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terça-feira, 31 de março de 2020

8ª Confissão – James Patterson e Maxine Paetro – Resenha


Por Eric Silva
28 de março de 2020
“Para todo problema, existe uma solução mais simples.”
(Agatha Christie)

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Descrição de uma sociedade marcada pelo abuso de drogas, 8ª Confissão transita por dois universos muito distintos: o da alta sociedade de São Francisco e o dos seus moradores de rua. Contudo um acontecimento em comum aproxima esses dois universos tão opostos: crimes complicados, sem motivação explicita e, à primeira vista, insolucionáveis.

Sinopse do enredo

Livro do gênero policial, 8ª Confissão, narra a história de dois crimes aparentemente muito difíceis de serem solucionados, contudo por razões muito diferentes. O primeiro pela sua natureza peculiar e extremamente limpa e, o segundo pelo descaso policial e pela escassa informação acerca da identidade da própria vítima.

Após assistirem à apresentação de Don Giovanni, na ópera de São Francisco, o jovem casal de milionários, Isa e Ethan Bailey são assassinados em quanto dormiam alcoolizados em sua mansão, no que poderia ser chamado de o crime perfeito. Sem deixar nenhum rastro e nenhuma arma do crime, ou melhor, nenhuma evidência de qual seria a arma do crime, o assassino executa uma terrível vingança e deixa a polícia atordoada sem compreender se os cadáveres perfeitamente intactos e ainda quentes dos Baileys teriam sido produzidos por um homicídio, um mal súbito ou um suicídio coletivo.

Encarregada de investigar as mortes de Isa e Ethan, a tenente Lindsay Boxer também ainda se vê no impasse de também investigar com seu parceiro, Richard Conklin, e sua amiga jornalista, Cindy Thomas, outro crime aparentemente sem suspeito: a morte violenta de Bagman Jesus, um respeitado morador de rua que foi brutalmente executado. Ao conhecer mais profundamente a história daquele homem conhecido nas ruas por ajudar muitas pessoas em condições semelhantes à dele, Cindy percebe que tem um furo de reportagem e se empenha não só para levar o caso a público como levar o assassino a justiça. Contudo, suas investigações a levam a uma conexão com uma rede criminosa.

Dois crimes misteriosos e de difícil solução que se somam aos problemas amorosos do trio de investigadores, cuja amizade é abalada quando Lindsay nota que Conklin e Cindy estão cada vez mais próximos e o ciúme estremece a relação dos três.

Resenha

Oitavo livro da série Clube das Mulheres Contra o Crime, escrita pelo estadunidense James Patterson, dessa vez em parceria com a também estadunidense Maxine Paetro, 8ª Confissão é um livro pequeno (187 páginas), mas com muitos capítulos (110, mais um prólogo e um epílogo).

No meu ponto de vista, não se trata de um thriller e também não chega a ser nem o melhor nem o mais misterioso livro policial que já li. Não pela qualidade da narrativa, que achei ótima, com uma linguagem objetiva e simples e com personagens até um certo ponto interessantes, ainda que clichês. O que me desagrada no livro de Patterson e Paetro é a obviedade de quem era o assassino dos Baileys e de quais as razões dos crimes por ele cometido.

Os autores não fizeram questão de omitir a identidade do assassino (só seu nome) e deixaram muito claro suas motivações ao introduzi-lo na narrativa. Seguindo a linha contrária da maioria dos romances policiais, nos quais a identidade do assassino é guardada até os últimos capítulos, Patterson e Paetro preferiram apostar no mistério de como o assassino matava suas vítimas. Um método inusitado e bastante engenhoso que realmente confundiria qualquer investigador por mais experiente que ele fosse.

Contudo, a aposta dos autores, apesar de dar certo, tira muito da graça que um fã do gênero gosta de encontrar em um bom mistério policial. Livros policiais não costumam ter enredos muito criativos no que consistem a motivação, mas é requisito mínimo que os crimes sejam engenhosos e que a identidade do assassino seja completa e totalmente desconhecida.

É esse mistério que motiva o leitor a ir até as últimas páginas num trabalho de Sherlock Holmes, juntando peças, falas e pequenos fragmentos que revelem a mínima pista da identidade do assassino e de suas motivações. No meu ponto de vista essa é a graça de se ler esse tipo de literatura – como sempre, mera opinião particular de um leitor muito chato como eu.

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Patterson e Paetro nos tiram a oportunidade de investigar identidade e motivação do assassino do caso Bailey, mas, ao mesmo tempo, nos devolvem essa oportunidade (por compensação, acho) com o misterioso caso do morador de rua, Bagman Jesus, encontrado morto largado na rua, desfigurado e cheio de perfurações à bala. Um caso totalmente desconexo com o caso principal da narrativa e mesmo depois de ter terminado a leitura.

Acredito que o caso Bagman figura nesse livro apenas por três razões. A primeira para compensar o fato de o assassino principal da narrativa ser revelado ainda nos primeiros capítulos. Sem isso 8ª Confissão seria um livro completamente frio e monótono. O que evita o livro de ser monótono é o foco da narrativa mudar muito, indo da vida íntima dos personagens principais – e também de alguns personagens secundários – até o desenrolar de cada caso. Inclusive o desfecho do caso Bagman é surpreendente, inesperado mesmo, e é o que mais vale a pena na história. 

A segunda razão seria a extensão do romance. Como já disse, 8ª Confissão é um livro sucinto com linguagem simples e sem floreios. Além disso ele contém histórias secundárias fracas: os ciúmes de Lindsay em relação a Conklin e Cindy, e um terceiro caso (esse em julgamento), que é acompanhado por outro personagem da história, a promotora de justiça, Yuki Castellano. Sem o caso adicional de Bagman Jesus a narrativa seria ainda menor e dificilmente chegaria as cem páginas.

A terceira razão, e a mais importante, é que os dois casos tratados juntos se contrapõem, fazendo com que o livro dos dois estadunidenses seja uma crítica ao comum descaso das chefias policiais quanto a casos de homicídios de indigentes, drogados e mendicantes.

Pela posição social elevada do casal assassinado na sociedade são-francisquense, pela projeção midiática que o caso passa a ter e pelo parentesco próximo com o prefeito da cidade, o caso dos Baileys é tratado pela chefia policial local como prioridade total e com total mobilização de todos os recursos policiais disponíveis. Isso acaba por diminuir as possibilidades de Lindsay e Conklin de investigarem outros casos em aberto e considerados por seus chefes naquele momento como de menor importância. Além disso, casos de pessoas em situação de rua, como era o caso de Bagman Jesus, em geral eram arquivados por falta de dados até mesmo da identidade das vítimas e pela pouca relevância que era dada a essas pessoas. Esses fatores dificultam o trabalho dos dois policiais em investigarem o caso do morador de rua assassinado, e se não fossem os esforços de Cindy, esse acabaria como mais um caso sem solução arquivado pela polícia.

O que se vê através da narrativa do livro é que os autores quiseram fazer uma crítica social de como a desigualdade social tem sua expressão até mesmo no âmbito policial. Não é novidade, pelo menos não no Brasil, que, a depender da posição social da vítima, os casos dos mais ricos quase sempre são considerados como mais prioritários pelas forças policiais e são investigados mais minuciosamente do que no caso de vítimas mais pobres, envolvidas com drogas, ou indigentes, como é o caso de Bagman.

Para além destas questões, 8ª Confissão também faz uma descrição bastante realista sobre o problema das drogas nas grandes metrópoles dos Estados Unidos. Não só seu uso por parte dos membros da alta sociedade e celebridades, mas principalmente da realidade das ruas.

Através das suas investigações Cindy desvenda para o leitor a situação das jovens viciadas em meth (metanfetamina), que vivem nas ruas e chegam a se prostituir em troca de drogas. Também dá evidências das graves consequências do uso dessa substância psicotrópica e ainda mostra o cenário de horror e destruição provocado pela ação dos traficantes entre a população moradora das ruas. A sensação que tenho depois da leitura é que o livro faz uma descrição muito próxima de uma realidade familiar a muitos brasileiros: a Cracolândia paulista.

Quanto aos personagens? Bem, eles não são nem muito complexos, nem muito cativantes, como em geral acontece em narrativas mais focadas em um elemento específico da história.

Os personagens de 8ª Confissão possuem personalidades bem demarcadas, algo que se torna natural depois de oito narrativas envolvendo um mesmo grupo, mas em muitos aspectos são bastante clichês, como é o caso do inspetor Conklin, que cumpre o papel de policial bonitão e cheio de sex appeal, e também de Cindy, que é a típica repórter enxerida, espaçosa e sem limites.

Quanto a Lindsay? Bem, não estou acostumado a ver romances policiais com investigadores o sexo feminino e muito menos sendo líder da dupla, esse é o primeiro livro policial que eu leio que cria uma protagonista nesses moldes e digo que gostei da ideia.

Apontaria como algo muito positivo de 8ª Confissão o empoderamento que ele dá aos seus personagens femininos.

A edição lida é da Editora Arqueiro, do ano de 2013 e possui 187 páginas.

Sobre o autor

James Patterson é um dos autores mais vendidos no mundo inteiro. Trabalhou muitos anos na área de Publicidade e foi presidente da J. Walter Thompson por quase seis anos. Ganhou o Edgar Award de melhor romance policial com seu livro de estreia, The Thomas Berrynan Number, que só chegou a ser publicado em 1976, depois de ter sido recusado por mais de 20 editores. Após essa dificuldade o autor iniciou uma série de best-sellers. Vive atualmente em Palm Beach, Flórida, com a mulher e o filho.

Maxine Paetro é romancista e jornalista. Mora com o marido em Nova York.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Netflix: A Catedral do Mar (La Catedral del Mar) – Resenha


Por Eric Silva

Nota: todos os termos com números entre colchetes [1] possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias, prévias, banners ou postagens relacionadas.

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Adaptação da obra homônima de Ildefonso Falcones, a série A Catedral do Mar traz ao público uma versão muito fiel do livro numa produção belíssima e com ótimas interpretações.

Sinopse


A Barcelona do século XIV já era próspera e destino de camponeses fugidos de seus senhores. Também ali, no bairro da Ribeira, o povo mais humilde, à custa de seus esforços e da contribuição de mercadores e pessoas importantes da cidade, erigia a imponente Catedral de Santa Maria del Mar, cuja construção seria paralela a conturbada história de um dos seus mais devotados filhos, Arnau Estanyol, que de estivador se tornaria barão.

Filho de um camponês fugido, Arnau, ainda menino, conhece a tirania dos nobres, a revolta, a pobreza e a fome, mas, buscando sobreviver, vive uma vida fatigante, sempre à sombra da Catedral, e marcada por aventuras que lhe conduziriam a um destino surpreendente e épico.

Resenha

Da literatura para a televisão

Fotografia de Eric Silva dos Santos, novembro de 2018.
A Catedral do Mar foi primeira grande obra do espanhol Ildefonso Falcones e responsável por projetar internacionalmente sua carreira como escritor. Um bildungsroman[1] fenomenal no qual Falcones perfila um esboço da Idade Média, das relações servis e do poder da nobreza e da Igreja escrevendo uma sinopse das leis severas e das pesadas obrigações impostas aos camponeses, bem como aos cidadãos das poucas cidades livres da época, da perseguição religiosa aos judeus, da intolerância religiosa dos católicos e da intransigência dos Tribunais do Santo Ofício.

Inveja, intriga, soberba, ambição, preconceito e fanatismo, tudo está presente nesse romance de estreia cuja primeira edição transcursa 592 páginas sem se tornar cansativo ou monótono.

O título faz referência a catedral de Santa Maria del Mar, importante monumento histórico barcelonês e que figura como importante vetor na determinação da história dos personagens, como se fosse também um deles. Mas o tema principal é a luta pela liberdade e contra as injustiças cometidas em nome de valores distorcidos pela conveniência dos interesses.

O trabalho de pesquisa histórica é fantástico e cuidadoso e o livro abriga um séquito de personagens surpreendentes e pulsantes. Pessoas simples do povo, da elite, do clero, meretrizes, escravos e judeus. No conjunto, a história dessas pessoas faz refletir que não é o destino ou o divino que inflige ao homem o sofrimento, mas que ele é seu próprio lobo. Não são a Inquisição e os direitos feudais consequências da vontade divina, mas obra da vontade dos homens, que outorga para si o direito de infligir sofrimento ao outro em prol de seus próprios interesses.


O livro por si só é perfeito e um best-seller espanhol, mas em 2018, o diretor espanhol Jordi Frades entregou ao público uma série memorável em 8 episódios que narram a aventura épica de Arnau.
Jordi Frades é diretor de cinema e televisão espanhol. Seus primeiros trabalhos foram relacionados à televisão catalã, dirigindo, em 1994, vários capítulos da primeira telenovela em catalão, Poblenou, produzida e exibida pela TV3. Ao longo de sua carreira, Jordi foi responsável por diversas minisséries de televisão, a exemplo de Oh, Espanya! (1996-1997), El joc de viure (1997), La memòria dels Cargols (1999), Crims (2000), De moda (2004) e El cor de la ciutat (2005-2007).

Crítica

Para quem nunca leu o livro a série que adaptou A Catedral do Mar será um panorama muito fiel do que é o livro.

Ganhadora do Prêmio Iris (2018) de melhor produção, assim como o livro, a série faz um panorama do que foi a Baixa Idade Média (1300 a 1500 d.C.), uma época de dominação feudal, de histerismo religioso e da dizimação provocada pela fome e pela peste negra. É neste cenário que a catedral do povo é erigida tendo Arnau como sua testemunha.

Tudo na série dirigida por Jordi Frades me agradou, mas os melhores pontos foram a fidelidade a obra original e a produção caprichada e realista da série.

A Catedral do Mar é uma obra de muito impacto pelas injustiças cometidas por muitos de seus personagens e pela realidade dura e até brutal vivida por eles. É um livro de formação que conta toda a trajetória de vida do seu protagonista e emociona com uma narrativa bem-feita e épica.


Jordi preserva a atmosfera original do livro e se mantém fiel ao seu conteúdo. Apesar de ter lido o livro há aproximadamente dois anos atrás, não percebi grandes e relevantes alterações e nenhuma parte que foi omitida na série era essencial para seu entendimento, o que temos no final é um apanhado fidedigno do enredo imaginado por Falcones.

Achei, porém, que o foco demasiadamente detalhista dado a infância e o começo da juventude de Arnau tomou o espaço para a conclusão da narrativa que ficou, por assim dizer, um pouco apressada. Ainda assim, isso é algo que só nota quem leu a obra original, porque os últimos dois capítulos são bastante coesos e coerentes.

O filme parece não ter tido um grande orçamento, mas a sua produção foi caprichada com diálogos e interpretações que me mantiveram interessado na obra mesmo já conhecendo o seu enredo.

As caracterizações, cenários e figurinos demonstram um trabalho minucioso da arte e do elenco para tornar realista a trama. Os personagens são bem construídos e profundos. Além disso, são críveis com interpretações impecáveis e convincentes, sobretudo dos dois principais protagonistas da trama: Bernat, interpretado por Daniel Grao, e Arnau Estanyol interpretado, na infância, por Hugo Arbúes e, na idade adulta, por Aitor Luna.

Como a trama é forte e foi muito bem contada tornou-se impossível ser indiferente e não se sentir conectado aos personagens e aos seus sofrimentos pessoais, sobretudo por que a brutalidade daqueles tempos não foi ocultada ou romantizada, pelo contrário foi demonstrada em toda a sua ferocidade.

Os cenários apesar de escuros são grandiosos e revelam com fidedignidade os padrões de vida vividos e a realidade oposta daqueles que detinham o poder e daqueles que viviam na miséria e privação. Mesmo pela diferença da qualidade dos tecidos, das tonalidades de cores e de limpeza dos figurinos, se tem uma ideia nítida das diferenças sociais e do grau de riqueza proporcional de cada um, desde o mais miserável, passando pelos de posses mais parcas aos mais abastados.

A única coisa que não em chamou a atenção na série de Jordi foi a trilha sonora que ficou, para mim, esquecida. Nem se quer prestei atenção a ela. Erro meu, mas de pouca gravidade, presumo, pois se os sons fossem especialmente interessantes esse detalhe não havia me escapado.

Não falarei nada da dublagem, pois assisti o original em espanhol legendado para o português, o que achei ótimo, pois estou gradativamente me afastando das versões dubladas e apreciando a linguagem e os sotaques estrangeiros e originais dos filmes e séries que assisto.

Porém é necessário ressaltar que ainda que a produção seja excelente alguns pontos negativos e contradições podem ser observados na obra dirigida por Jordi.

Quem assiste a série sente que existe na trama uma busca por um realismo que, no entanto, não transparece nos aspectos, como, por exemplo na maquiagem. O exemplo mais clássico são pessoas extremamente pobres, porém higienicamente muito bem zelados (cabelos e dentes), como aponta Gustavo David do Metafictions. Além disso, alguns pontos cruciais sobre o funcionamento e as leis barcelonesas – intensivamente exploradas por Ildefonso em seu livro – são um tanto mal explicados ou pouco esclarecidas. Por fim, a série deixa mais evidentes algumas soluções forçadas encontradas pelo autor para dar saída aos problemas de seus personagens, contudo, acredito que essas saídas ganham mais evidência pelo fato da série explicar mal os costumes bastante peculiares da Barcelona do século XIV.

Posso concluir dizendo que a série dirigida por Jordi Frades não fica a desejar e atende às expectativas de qualquer expectador. O que mais me agradou foi a fidedignidade da produção com o livro, certamente o seu formato em série foi crucial para isso. Correu um pouco no final e deixou alguns pontos mal explicados, mas não desagradou.

A Catedral do Mar é uma produção dos estúdios Atresmedia, Televisió de Catalunya e Netflix, e foi exibida pela primeira vez em 2018. Tem 8 episódios com duração média de 55 minutos. Abaixo você pode conferir o trailer da série.

Trailer





[1]“Em crítica literária, designa o tipo de romance em que é exposto, de forma pormenorizada, o processo de desenvolvimento físico, moral, psicológico, estético, social ou político de um personagem, geralmente desde a sua infância ou adolescência até um estado de maior maturidade” (WIKIPÉDIA).

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