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segunda-feira, 15 de maio de 2017

[#MeusLivros] A Vida Íntima de Laura - Clarice Lispector - Resenha

Por Eric Silva


Diga-nos o que achou da resenha nos comentários.

No mês passado. o mundo todo comemorou o dia Internacional do Livro e, no dia 18, no Brasil, se comemorou o dia Nacional do Livro Infantil. Antes disso, no dia 02 do mesmo mês comemoramos o dia Internacional do Livro Infantil, com certeza um período delicioso para rememorar os livros que me fizeram leitor, que me iniciaram nos misteriosos caminhos da literatura. Por isso retomei, no mês passado, a campanha dos Livros da MinhaInfância e Adolescência (#MeusLivros). Na última resenha da campanha falei um pouco dos primeiros livros que li na vida e o primeiro que resenhei foi Rio Tem Coração? onde contei como os meus primeiros livros me foram dados. Hoje, falarei um pouco sobre outro livro dessa época: A Vida Íntima de Laura, de Clarice Lispector, uma história muito simples e corriqueira, mas com um grau de intimidade entre autor e leitor que dificilmente se vê na literatura.

Sinopse
Uma das obras infantis mais conhecidas de Clarice Lispector, A vida íntima de Laura conta de forma intimista e leve a história e as aventuras de Laura, uma galinha como tantas outras e sem nada que fosse excepcional mas que ganha vida e importância através do talento da grande autora.

Eu e A Vida Íntima de Laura
Não tenho muito o que falar de mim e este livro porque muito já falei na resenha de Rio Tem Coração? Mas, para mim, hoje é meio difícil de acreditar que entre os primeiros livros que li na vida estaria um dos mais importantes nomes da literatura brasileira, como é o caso de Clarice Lispector.

Lembro que quando lia A Vida Íntima de Laura não imaginava quem era sua autora ou sua importância. Na verdade, isso pouco importava, porque quando somos crianças o que nos importa não são a beleza das palavras ou a fama do escritor, mas principalmente a mágica da história. O enredo e seus personagens são o que de fato importam.

Lembro ainda que eu achava engraçado alguém ter escrito uma história sobre um animal que quase ninguém que mora na cidade dá importância, a menos que ele esteja na panela. Mas parecia que, para o narrador, elas eram criaturas muito interessantes e isso contagia o leitor, porque a medida com que ia falando conosco de como Laura era tão feia e burrinha, com “seus pensamentozinhos e sentimentozinhos”, a própria galinha ia ganhando importância e a nossa estima, evidenciando ser alguém bem maior e mais esperto do que o narrador de fato dizia, justamente porque ela não precisava ser excepcional ou perfeita para ser importante.

Hoje, dá até um pouco de pena comer um animalzinho tão singelo e pacato, ainda mais quando abro as páginas da minha edição toda pintada e riscada do livro de Clarice, mas a verdade é que amo quase todo prato que é feito com frango e a gula fala mais alto do que a consciência. “É que pessoas são uma gente meio esquisitona” e não tenho mesmo vocação para ser vegetariano.

Resenha
“Vou logo explicando o que quer dizer “Vida íntima”. É assim vida íntima quer dizer que a gente não deve contar a todo mundo o que se passa na casa da gente. São coisas que não se dizem a qualquer pessoa.Pois vou contar a vida íntima de Laura.  Agora adivinhe quem e Laura.Dou-lhe um beijo na testa se você adivinhar. E duvido que você acerte! Dê três palpites.Viu como é difícil?”
É dessa forma divertida e bem próxima do leitor mirim que Clarice inicia o seu pequeno monólogo sobre a vida de Laura, “uma galinha muito da simples”. esposa do galo Luís e que vivia no quintal de Dona Luísa. Em seu tom afável e descontraído que lembra mais uma prosa de fim de tarde, Clarice vai contando as intimidades e pequenas aventuras da “simpática” Laura e faz graça ao confessar que a galinha do pescoço feio é também “bastante burra”. Mas quem se importa com aparência, não é mesmo? “Porque o que vale mesmo é ser bonito por dentro”, e, quanto a Laura ser burríssima”, isto é um grande exagero, e sabe por quê? Porque “quem conhece bem Laura é que sabe que Laura tem seus pensamentozinhos e sentimentozinhos. Não muitos, mas que tem, tem.

É nesse tom e por meio de perguntas diretas que Clarice vai se achegando ao leitor, envolvendo-o e integrando-o ao universo de Laura e à própria história. Da mesma forma vai desfazendo preconceitos sobre a aparência e a intelectualidade e fomenta o respeito ao outro em suas particularidades como vemos no trecho abaixo:

“As outras são muito parecidas com ela: também meio ruiva e meio marrom. Só uma galinha é diferente delas: uma carijó toda de enfeites preto e branco. Mas elas não desprezam a carijó por ser de outra raça. Elas até parecem saber que para Deus não existem essas bobagens de raça melhor ou pior”.

A autora
A Vida Íntima de Laura é pouco mais do que um conto no qual Clarice Lispector escreve uma história simples e sem grandes acontecimentos. Escreve a história íntima de uma das criaturas mais corriqueiras e desinteressantes que existe, mas que ao mesmo tempo tem grande importância nas nossas vidas. E no meio dessa história Clarice expõe o quanto a vida singela de uma galinha meio burrinha pode suscitar uma série de importantes questões humanas e sobre as nossas relações interpessoais.

Mas como se era de esperar de uma escritora bem experimentada na literatura para adultos, na qual a vida é representada sem muitos floreios, a morte é um tema presente na história ainda que de forma bem atenuada. Ao integrar a morte na narrativa Clarice deixa claro que as galinhas são quase sempre criadas para a alimentação humana, e poucas como Laura contam com a estima de seus criadores.

Hoje, A Vida Íntima de Laura me faz pensar que ainda que muitas histórias infantis envolvam animais imponentes como leões e elefantes (a Disney que o diga com o Rei Leão e Dumbo) ou exóticos como o macaco e o camaleão, aquelas que mais nos ensinam são como a de Clarice, que falam de pequenos animais do nosso cotidiano e que nós, adultos, pouco valorizamos. Então reflito como a literatura tenta imitar a mágica da infância que parte de coisas tão pequenas e singelas e lhes dão tamanho e importância colossal. É como se um universo coubesse numa gota de orvalho mas estivéssemos ocupados demais para perceber isso.

Ao contrário de nós, com as crianças acontece diferente. Elas percebem esse mundo insondado que só existe na imaginação. Através dele reescrevem o cotidiano, o amplifica, o ultrapassa e o “magifica”. Penso que os livros infantis tentam explorar o mesmo caminho e daí nascem livros como A Vida Íntima de Laura.

Por fim, me parece que os contadores de história são os únicos adultos capazes de contar o mundo pelo olhar da criança. Clarice foi uma dessas pessoas que soube fazer a ponte entre o mundo infantil e o adulto, trazendo de um mundo e de outro os elementos para escrever sua história e fazendo da vida pacata de uma galinha algo interessante para os pequenos.


domingo, 2 de abril de 2017

[#MeusLivros] Rio tem coração – Leila Rentroia Iannone – Resenha

Por Eric Silva sobre #MeusLivros

“Muitos homens acreditam em coisas que existem e dizem porquê. Eu acredito em coisas que não existem e digo: por que não?”
(Robert Kennedy, citado em Rio tem coração)


Hoje, dia 02 de abril, é comemorado em todo o mundo o Dia Internacional do Livro Infantil. A data foi escolhida em homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen que ficou imortalizado na história da literatura universal pelos seus contos de fadas, a exemplo de O Patinho Feio e A Pequena Sereia.

Esse dia, para todo bom amante da literatura, é uma data importante e saudosa, porque os livros infantis para maioria foi a porta de entrada para o universo literário. Minha infância foi pobre em literatura, mas ainda assim os livros infantis foram também o meu portal de iniciação. Por isso pergunto: que dia melhor para retomar a campanha dos #MeusLivros e dividir com vocês um dos primeiros livros infantis que li na minha vida?

Apresentou-lhes o meu querido Rio tem coração? livro de Leila R. Iannone.

Eu e Rio tem coração?

Segundo livro do projeto “Os Livros da Minha Infância e Adolescência”, Rio tem coração? escrito por Leila R. Iannone, é um dos mais singelos que já li e, na minha primeira infância, foi também um dos mais profundos. Recordo-me que na época todos os livros tinham um objetivo claro de ensinar algo, de trazer uma moral, e, como devia ser, ajudar na formação do caráter do pequeno leitor. Rio tem coração? é um desses livros.

Lembro que ganhei-o quando ainda tinha entorno de seis anos, junto com outros livros infantis que ainda serão resenhados neste projeto: A Vida Íntima de Laura, de Clarice Lispector, e Lebrinha de Neve, de Luis Gonzaga Fleury. Juntos, esses três fazem parte do grupo dos primeiros livros literários que tive em minha vida e numa infância quase desprovida de literatura.

Rio tem coração? foi presente de uma pessoa cujo nome e o rosto já caiu a muito tempo no limbo da minha memória. Recordo-me apenas de que ganhei esse livro de uma moça que, um dia entrando no meu quarto e me encontrando brincando no chão, presenteou-me com uma pequena caixa recheada de chaveiros de todas as formas e tamanhos, alguns deles bem antigos, a exemplo das pequenas miniaturas de pá e de colher de pedreiro em aço e madeira pintada de azul. Mas logo por baixo dos chaveiros estavam também vários pequenos livros infantis que outrora pertenceram a uma criança, que já não era mais criança, mas que daquele dia contribuiria para a formação do meu ser leitor.

Entre estes livros estava Rio tem coração? um livrinho já desgastado, mas muito colorido com seus vários tons de azul, verde e marrom. De um papel brilhante e lisinho que eu nunca tinha visto nos livros da escola.

Era um presente simples de alguém que eu não tinha intimidade. Coisas usadas e sem valor, mas que – ela deve ter pensado – uma criança pobre e que vivia isolada nos fundos da casa dos patrões da mãe saberia ressignificar e dar novo sentido. Sim, eu soube. Eu soube integrá-los aos jogos e brincadeiras, soube distrair-me com eles nas tardes mornas da capital da Bahia, e nas noites frias de Brotas. Soube absorver seus ensinamentos e tentar reproduzi-los, é claro, com alguns fracassos. E assim como todos os livros ali, Rio tem Coração? tornou-se um dos meus companheiros.

Com o tempo, assim como aconteceu com A Serra dos Dois Meninos minha edição foi ficando ainda mais gasta e até sofreu muitos dos meus antigos excessos de terrorismos, com riscos de batalhas que hoje enfeiam os desenhos delicados pintados a tinta.

Reprodução de uma das ilustrações do livro.
Uma das coisas que mais me chamavam a atenção nesse
 livro era a delicadeza e capricho de sua arte gráfica.
Hoje o guardo com o mesmo cuidado que tenho com os mais antigos dos meus companheiros e recentemente descobri que entre a capa e a primeira folha, coladas uma na outra, existe uma antiga inscrição bem anterior ao dia em que ele chegou às minhas mãos, datada de 26 de outubro de 1986, e que em letra pouco caprichosa, os pais amorosos daquela criança lhe desejavam votos que já não consigo ler por inteiro sem destruir a capa fragilizada.

Sei que parece besteira mas até o dia de hoje me fascino com minha pequena descoberta. Coisas assim, tão bobas mexem muito comigo, porque falam de pessoas e lugares que não conheço, que jamais conhecerei. Pessoas que estão perdidas ou no tempo, ou no espaço, mas que deixaram uma pequena marca, uma pequena impressão de que um dia existiram e que, por consequência, continuarão existindo através dela.

A moça daquele dia deixou uma marca em mim também.

Sinopse

Não mais do que um pequeno conto, Rio tem coração? conta a história de duas pequenas pedras, Pacheco e Amélia, que lutavam para continuarem juntas enquanto enfrentavam o furor de um poderoso e caudaloso rio que indiferente ao mundo não se importava com mais nada a sua volta ou no interior de seu leito.

Resenha

Rio tem coração? é uma leitura muito rápida. Em menos de 10 minutos você lê suas mais de 50 páginas. Mas se ele não passa de um pequeno conto muito bem ilustrado, também é verdade dizer que sua história singela tem uma mensagem muito bonita.

O rio era forte e orgulhoso de si, por isso estava sempre preocupado em correr e arrastar “tudo que aparecia no caminho: tronco de árvore esquecida, folha seca que o vento arrancava, terra fofa e cansada das margens e muitas outras coisas que ele conhecia melhor do que eu”. Em sua correria não prestava atenção as coisas ao seu redor, nem às criaturas que viviam próximo a suas margens ou em seu turbulento leito. Por isso, ele nunca havia reparado no enorme jatobá que crescia “de mansinho” às suas margens, não reparava no sol, ou no camaleão, mas principalmente nunca se importou com as duas pedras, Pacheco e Amélia, que em seu leito lutavam para ficarem juntas e não serem arrastadas pela correnteza furiosa. Mas tudo muda para aquele rio quando após uma forte tempestade. Por um tempo a chuva havia tornado o rio mais bravio e destrutivo, mas passada o aguaceiro ele havia sido reduzido a um pequeno “fiozinho torto que descia pela serra, com dificuldade”. Mas também é naquela mesma “noite de escuridão infinita” que o destino de Amélia e Pacheco são selados e, depois disso, tudo muda para o rio diminuído que passa a ver o que não via e sentir o vazio deixado pelas duas pedras cuja existência ele nunca havia reparado, mas que eram o seu coração.

Como eu disse é uma história bucólica, um enredo bem simples que, no entanto, transmite uma lição bem importante: a de não sermos orgulhosos. O rio era orgulhoso de sua força e tinha pressa, por isso não se importavam com os que estavam a sua volta. Não lhe importava se suas ações egoístas faziam mal com quem convivia e se importando apenas consigo mesmo perdia o que havia de bom e belo que os outros podiam lhe proporcionar.

Ao contrário dele Pacheco e Amélia estavam sempre atentos ao namoro do Sol e da Lua, aos ninhos dos passarinhos “nos braços do jatobá” e apoiavam-se mutuamente na luta para não serem arrastados e separados pela correnteza que já havia carregado outras pedras e agora ameaçava arrastar Amélia que de tão lisa e redonda já não conseguia se apoiar. Com a chuva tempestuosa o rio enfim consegue fazê-lo e em seu egoísmo e orgulho acaba por perder o próprio coração (de pedra).

Rio tem coração? é como uma metáfora que fala de nós mesmos, de nosso egoísmo e de como as vezes não prestamos atenção às pessoas que nos querem bem, que dependem de nós ou simplesmente os colegas de escola ou de trabalho para quem nem sempre temos um olhar mais humano e atencioso. Atenção. Esta é a palavra. Corremos o risco de endurecermos nossos corações quando não somos capazes de dar atenção as pessoas que nos cercam acabando também por afastá-las de forma irreversível.

Mas mesmo sendo uma mensagem para as crianças, ele também serve para os adultos sempre tão sem tempo e ensimesmados, o que confirmamos na contracapa onde lemos: Você pode ajudar a melhorar o mundo de amanhã, dedicando um pouco de tempo, amor e compreensão às crianças de hoje. Uma mensagem bem clara, não é mesmo? Por isso, este que foi um livro que me “viu” crescer ainda é tão especial pra mim. Não porque eu queira retornar ao passado ao folheá-lo, mas porque a mensagem imbuída nele é atual para se pensar o futuro e o presente.

A edição lida é da Editora Salesiano Dom Bosco, do ano de 1984, com ilustrações originalmente pintadas a tinta e de autoria de Nelson de Moura. Possui 57 páginas.

quarta-feira, 8 de março de 2017

[Lista] 5 grandes mulheres da literatura brasileira

Por Eric Silva

No dia 8 de março é comemorado o dia Internacional da Mulher. Uma data que é produto do reconhecimento pelos muitos anos nos quais as mulheres, através dos mais diferentes movimentos, batalharam pelos seus direitos. Na busca pelo direito ao voto, por igualdade de condições de trabalho e de direitos trabalhistas, muitas mulheres foram reprimidas com violência e até perderam suas vidas. Vozes que não se silenciaram com a morte e nem recuaram ante o autoritarismo. Mesmo contra toda adversidade elas sempre lutaram para conquistar seu espaço em um mundo controlado pelos homens. A luta se tornou diária e o combate contra o preconceito e o machismo persiste, bem como a luta por uma maior abertura e igualdade no mercado de trabalho.
Na literatura também elas perseveraram para garantir o seu espaço e o direito de exprimir seus sentimentos, contar suas histórias, fazer ouvir (ler) suas vozes (palavras). No #AnoDoBrasil e em homenagem a todas as mulheres brasileiras, e também do mundo, dedicamos essa singela postagem para listar cinco grandes escritoras do nosso país que conquistaram seu lugar no panteão dos grandes nomes da literatura brasileiras graças ao talento e competência que demonstraram. Artistas que por muitas gerações emocionaram milhares de leitores e que encantarão ainda muitos outros.


Carolina Maria de Jesus
Mineira de Sacramento, Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914 e morreu em São Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1977.
De origem muito humilde, viveu por muitos anos na favela do Canindé, em São Paulo, e para sobreviver e sustentar sua família trabalhava como catadora de papel. Era nos papéis que catava pelas ruas da capital paulista que Carolina escrevia seus diários onde imprimia a difícil rotina de catadora e os desafios de viver em uma favela brasileira, o quarto de despejo da cidade, como costumava dizer.
Depois de ser descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, Carolina publicou o primeiro e mais importante de seus livros, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, que além de ter sido traduzido para 15 idiomas, a colocaria entre uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do país.
Teve uma carreira extremamente rápida e o sucesso do seu primeiro livro não se repetiu nas obras que se seguiram: Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada (1961), Provérbios (1963) e Pedaços da fome (1963). Diante do fracasso editorial de suas últimas obras, a autora logo voltou à pobreza e até hoje se mantém desconhecida por muitos brasileiros.

Clarice Lispector
Escritora e jornalista de origem judia, Clarice Lispector (ou Chaya Pinkhasovna Lispector) nasceu em Tchetchelnik, Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1920, pouco antes de sua família se preparar para fugir do antissemitismo resultante da Guerra Civil Russa (1918-1920) e virem viver no Brasil, onde aportaram em janeiro de 1922.
A escritora viveu sua infância no Recife, mas, em 1937, a família se muda para o Rio de Janeiro. Na nova cidade, aos 19 anos, publica seu primeiro conto “Triunfo” no semanário Pan. Diploma-se em Direito, em 1943, mesmo ano em que se casa com Maury Gurgel Valente, diplomata do Ministério das Relações Exteriores, e estreia na literatura com o seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem, pelo qual ganha o Prêmio Graça Aranha.
Viveu em muitos países como Inglaterra, Estados Unidos e Suíça, em companhia do marido, e na ocasião da Segunda Guerra Mundial, quando se encontrava na cidade italiana de Nápoles, serve como voluntária de assistente de enfermagem no hospital da Força Expedicionária Brasileira.
Após seu segundo filho divorcia-se e retorna ao Brasil. Passa a viver no Rio de Janeiro e ali continua sua carreira como escritora em paralelo com trabalhos na área de jornalismo. Em 1960 publicou seu primeiro livro de contos, “Laços de Família”.
Clarice é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX e “a maior escritora judia desde Franz Kafka”. A grande marca de sua obra o trabalho com cenas cotidianas simples e tramas psicológicas, e uma de suas principais características é “a epifania de personagens comuns em momentos do cotidiano”.
Sua última obra publicada em vida foi o romance Hora da Estrela em 1977. A autora falece no mesmo ano em decorrência do agravamento de um adenocarcinoma de ovário, problema de saúde que, na época, era desconhecido pela escritora.

Rachel de Queiroz
Nascida em Fortaleza, capital do Ceará, no dia 17 de novembro de 1910 Rachel de Queiroz foi tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista prolífica e dramaturga. Filha de intelectuais era parente distante do escritor José de Alencar. Com apenas 7 anos muda-se do Ceará para o Rio de Janeiro e em seguida para o Belém do Pará.
Formou-se professora em 1925, quando tinha apenas 15 anos de idade, e, em 1930, publica seu primeiro romance, “O Quinze”, pelo qual ganha o Prêmio Graça Aranha. Foi militante do Partido Comunista Brasileiro desde 1930 e seguiu também carreira como jornalista no Jornal do Ceará. Colaborou também com os jornais O Estado de S. Paulo e Diário de Pernambuco.
Em 1977, é escolhida para ser a quinta ocupante da Cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras, se tornando a primeira mulher a ocupar uma cadeira na instituição. Em 1992, escreveu o romance Memorial de Maria Moura ganhador do Prêmio Camões.
Escreveu romances, contos e crônicas, e em sua obra deu grande destaque a questão social do Nordeste.
A escritora faleceu em 2003, vítima de problemas cardíacos, pouco antes de completar 93 anos.

Cecília Meireles
Jornalista, pintora, escritora e professora, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasce no Rio de Janeiro, em 7 de novembro de 1901 e faleceu na mesma cidade em 9 de novembro de 1964. Foi a “primeira voz feminina de grande expressão na literatura brasileira” e em sua carreira publicou mais de 50 obras.
Começou a escrever suas primeiras poesias ainda na infância, mas só estreou na literatura aos 18 anos com a publicação de Espectros, obra que foi fortemente influenciado pelo Simbolismo.
Foi fundadora da primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro no ano de 1934 e escreveu diversas obras para o público infantil, com destaque para “O cavalinho branco” e “Colar de Carolina”, que foram livros que como a maioria da produção da autora voltada para as crianças é marcada fortemente pela musicalidade dos versos.
Estudou literatura, música, folclore e teoria educacional. Chegou a atuar como jornalista entre os anos de 1930 e 1931, onde colaborou com artigos sobre educação, e como educadora lecionou e ministrou palestras sobre literatura, folclore e cultura brasileira em diferentes universidades do exterior.
Como poetisa o conjunto de suas obras expressa “estados de ânimo, predominando os sentimentos de perda amorosa e solidão”.

Lygia Fagundes Telles
Paulista, Lygia de Azevedo Fagundes nasceu em 19 de abril de 1923 e durante sua infância viveu em várias cidades onde seu pai atuou como promotor. Logo após ser alfabetizada começou a escrever suas primeiras histórias e com apenas 15 anos de idade publicou o primeiro livro, Porão e Sobrado. Contudo, só estreou oficialmente na literatura em 1944, com a publicação de outro livro de contos, Praia Viva, e seu primeiro romance, Ciranda de Pedra, seria publicado apenas em 1954.
Diplomada em Direito e Educação Física frequentou rodas de literatura onde conheceu grandes nomes do modernismo como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Paulo Emílio.
Na década de 1970, escreve As Meninas, livro inspirado pelo contexto político do regime militar e que foi adaptado para o cinema por Emiliano Ribeiro em 1996.
Em 1987, toma posse da cadeira número 16 da Academia Brasileira de Letras, tornando-se a terceira mulher a se tornar um imortal, e, em 2016, se torna a primeira mulher brasileira a ser indicada ao Nobel de Literatura.

Referências
http://www.academia.org.br/academicos/rachel-de-queiroz/biografia
http://www.ims.com.br/ims/explore/artista/carolina-maria-de-jesus
http://www.releituras.com/clispector_bio.asp
http://www.suapesquisa.com/biografias/cecilia_meireles.htm
https://educacao.uol.com.br/biografias/clarice-lispector.htm https://educacao.uol.com.br/biografias/carolina-maria-de-jesus.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cec%C3%ADlia_Meireles
https://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rachel_de_Queiroz
https://www.ebiografia.com/cecilia_meireles/
https://www.ebiografia.com/clarice_lispector/

https://www.todamateria.com.br/vida-e-obra-de-rachel-de-queiroz/



sábado, 25 de fevereiro de 2017

[Lista] 9 livros para ler no Carnaval

Por Eric Silva



O carnaval está ai e muitas cidades como Salvador, Recife e o Rio de Janeiro já estão fervilhando de foliões numa explosão de cores e sons. Mas se o carnaval é para muitas pessoas um período de folia, para outras como eu é um daqueles momentos imperdíveis para pôr as leituras em dia ou começar um bom livro. Pensando nisso, selecionei para vocês 9 indicações de bons livros, de gêneros e autores diferentes e que espero agradar aos leitores dos mais diversos gostos. Confiram.

[Humor Erótico]
A Mulher que Escreveu a Bíblia – Moacyr Scilar

Boa pedida para quem está afim de dar boas gargalhadas, A Mulher que Escreveu a Bíblia, do brasileiro Moacyr Scilar, conta as memórias de uma mulher que, ao fazer terapia de regressão a vidas passadas, recorda-se de quando foi uma das 700 esposas do rei Salomão, a mais feia do harém, mas que também foi a primeira redatora do livro mais lido do planeta: a bíblia.

O livro é bastante cômico apesar de polêmico, com uma narradora inteligente, divertida e desabusada e, nas entre linhas, traça críticas indiretas ao culto à beleza e ao machismo da sociedade da época. Esse é também o quarto livro da campanha do #AnoDoBrasil.




[Histórico]
A Catedral do Mar – Ildefonso Falcones

A melhor obra de ficção resenhada no blog em 2016 e também parte integrante da campanha do #AnoDaEspanha, A Catedral do Mar é o livro de estreia do escritor barcelonês Ildefonso Falcones.
Épica e intensa, a trama deste livro é ambientada na próspera cidade de Barcelona do século XIV e conta, paralelamente, a história da construção da Catedral de Santa Maria del Mar e a intensa e conturbada trajetória de vida de um dos seus mais devotados filhos, Arnau Estanyol.

Arnau era filho de um camponês que, em busca de liberdade, foge do seu senhor feudal e se refugia com o filho na cidade de Barcelona na esperança de tornar-se um cidadão livre. Crescendo pelas ruas da cidade condal e acompanhando o trabalho de construção da igreja de Santa Maria, Arnau conhece a tirania dos nobres, a revolta, a pobreza e a fome. Buscando sobreviver às injustiças de sua época, o menino vive uma vida fatigante, mas repleta de aventuras e desventuras que lhe conduziriam a um destino surpreendente e epopeico.

Este é um livro ideal para quem gosta de uma boa história medieval, épica sem deixar de ser realista, bem escrito e com personagens marcantes. Quem gosta de história medieval lê e não consegue parar mergulhando profundamente no universo da época. Não é à toa que o autor tenha virado um fenômeno editorial na Espanha depois da publicação desse livro.


[Ficção Científica]
Lágrimas na Chuva – Rosa Montero

Futurista, distópico, policial e também ficção científica Lágrimas na Chuva é um livro completo e incrível escrito pela espanhola Rosa Montero.

Interessante e ambientado em um universo primorosamente construído pela sua autora, Lágrimas na Chuva se passa no ano de 2109, quando a Terra já é bastante diferente do que conhecemos e bem mais segregada. Os seres humanos dividem o planeta com criaturas alienígenas e androides orgânicos criados em laboratório, os replicantes. Neste mundo futurista a detetive particular e replicante Bruna Husky se vê implicada em um caso que ameaça a frágil paz entre humanos e androides quando um surto de assassinatos cometidos por replicantes deixa tensa a cidade de Madri dos Estados Unidos da Terra. Ao mesmo tempo, arquivos da história mundial estão sendo reescritos para incitar o ódio aos replicantes e um agressivo partido supremacista humano desponta no caótico cenário político. Contratada pelo Movimento Radical Replicante para descobrir o que está por trás dos assassinatos, Bruna embarca em uma investigação que pode virar de ponta cabeça a sua vida e decidir o destino da paz entre as espécies.

Lágrimas na Chuva é uma boa sugestão tanto para os fãs do gênero policial quanto para os amantes de ficção científica e distopia, porque nele você encontrará um pouco dos três. Esse livro também foi parte integrante da nossa campanha do #AnoDaEspanha no ano passado e ficou entre as cinco melhores obras de ficção da nossa retrospectiva de 2016.


[Fantasia Infantojuvenil]
Anna e a Trilha Secreta – Ana Lúcia Merege

Sugiro para o gênero infantojuvenil o delicado e profundo, Anna e a Trilha Secreta, livro da escritora brasileira Ana Lúcia Merege que fala sobre a infância de Anna entre os elfos da tribo da Floresta dos Teixos.

Personagem principal da série Athelgard, Anna quando criança vivia o dilema de ser uma criança humana numa tribo élfica onde todos eram tão diferentes dela. Como nem a avó, Kyara, nem o primo xamã, Zendak, ou sua mestra, Maryan, respondem às dúvidas que inquietam seu coração, Anna acaba se envolvendo em uma grande aventura arquitetada pelos seres da floresta e guardiões de seu povo através de uma trilha secreta da floresta e que mudará toda a sua vida.

Bastante delicado e trazendo uma bela mensagem de aceitação, autoconhecimento, identidade e autoestima, esse é também um livro essencial para os fãs da série e uma chance de conhecer mais profundamente a trajetória da protagonista Anna.




[Drama e Mistério]
A Sombra do Vento – Carlos Ruiz Zafón

Livro que inspirou nossa campanha do #AnoDaEspanha em 2016, A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón é o primeiro volume da série O Cemitério dos Livros Esquecidos. O best-seller espanhol é uma das mais belas histórias resenhadas aqui no blog e narra as aventuras de Daniel Sempere, um jovem barcelonês, filho de um livreiro da rua Santa Ana e que vivia em uma Barcelona dominada pela repressão do governo franquista.

Em uma noite, quando ainda era menino, Daniel acorda desesperado ao constatar que não lembrava mais do rosto da mãe falecida. Para consolá-lo, o pai leva o menino para uma biblioteca secreta onde eram guardados milhares de livros a salvo da ditadura. Ali o menino conhece A Sombra do Vento o livro de um autor pouco conhecido chamado Julián Carax. Obcecado pela história do passado nebuloso do escritor do livro, Daniel segue em busca de desvendar a história de Carax, que há alguns anos desaparecera sem deixar rastros e estava tendo todos os seus livros sistematicamente destruídos por um misterioso incendiário.

Apaixonante e de qualidade ímpar, A Sombra do Vento está entre meus livros prediletos e é ideal para quem gosta de mistério e perseguição, personagens de passado obscuro e lugares incríveis. Além de drama e mistério, o livro ainda pode ser considerado histórico e nele você encontrará algumas pegadas de romance.

[Drama Romântico Jovem]
Beleza Perdida – Amy Harmon – Resenha

Um livro bastante tocante, Beleza Perdida da autora americana Amy Harmon conta a história de amor e superação de três jovens: Ambrose Young, Fern Taylor e seu primo Bailey.

Ambrose Young era considerado um dos garotos mais atraentes da escola e um dos principais atletas do time de luta livre, por isso muitas garotas estavam interessadas nele e entre elas estava Fern Taylor. Contudo, a garota se considerava feia demais para um dia ser notada pelo rapaz e se isso não bastasse sua melhor amiga também gostava dele. Tudo muda depois que Ambrose decide ir para a Guerra do Iraque e volta de lá transformado.

Um livro sobre superação, amizade e amor, Beleza Perdida conquistou minha admiração por um de seus personagens mais cativantes: o irreverente Bailey, portador de distrofia muscular de Duchenne, filho do treinador de Ambrose e mascote do time de luta livre. Por isso é uma boa pedida para os fãs de drama romântico e de romance jovem.



[Fantasia Gótica]
Lugar Nenhum – Neil Gaiman

Primeiro livro que li do aclamado autor britânico, em Lugar Nenhum Gaiman idealiza a fantástica e misteriosa Londres-de-baixo, uma cidade subterrânea que fervilha de vida no interior da rede de esgotos e tuneis de metrô abandonados, como um universo paralelo abaixo da capital inglesa. Uma outra Londres que abriga criaturas estranhas que se esgueiram na escuridão lamacenta ou na névoa mais densa, e que também é o lar e domínio de pessoas que apesar de maltrapilhas e cobertas de sujeiras carregam consigo a mesma altivez que outrora tiveram os nobres ingleses do século XVII.

Em uma aventura surreal pelos recantos obscuros desta cidade cheia de perigos, a vida enfadonha e acomodada de Richard é radicalmente transformada quando por acidente encontra Door, uma garota da Londres-de-baixo que está fugindo de dois implacáveis assassinos de aluguel que eliminou toda a sua família.

Se você gosta de universos singulares e criativos ou do gênero fantasia com uma pegada gótica ou com um caráter urbano e atual, talvez este livro seja uma boa opção.


[Vampirismo]
O Andarilho das Sombras – Eduardo Kasse

Um livro sobre fé e corrupção na Europa medieval, O Andarilho das Sombras, obra do escritor brasileiro Eduardo Kasse, é o primeiro da série Tempos de Sangue, e narra os primeiros passos da instigante história de Harold Stonecross e de como este se tornou um vampiro.

Filho de um importante senhor, Harold fugiu de casa ainda menino para viver uma aventura pelas estradas perigosas e cidades imundas da Europa medieval. Ao longo de sua jornada o menino cruza com várias pessoas que seriam decisivas para seu crescimento como pessoa o tornando valoroso e sensato, mas que seriam igualmente passageiras em sua vida. Contudo, chegaria o momento funesto em que Harold deixaria de caminhar como homem para se tornar a criatura amaldiçoada, sedenta por sangue e destruição, igualmente errante, e que levaria a morte e o sofrimento a todo lugar por onde passasse.

Em um livro primoroso e magnético, Kasse narra simultaneamente o presente e o passado de um personagem cativante, sarcástico e inteligente numa Europa cingida pela hipocrisia religiosa e pela peste. O livro é ideal para os fãs de história medieval e do vampirismo clássico.


[Policial Clássico]
Um Gato entre os Pombos – Agatha Christie

Segundo livro que li da minha amada Agatha Christie, Um Gato entre os Pombos é mais uma aventura de um dos detetives mais conhecidos da história do gênero policial: Hercules Poirot. Nessa narrativa difícil de resenhar sem dar spoilers, vamos do longínquo Oriente Médio a um respeitado colégio inglês para moças no rastro de uma série de assassínios misteriosos e acontecimentos que se interligam de forma inusitada.

Como é de se esperar de um livro escrito por Agatha Christie, esta é uma daquelas histórias em que algo parece óbvio, mas que serve apenas de fachada para mais um caso obscuro e labiríntico, com um assassino, no mínimo, inesperado. Um livro perfeito para quem gosta do gênero policial investigativo clássico, isto é, menos sangue e mais gênio e complexidade.



É isso aí, pessoal. Espero que tenham gostado da lista. Obrigado pela visita e que vocês tenham um ótimo carnaval, porque o meu será regado a café e na companhia de Lya Luft, Brian Herbert e Kevin J. Anderson. Deixem seus comentários e deem sugestões de novas listas. Até a próxima.

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