Por Eric Silva
Nota: todos os termos com números entre colchetes [1]
possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias,
prévias, banners ou postagens relacionadas.
Diga-nos o que achou da
resenha nos comentários.
Está sem tempo para ler? Ouça a nossa resenha, basta clicar no play.
Está sem tempo para ler? Ouça a nossa resenha, basta clicar no play.
Uma doença devastadora contada de forma magistral, esse é
o Para Sempre Alice, livro escrito
por Lisa Genova e que se tornou filme em 2015. Neste livro a escritora
estadunidense escreve um retrato fiel e comovente do mal de Alzheimer
descrevendo através da história da fictícia pesquisadora Alice Howland, os
meandros de uma doença que apesar de relativamente comum é ainda muito
desconhecida do público geral.
Confira a nossa resenha do livro.
Sinopse
Na tocante narrativa de Para
Sempre Alice, Lisa Genova narra a história de Alice
Howland, professora e pesquisadora brilhante
e bem-sucedida
da universidade de Havard. Dona de uma memória prodigiosa, Alice jamais imaginaria
que quando alcançasse os cinquenta anos
começaria a esquecer. No início, coisas
banais, pequenas tarefas até não conseguir lembrar o caminho de volta para
casa.
Angustiada a professora
procura ajuda médica e é surpreendida com um diagnóstico de mal de
Alzheimer de instalação precoce, uma doença degenerativa incurável. Pouco a pouco sua vida vai mudando e ela vai perdendo a
capacidade de manter suas atividades cotidianas e é obrigada, junto com sua
família, a aprender a conviver com a doença e seus dilemas.
Resenha
Segundo a Associação
Brasileira de Alzheimer (ABRAZ), o mal de alzheimer é uma enfermidade
incurável, de caráter degenerativa e com evolução progressiva, e que por muito
tempo foi confundida com “esclerose” ou “caduquice”.
Com maior ocorrência entre a
população idosa, o alzheimer a provoca a perda de funções cognitivas como a
memória, a capacidade de orientação, atenção e da linguagem, em decorrência da
morte das células do cérebro (idem). Uma doença devastadora que pouco a pouco
vai tirando a autônoma do paciente incapaz de reter, em sua memória recente, informações
sobre fatos que ocorreram a pouco.
Enredo
Com um conhecimento profundo
sobre a evolução e instalação da doença além de uma sensibilidade ímpar para
narrar dramas familiares e pessoais, a autora estadunidense Lisa Genova conta
em Para Sempre Alice os desafios
enfrentados por Alice Howland, uma proeminente professora de psicologia da
Universidade de Harvard, e por sua família, quando Alice é diagnosticada como
portadora de mal de Alzheimer tendo apenas 50 anos de idade.
Dedicada cientista e
professora universitária, assim como seu esposo John, Alice era realizada
profissionalmente e muito respeitada em seu meio de atuação, uma referência
dentro de seu campo de trabalho. Em Harvard, era reconhecida e admirada por
alunos e colegas de trabalho pela sua competência e dedicação à docência bem
como pelos estudos que conduzia na área de psicologia e linguística.
Por seu próprio exemplo e do
marido, ela sempre desejou que seus três filhos, Anna, Tom e Lydia, seguissem
caminhos parecidos e enveredassem por carreiras profissionais seguras e de
sucesso. Conseguiu com os dois mais velhos, contudo seu desejo não se
concretizou com a caçula que preferira o teatro a ingressar em uma boa
faculdade como desejava sua mãe. Por conta disso, Alice e Lydia estavam sempre
em atritos.
Entretanto, a vida de Alice
conhece uma grande reviravolta quando pequenos lapsos de memória alcançam o
ápice de deixá-la completamente perdida durante uma corrida matinal.
Completamente incapaz de reconhecer os pontos de referência do lugar onde
estava, Alice esquece momentaneamente qual era o caminho para a sua casa.
Apreensiva com os problemas causados pelas falhas de memória crescentes, a
professora decide procurar ajuda médica e é diagnosticada como portadora de mal
de Alzheimer de instalação precoce.
Minha
opinião
A autora. Lisa Genova é estadunidense e além de escritora é neurocientista. Para Sempre Alice é seu livro de estréia, autopublicado e posteriormente adquirido pela Simon & Schuster. |
Vemos como gradualmente Alice
vai perdendo suas funções, sua capacidade de reter informações novas até
alcançar um ponto em que já não mais reconhece os membros de sua própria
família. Como uma tecelã que vai
tramando cada fio com cuidado e perícia, Lisa Genova constrói um retrato
detalhado do cenário de quem só espera o momento em que a doença prevalecerá e
tudo a sua volta já não terá significado.
Alice é inicialmente caracterizada
como uma mulher forte e muito decidida, acostumada a uma rotina de trabalho
estressante, mas que se encontrava em seu total controle. Contudo, com o
progresso da doença sua rotina e prioridades vão sendo sensivelmente alteradas
e a autora consegue dar ao seu personagem o estado de espírito de alguém que
aos poucos vai se perdendo, afundando na angustia de ver que algo está errado
consigo e deparando-se com a impotência de poder parar o processo.
Quando gradativamente Alice
vai se dando conta de que está esquecendo coisas corriqueiras, banais e até
importantes de sua vida, o estado em que vai se pondo é o daquele que tenta se
agarrar às lembranças e resgatar o que havia esquecido, ao mesmo tempo em que
luta para aproveitar os últimos momentos de lucidez que lhe resta. Para
demarcar esse avanço da doença, Lisa acrescenta a trama um hábito adquirido por
Alice de todas as manhãs responder algumas perguntas, cujas respostas a cada
dia se tornavam mais incompletas e imprecisas demonstrando o grau de demência
alcançado pela personagem.
No final, todo o processo de
progresso da doença de Alice é descrito com maestria por Lisa, que ainda esboça
um grande talento para unir e intercalar a descrição do fato e a exposição dos
pensamentos dos personagens, sem, no entanto, fazer desse recurso o estilo
único ou principal de sua narrativa. Por
vezes a narrativa se mistura aos pensamentos de Alice e a conclusão é como se
pudéssemos literalmente vivenciar o que sente, o que pensa, o que deseja e,
principalmente, o que sofre uma pessoa diagnosticada com Alzheimer, sobretudo
quando ainda se é tão jovem como a protagonista.
Por fim, a autora ainda se
preocupa em descrever outra importante dimensão da doença: a família. Vemos
como os cuidados com uma Alice cada vez mais dependente vai afetando os filhos
e o marido, as dificuldades de John em aceitar que sua esposa era portadora da
doença e também a forma como a família passa a decidir a vida de Alice por ela.
Por todas essas coisas esse livro é um quadro completo para
o entendimento do mal de Alzheimer. Por ser tão informativo é uma leitura muito
indicada para os portadores da doença e também para seus cuidadores por tratar
de várias dimensões da doença: as causas, os sintomas, os dilemas de cuidar de
um doente que nem mesmo reconhece seus familiares e se perde facilmente, os
tratamentos, mas principalmente a dimensão humana e afetiva do doente e de seus
familiares.
Em 2015, o livro foi adaptado para o cinema com Julianne
Moore no papel de Alice, o que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz.
A edição lida é da Editora
Nova Fronteira, do ano de 2009 e possui 283 páginas. Abaixo você pode conferir
uma prévia do livro disponível no Google Books.
Prévia do Google Books
Nenhum comentário:
Postar um comentário