Por Eric Silva para
a 4ª
Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo
17 de janeiro, Ano da Itália.
“A distinção entre
passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente”.
(Albert Einstein)
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No caso do livro O Decamerão (ou Decameron), obra centenária do italiano
Giovanni Boccaccio (1313 – 1375), ambas as proposições podem ser consideradas
como válidas e pude atestar a validade dessas afirmações quando li o livro em
meados do ano passado, em plena quarentena contra a COVID-19.
Escrito em pleno curso da pandemia de Peste Negra que varreu o
continente europeu entre os anos de 1347 e 1351, O Decamerão não é unicamente uma obra dedicada a falar do amor
erótico, mas é também uma expressão vívida e potente do horror causado pela
pestilência que vitimou um terço da população europeia.
Na primeira das dez jornadas que compõe o livro, Boccaccio
dedica algumas das páginas de sua obra para fazer um relato dirigido aos
leitores sobre os impactos da doença na cidade itálica de Florença, onde se
desenvolve a história central da obra. Nesse breve relato que permeia quase uma
dezena de páginas o autor – ainda muito impressionado com a violência da peste
e com a forma como a esta havia modificado o comportamento e a vida dos
florentinos – faz uma descrição abrangente no qual conta as origens, os danos e
sintomáticas da doença, seus reflexos sobre o comportamento dos florentinos, as
mudanças de hábitos, as crenças acerca da doença, as dificuldades de sepultamento,
além de falar do abandono dos campos e dos animais pelos camponeses que morriam
aos montes. Enfim, ele faz um panorama de como a doença se manifestava, mudava
o comportamento daquela sociedade e de como consumia a vida de suas vítimas,
aterrorizando os que ainda se mantinham sãos.
No contexto do momento em que li aquele relato foi inevitável
para mim não lançar sobre a obra um olhar comparativo com a realidade de
angustias, mortes e incertezas em que éramos forçados a viver na época de minha
leitura e ainda nos dias atuais. E acho que aprendi mais sobre a vida humana em
tempos de pandemia do que me limitando ao que via e ouvia no noticiário da TV.
A COVID-19 assustou o mundo, mas também o tornou mais nítido.
Como ainda não havíamos testemunhado, a misteriosa doença
principiada na longínqua cidade chinesa de Wuhan parou mercados em escala
global, forçou pessoas a mudarem suas formas de viver, trabalhar e se
relacionar e tornou em um caos a rotina de governos e profissionais de saúde.
O coronavírus mostrou-se bom de briga e obrigou empresas e
comércios a se adequarem a uma realidade nova e inesperada. Reuniu esforços
médicos e científicos de centenas de lugares. Escancarou o egoísmo humano bem
como destacou sua capacidade de empatia e solidariedade. Aproximou famílias,
desfez casamentos, fomentou o feminicídio e a violência doméstica. Evidenciou
desigualdades, aprofundou o desemprego, destruiu economias já irremediavelmente
frágeis.
No campo do poder, fez máscaras politicas caírem e evidenciou
quais eram os países e governos realmente preparados e com gestões competentes.
Nunca ficara tão violentamente evidente
quem eram aqueles que governavam com discursos vazios os seus belos castelos de
areia prestes a ruir. Polarizados, testemunhamos incrédulos um bizarro show
de mortes, irracionalidade e ódio gratuito fermentado por incertezas, teorias
da conspiração, guerra política, divergências, retrocessos e medo.
Enfim, o futuro ainda é incerto e nebuloso, mas quando li O Decamerão senti que haviam certos
padrões que se repetiam em nosso tempo atual – o famoso tempo circular –, bem
como deixou evidente para mim a diferença que faz o nível técnico e científico
de cada época para dar resposta a momentos de crise desta natureza.
PANDEMIAS SÃO
SEMPRE MOMENTOS DE MEDO, IRRACIONALIDADE, DIVERGÊNCIAS E POLARIZAÇÃO
Como homem de seu tempo Boccaccio inicia sua exposição sobre os
efeitos da Peste Negra colocando-a como desígnio e ira divina que se abatera
sobre os homens para puni-los de sua iniquidade e expiar seus pecados. O
discurso que é extremamente condizente com as crenças e mentalidade da época,
não difere essencialmente dos discursos atuais de uma minoria barulhenta que
(descrentes na ciência) constroem entorno da COVID-19 uma série de teorias
conspiratórias, disseminam uma enxurrada de informações falsas, tratamentos
supostamente miraculosos que vão de cloroquina a desinfetante e que atribuem o
caos instaurado pela doença a uma suposta histeria coletiva e infundada.
O nome que
posso dar ao que se dava na Europa de Boccaccio é desinformação fundada na
única explicação disponível: a explicação religiosa. O nome que damos ao que é
feito hoje (a despeito de todos os avanços científicos) é negacionismo
fundamentado na ignorância e no fanatismo. Eis a primeira distinção histórica.
Mas em termos de semelhanças, quando lemos o relato de
Boccaccio, vemos que o período da
pandemia de peste foi ele também uma época de divisão de opiniões e de certa
polaridade. Não se tratava, porém, de uma polaridade exatamente política
como a nossa e nem tão radicalmente inflexível, mas acerca de como melhor
proceder durante a pandemia. Essa polaridade dividia as pessoas e suas reações
frente a doença em quatro categorias:
“Alguns, considerando que viver com temperança e abster-se de qualquer
superfluidade ajudaria muito a resistir à doença, reuniam-se e passavam a viver
separados dos outros, recolhendo-se e encerrando-se em casas onde não houvesse
nenhum enfermo e fosse possível viver melhor, usando com frugalidade alimentos
delicadíssimos e ótimos vinhos, fugindo a toda e qualquer luxúria, sem dar
ouvidos a ninguém e sem querer ouvir notícia alguma de fora, sobre mortes ou
doentes, entretendo-se com música e com os prazeres que pudessem ter.
“Outros, dados a opinião contrária, afirmavam que o remédio infalível
para tanto mal era beber bastante, gozar, sair cantando, divertir-se,
satisfazer todos os desejos possíveis, rir e zombar do que estava acontecendo;
e punham em prática tudo o que diziam sempre que podiam, passando dia e noite
ora nesta taverna, ora naquela, bebendo sem regra nem medida, fazendo tais
coisas muito mais nas casas alheias, apenas por sentirem gosto ou prazer em
fazê-las. [...]
“[...] Muitos outros observavam uma via
intermediária entre as duas descritas acima, não se restringindo na
alimentação, como os primeiros, nem se entregando à bebida e a outras
dissipações como os segundos, mas usavam as coisas na quantidade suficiente
para atender às necessidades, não se encerravam em casa, iam a toda parte,
alguns com flores nas mãos, outros com ervas aromáticas, outros ainda com
diferentes tipos de especiaria, que levavam com frequência ao nariz, pois
consideravam ótimo aliviar o cérebro com tais odores, visto que o ar todo
parecia estar impregnado do fedor dos cadáveres, da doença e dos remédios.
“Outros tinham sentimento mais cruel (se bem que talvez fosse a atitude
mais segura) e diziam que contra a peste não havia remédio melhor nem tão bom
como fugir; [...].
“E, dentre esses que tinham tão variadas opiniões, embora não morressem
todos, também nem todos se salvavam: ao contrário, adoeciam muitos que pensavam
de modos diversos, em todos os lugares; [...].”
É obvio que na
nossa época a polaridade se dá em novos contextos. Não é
sensato querer dizer que agimos hoje de forma equivalente, mas mesmo agora as
opiniões estão divididas e polarizadas e as decisões tomadas por cada um,
seguindo esta ou aquela visão, contribuíram e vem contribuindo para o aumento
dos casos.
Há os que minimizam a gravidade da doença e não seguem as
medidas de proteção orientadas pelos médicos e autoridades sanitárias. Há
aqueles que as seguem parcialmente e com perigosa flexibilidade e que para não
se privar de seu lazer e divertimento, promovem ou participam de festas e
aglomerações. E por fim, há os que de fato se isolaram em quarentena. Entretanto algo que chama a atenção é que,
ao contrário do que ocorria no século XIV, hoje sambemos quais as medidas
preventivas, então a divisão de opiniões tem caráter pura e simplesmente
ideológica.
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Várias centenas de manifestantes anti-lockdown se reuniram no Ohio Statehouse em 20 de abril. Wikimedia Commons. |
Boccaccio relata que fora aquela época um período que se deu muita vazão a imaginação, as crendices (que
direta ou indiretamente disseminam ideias falsas).
“De tais coisas e de muitas outras semelhantes ou piores originaram-se
diferentes medos e imaginações nos que continuavam vivos, e quase todos tendiam
a um extremo de crueldade, que era esquivar-se e fugir aos doentes e às suas
coisas; e, assim agindo, todos acreditavam obter saúde.”
Coisa semelhante se dá nos dias atuais. De coisas que as pessoas ouvem falar, de casos particulares que
presenciam ou de mera especulação ideológica nasceram dezenas de teorias
absurdas.
Alguns afirmam que o coronavírus teria sido fabricado em
laboratório por instituições farmacêuticas, outros que a pandemia seria parte
de um plano maior envolvendo governos e países. Há quem acredite que as vacinas
causam doenças graves e que conteriam de HIV à chips com o número da besta.
Contudo, uma das teorias mais comuns, é a de que os números de
mortos e doentes seriam inflacionados, sobretudo pelos dirigentes de
municípios, a fim de angariar recursos federais. Ainda que seja plausível
pensar que algumas lideranças políticas nos milhares de municípios brasileiros
tenham intenções corruptas, essa ideia é generalizada e propagandeada a fim de
minimizar a gravidade da doença.
São ideias conspiratórias de base ideológica e que encontram no
medo, na ignorância das pessoas ou na inflexibilidade de pensamento terreno
fértil para se disseminar. Elas se
assemelham ao que acontecia na época de Boccaccio porque são frutos da ignorância das pessoas, da desinformação ou
simplesmente porque são explicações que lhes agradam mais porque se harmonizam
melhor com suas crenças e visões de mundo.
Outras duas semelhanças que encontrei entre os dois momentos
históricos através das falas de Boccaccio estão relacionados a pobreza e as dificuldades de enterrar o
grande número de mortos.
Boccaccio menciona que os
pobres estavam entre as classes mais atingidas pela mortandade. Tal como
agora, as classes mais baixas eram as mais atingidas e não podiam retirar-se
das localidades de contágio e por isso adoeciam em grande quantidade.
“Maior era o espetáculo da miséria da gente miúda e, talvez, em grande
parte da mediana; pois essas pessoas, retidas em casa pela esperança ou pela
pobreza, permanecendo na vizinhança, adoeciam aos milhares; e, não sendo
servidas nem ajudadas por coisa alguma, morriam todas quase sem nenhuma
redenção.”
Em outras palavras, assim como agora, na Idade Média a desigualdade social também teve seus reflexos sobre o
agravamento da pandemia de peste bubônica. No caso do Brasil,
impossibilitados de trabalhar durante a quarentena o auxílio emergencial foi
imprescindível para salvar milhões da fome e da extrema pobreza. Além disso o
tamanho das casas de famílias mais humildes e numerosas também dificultou
bastante (e em alguns casos não permitiu) qualquer tipo de isolamento social
entre eles, ampliando os contágios. Mas mais do que isso, são inúmeros os casos
de pessoas de comunidades pobres que não encontraram assistência médica quando
doentes.
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Gravura contemporânea de Marselha durante a Grande Peste em 1720. Conhecida como a Grande Peste de Marselha, essa epidemia de uma variação da Peste Negra matou cerca de 100 mil pessoas na cidade de Marselha, na França. Wikipedia Commons. |
Quanto aos mortos, relata Boccaccio que:
“Não sendo bastante o solo sagrado para sepultar a
grande quantidade de corpos que chegavam carregados às igrejas a cada dia e
quase a cada hora [...], abriam-se nos cemitérios das igrejas, depois que todos
os lugares ficassem ocupados, enormes valas nas quais os corpos que chegavam
eram postos às centenas: eram eles empilhados em camadas, tal como a mercadoria
na estiva dos navios, e cada camada era coberta com pouca terra até que a vala
se enchesse até a borda.”
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Esqueletos numa vala comum de 1720 a 1721 em Martigues, França, renderam evidências moleculares do ramo orientalis de Yersinia pestis, o organismo responsável pela peste bubônica. A segunda pandemia de peste bubônica esteve ativa na Europa desde 1347, o início da peste negra, até 1750. Wikimedia Commons. |
O número de mortos e contaminados pela COVID-19 está até então
(e felizmente) em patamares extremamente menores do que os 70 a 200 milhões de
mortos[1]
que se estima que tenham morrido durante a Peste Negra, mas isso não impediu que em certas localidades faltassem cemitérios
para enterrar o grande volume de mortos.
Em abril de 2020, a prefeitura de Manaus necessitou abrir valas
comuns em cemitério para enterrar as vítimas de coronavírus[2].
Naquele mesmo mês Nova York vivia o drama de ter seus necrotérios lotados[3]
e também passou a usar valas comuns na Ilha Hart para enterrar seus mortos[4].
A DIFERENÇA
QUE A CIÊNCIA FAZ NA SALVAÇÃO DE VIDAS
Não obstante, de todos os
aspectos que o relato de Boccaccio em O Decamerão me fez
refletir, o principal está relacionado a
diferença que o conhecimento e o avanço científico fazem hoje em nossas vidas.
Segundo o relato do escritor medieval, a semelhança do que
governos, médicos e cientistas fazem na pandemia atual, algumas medidas sanitárias e de fechamento da
cidade (fechamento de fronteiras) foram adotadas na Florença da época. O
relato ainda deixa supor que até mesmo instruções foram dadas a população,
entretanto, todas essas medidas se demonstraram infrutíferas, por razões que
ele não explica em seu texto.
“E, de nada havendo servido os saberes e as providências humanas,
limpeza das imundícies da cidade por funcionários encarregados de tais coisas,
a proibição de entrada dos doentes e os muitos conselhos dados para a
conservação da salubridade [...]”.
O autor também relata que
na época faltava atendimento por
conta da periculosidade da doença ou por falta de serviços oportunos, o que
contribuiu para o aumento do número de mortos.
“Além disso, morreram muitos que, se porventura ajudados, teriam
escapado; assim, tanto por falta do devido atendimento, que os doentes não
podiam ter, quanto pela força da peste, era tamanha a multidão a morrer noite e
dia na cidade que causava espanto ouvir dizer, quanto mais presenciar.”
Mas, de todos os aspectos,
a falta de conhecimento médico sobre a doença foi fator decisivo.
Tratava-se de uma enfermidade nova, desconhecida. Na época mão
se sabia a origem da peste nem como esta passava aos seres humanos, por conta
disso, também se desconhecia a forma mais eficaz de tratá-la e de evitar os
surtos e propagações. Muitos médicos não passavam de charlatões e aqueles que
de fato eram formados em medicina também se encontravam quase que de mãos
atadas.
“Para tratar tais enfermidades não pareciam ter préstimo nem proveito a
sabedoria dos médicos e as virtudes da medicina: ao contrário, seja porque a
natureza do mal não admitisse tratamento, seja porque a ignorância dos que o
tratavam (cujo número era enorme, havendo, além dos cientistas, também mulheres
e homens que jamais haviam feito estudo algum de medicina) não permitisse
conhecer a sua causa, nem portanto usar o devido remédio, não só eram poucos os
que se curavam, como também quase todos morriam nos três dias seguintes ao
aparecimento dos sinais acima referidos, uns mais cedo, outros mais tarde, a
maioria sem febre alguma ou qualquer outra complicação”.
A peste bubônica é de origem bacteriana (bactéria Yersinia pestis), diferente da COVID-19
que é uma enfermidade viral (SARS-CoV-2). Mas, a semelhança daquela, a COVID-19
era no começo da pandemia quase que totalmente desconhecida, uma doença nova,
e, mesmo com todo o nosso avanço técnico, foram precisos muitos meses para que
médicos achassem os tratamentos mais eficazes e que cientistas pudessem
desenvolver vacinas. Essa corrida contra o tempo abriu espaço para especulações
de medicamentos supostamente eficazes, mas sem comprovação científica, a
exemplo da hidroxicloroquina, sugerida pelo presidente dos EUA, Donald Trump,
que chegou a falar também no uso de injeções de desinfetante[5].
A imprudência do chefe de estado americano chegou a repercutir e só na cidade
de Nova York as autoridades de saúde da cidade receberam 30 chamados por
ingestão de desinfetante nas dezoito horas que se seguiram a fala de Trump[6].
Mas a fala de Boccaccio deixa evidente como a ciência e os
avanços médicos são fundamentais para minimizar o número de mortos quando novas
doenças e com elevado grau de contaminação e mortes acaba por surgir no cenário
mundial. Para nós que vivemos em uma época radicalmente diferente, sobretudo em
termos de avanço técnico, mas com algumas tênues similitudes em relação a época
em relação a comportamento social diante de situações de pandemia, devemos nos atentar para a relevância da
ciência em nossa sobrevivência enquanto espécie e combater os pensamentos
retrógrados e reducionistas que tentam descreditar a ciência.
A peste negra matou muito mais e era potencialmente mais mortal
do que a COVID-19, mas foi o desconhecimento sobre as suas origens, acerca de
tratamentos eficazes de combate e imunização e sobretudo a ausência de uma
ciência médica desenvolvida para investigar em tempo hábil esses aspectos que
fizeram daquela pandemia muito mais mortífera que a atual.
Se houvesse na
época a integração e a facilidade de locomoção entre os vários continentes como
existe hoje, ou mesmo os grandes fluxos de circulação de pessoas – que muito
facilitam a propagação de agentes patogênicos como o coronavírus – os efeitos
seriam ainda mais mortíferos. Ainda assim, um terço da população europeia
sucumbiu.
Ademais, na época, se desconhecia a relação entre a peste, a
pouca higiene urbana, ratos e suas pulgas (principais transmissores). O
desconhecimento levou a explicações religiosas acerca de castigos divinos e
mesmo teorias de que a contaminação se dava por via área (pelo ar) – a teoria
do miasma. A importância da higiene só foi reconhecida séculos depois e o estabelecimento da ideia de quarentena em
1377, foi um avanço médico fundamental para o combate à doença[7]. A técnica até
hoje se mostra fundamental e básica para evitar a propagação de epidemias.
Temos hoje a nosso favor um número vasto de conhecimentos
acumulados e milhares de especialistas que trabalham em colaboração a nível
internacional. É graças aos avanços
científicos que tantas vacinas foram criadas em menos de um ano (tempo
recorde) e que desde o começo da
pandemia a população foi prontamente
orientada quanto as principais formas de prevenção (máscaras, álcool em
gel, higienização das mãos, medidas de isolamento social). Coisas assim eram inimagináveis na época de Boccaccio e custaram
milhões de vidas. Ainda assim, muitas pessoas desacreditam a ciência, agem
de forma negacionista e espalham desinformação, não só por ignorância, mas por
alienação política e até religiosa.
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Um aviador dos EUA recebendo uma vacina COVID-19. Wikimedia Commons. |
Enfim, o que vem por aí nós não sabemos. Todavia concluo esse texto chegando a uma única e importante conclusão possível: o futuro pós-pandemia é imprevisível, mas certamente passaremos por uma mudança radical que nos levará a divisar novos horizontes formados pelo progresso em determinadas áreas e por terríveis retrocessos em outras.
Que nesse
nosso caminhar relatos como o de Boccaccio em O Decamerão nos sirvam de lembrete para que não repitamos os erros
do passado, afastemos de nós o negacionismo, a ignorância, as crendices e o
fanatismo religioso, bem como as firmações sem fundamentação ou lastro
científico, para que não experienciemos consequências tão desastrosas como
aquelas que a Europa vivera no século XIV.
Você pode
conferir a resenha de O Decamerão
neste link.
Referência da edição de onde foram extraídas as
citações
BOCCACCIO, Giovanni. Decameron. Tradução Ivone C. Benedetti.
Porto Alegre, L&PM, 2013.
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livros e pobreza no Brasil
2021, o Ano da Itália no Conhecer Tudo – IV Campanha Anual de
Literatura do Conhecer Tudo.
[1]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Peste_Negra
[2]
https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2020/04/21/prefeitura-de-manaus-faz-valas-comuns-em-cemiterio-para-enterrar-vitimas-de-coronavirus-veja-video.ghtml
[3]
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52224123
[4]
https://oglobo.globo.com/mundo/nova-york-abre-valas-comuns-para-enterrar-mortos-por-coronavirus-24364067
[5]
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/04/24/trump-sugere-luz-solar-e-injecao-de-desinfetante-para-tratar-coronavirus
[6]
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/04/25/ny-tem-30-chamados-por-ingestao-de-desinfetante-melhor-prevencao-e-higiene.htm
[7] https://pt.wikipedia.org/wiki/Peste_Negra#Causas
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