Mostrando postagens com marcador Eduardo Kasse. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Eduardo Kasse. Mostrar todas as postagens

domingo, 31 de dezembro de 2017

Medieval: contos de uma era fantástica – Ana Lúcia Merege e Eduardo Kasse (org.) – Resenha


Por Eric Silva

Nota: todos os termos com números entre colchetes [1] possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias, prévias, banners ou postagens relacionadas.

Diga-nos o que achou da resenha nos comentários.

Está sem tempo para ler? Ouça a nossa resenha, basta clicar no play.



Da Escandinávia ao Japão, Medieval é uma obra que reúne nove autores brasileiros para contar histórias sobre uma época que fascina muitos leitores: a Idade Média. Juntando História e fantasia a coletânea organizada pelos autores Ana Lúcia Merege e Eduardo Kasse narra o lado fantástico de um período marcado por lutas sangrentas, disputas pelo poder e pela hegemonia do pensamento cristão, mas que ainda assim não foi o suficiente para apagar totalmente as crenças e mitos pagãos. Gênios, bruxos e entidades antigas povoam os contos dessa coleção que recentemente foi vencedora do Prêmio Argos de melhor coletânea.

Confira a resenha do último livro da Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo que neste ano homenageou a literatura do Brasil.


Sinopse

Cruzados, vikings, chineses, japoneses, mouros, gênios, bruxos e reis, todos eles cabem nessa coletânea de contos que faz um retorno à Idade Média para contar histórias que vão da Escandinávia ao longínquo Oriente de imperadores e samurais, tendo a magia como elemento condutor de cada narrativa. Organizado pelos especialistas em Idade Média e ficção histórica Ana Lúcia Merege e Eduardo Kasse, o livro conta com a participação de nove contos de vários autores brasileiros além de seus organizadores e foi ganhador do Prêmio Argos de 2017.


Resenha

Para além da Idade Média europeia

Ilustração do manuscrito francês medieval das três classes
da sociedade medieval: aqueles que oravam (o clero) 
aqueles que lutavam (os cavaleiros) e os que trabalhavam
 (o campesinato). 
(Li Livres dou Sante, século 13).
Imagem: Wikimedia Commons
Costumamos erroneamente associar a Idade Média (de 476 d.C. a 1453 d.C.) apenas aos feudos, castelos e batalhas ocorridas em solo europeu, porque assim nos ensinam quase todos os livros de História. Contudo, esse período da história da humanidade guarda em si uma diversidade que varia enormemente tanto no tempo como no espaço, sendo tão diverso quantos são os povos que coexistiram nesse mesmo momento histórico. E mesmo na Europa distinções culturais são perceptíveis quando nos aprofundamos no estudo histórico e cultural da miscelânea que compunha o povo europeu.

Muitos não sabem ou esquecem que a Idade Média não está restrita ao continente europeu, mas foi vivida também por todos os povos no mundo. Claro que essa vivência não se deu com as mesmas características, nem sob um mesmo sistema econômico e social. Enquanto na Europa da época o sistema social foi chamado de feudalismo, no oriente, tínhamos os grandes impérios como é o caso da China e do Japão, neste último substituído pela ditadura militar dos xogunatos ainda no século X.

O problema está todo na visão eurocêntrica da Historiografia ocidental que quando foi transposta para a escola nos fez pensar que a Idade Média aconteceu como um fenômeno europeu, que se confunde ao feudalismo – esse sim original daquelas bandas – e não como um período do tempo histórico da humanidade que nada mais representa do que uma datação. Cada povo que foram contemporâneos dos europeus medievos possuíam suas particularidades, diferentes graus de avanço tecnológico, diversos sistemas socioeconômicos e culturais, mas viveram na mesma época.

Medieval foi a primeira obra que eu li que toma a Idade Média como período da história da humanidade e não apenas das civilizações europeias e busca revelar a multiplicidade cultural e étnica da época, extrapolando os limites da Europa Medieval e indo ao Oriente. Desse modo, povoa suas histórias com vikings, mouros, mongóis, chineses, japoneses, imperadores, reis, camponeses, magos, cruzados e cavaleiros, cobrindo mais de mil anos de história. Senti falta apenas dos reinos africanos (Império de Gana, de Aksum, do Mali)[1] e dos povos pré-colombianos da América (Astecas e Maias)[2], surgidos na antiguidade e existentes ainda na época, logo, contemporâneos de europeus e asiáticos, ainda que o contato entre eles variasse de muito pouco a nulo, no caso dos americanos, nulo. Obviamente que sei que essa não era a proposta do livro, mas Medieval me fez ficar com vontade de ler contos também sobre esses povos.

Mas ir para além da Europa medieval não foi a única surpresa desse livro. Logo no primeiro conto percebi que Medieval divergia enormemente do que eu imaginava a princípio. Pensei inicialmente que os contos dessa coletânea tratavam da Idade Média histórica pura e simplesmente, contando enredos que se assemelhariam a livros como A Catedral do Mar de Ildefonso Falcones, que trata da servidão camponesa, o poder da nobreza, e das perseguições religiosas, ou Os Pilares da Terra, de Ken Follett, que aborda também a questão religiosa somada às disputas pelo poder.

Qual foi então a minha surpresa ao perceber elementos mágicos e sobrenaturais nas narrativas. Foi então que lendo o prefácio que compreendi que era esse o grande diferencial da obra e que o termo “fantástica” do subtítulo não se tratava apenas de um adjetivo para exaltar a era medieval. Isso não significa, porém, que os autores sacrificaram a História oficial para contar as suas narrativas, pelo contrário, todos os contos são povoados de muitos elementos da história real de cada povo que é retratado e o elemento mágico vem, por assim dizer, complementar e enriquecer cada conto ao lançar uma aura diferente sobre eles.

Compreendi também que o objetivo dos organizadores era mostrar que mesmo num período no qual a “visão cristã de mundo” era hegemônica, o fantástico e o maravilhoso sobre-existiam e sobreviviam no cotidiano e nas crendices, alimentando histórias fantásticas como as relatadas neste livro.

A ideia de juntar o fantástico com a Idade Média me fez lembrar das lendas de Arthur e do mago Merlim e também dos contos de fadas europeus, que são quase todos ambientados na era medieval e possuem um componente mágico muito forte. Porém, Medieval se distancia enormemente desses últimos pois não é uma obra ingênua. A maioria de seus contos busca o mágico atrelado ao realismo e não o mágico pelo mágico. Além disso, a ferocidade das relações humanas não é suavizada ou omitida e nem há uma tentativa de retomar o romantismo das histórias de cavalaria, que é próprio dos Contos da Távola Redonda e distante da realidade cruel da época a que faz referência.

Os contos em sua maioria não são arrebatadores ou magnéticos, algo que, na mainha opinião, é raro no gênero, sendo mais comuns os desfechos surpreendentes e acho que por isso mesmo que Antonio Skármeta dizia que "[...] o que opera no conto desde o começo é a noção de fim. Tudo chama, tudo convoca a um "final".

Contudo, os contos de Medieval são cheios de peculiaridades que os tornam únicos e especiais. Alguns são carregados de referências, mas todos buscam ser originais. Há aqueles que deixam seus desfechos em aberto deixando-nos em suspenso, outros que são imprevisíveis em seu enredo e nos pegam desprevenidos, mas todos são de uma qualidade narrativa que se sobressai. Muito bem escritos são frutos de pesquisas aprofundadas e cuidadosas sobre a época e os povos ali descritos, nos fazendo mergulhar na História, nos costumes e nos cenários de cada lugar.
Para não me estender resenharei apenas alguns, escolhidos arbitrariamente, e sobre os demais falarei só o que for de mais significativo.

Da Escandinávia ao Japão: os contos que compõem a obra

As Cruzadas são o principal tema do conto Erva Daninha,
de Melissa de Sá. Na imagem, Victoria hussita
 sobre os cruzados na batalha
de Domažlice em 1431 (c. 1500, Jena Codex)
Composta por nove contos, a coletânea é iniciada com o texto Erva daninha de Melissa de Sá e que tem como cenário a Veneza dos tempos das cruzadas.

Nesse conto conhecemos Pierre, um cruzado francês atormentado pelo passado e que buscava na Santa Missão (a luta contra os muçulmanos que ocupavam Jerusalém) a remissão dos seus pecados. Porém, chegando a Veneza, onde as tropas cruzadistas ficaram apostos a espera que os navios que os levariam a Terra Santa, Pierre conhece Agnes, uma linda e misteriosa jovem que mudaria para sempre a história do rapaz.

Esse é um conto que traz um dos elementos mais comuns às histórias fantásticas que é o tema da imortalidade e do furor daqueles que ambicionam conquistá-la. Contudo, a narrativa se sobressai pela grande sensibilidade da autora para trabalhar com histórias que envolvem o relato e a memória, o que se evidencia nos detalhes que o personagem rememora. O crucifixo que a mãe trazia por baixo da manga do vestido quando ia trabalhar nos campos; a primeira lembrança de Agnes, na feira, escolhendo uma fazenda e apalpando o tecido, roçando-o contra o rosto. A até mesmo do ar frio e dos modos duros dos venezianos ele se recorda.

Mural de guerra de cerco, Genghis Khan.
o Grande líder mongol foi responsável por um cerco a capital
chinesa que durou um ano.
Imagem: Wikimedia Commons.
Em O desejo de Pungie, texto de A. Z. Cordenonsi, temos uma completa mudança de cenário e somos guiados a Zhongdu, atualmente Beijing, em pelo cerco empreendido pelo chefe mongol Gengis Khan[3] e que já matava de fome a população da cidade. Nesse conto, conhecemos o dilema de Pungie, um descendente dos povos mongóis, mas que fora criado como chinês e conseguiu uma posição de funcionário público no liquidado Estado chinês. Odiado pelos moradores da cidade, sobretudo os mais pobres, Pungie ainda enfrentava a fome e privação com a sua família, assim como quase todos na cidade sitiada. Além disso temia pela segurança dos filhos diante da invasão iminente e que dizimaria a enfraquecida população de Zhongdu. E é por desespero que ele recorre a um velho e odiado membro de sua família, mas que era entendido dos mistérios da feitiçaria.

O texto de Cordenonsi, primeiro que leio do autor, é muito bem escrito e uma verdadeira aula de história chinesa e mongol. Ele é o primeiro conto da coleção a pintar a idade média com os matizes de outros povos ao mesmo tempo que busca inspiração em uma parte da História Mundial que ainda não tinha visto em nenhuma obra brasileira.

O conto é surpreendente e imprevisível, a única coisa que nos é dada pela descrição breve da história de Beijing, é a certeza de que a cidade cairá, tudo o mais, o destino de Pungie, de sua família e das artes mágicas que são evocadas por sua parente, pega-nos desprevenidos em um desfecho inesperado.
Na sequência, o quarto conto é Sacrifício, texto de Eduardo Kasse, autor dos livros da série Tempos de Sangue, do qual fazem parte os livros O Andarilho das Sombras e Deuses Esquecidos ambos resenhados aqui no blog.

Em Sacrifício, Kasse conta uma história dos vikings escandinavos com todas as características típicas dessa forma de narrativa: batalhas ferozes, pilhagens, grandes langskibs[4] e rituais mágicos.

Draugen, entidade mitologia nórdica presente em Sacrifício,
conto de Eduardo Kasse. 
Nesse conto acompanhamos quatro irmãos (Arvid, Einarr, Ragnvald e Ulrik) que se preparam para viajar a Inglaterra para uma nova pilhagem, esperançosos de encontrar fartura de ouro para saquearem como em suas últimas excursões às ilhas britânicas. Contudo, um deles acaba vivenciando um encontro com uma entidade mágica, um draugen (morto-vivo na mitologia nórdica), que lhe faz revelações tenebrosas quanto ao futuro da viagem. Por todo o conto acompanhamos da peleja empreendida pelos irmãos contra ladrões de gado até as preparações para a viagem e a chegada ao destino dos guerreiros, numa narrativa carregada tanto de misticidade como da potência guerreira pelo qual os vikings entraram para a história mundial.

Sacrifício é um conto que me fez lembrar de imediato de O Último Reino de Bernard Cornwell, livro que tem a mesma pegada e temática, com exceção de toda a parte mítica. Todavia, foi um outro aspecto da narrativa que muito me chamou a atenção para esse que é o conto mais inquietante de toda a coletânea: a passagem que lhe dá nome.

[PARÁGRAFO COM SPOILER] Antes de se aventurarem pelos mares em busca de cidades e povoados para pilharem, os vikings realizavam rituais mágicos de proteção e que lhe dessem sorte em suas campanhas. É em um desses rituais que os personagens do conto realizam sacrifícios humanos de prisioneiros de guerra, mas junto a eles é também sacrificada uma de suas filhas pequenas, a delicada e inocente Inga.

Eduardo cria ali uma cena de uma beleza única, forte e aterrorizante, no qual a pureza e inocência contrasta e se mistura a tetricidade[5] de alguns ritos pagãos. Uma cena que aflige, deixa o coração apertado perante a iminência de um ato lúgubre. Estas são as palavras que melhor definem a cena que dá nome ao conto: belo e macabro.

O último conto que apresentarei o enredo será O grande livro do fogo de Ana Lúcia Merege, texto vencedor do prêmio Argo de 2017. Ana Lúcia é autora da série Athelgard, cujo primeiro livro, O Castelo das Águias, e outra obra complementar, Anna e a Trilha Secreta, já foram resenhados aqui no blog.

Ana Lúcia Merege capta toda a singularidade dos contos das
Mile e uma Noites e transfere para seu conto O grande livro do fogo.
Na imagem: Cassim na caverna por Maxfield Parrish, 1909,
da história Ali Baba e os Quarenta Ladrões.
Imagem: Wikimedia Commons.
Em O grande livro do fogo, com seu talento ímpar para contar histórias, Merege faz renascer todas as características peculiares dos contos das Mil e Uma Noites para contar uma história da época do califa Al-Hakkam, quando, em Córdoba, na península Ibérica, vivia o empobrecido tapeceiro Mustafá e sua filha Khadija. Motivados pela ambição de Khadija, os dois se lançam na empresa de tentarem roubar uma misteriosa garrafa na qual se acreditava estar encerrado um poderoso jinn[6], mas que se encontrava em posse de um sábio e rico comerciante, Walid Abu-Bakr. Na tentativa de furtarem a garrafa com o objetivo de fazer o gênio realizar seus desejos, pai e filha, juntamente, com o próprio Walid, acabam por se envolverem em uma aventura fantástica e perigosa que desafia a vida dos três, mas que podia ser a chave para alcançar todos os seus sonhos.

As Mil e Uma Noites é uma obra de grande importância para mim porque é uma daquelas que foram responsáveis por me fazer leitor. Está lá na lista dos livros da minha infância e adolescência e ainda será resenhado aqui no blog. Desta que é a maior coleção de contos da qual já ouvi falar, Merege resgata as aventuras cheias de animais fabulosos, criaturas mágicas, incursões pelo deserto, jinns, tesouros e desafios que põem a prova a moral e os valores de seus personagens, bem como sua coragem de enfrentar as barreiras impostas pela sorte. Uma história que muito bem podia pertencer à fabulosa coleção de contos árabes, porque sua autora conseguiu captar toda a essência mágica dessas histórias seculares e dela criou sua própria narrativa.

Há ainda outros contos que não abordarei em detalhes para não me alongar. São eles: A flor vermelha, de Karen Alvares, Kitsune, de Erick Santos Cardoso, A dama negra e a donzela de palha de Nikelen Witter, A clareira mágica, de Roberto de Sousa Causo e Lenora dos Leões, de autoria da escritora Helena Gomes e que encerra a coleção.

O conto de Karen é o meu preferido na coletânea por ser povoado de muitos simbolismos, mas principalmente pela sua protagonista vibrante que no momento em que toma as rédeas de sua própria vida e destino vive uma aventura digna de relembrar Joana D’Arc.

Por sua vez, nos contos de Roberto e Helena me surpreenderam pelo inesperado e explícito erotismo que encerram em suas narrativas. Eu até esperava encontrar esse erotismo no texto de Kasse, especialmente, após a experiência de dois livros já lidos do autor, mas fui pego de surpresa ao encontrá-lo também nos dois contos supracitados. Porém é digno de nota que nas três narrativas o sexo cumpre funções muito próprias. Em Lenora dos Leões as cenas explícitas de sexo é, na verdade, uma denúncia a cultura do estupro, muito comum não só em campos de batalha como em todo o período medieval. Enquanto que, sob outra perspectiva, em Sacrifício e A clareira mágica, essas cenas estariam ligadas aos ritos pagãos e buscam, por sua vez, descortinar esse aspecto não muito conhecido dos rituais mágico-religiosos de vários povos antigos que tinham no sexo uma forma de rito.

Representação artística de um guerreiro samurai prestes a
realizar o seppuku. Xilogravura Ukiyo-e do período Edo
(1850-1860). O mesmo ritual é um dos temas do 
conto Kitsune de Erick Santos Cardoso.
Imagem: Wikimedia Commons.
Kitsune foi outro conto que muito me chamou a atenção. Sou muito sensível ao que leio e minha mente está sempre tentando expandir a narrativa a sua maneira. Kitsune foi um conto que brincou com essa minha sensibilidade porque produziu em mim uma imagem mental da narrativa extremamente singular.

Esse conto tem uma estética que beira o cinematográfico e me fez imaginar as cenas como se estivesse em um daqueles anime japonês com uma história do período Edo. As cores vivas, as lâminas afiadas e os ukiyo-ê[7] típicos do Edo vieram à tona em minha mente ao imaginar os bambus tremulando ao vento, a cor viva da pelagem da raposa, o sangue rubro a escorrer pela lâmina da katana enquanto impregnava a roupa do samurai com sua cor e calor. Um show de sensações que, no entanto, (tenho certeza) não será igual para todos que lerem, porque a minha otakice ajudou bastante na associação, ainda que isso não tire o mérito da narração.

Por fim, A dama negra e a donzela de palha é também um conto interessante que fala um pouquinho da infância camponesa, assim como dos mistérios das artes mágicas. Porém o seu desfecho em aberto me frustrou bastante, sobretudo porque se dá no principal clímax da história.

Conclusão

Medieval é um trabalho muito interessante de dois escritores que admiro muito e como sempre eles fizeram um bom trabalho com uma proposta que acho agradará muitos leitores, tanto aqueles que gostam de contos cheios de magia, como aqueles que gostam de histórias do período contemplado pelo livro. Além disso eles reuniram um time de escritores talentosos e que escrevem muito bem. Não é à toa que o livro foi logo premiado em duas categorias: melhor coletânea e melhor conto.

O que senti falta na coletânea foi um glossário ou um conjunto de notas maior e que desse conta dos vários termos e expressões estrangeiras desconhecidas. Em vários contos estas expressões aparecem. São termos em japonês, chinês, dinamarquês (acho), árabe, alguns explicados dentro do próprio contexto, mas outros carentes de notas ou dos organizadores ou dos próprios autores.

Para quem tem um conhecimento vasto nas temáticas tratadas isso não foi problema. Também para quem leu pelo Kindle, como foi meu caso, o motor de pesquisa do Wikipédia presente no aplicativo foi essencial, mas isso, por outro lado requer acesso à internet. Para os leitores da versão impressa, por vezes terá que fazer uma pesquisa ou outra para conhecer mais de perto esses termos. Cito só alguns deles com os significados em nossas notas no final da postagem: zoco[8], wushamao[9], langskib[10], seppuku[11], tian-dao[12], dentre outros.

Mas, em conclusão, com seus pontos positivos e negativos, não importa, Medieval é uma obra brasileira sem precedentes no formato em que se apresenta e realmente digno do prêmio que recebeu. A edição é linda, uma das capas mais inspiradas do catálogo da Draco. Os contos são diversificados e não repetem temáticas, além de serem muito bem escritos. Muitos deles originalíssimos e todos carregam as marcas pessoais de seus autores.

Cortesia do programa Kindle para Samsung, a edição lida é digital, publicado pela Editora Draco e do ano de 2016. A versão impressa possui 232 páginas. Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível no Google Books.


Prévia do Google Books




Postagens Relacionadas


Nosso Itinerário: livros resenhados

Listas e Postagens Especiais

Cinema







[1]https://seuhistory.com/microsite/raizes/news/oito-grandes-imperios-africanos-que-voce-provavelmente-nao-conhece
[2]http://www.ufscar.br/cursinhoufscar/civili_precolombiana.htm
[3] “Título de um conquistador e também, atualmente, o nome do imperador mongol, nascido com o nome de Temudjin nas proximidades do rio Onon, perto do lago Baikal. [...] Estrategista brilhante, com hábeis arqueiros montados à sua disposição, venceu a grande muralha da China, conquistou aquele país e estendeu o seu império em direção ao oeste e ao sul” (Wikipédia).
[4] Nome pelo qual são conhecidos os navios clássicos dos vikings. (Wikipédia)
[5] Caráter ou qualidade de tétrico (que causa horror; horrível, medonho). (Houaiss, 2001)
[6]O mesmo que gênio. Espírito que, segundo os antigos, regia o destino de um indivíduo, de um lugar etc., ou que se supunha dominar um elemento da natureza, ou inspirar as artes, as paixões, os vícios etc. (Houaiss, 2001)
[7]Gênero de xilogravura e pintura que prosperou no Japão entre os séculos XVII e XIX. (Wikipédia)
[8]Mercados tradicionais em países árabes especialmente aqueles que são realizados ao ar livre. (Wikipédia Espanhola)
[9]Chapéu usado pelos funcionários chineses da etnia Han durante a dinastia Ming. Consistia-se em um chapéu preto com duas abas parecidas com asas de placas finas, de forma oval, em cada lado. (Wikipédia Inglesa)
[10]Vide nota 4.
[11]Ritual suicida japonês reservado à classe guerreira, principalmente samurai, em que ocorre o suicídio por esventramento (consiste em realizar um corte, “kiru”, horizontal na zona do abdômen, abaixo do umbigo, “hara”, efetuado com um tantō, wakizashi ou um simples punhal, partindo do lado esquerdo e cortando-o até ao lado direito, deixando assim as vísceras expostas como forma de mostrar pureza de carácter). (Wikipédia).
[12]Grupo de religiões de origem chinesa que seguem sua linhagem de volta ao movimento Lótus Branco da China imperial, adaptado ao quadro da religião popular chinesa. Conhecido também como xiantiandao. (Wikipédia).

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

2017 #AnoDoBrasil - Os autores que estamos lendo


Ana Lúcia Merege

Nascida em 1969, na cidade do Rio de Janeiro, Ana Lúcia Merege é romancista e bibliotecária. Possui mestrado em Ciência da Informação, pelo IBICT/UFRJ-ECO, tendo defendido, em 1999, sua dissertação intitulada O livro impresso: trajetória e contemporaneidade. É também formada em Biblioteconomia pela UNIRIO e, desde 1996, trabalha no Setor de Manuscritos da Biblioteca Nacional, onde atua no trabalho com material original, fontes primárias, identificação de documentos e organização de exposições.

Seu primeiro romance publicado, O Caçador (2009), foi também o primeiro do gênero fantasia escrito pela autora que desde então vem se dedicando a organização de diversas coletâneas do gênero, além de contos e romances. Suas principais obras estão ligadas ao universo de Athelgard, criado pela escritora para ambientar sua mais recente trilogia que se inicia com o romance O Castelo das Águias e ganha sequência com os livros A Ilha dos Ossos e A Fonte Âmbar, todos publicados pela editora paulista Draco.

Com vasta experiência com manuscritos e forte interesse pela história do período medieval, Merege foi responsável ainda, na mesma editora, pela organização das coletâneas Excalibur: histórias de reis, magos e távolas redondas e Medieval: Contos de uma era fantástica, este último em parceria com o escritor brasileiro Eduardo Kasse.

A escritora ainda ministra cursos e palestras em instituições e escolas.




Milton Hatoum 

Escritor, tradutor e professor brasileiro, Milton Assi Hatoum nasceu em 19 de agosto de 1952, em Manaus, capital amazonense. Em 1967, mudou-se para Brasília onde estudou até 1970, se mudando daí para São Paulo, onde se diplomou arquiteto e urbanista e depois foi perseguido pelo DOPS da ditadura por envolvimento com o Diretório Central dos Estudantes da USP (DCE-USP). Durante parte da década de 1980, estudou na Espanha e na França e ao regressar tornou-se professor de literatura francesa na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) por quinze anos (1984-1999).

Descendente de libaneses, escreveu quatro romances premiados. Seu primeiro romance, Relato de um Certo Oriente foi publicado pela primeira vez ainda em 1989, quando o autor tinha 37 anos, e foi ganhador do prêmio Jabuti de melhor romance. Em 2001, foi um dos finalistas do Prêmio Multicultural do Estadão, por conta do seu segundo romance, Dois Irmãos, publicado em 2000. Em 2005, seu terceiro romance, Cinzas do Norte, obteve o Prêmio Portugal Telecom, Grande Prêmio da Crítica/APCA-2005, Prêmio Jabuti/2006 de Melhor romance, Prêmio Livro do Ano da CBL, Prêmio BRAVO! de literatura. Em 2008, recebeu do Ministério da Cultura a Ordem do mérito cultural. Em 2010, a tradução inglesa de Cinzas do Norte (Ashes of the Amazon, Bloomsbury, 2008) foi indicada para o prêmio IMPAC-DUBLIN.

Sua obra foi traduzida em doze línguas e publicada em catorze países. Teve ensaios e artigos sobre literatura brasileira e latino-americana publicados em revistas e jornais do Brasil, da Espanha, França e Itália, além de contos publicados em importantes revistas da Europa, EUA e México. Hoje, o autor é também colunista do Caderno 2 do jornal O Estado de S. Paulo.

Site oficial: http://www.miltonhatoum.com.br/
Livros dele no blog: Dois Irmãos.



Gerson Lodi-Ribeiro

Nascido em 8 de Julho de 1960, no Rio de Janeiro, Gerson Lodi-Ribeiro é escritor de ficção científica e já escreveu sob o pseudônimo de "Daniel Alvarez" e "Carla Cristina Pereira. Foi oficial da Marinha do Brasil e possui formação como engenheiro eletrônico e astrônomo, além de pós-graduação em Vinho e Cultura.

Como escritor publicou seus primeiros contos em fanzines ainda na década de 1980, mas teve sua estreia profissional com a publicação da noveleta Alienígenas mitológicos, em 1991, na revista estadunidense Isaac Asimov Magazine, onde também publicou, em 1993, A ética da traição, conto que foi publicado ainda na revista francesa Antares, Science-Fiction & Fantastique Sans Frontieres.

Segundo o portal da editora portuguesa Saída de Emergência, tornou-se o primeiro autor brasileiro de ficção científica a ter mais de um conto na revista Isaac Asimov Magazine, sendo que A ética da traição também foi o primeiro trabalho de história alternativa no âmbito da ficção científica brasileira.

Foi presidente do Clube de Leitores de Ficção Científica (CLFC) por dois mandatos consecutivos e, entre os anos de 2004 e 2010, trabalhou no desenvolvimento do universo ficcional do game Taikodom.

Ainda em 1996, recebeu o Prêmio Nova de Melhor Trabalho de Ficção Científica e Fantasia pela obra O Vampiro de Nova Holanda publicada em Portugal pela editora Caminho. Em 1999, ganhou o Prêmio Nautilus de Melhor Noveleta pela obra A Filha do Predador, publicado sob o pseudônimo de Daniel Alvarez. E no ano de 2012, foi o ganhador do Prêmio Argos de Melhor Romance de Ficção Científica e Fantasia pela obra A Guardiã da Memória.

Livros dele no blog: Aventuras do Vampiro dos Palmares



Moacyr Scilar

Natural de Porto Alegre (RS), Moacyr Jaime Scliar nasceu em 23 de março de 1937. Foi médico e também escritor de descendência judaica. Passou grande parte da infância no Bom Fim, o bairro porto-alegrense com uma expressiva comunidade de judeus e foi alfabetizado pela mãe, que era professora primária.

Em 1955 ingressando no curso de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul carreira profissional que exerceu em paralelo a de escritor. Em 1964, iniciou também a carreira de docente, e em 1969, torna-se servidor da Secretaria Estadual da Saúde.

Publicou seu primeiro livro, “Histórias de um Médico em Formação”, em 1962, mas sua estreia como romancista acontece com a obra A guerra no Bom Fim, publicado pela primeira vez em 1972.

Em vida, Scilar publicou 67 livros de diversos gêneros literários como o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil, o ensaio. Em muitas de suas obras evoca o tema dos judeus, sobretudo da comunidade porto-alegrense, e das tradições judaicas.

Escreveu para os jornais Zero Hora e Folha de São Paulo, teve livros adaptados para o cinema e, em 2003, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.

Recebeu inúmeros prêmios literários dos quais destacamos o Prêmio Jabuti de Literatura de 1988, na categoria Contos, Crônicas e Novelas, e nos anos de 1993, 2000 e 2009, na categoria Romance. Pelo conto O olho enigmático foi também ganhador da categoria no Prêmio Casa de las Américas de 1989.

Moacyr faleceu no dia 27 de fevereiro de 2011 após um acidente vascular cerebral isquêmico (AVC).


Livros dele no blog: A Mulher que Escreveu a Bíblia.


Jorge Amado

Jorge Leal Amado de Faria nasceu em 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, município de Itabuna, sul do Estado da Bahia e é considerado um dos mais importantes escritores baianos e brasileiros com livros traduzidos para 49 idiomas.

Publicou seu primeiro romance, O país do carnaval, ainda em 1931, e em 1933 veio publicar seu segundo romance, Cacau, que foi, em certa ocasião, apreendido por policiais.

Formado em Direito pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, em 1935, nunca chegou a exercer a profissão, mas teve uma forte atuação política como militante comunista. Devido seu posicionamento político foi exilado na Argentina e no Uruguai entre 1941 e 1942.

Em 1945, chegou a ser eleito membro da Assembléia Nacional Constituinte, pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), e foi o deputado federal mais votado do Estado de São Paulo. Durante sua carreira política ficou conhecido por ser autor da lei que deu aos brasileiros o direito à liberdade de culto religioso. Nesse mesmo ano, casou-se com Zélia Gattai com quem continuaria casado até sua morte.

Com o regime militar o PCB é considerado ilegal e Amado é forçado a se exilar novamente com a família na França, onde ficou viveu em 1950, quando foi expulso. Nos dois anos seguintes viveu em Praga e quando retorna ao Brasil, afasta-se da militância política, sem, no entanto, deixar os quadros do Partido Comunista. Daí então, até sua morte em 2001, passa a dedicar-se inteiramente à literatura.

Em 1961 Jorge Amado foi eleito para a cadeira de número 23, da Academia Brasileira de Letras, e muito antes de sua morte, sua obra torna-se mundialmente conhecida sendo diversas vezes adaptada para o cinema, teatro e televisão. Além disso, ganhou inúmeros prêmios onde destacamos apenas alguns: Graça Aranha (Rio de Janeiro, 1936), Pablo Neruda (Rússia, 1989), Cino Del Duca (França, 1990), Vitaliano Brancatti (Itália, 1995), Luis de Camões (Brasil, Portugal, 1995), Jabuti (Brasil, 1959, 1995) e Ministério da Cultura (Brasil, 1997).

Recebeu também os títulos de Comendador e de Grande Oficial, nas ordens da Venezuela, França, Espanha, Portugal, Chile e Argentina, e de Doutor Honoris Causa em 10 universidades, no Brasil, na Itália, na França, em Portugal e em Israel. orgulhava-se igualmente de seu título de Obá, posto civil que exercia no Ilê Axé Opô Afonjá, na Bahia.

Representante do Modernismo no Brasil, o autor é bastante conhecido tanto pelos seus livros de cunho crítico e militante, como também pela sua luta pela tolerância religiosa e sua literatura com forte presença das crenças e mitos do candomblé. Mas também é igualmente conhecido pelas suas crônicas de costumes e pelo retrato que esboça da vida das comunidades marginalizadas da cidade de Salvador.

Livros dele no blog: Tenda dos Milagres


Eduardo Kasse

Paulistano, Eduardo Kasse nasceu em 1982 no bairro da Liberdade. Desde pequenos foi incentivado pela mãe, a educadora Sônia Kasse, a tornar-se leitor. Formou-se em Análise de Sistema pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo em 2003, seguindo carreira de desenvolvedor web, analista de conteúdo e editor.

Apesar de conhecido pela sua produção como autor de literatura fantástica medieval, fez seu primeiro ensaio na literatura com a poesia. No gênero poético publicou, em 2002, o livro Enquanto o sol se põe, pela editora Casa do Novo Autor, além de possuir outros escritos ainda inéditos segundo consta em um de seus sites oficiais.

Seu primeiro grande sucesso foi o livro O Andarilho das Sombras, publicado pela editora Draco no ano de 2012. Com este livro Kasse marcou a sua estreia como escritor profissional e deu início a sua mais atual série, Tempos de Sangue, concluída em 2016 com a publicação de seu quinto volume, Ruínas na Alvorada.
Kasse é também autor de contos de temática medieval e fantástica, muitos deles pertencentes ao universo de Tempos de Sangue.

Livros dele no blog: O Andarilho das Sombras, Deuses Esquecidos

Chris Melo
Paulistana, a escritora Chris Melo é formada em Secretariado Executivo, Letras e possui especialização nas áreas de Leis Trabalhistas e Língua Portuguesa. Abandonou a área administrativa após quase dez anos de carreira para se dedicar a literatura, começando a profissão de escritora publicando contos em seu blog pessoal.

Seu primeiro livro, Sob a Luz de Seus Olhos, foi publicado em 2012, pela Editora Underworld e sob o pseudônimo Christine M. Livro que a autora, agora sob o nome de Chris Melo, relançou em 2016, pelo selo editorial Fábrica231, pertencente a Editora Rocco.

É autora de quatro romances e um livro de crônicas, par­ticipou da coletânea O livro delas, e desde 2014, faz parte dos autores agenciados pela VBM Literary Agency.

Na área acadêmica, a autora possui estudos em Literatura Brasileira, onde analisa a obra infantil de Clarice Lispector.


Livros dela no blog: Sob a Luz de Seus Olhos


Lya Luft

Nascida no dia 15 de setembro de 1938, no município de sul-rio-grandense de Santa Cruz do Sul, Lya Fett Luft era filha de uma família de descendentes germânicos. Além de ávida leitora, aprendeu cedo a falar alemão e, ainda criança, já recitava poemas de autores clássicos da literatura alemã como Goethe e Schiller.

Formada em Pedagogia e Letras Anglo-Germânicas pela Pontifícia Universidade Católica, Lya Luft atuou como tradutora de obras da língua inglesa e alemã, traduzindo para o português livros de autores renomados como Virgínia Woolf, Herman Hesse e Thomas Mann.

Começou sua carreira como escritora após se casar com Celso Pedro Luft, seu primeiro marido, quando ainda tinha 21 anos de idade. Sua primeira incursão por uma literatura própria se deu na poesia com a publicação de "Canções de Limiar" no ano de 1964, porém também enveredou pelos romances, crônicas, ensaios e livros infantis, totalizando 23 livros.

Recebeu diversos prêmios entre eles o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte em 1996 e o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, em 2013, pela obra “O Tigre na Sombra” publicado um ano antes.


Livros dela no blog: O Tigre na Sombra



Carolina de Jesus

Carolina Maria de Jesus nasceu no município mineiro de Sacramento em 14 de março de 1914. Estudou apenas as séries iniciais por pouco mais de dois anos nos quais aprendeu a ler e escrever.

Em 1947, com pouco mais de trinta anos de idade, mudou-se para São Paulo, onde, por força da necessidade, tornou-se moradora da extinta favela do Canindé, localizada na zona norte da cidade às margens do rio Tietê.

Para sobreviver e alimentar seus três filhos, João José, José Carlos e Vera Eunice, Carolina trabalhava como catadora de papel, metais e outros materiais que vendia em depósitos de produtos recicláveis da cidade. Por vezes comia restos de alimentos descartados no lixo das casas e também dos dejetos retirava os cadernos onde registrava, sob a forma de diário, não só o cotidiano da comunidade em que vivia, como também poemas e canções que compunha.

No Canindé era odiada e temida pelas pessoas da favela pois em suas discussões com os vizinhos sempre ameaçava de colocá-los no livro que escrevia. Após uma destas discussão conheceu Audálio Dantas, um jornalista que em 1958 visitava a comunidade para escrever uma reportagem, mas que se interessando pelos escritos de Carolina ajudou-a a levar à público seu livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960 pela Editora Francisco Alves.

Quarto de Despejo vendeu 100 mil exemplares e foi traduzido para 13 idiomas em mais de 40 países, tornando Carolina em uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil . Com o dinheiro obtido com a vendo dos direitos de seu primeiro livro, comprou uma casa de alvenaria e saiu da favela, contudo suas obras posteriores não alcançaram o sucesso de seu livro de estreia e Carolina voltou a pobreza, falecendo em 13 de fevereiro de 1977, com 62 anos.


Livros dela no blog: Quarto de Despejo


Graciliano Ramos 

Nascido em 27 de outubro de 1892, no pequeno município alagoano de Quebrangulo, Graciliano Ramos de Oliveira foi o primogênito de uma família de 16 irmãos, filhos de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos. Aprendeu a ler e escrever enquanto vivia em Buíque (PE) para onde a família se mudou em 1895. Não cursou nenhuma faculdade, mas desde a adolescência contribuiu para pequenos jornais e periódicos onde publicava sonetos e outros textos.

Em 1914 foi para o Rio de Janeiro onde trabalhou como revisor dos jornais Correio da Manhã e A Tarde, mas depois retorna à cidade alagoana de Palmeira dos Índios, onde vivia o pai. Ali trabalhou no comércio e em 1927 foi eleito prefeito da cidade, cargo que renuncia em 1930 para assumir a direção da Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado.

Na carreira literária, Graciliano estreia com o romance "Caetés", publicado em 1933. Mas em 1936, ano em que publica seu terceiro livro, "Angústia", é preso em Maceió e levado para o Rio de Janeiro, acusado de ter conspirado no levante comunista de novembro de 1935, e só é libertado em janeiro de 1937.

Em 1938, escreveu sua obra mais importante, "Vidas Secas", pelo qual ganhou, em 1962, o prêmio da Fundação William Faulkner (Estados Unidos), como livro representativo da Literatura Brasileira Contemporânea.

Após fixar residência no Rio de Janeiro e se tornar Inspetor Federal de Ensino, ingressou, em 1945, no Partido Comunista Brasileiro e por conta disso realiza algumas viagens para países socialistas do Leste Europeu.

Em 1951, foi eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores e dois anos depois falece, na capital fluminense, no dia 20 de março de 1953.

Graciliano Ramos é ainda hoje considerado o melhor ficcionista do Modernismo e o prosador mais importante da Segunda Fase do Modernismo. Suas obras tratam sobretudo de problemas sociais do Nordeste brasileiro e seus livros foram traduzidos para vários países.


Livros dele no blog: Vidas Secas


José J. Veiga

Nascido em 2 de fevereiro de 1915, no município de Corumbá de Goiás, José J. Veiga é considerado por muitos críticos e especialistas literários como um dos maiores autores em língua portuguesa do realismo fantástico, mas, particularmente o autor não concordava com o enquadramento de sua obra no movimento supracitado.

Diplomou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito e, em 1940, ingressou no serviço público federal, contudo, antes disso atuou profissionalmente em diferentes funções: no comércio, no rádio e também na área da propaganda. Demitiu-se do serviço público quando recebeu uma proposta para atuar como redator e tradutor na BBC de Londres.

Na literatura, estreou quando já havia alcançado os 45 anos de idade, com a publicação do livro Os cavalinhos de Platiplanto, pelo qual ganhou o prêmio Fábio Prata, em 1959.
Traduziu diversas obras estrangeiras de autores como Ernest Hemingway.

Em 1998, pelo conjunto de sua obra, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. Seus livros foram publicados em muitos países, entre eles Estados Unidos, Inglaterra, México, Espanha, Dinamarca, Suécia, Noruega e Portugal.

Veio a falecer na cidade do Rio de Janeiro, em 1999, por conta de um câncer no pâncreas e complicações causadas por uma anemia.


Livros dele no blog: A Hora dos Ruminantes. 


Eduardo Spohr

Carioca, Eduardo Sphor nasceu em 5 de junho de 1976, filho de um piloto de aviões e de uma comissária de bordo. A profissão de seus pais oportunizou ao escritor conhecer vários países ainda na infância e entrar em contato com diferentes culturas, o que acabou por estimular sua criatividade literatura e seu fascínio pelo estudo da história.

Formado em Comunicação Social pela PUC-Rio, dedicando-se à Publicidade e posteriormente ao Jornalismo, atuando como repórter, analista de conteúdo do portal iBest e editor do portal Click21.

Só veio enveredar pela carreira literária muito recentemente quando, em 2007, lançou seu primeiro romance, A Batalha do Apocalipse, publicado inicialmente pelo selo NerdBooks do site Jovem Nerd. Depois disso publicou ainda mais quatro obras ligadas ao universo de seu livro de estréia e apensar de um número reduzido de lançamentos, já é considerado uma grande promessa da literatura fantástica brasileira.

Seu primeiro livro já foi publicado em Portugal no ano de 2012 e também na Turquia, em 2016.

Livros dele no blog: A Batalha do Apocalipse.


Roberto Drummond

Roberto Francis Drummond nasceu na cidade de mineira de Ferros, em 1933, e em sua acarreia atuou como jornalista comentarista esportivo, contista, romancista e cronista.

Começo a escrever contos e novelas ainda aos 13 anos, período em que recebeu grande influência das radionovelas transmitidas pela Rádio Nacional. Na década de 1950, abandonou os estudos sem concluir o curso científico para dedicar-se ao jornalismo trabalhando como repórter do jornal Folha de Minas, na capital Belo Horizonte.

Estreou na literatura só em 1975 quando publicou o livro de contos A Morte de D.J. em Paris, provocando polêmica na época ao incorporar elementos da cultura pop à sua produção ficcional. Por este livro ganhou o Prêmio Jabuti, em 1975 e notoriedade nos meios literários brasileiros.

Sua obra é caracterizada por duas fases distintas. A primeira participou da chamada literatura pop, caracterizada pela ausência de cerimônias e pela proximidade com o cotidiano. Desta fase fazem parte livros como "Sangue de Coca-Cola" (1980) e "Quando Fui Morto em Cuba” (1982). Na segunda fase se dedicou a uma produção literária com enredos mais complexos, como em "Hitler Manda Lembranças" (1984) e "Ontem à Noite Era Sexta-feira" (1988).

Em 1991, lançou seu maior sucesso, o romance "Hilda Furacão", que foi adaptado numa minissérie produzida pela Rede Globo de Televisão.

Faleceu em Belo Horizonte no ano de 2002, vítima de problemas cardíacos.

Livros dele no blog: Hilda Furacão.



Referências
https://www.bn.gov.br/acontece/noticias/2015/04/perfil-ana-lucia-merege-quer-conquistar-leitores
http://estantemagica.blogspot.com.br/p/sobre-mim.html
http://www.miltonhatoum.com.br/biografia/a-historia-do-autor
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa7721/milton-hatoum
https://pt.wikipedia.org/wiki/Milton_Hatoum
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gerson_Lodi-Ribeiro
http://www.saidadeemergencia.com/autor/gerson-lodi-ribeiro/
http://www.scliar.org/moacyr/sobre/o-escritor/
http://www.releituras.com/mscliar_bio.asp
https://pt.wikipedia.org/wiki/Moacyr_Scliar
http://brasilescola.uol.com.br/literatura/jorge-amado.htm
http://www.jorgeamado.org.br/?page_id=75
https://eduardokasse.com.br/
https://eduardokasse.com.br/blog/sobre-mim/
https://eduardokasse.com.br/sobre/
http://www.rocco.com.br/blog/fabrica231-publica-chris-melo/
https://www.bn.gov.br/es/node/2052
https://www.rocco.com.br/livro/?cod=2694
https://www.pautaagencia.com.br/chris-melo
https://oblogdasimonemagno.com/2016/04/08/os-livros-da-vida-de-chris-melo/
https://www.ebiografia.com/lya_luft/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lya_Luft
http://www.releituras.com/lyaluft_bio.asp
http://graciliano.com.br/site/vida/biografia/
http://www.releituras.com/graciramos_bio.asp
https://pt.wikipedia.org/wiki/Graciliano_Ramos
https://www.ebiografia.com/graciliano_ramos/
https://www.culturagenial.com/livro-vidas-secas-de-graciliano-ramos/
http://www.tirodeletra.com.br/biografia/JoseJ.Veiga.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/José_J._Veiga
https://www.ebiografia.com/jose_j_veiga/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Spohr
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Batalha_do_Apocalipse
https://www.presenca.pt/autor/eduardo-spohr/
https://www.livrariacultura.com.br/e/eduardo-spohr-1435673
https://educacao.uol.com.br/biografias/roberto-drummond.jhtm
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2726/roberto-drummond
https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Drummond


Postagens populares

Conhecer Tudo