 km da fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia, e a cerca de 110 km de Kiev, a capital da república[2]. Hoje, completamente abandonadas, ambas as cidades são apenas o fantasma do que foram na época.


Chernobyl e Pripyat

Apesar de não terem sido as únicas áreas atingidas pela radiação liberada na explosão do reator 4, Chernobyl e Pripyat são os dois grandes símbolos do acidente.

Na época, Chernobyl era uma pequena e antiga cidade de 14 mil habitantes[3] localizada na província (oblast) de Kiev. O primeiro documento a menciona a cidade data do ano de 1193, no qual o sitio é descrito como um alojamento de caça pertencente ao Kniaz (rei, príncipe) Rostislavich[4].

Restaurante abandonado na cidade de Chernobyl. Autor: Natis. 
Wikimedia Commons.
Localizada quase na fronteira entre a Ucrânia e Bielorrússia, o município apesar de abrigar a usina nuclear (14,5 km a noroeste da cidade) que, por sinal, levava seu nome, não estava diretamente relacionada a ela e não era a residência de seus trabalhadores. É considerada uma cidade fantasma após toda a sua população ter sido evacuada. Hoje, os poucos residentes chegam ao número de 150 pessoas[5], uma pequena população composta por idosos que retornaram ilegalmente a zona de exclusão após as evacuações realizadas pelas autoridades soviéticas.

Visão da cidade de Pripyat nos tempos atuais. Autor: IAEA Imagebank. Wikimedia Commons.
Por sua vez, fundada em 1970[6], especialmente para abrigar os funcionários da central nuclear e suas famílias, a cidade de Pripyat se tornaria o principal cenário da tragédia.
Pripyat foi construída a 4 km da usina de Chernobyl e possuía a capacidade de abrigar entorno de 50 mil habitantes[7]. Segundo Aleksêi Timofeitchev[8], a cidade era mais uma das quase duas dúzias de “cidades atômicas” que existiam na URSS, tendo sido construída no mesmo ano que a usina por brigadas “superprodutivas”. Afirma também o autor que a cidade era habitada por uma população jovem (média de 26 anos) proveniente de todo o território soviético.

Santiago (s/d)[9] conta que a região era originalmente “um modesto reduto de agricultores”, porém com a chegada da usina, a primeira da Ucrânia, mas que mudaria completamente com a instalação do núcleo urbano. Afirma ainda, que pensada para ser uma cidade-modelo, Pripyat foi “meticulosamente planejada” com uma grande infraestrutura que ia desde “uma ampla rede de atrativos culturais” até “um centro médico, escolas secundárias, escola técnica, mercados e restaurantes” além de diversas pré-escolas, opções para a prática de atividades físicas e outras obras que ainda seriam implantadas. Contudo após o acidente toda a população da cidade teve que ser evacuada e a infraestrutura abandonada.


O acidente e a zona de exclusão

A tampa do reator (escudo biológico superior)
apelidado de "Elena" caída de lado na cratera
de explosão. Sobrepostas estão a posição pré-explosão
dos tanques de vapor, do piso da sala do reator
e das treliças do telhado.
Autor: Tadpolefarm. Wikimedia Commons.
Segundo informações da época, o acidente de Chernobyl ocorreu na madrugada de 26 de abril de 1986, quando os seus operadores realizavam um experimento no reator 4 da usina.

Souza (s/d)[10] explica que o objetivo do experimento realizado naquela noite era observar o comportamento do reator quando este fosse utilizado com níveis baixos de energia. Mais especificamente, Pedrolo (2014)[11] comenta que a intensão era testar se as turbinas do reator “seriam capazes de gerar energia suficiente para manter as bombas do líquido de refrigeração funcionando” em situações de perda de potência “até que o gerador de emergência fosse ativado”.

No processo, afirma Souza (s/d), diversas normas de segurança foram desrespeitadas e um dos principais erros cometidos foi a interrupção da circulação do sistema hidráulico que controlava a temperatura dentro do reator, o que desencadeou um processo de superaquecimento irreversível e a consequente explosão do reator cheio de Urânio-235. Contudo essa explicação para o acidente não é aceita por todos, sendo que muitos apontam para falha humana e outros para erros no projeto e na construção do reator.

O vídeo abaixo (em inglês) mostra um esquema de como o retor explodiu.


Com a explosão, uma enorme quantidade de material radioativo foi lançado na atmosfera liberando uma radiação 400 vezes maior do que as bombas de Nagasaki e Hiroshima (SOUZA, s/d). O resultado foi a formação de uma grande nuvem de radiação que atingiu vários países europeus, alcançou outros continentes, mas que contaminou principalmente a república soviética mais próxima: a Bielorrússia (ou Belarus).

Nos dias que se seguiriam, a ação dos ventos e da chuva aumentariam a disseminação da radiação e segundo reportagem da BBC[12], o incêndio provocado pela explosão na usina ainda perduraria por mais 10 dias, durantes os quais os soviéticos tentariam conter as chamas do material radioativo com areia (para o incêndio) e chumbo (para a radiação) lançados sobre o reator de helicóptero.

A reação do Estado Soviético ao incidente foi considerada como lenta e contribuiu para que se prolongasse o tempo de exposição de milhares de pessoas à radiação, sobretudo na cidade de Pripyat. A população não foi avisada de imediato da magnitude da situação nem foram tomadas medidas de emergência como a distribuição de pílulas de iodo para impedir a absorção de iodo radioativo pelo corpo[13]. Mesmo o processo de evacuações só teve início 30h depois da explosão da usina, quando milhares de pessoas foram deslocadas para outras áreas com a promessa de que retornariam em poucos dias.

Visão externa do Palácio da Cultura. Autor: Timm Suess. Wikimedia Commons.
Visão interna do Palácio da Cultura. Autor: Timm Suess. Wikimedia Commons.

Como medida emergencial o governo soviético estabeleceu uma área de isolamento que se estende por uma área de raio de 30 km entorno do local da usina, evacuando mais de 135 mil pessoas residentes nesta área[14]. Ainda hoje a chamada Zona de alienação da Usina Nuclear de Chernobyl ou Zona de exclusão de Chernobyl ainda existe, é patrulhada por policiais aramados e a moradia é proibida, ainda que alguns dos evacuados tenham regressado a zona de forma clandestina e permanecem vivendo nela apesar do isolamento. Todavia, ainda segundo reportagem da BBC, a região nunca foi completamente evacuada devido a variação das regras de exclusão que dentro do perímetro da zona variam segundo os níveis de radiação.

“A usina, fechada em 2000, não tem residentes oficiais. Trabalhadores envolvidos na desativação da usina e na descontaminação da área têm permissão para morar na cidade de Chernobyl, a uma distância de 15 km da usina, mas ainda assim há um limite para o número de semanas consecutivas que podem passar no local”.

Outra medida adotada pelo Estado Soviético para combater o incêndio do reator 4, isolá-lo e fazer a “limpeza” da usina, cidades, povoados e campos contaminados foi a criação de uma brigada formada por 600.000 homens entre soldados, voluntários e especialistas de diversas áreas que passaram a ser chamados de “liquidadores” (“ликвида́тор” "likvidators").

Liquidador soviético durante as atividades de descontaminação.
Autor: IAEA Imagebank. Wikimedia Commons.
O objetivo dos liquidadores era conter o avanço da radiação impedindo que esta se alastrasse ainda mais e que outros montantes fossem liberados pelo reator, trabalhando inclusive em medidas para evitar uma segunda explosão. As atribuições destes homens ia desde a construção do sarcófago de aço e concreto que deveria envolver e isolar o reator 4, como desativar edifícios, realizar medições de radiação, remover camadas superficiais inteiras de solo contaminado, exterminar animais domésticos contaminados, demolir e enterrar construções cobertas por resíduos radioativos, fazer a limpeza de povoados inteiros e remover os destroços da explosão do teto e do entorno do reator.

Expostos a grande níveis de radiação e sem os equipamentos de proteção adequados apenas 5% dos liquidadores ainda vivos se encontram saudáveis[15], a maioria morreu ainda muito jovem, sobretudo por doenças como o câncer e muitos outros ficaram inválidos.

O “sarcófago” construído emergencialmente em aço e concreto para cobrir e isolar o reator hoje se encontra em estado avançado de deterioração o que cria o risco de um colapso da estrutura e o espalhamento de uma grande quantidade de poeira e resíduos radioativos (“200 toneladas de cório radioativo, 30 de poeira contaminada e 16 toneladas da soma de urânio e plutônio”[16]). Ante a este risco eminente o governo ucraniano, com o apoio de 21 países doadores, construiu uma nova estrutura de isolamento, o New Safe Confinement, uma estrutura de 108 metros de altura por 257 de largura e pesando 36 mil toneladas[17] que foi instalada, em 2016, sobre o reator 4.
Abaixo, no primeiro vídeo você pode conferir a instalação do novo “sarcófago” do reator 4, enquanto que no segundo vídeo, é possível se ter uma ideia da complexidade da construção dessa estrutura.

Novo sarcófago



Complexidade do projeto



As consequências

Além de inúmeras perdas humanas, materiais e afetivas, a mais nefasta e duradora consequência do acidente se revelaria nas gerações posteriores.

Após a liberação do material radioativo cresceram o número de doenças congênitas como má formação de órgãos e doenças cardiovasculares em crianças além do surgimento de mutações genéticas (KAPUSTINA, 2011)[18]. Além disso, houve absurdo aumento nos casos de câncer e de doenças da tireoide (idem, ibidem).

Por sua vez, as consequências psicológicas não são quantificáveis. Muitos dos depoimentos trazidos pelo livro de Svetlana pontuam algumas destas consequências no plano psicológico como nos trechos a seguir.

“Não adianta, as nossas crianças não sorriem. E em sonhos choram”.
“À nossa volta só se fala na morte. As crianças pensam na morte. Mas isso é algo que só deveria ser pensado no final da vida, e não no início dela”.

Nas regiões de maior contaminação, alimentos e animais ainda apresentam elevados níveis de radiação o que torna impraticável o seu consumo, e mesmo a cadeia alimentar selvagem foi atingida.


Durante as primeiras semanas após o acidente, o governo soviético, na época chefiado por Mikhail Gorbachev, tentou esconder do mundo a ocorrência do desastre. O desastre só seria revelado quando alguns países europeus identificaram o aumento anormal nos níveis de radioatividade em seus territórios, o que obrigou às autoridades locais a reconhecerem a ocorrência do acidente. Ainda hoje, em decorrência desta política de pouca transparência, as estatísticas de mortos e de pessoas contaminadas pela radiação são escassas e imprecisas revelando em sua maioria números bem menores do que a realidade.





[1]https://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_Socialista_Sovi%C3%A9tica_da_Ucr%C3%A2nia
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Nuclear_de_Chernobil
[3] https://es.wikipedia.org/wiki/Chern%C3%B3bil
[4] https://es.wikipedia.org/wiki/Chern%C3%B3bil
[5]http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/04/apesar-da-radiacao-mais-de-150-pessoas-ainda-moram-em-chernobyl.html
[6]http://www.bbc.com/portuguese/internacional/2016/04/160426_chernobyl_ucrania_aniversario_imagens_fd
[7]http://www.bbc.com/portuguese/internacional/2016/04/160426_chernobyl_ucrania_aniversario_imagens_fd
[8]https://gazetarussa.com.br/multimedia/inpictures/2017/04/27/pripyat-a-vida-pre-chernobyl-de-uma-cidade-atomica_751761
[9] http://www.infoescola.com/uniao-sovietica/pripyat/
[10]SOUSA, Rainer Gonçalves. Acidente de Chernobyl. Brasil Escola. Disponível em: http://brasilescola.uol.com.br/historia/chernobyl-acidente-nuclear.htm. Acesso em 26 de julho de 2017.
[11]PEDROLO, Caroline. Acidente da Usina Nuclear de Chernobyl. InfoEscola. Disponível em: http://www.infoescola.com/fisica/acidente-da-usina-nuclear-de-chernobyl/. Acesso em 26 de julho de 2017.
[12]http://www.bbc.com/portuguese/internacional/2016/04/160426_chernobyl_ucrania_aniversario_imagens_fd
[13]http://noticias.r7.com/internacional/noticias/saiba-mais-sobre-os-efeitos-da-radiacao-no-corpo-humano-20110412.html
[14]https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2016/04/26/ucrania-lembra-30-anos-de-chernobyl-e-rende-tributo-a-liquidadores.htm
[15]http://www.bbc.com/portuguese/internacional/2016/04/160426_chernobyl_ucrania_aniversario_imagens_fd
[16]http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2017/01/sarcofago-de-chernobyl-ganha-reforco-para-conter-poeira-radioativa.html
[17] op. cit.
[18] KAPUSTINA, Olga. Consequências da tragédia de Chernobyl persistem mesmo após 25 anos. DW, 2011. Disponível em: http://www.dw.com/pt-br/consequ%C3%AAncias-da-trag%C3%A9dia-de-chernobyl-persistem-mesmo-ap%C3%B3s-25-anos/a-14950218. Acesso em 26 de julho de 2017.

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