Por
Eric Silva
No
dia 8 de março é comemorado o dia Internacional da Mulher. Uma data
que é produto do reconhecimento pelos muitos anos nos quais as
mulheres, através dos mais diferentes movimentos, batalharam pelos
seus direitos. Na busca pelo direito ao voto, por igualdade de
condições de trabalho e de direitos trabalhistas, muitas mulheres
foram reprimidas com violência e até perderam suas vidas. Vozes que
não se silenciaram com a morte e nem recuaram ante o autoritarismo.
Mesmo contra toda adversidade elas sempre lutaram para conquistar seu
espaço em um mundo controlado pelos homens. A luta se tornou diária
e o combate contra o preconceito e o machismo persiste, bem como a
luta por uma maior abertura e igualdade no mercado de trabalho.
Na
literatura também elas perseveraram para garantir o seu espaço e o
direito de exprimir seus sentimentos, contar suas histórias, fazer
ouvir (ler) suas vozes (palavras). No #AnoDoBrasil e em homenagem a
todas as mulheres brasileiras, e também do mundo, dedicamos essa
singela postagem para listar cinco grandes escritoras do nosso país
que conquistaram seu lugar no panteão dos grandes nomes da
literatura brasileiras graças ao talento e competência que
demonstraram. Artistas que por muitas gerações emocionaram milhares
de leitores e que encantarão ainda muitos outros.
Carolina
Maria de Jesus
Mineira
de Sacramento, Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914
e morreu em São Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1977.
De
origem muito humilde, viveu por muitos anos na favela do Canindé, em
São Paulo, e para sobreviver e sustentar sua família trabalhava
como catadora de papel. Era nos papéis que catava pelas ruas da
capital paulista que Carolina escrevia seus diários onde imprimia a
difícil rotina de catadora e os desafios de viver em uma favela
brasileira, o quarto de despejo da cidade, como costumava dizer.
Depois
de ser descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, Carolina publicou
o primeiro e mais importante de seus livros, Quarto
de Despejo: Diário de uma Favelada,
que além de ter sido traduzido para 15 idiomas, a colocaria entre
uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do país.
Teve
uma carreira extremamente rápida e o sucesso do seu primeiro livro
não se repetiu nas obras que se seguiram: Casa
de alvenaria: diário de uma ex-favelada
(1961), Provérbios (1963)
e Pedaços da fome
(1963). Diante do fracasso editorial de suas últimas obras, a
autora logo voltou à pobreza e até hoje se mantém desconhecida por
muitos brasileiros.
Clarice
Lispector
Escritora
e jornalista de origem judia, Clarice Lispector (ou Chaya Pinkhasovna
Lispector) nasceu em Tchetchelnik, Ucrânia, no dia 10 de dezembro de
1920, pouco antes de sua família se preparar para fugir do
antissemitismo resultante da Guerra
Civil Russa (1918-1920) e virem viver no Brasil, onde aportaram em
janeiro de 1922.
A
escritora viveu sua infância no Recife, mas, em 1937, a família se
muda para o Rio de Janeiro. Na nova cidade, aos 19 anos, publica seu
primeiro conto “Triunfo” no semanário Pan. Diploma-se em
Direito, em 1943, mesmo ano em que se casa com Maury Gurgel Valente,
diplomata do Ministério das Relações Exteriores, e estreia na
literatura com o seu primeiro romance, Perto
do Coração Selvagem, pelo qual
ganha o Prêmio Graça Aranha.
Viveu
em muitos países como Inglaterra, Estados Unidos e Suíça, em
companhia do marido, e na ocasião da Segunda Guerra Mundial, quando
se encontrava na cidade italiana de Nápoles, serve como voluntária
de assistente de enfermagem no hospital da Força Expedicionária
Brasileira.
Após
seu segundo filho divorcia-se e retorna ao Brasil. Passa a viver no
Rio de Janeiro e ali continua sua carreira como escritora em paralelo
com trabalhos na área de jornalismo. Em 1960 publicou seu primeiro
livro de contos, “Laços de Família”.
Clarice
é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras do
século XX e “a maior escritora judia desde Franz Kafka”. A
grande marca de sua obra o trabalho com cenas cotidianas simples e
tramas psicológicas, e uma de suas principais características é “a
epifania de personagens comuns em momentos do cotidiano”.
Sua
última obra publicada em vida foi o romance Hora
da Estrela em 1977. A autora falece
no mesmo ano em decorrência do agravamento de um adenocarcinoma de
ovário, problema de saúde que, na época, era desconhecido pela
escritora.
Rachel
de Queiroz
Nascida
em Fortaleza, capital do Ceará, no dia 17 de novembro de 1910 Rachel
de Queiroz foi tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista
prolífica e dramaturga. Filha de intelectuais era parente distante
do escritor José de Alencar. Com apenas 7 anos muda-se do Ceará
para o Rio de Janeiro e em seguida para o Belém do Pará.
Formou-se
professora em 1925, quando tinha apenas 15 anos de idade, e, em 1930,
publica seu primeiro romance, “O Quinze”, pelo qual ganha o
Prêmio Graça Aranha. Foi militante do Partido Comunista Brasileiro
desde 1930 e seguiu também carreira como jornalista no Jornal do
Ceará. Colaborou também com os jornais O Estado de S. Paulo e
Diário de Pernambuco.
Em
1977, é escolhida para ser a quinta ocupante da Cadeira 5 da
Academia Brasileira de Letras, se tornando a primeira mulher a ocupar
uma cadeira na instituição. Em 1992, escreveu o romance Memorial
de Maria Moura ganhador do Prêmio
Camões.
Escreveu
romances, contos e crônicas, e em sua obra deu grande destaque a
questão social do Nordeste.
A
escritora faleceu em 2003, vítima de problemas cardíacos, pouco
antes de completar 93 anos.
Cecília
Meireles
Jornalista,
pintora, escritora e professora, Cecília Benevides de Carvalho
Meireles nasce no Rio de Janeiro, em 7 de novembro de 1901 e faleceu
na mesma cidade em 9 de novembro de 1964. Foi a “primeira voz
feminina de grande expressão na literatura brasileira” e em sua
carreira publicou mais de 50 obras.
Começou
a escrever suas primeiras poesias ainda na infância, mas só estreou
na literatura aos 18 anos com a publicação de Espectros,
obra que foi fortemente influenciado pelo Simbolismo.
Foi
fundadora da primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro no ano de
1934 e escreveu diversas obras para o público infantil, com destaque
para “O cavalinho branco” e “Colar de Carolina”, que foram
livros que como a maioria da produção da autora voltada para as
crianças é marcada fortemente pela musicalidade dos versos.
Estudou
literatura, música, folclore e teoria educacional. Chegou a atuar
como jornalista entre os anos de 1930 e 1931, onde colaborou com
artigos sobre educação, e como educadora lecionou e ministrou
palestras sobre literatura, folclore e cultura brasileira em
diferentes universidades do exterior.
Como
poetisa o conjunto de suas obras expressa “estados de ânimo,
predominando os sentimentos de perda amorosa e solidão”.
Lygia
Fagundes Telles
Paulista,
Lygia de Azevedo Fagundes nasceu em 19 de abril de 1923 e durante sua
infância viveu em várias cidades onde seu pai atuou como promotor.
Logo após ser alfabetizada começou a escrever suas primeiras
histórias e com apenas 15 anos de idade publicou o primeiro livro,
Porão e Sobrado.
Contudo, só estreou oficialmente na literatura em 1944, com a
publicação de outro livro de contos, Praia
Viva, e seu primeiro romance,
Ciranda de Pedra,
seria publicado apenas em 1954.
Diplomada
em Direito e Educação Física frequentou rodas de literatura onde
conheceu grandes nomes do modernismo como Mário de Andrade, Oswald
de Andrade e Paulo Emílio.
Na
década de 1970, escreve As Meninas,
livro inspirado pelo contexto político do regime militar e que foi
adaptado para o cinema por Emiliano Ribeiro em 1996.
Em
1987, toma posse da cadeira número 16 da Academia Brasileira de
Letras, tornando-se a terceira mulher a se tornar um imortal, e, em
2016, se torna a primeira mulher brasileira a ser indicada ao Nobel
de Literatura.
Referências
http://www.academia.org.br/academicos/rachel-de-queiroz/biografia
http://www.ims.com.br/ims/explore/artista/carolina-maria-de-jesus
http://www.releituras.com/clispector_bio.asp
http://www.suapesquisa.com/biografias/cecilia_meireles.htm
https://educacao.uol.com.br/biografias/clarice-lispector.htm
https://educacao.uol.com.br/biografias/carolina-maria-de-jesus.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cec%C3%ADlia_Meireles
https://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rachel_de_Queiroz
https://www.ebiografia.com/cecilia_meireles/
https://www.ebiografia.com/clarice_lispector/
https://www.todamateria.com.br/vida-e-obra-de-rachel-de-queiroz/
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