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domingo, 5 de novembro de 2017

[Cinema] 2017 é o ano de Agatha Christie nos cinemas


Por Eric Silva

2017 parece ser o ano de retorno das obras de Agatha Christie as telonas de todo o mundo. Somente neste ano dois dos mais importantes livros da autora foram adaptados para o cinema: Assassinato no Expresso do Oriente e A Casa Torta. Confira os detalhes.


Agatha Christie é internacionalmente conhecida como a Rainha do Crime por ter sido reconhecida como uma das mais importantes e mais lidas escritoras de romance policial da história. Por conta de sua fama e da popularidade de seus livros, contos e peças teatrais, muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema e para séries de televisão em todo o mundo.

Publicado pela primeira vez em 1949, A Casa Torta é um dos poucos romances da escritora inglesa que nunca haviam sido adaptados, em contraposição ao Assassinato no Expresso do Oriente, que além de ser um dos livros mais vendidos da autora, já foi transformado em jogo de computador e adaptado para o rádio em 1992, para o cinema em 1974, e para a televisão, em 2001, pela CBS, em 2010, pelos ITV Studios e WGBH-TV e, em 2015, para a televisão japonesa, pela Fuji Television[1].

Em A Casa Torta (Crooked House), Agatha narra a história do assassinato do milionário octogenário Aristide Leonides que morava com a esposa, cinquenta anos mais jovem, além de toda a sua família. O título do livro se deve a peculiar arquitetura da casa dos Leonides, uma mansão localizada nos arredores de Londres e que tinha a inusitada característica de ser torta. É naquela mansão que o patriarca é assassinado por envenenamento, tornando todos os habitantes da casa em suspeitos, o que leva a neta mais velha da vítima, Sophia, e seu namorado Charles Hayward, filho do inspetor chefe da Scotland Yard, a investigarem o crime.

Agatha Christie considerava A Casa Torta, junto com Punição para a Inocência (1957), uma de suas melhores obras. A adaptação para o cinema, que ainda não tem data de lançamento no Brasil, foi dirigido pelo francês Gilles Paquet-Brenner que dirigiu, entre outros filmes, Lugares Escuros (2015) e A Chave de Sarah (2010). 

No elenco: Max Irons no papel de Charles Hayward, Stefanie Martini como sua namorada Sophia, Glenn Close como Lady Edith, Gillian Anderson estrelando como Magda West e Christina Hendricks como Brenda Leonides.

A película é uma produção dos estúdios Brilliant Films, com coprodução da Fred Films. Segundo o site da IMDb, entrou em cartaz em 31 de outubro desse ano na Itália, e está previsto, em Portugal, no dia 7 de dezembro. Tem duração de 1h e 55 minutos.

Por sua vez, Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express) conta a história de um assassinato ocorrido durante uma viagem do Expresso Oriente, o mais famoso e luxuoso trem de passageiros do mundo, que liga Paris à Istambul (antiga Constantinopla). Pertencente ao subgênero do “locked room” (“mistério do quarto fechado”), a trama põe como suspeitos todos a bordo do famoso trem (milionários, aristocratas e empregados) e o mais célebre detetive de Agatha Christie, Hercule Poirot, como o responsável por descobrir a identidade do criminoso.

A nova adaptação cinematográfica é dirigida pelo britânico Kenneth Branagh, diretor de Cinderela (2015) e Thor (2011) e é estrelado Albert Finney no papel de Hercule Poirot, Lauren Bacall como Sra. Hubbard, Martin Balsam representando Bianchi e Ingrid Bergman interpretando o papel de Greta Ohlsson.

A película é uma produção dos estúdios Twentieth Century Fox, com coprodução da Genre Films, The Mark Gordon Company, Scott Free Productions e Latina Pictures, com colaboração do The Estate of Agatha Christie. 

Segundo o site da IMDb, entra em cartaz no Brasil em 23 de novembro desse ano e tem duração de 1h e 54 minutos.

Confira os trailers dos filmes.



Trailer de A Casa Torta (Crooked House)



1º Trailer de Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express)



2º Trailer de Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express)





[1] https://en.wikipedia.org/wiki/Murder_on_the_Orient_Express

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

[Christie's Week] GALERIA AGATHA CHRISTIE - Uma vida em imagens

Em comemoração ao aniversário de 126 anos da escritora inglesa Agatha Christie, dedicamos essa semana a sua homenagem. Na segunda feira publicamos a biografia resumida da autora e hoje, dia de seu aniversário, publicamos uma galeria especial com imagens de várias fases da vida de Agatha. Confiram as fotos clicando na imagem abaixo.





segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Agatha Christie – Biografia – Postagem Especial

Agatha Mary Clarissa Christie
Por Eric Silva.

“A essência da vida é andar para a frente; sem possibilidade de fazer ou intentar marcha a trás.
Na realidade, a vida é uma rua de sentido único.”.
(Agatha Christie)

15 de setembro é o aniversário de 126 ano de nascimento de Agatha Mary Clarissa Christie, mais conhecida como Agatha Christie, the queen of crime, a minha escritora predileta. Como não homenagear uma pessoa cujo o talento sobrevive à força do tempo? Por isso vou falar hoje um pouco desta escritora incrível, que encanta até mesmo aqueles que nasceram muito depois de seu adeus ao mundo.

Biografia

Agatha Mary Clarissa Christie nasceu em 15 de setembro de 1890 com o nome de Agatha Mary Clarissa Miller, na mansão Ashfield, em Torquay, cidade do condado de Devon, Inglaterra, Reino Unido. Foi romancista, contista, dramaturga, poetisa e uma das mais bem-sucedidas autoras de romances policiais, o que lhe rendeu os apelidos de Queen of crime (Rainha do crime) e Lady of crime (Dama do crime).

Nascida em uma família de classe média, Agatha era a caçula dos três filhos do americano Frederick Miller e sua esposa Clara Bohemer. Quando menina seus pais queriam que se tornasse cantora ou pianista, mas ainda na infância a garota mostrava um interesse maior pela literatura, preferindo escrever contos e poemas.

Agatha em sua infância.
Wikimedia Commons
Ao contrário de seus dois irmãos mais velhos, Madge e Monty, Agatha não frequentaria a Escola até os seus 14 anos. Por desejo de seus pais, a menina teve seus estudos ministrados em casa, com tutores e professores particulares, e aprenderia a ler sozinha ainda aos cinco anos de idade.

Em 1896, quando ainda tinha seis anos, a família muda-se para a França onde viveram por entorno de um ano, em hotéis das comunas de Pau, Argelés, Lourdes e Cauterets e também na cidade de Paris, para, depois, retornarem a Inglaterra.

Aos 11 anos perde o pai e passa a viajar em companhia da mãe por vários lugares do mundo, e, aos 16, vai para uma escola de aperfeiçoamento, onde se destaca como pianista e cantora.

Já adulta, a jovem Agatha conhece Archibald Christie em um baile oferecido por Lady Clifford, em 12 de outubro de 1912. Com ele se casaria no ano de 1914 e teriam, em 1919, sua única filha, Rosalind. Archie, como era chamado, foi coronel da Força Aérea Britânica e esteve na Primeira Guerra Mundial. Também Agatha, agora Agatha Mary Clarissa Christie, participaria do conflito como voluntária da Cruz Vermelha, na qual atuou como farmacêutica. Acredita-se que foi nesse período que a autora adquiriu os conhecimentos de porções e venenos que lhe seriam úteis na composição dos enredos de seus romances policiais.

David Suchet interpreta Poirot
na série Agatha Christie's Poirot.
Wikimedia Commons
Dois anos após o fim da Primeira Guerra, em 1920, Agatha Christie publica seu primeiro romance, O Misterioso caso de Styles. Este seria também o livro de estreia de seu personagem mais conhecido, o detetive belga Hercule Poirot. Inspirado em vários políticos belgas que se refugiaram na Inglaterra durante a Primeira Guerra, Poirot apareceria em outros 32 romances da autora e em dezenas de seus contos. Muito sistemático e racional, Poirot, se tornaria um dos mais importantes detetives da literatura mundial, comparável apenas a Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle.

Em sua autobiografia, Agatha Christie conta que a primeira semente que levou-a escrever seus primeiros livros policiais foi um desafio feito pela sua irmã quando discutiam sobre o livro O Mistério do Quarto Amarelo de Gaston Leroux. Segundo ela o livro havia impressionado as duas pela qualidade de seu enredo e pela capacidade do autor de manter o segredo até o final da narrativa. Na ocasião ao declarar a Madge o seu desejo de um dia escrever uma história policial, a irmã haveria duvidado de que fosse capaz devido à dificuldade imposta pelo gênero. Anos depois Agatha escreveria O Misterioso caso de Styles.

Na manhã de 4 de dezembro de 1926, um carro é encontrado batido contra uma árvore, porém, seus ocupantes estavam desaparecidos. O carro é identificado como pertencente a Archibald Christie e naquele mesmo dia a polícia inglesa descobre que Agatha havia saído na noite anterior sem ter retornado. Naquele dia começaria a investigação do desaparecimento da escritora que só seria encontrada dez dias depois hospedada em um hotel de luxo em Harrogate.

Na capa do jornal Daily Mirror,
de 7 de dezembro de 1926,
o desaparecimento de Agatha Christie 
O caso ganha grande repercussão sendo acompanhado pelos ingleses como se fosse mais uma das histórias de mistério da escritora. Em poucos dias tamanha audiência leva a conhecimento do público o caso extraconjugal de Archibald com Nancy Neele direcionando a ele suspeitas acerca do desaparecimento da romancista.

Mesmo com a descoberta do paradeiro de Agatha, o mistério das razões de seu desaparecimento continua um mistério até os dias de hoje. Devido a confusão mental em que fora encontrada no hotel, onde estivera hospedada usando o sobrenome da amante de Archibald, a versão oficial apresentada pela família foi a de que Agatha Christie havia perdido a memória depois do acidente de automóvel e, em confusão, teria pego um trem até Harrogate e se hospedado no hotel com o nome de Teresa Neele, afirmando ser da África do Sul. Porém, devido à natureza do caso, especula-se outras teorias negativas em relação a autora: estaria ela arquitetando uma vingança pela traição do marido? ou teria armado seu próprio desaparecimento para se auto promover?

Em 1928, a escritora se divorcia do Coronel Archibald, contudo Agatha mantém o seu nome de casada e passa a se dedicar mais intensamente a escrita de seus livros.

O ano de 1930, assim como toda aquela década, seria de grandes mudanças para Agatha e do auge de sua carreira. Naquele ano a inglesa publica O Assassinato na Casa do Pastor, primeiro livro com outro grande personagem das suas histórias, Miss Marple, uma velhinha simpática, muito conhecedora da natureza humana e moradora da pequena e fictícia aldeia de St. Mary Mead. Miss Marple, assim como Poirot se envolve na descoberta de complexos casos policiais e é considerada o alter ego de sua criadora, protagonizando 12 de seus romances. No mesmo ano, Agatha casa-se com Max Mallowan arqueólogo britânico que conhecera durante uma viagem à Mesopotâmia. Com ele a autora faz uma série de expedições arqueológicas pelo oriente médio de onde nasce a inspiração para vários de seus romances, a exemplo de Morte no Nilo (1937).

Agatha Christie com a filha Rosalind (1930) 
No ano de 1952, Agatha estreia em Londres sua peça A Ratoeira, conhecida como a peça que mais tempo ficou em cartaz na história do teatro. Em 1971 é condecorada pela Rainha Elizabeth II com o título de “Dame” do Império Britânico.

Agatha Christie viveria ainda até 12 de Janeiro de 1976, quando, aos 85 anos, morreria na cidade de Wallingford (Oxfordshire-UK) em decorrência de uma pneumonia.

Deixou como legado uma obra composta por 79 romances e livros de contos, 12 peças e 6 romances românticos escritos sob o pseudônimo de Mary Westmacott. Uma escritora inesquecível, uma romancista inigualável, cuja obra já figuram os clássicos da literatura mundial. Particularmente, nasci no ano de seu centenário e hoje, com um misto de prazer e tristeza (por não a ter mais entre nós), evoco sua memória. Thank you very much, Mrs. Christie.




Livros de Agatha Christie no blog

    



Referências

CHRISTIE, Agatha. Autobiografia. São Paulo: Círculo do Livro, 1985.
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/misterio-agatha-christie-escritora-desapareceu-10-dias-435804.shtml
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hercule_Poirot
http://www.agathachristie.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agatha_Christie
http://www.lpm.com.br/site/default.asp?TroncoID=805134&SecaoID=948848&SubsecaoID=0&Template=../livros/layout_autor.asp&AutorID=608190
http://educacao.uol.com.br/biografias/agatha-christie.htm

http://www.cin.ufpe.br/~pmgj/agatha/biografia.html

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Treze à Mesa - Agatha Christie - Resenha

Eric Silva

Quem lê Agatha Christie sabe porque a autora é chamada de a rainha do crime. São poucos os autores de romances policiais que se aproximam de sua genialidade em compor uma trama intricada, um mistério aparentemente irresolvível ou cegar o seu leitor para que ele não enxergue o que é obvio. Tive provas destes fatos quando li A Mansão Hollow (The Hollow, 1946) e Um Gato entre os Pombos (Cat Among the Pigeons, 1959) ambos com o detetive belga Hercule Poirot. Hoje, estou aqui para falar de mais um Christie, de mais um dos seus celebres casos policiais. Impressiona-me a forma como Agatha consegue levar até as últimas páginas o mistério de quem é o assassino, de quais eram suas reais intensões e nos faz suspeitar de todos, mesmo quando álibis muito consistentes são apresentados.

Minha última leitura de Agatha foi Treze à Mesa publicado pela autora ainda no ano de 1933 com o nome original de Lord Edgware Dies, ou literalmente A morte de Lord Edgware. Narrado em primeira pessoa, é pela voz do amigo inseparável de Poirot, o capitão Hastings, que ficamos sabendo de toda a trama acompanhado de sua impressão dos fatos, das atitudes tomadas pelos demais personagens ora nos dando pistas pelas suas observações, ora nos desviando sem querer da trilha do assassino.

Poirot e Hastings assistiam em um teatro londrino à apresentação do espetáculo da atriz americana Carlota Adams, que fazia no momento um sucesso estrondoso nos palcos ingleses. Em sua exibição a Carlota encenava uma série de esquetes – peças de curta duração e de caráter cômico – que finalizava com a imitação de pessoas famosas do cinema, entre elas Jane Wilkinson, outra atriz de grande fama entre os ingleses e que por coincidência se encontrava na plateia assistindo a encenação na companhia de outro astro, o ator Bryan Martin. Hastings não deixa de notar a presença de Jane na casa e se surpreende com a forma bem humorada como ela assiste à sua imitante.

Após o término da apresentação Poirot e Hastings seguem para jantar no luxuoso hotel Savoy onde, por coincidência – se é que elas existem nas narrativas de Christie –, encontram Jane, Bryan e outros dois convivas e também Carlota Adams em companhia de um rapaz. Ao reconhecer Poirot Jane Wilkinson se aproxima dos dois amigos para cumprimentá-los e solicita uma entrevista com Poirot, ali mesmo no seu apartamento onde receberia também seus acompanhantes e Carlota com seu companheiro para um jantar. Hastings deixa transparecer em sua narrativa a forma impetuosa com que Jane levantou-se e dirigiu-se aos dois imprimindo claramente a urgência com o qual precisava falar com o detetive.

Antes que todos se dirigissem ao apartamento, a atriz conduz Poirot e Hastings para seus aposentos e lá esclarece aos dois que o motivo de sua urgência em fala-los era a necessidade imperativa de livrar-se de seu marido, o barão Edgware. Jane conta o seu desejo de divorciar-se do barão para casa-se com outro nobre inglês, o Duque de Merton, e da recusa de seu marido em conceder-lhe a separação. Por isso a atriz tenta convencer a Poirot a advogar pela sua causa junto ao Lord Edgware e persuadi-lo a aceitar o divórcio. Mostra-se inclusive disposta a ir ao extremo de cometer um homicídio para alcançar o que desejava.

“Levantou-se, apanhou o abrigo branco e ficou parada, com uma expressão suplicante no rosto. Escutei um rumor de vozes no corredor. A porta estava entreaberta.

— Caso contrário... — continuou ela. 

— Caso contrário, Madame? 

Deu uma risada.
— Terei de chamar um táxi e ir dar cabo dele pessoalmente”.


Mesmo relutante Poirot aceita a causa e passa ali parte da noite em companhia dos convidados da atriz que chegam logo após o término da entrevista.

Cena do crime em versão para a televisão 
dirigido por Brian Farnham. No
canto esquerdo, Poirot interpretado
por David Suchet. Fonte: Investigating 
Agatha Christie's Poirot
No dia seguinte, Poirot recebe a inesperada visita de Bryan Martin que lhe consulta sobre um caso em que desconfia estar sendo seguido por um misterioso homem do dente de ouro e pede-lhe ajuda. Contudo, não lhe dá mais nenhum detalhe a despeito da necessidade de consultar uma terceira pessoa, a única que poderia lhe autorizar a seguir em frente com a investigação. A jusante dessa história, Bryan aproveita para comentar os desatinos de sua colega Jane, e reforça que ela seria realmente capaz de dar cabo do marido para conseguir o que queria.

Mais à frente, Poirot consegue obter uma entrevista com o barão Edgware e este lhe revela algo inesperado: ele estava disposto a conceder a separação à esposa e que, inclusive, já havia há algum tempo escrito uma carta avisando-a de sua intenção. Diante daquilo Poirot e Hastings vão ao encontro de Jane e dão lhe as boas novas que ela recebe com alegria. O caso estava resolvido! Era ao menos o que Poirot considerava.

No dia seguinte o detetive é surpreendido com a vista do inspetor Japp. Lord Edgware havia sido encontrado morto em sua biblioteca apunhalado na nuca e a principal suspeita era a própria Jane Wilkinson com quem o barão havia se encontrado horas antes de ser descoberto morto. Mas Poirot não se convence da suposição da polícia, afinal, como Jane poderia ter assassinado o marido no mesmo momento em que estivera em um jantar na companhia de mais de uma dezena de pessoas? Haviam muito mais mistérios naquela morte do que a polícia imaginava.

Treze à Mesa é uma trama de muitos enganos capazes até mesmo de confundir a própria genialidade do mais famoso detetive de Agatha Christie. Cheia de pistas e fatos aparentemente desconexos que nos deixam a todo momento inseguros em apontar um possível assassino. Saltamos de um forte candidato a outro à medida que novas pistas são reveladas. Descartamo-los e voltamos a reconsiderá-los. Todos tem motivos de sobra para matar o barão que aos poucos é revelado como um homem odioso e com vários desafetos.

Mas mais surpreendente ainda é o desfecho inusitado em que nos é revelado a forma como tudo foi feito: uma trama intrincada, um crime quase perfeito e ousado, digno de um gênio do crime. Inimaginável para nós que contávamos apenas com algumas poucas pistas soltas. Digo que o ponto mais forte da história é, com certeza, o seu desfecho: a ousadia dos métodos do criminoso que por muito pouco não saiu impune.

Contudo Treze à Mesa tem também seus pontos problemáticos para quem o lê em nossa época.

Foto de pince-nez, antigo modelo de óculos usado entre 
os séculos de XV e XX. Fonte: Wikimedia Commons 
Por ser uma história publicada a mais de oitenta anos ela está povoada de elementos antigos essenciais para o entendimento da história mas que na época eram muito conhecidos pelos primeiros leitores da autora. O que seria um pince-nez, um chapéu clochê e ou ainda veronal? Todas essas coisas nos exige pequenas pesquisas no Google para termos ideia mais clara do que acontece na narrativa. Outro ponto negativo são as tiradas em francês de Hercule Poirot que exige, pelo menos de quem não fala o idioma, que façamos outras consultas, só que dessa vez, ao Google Tradutor.

A edição lida é da Editora Nova Fronteira, com 166 páginas, tradução de Milton Persson. 



sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Um Gato entre os Pombos - Agatha Christie - Resenha

Esse livro irá desafiar seu senso investigativo.
Por Eric Silva

Em Um Gato entre os Pombos, Agatha Christie, a Rainha do Crime, nos faz embarcar numa narrativa que se inicia em Ramat, no longínquo Oriente Médio e vai desencadear em misteriosos assassinatos em um respeitado colégio para moças na Inglaterra, o Meadowbank. Numa teia de acontecimentos que deixam o leitor completamente sem saber ou ter noção dentre os vários personagens quem pode ser o(s) assassino(s).

Em Ramat uma revolução está preste o estourar contra o príncipe Ali Yusuf e tira-lo do poder devida sua posição de criar um Programa de Bem Estar Social. Ali pressentindo a manobra política pede ao seu amigo inglês Bob Rawlinson para que ele tirasse do país algumas pedras preciosas que guardava consigo para uma emergência, e também arquitetam uma forma de saírem do país. Sem saber o que fazer para tirar as joias do país, Bob tem a ideia de escondê-las entre as coisas da irmã que passava uma temporada em Ramat com a filha Jennifer. Encontra entre os objetos pessoais das duas o esconderijo perfeito para tirar despercebidamente as joias do Oriente Médio, o que ele não contava que graças a um jogo de reflexos de espelhos alguém via todos os seus movimentos dentro do quarto da irmã. A misteriosa pessoa ainda tenta roubar as joias assim que Bob sai, mas é surpreendida pela volta da irmã do rapaz e tem que fugir antes que fosse descoberta. Joan, irmã de Bob e Jennifer são obrigadas a deixar o país às pressas com a explosão da revolução e as joias saem de Ramat assim como planejava Bob. Porém Bob e Ali não possuem a mesma sorte. A partir dali muitas pessoas suspeitam da saída das joias do país e de que estejam com Joan e Jeniffer, surgindo grupos interessados em possui-las: o misterioso Sr. Robinson, a pessoa dos espelhos e os revolucionários.    

Assim numa trama bem construída esses fatos tão singulares se ligam ao Colégio Meadowbank, onde no Pavilhão de esportes acontecem estranhos e desconexos assassinatos de professoras. Como esses fatos se ligam? Só lendo para descobrir.

A autora
Agatha mostra mais uma vez porque é chamada da Rainha do Crime e de uma das melhores escritoras policiais que já se ouviu falar. Com maestria liga duas circunstâncias aparentemente desconexas revelando ao leitor que toda trama gira em torno do desaparecimento das joias, mas escondendo e despistando até o fim quem é o assassino e a quem ele está ligado. Lançando nossa atenção para pistas erradas e fatos estranhos que não são diretamente ligados ao assassino, Agatha nos faz imaginas os mais variados desfechos e, no fim, nos surpreende com um final inesperado com uma trama complexa, bem armada e lógica que liga o assassino revelado à Ramat, à Meadowbank, às joias e a seu disfarce (um gato entre os pombos). Trama brilhantemente descoberta pelo detetive Hercules Poirot.

Para quem quiser conferir existe o fim de mesmo nome com áudio em Inglês e legenda em português dirigido por James Kent e com 92 minutos de duração. Porém o roteiro do filme possui alterações em relação ao livro como:

1. São retirados da trama pelo menos cinco personagens: Joan, Sr. Robinson, Coronel Pikeaway, Srta. Vansittart e O jardineiro Briggs, entre outros mais secundários;

2. É removida a cena da mulher loira que conversa com Jennifer no colégio; 

3. Muda-se como se dá a primeira morte que originariamente seria à bala;

4. É substituída uma morte por uma tentativa de morte e troca-se as vitimas; 

5. Poirot participa da narrativa como hospede em Meadowbank, quando na verdade ele só vai até lá no meio da narrativa quando a aluna Júlia vai procura-lo.

Algumas dessas alterações foram necessárias para não dar pistas ao espectador e acabar com o mistério, mas muitas delas foram desnecessárias. Ainda assim vale apena ver depois de ter lido o livro.

Se quiser saber mais sobre a autora confira nosso especial sobre Agatha Christie que reúne a biografia da escritora e uma galeria de fotos de toda sua vida.

Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível no Google Books.


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