Por Eric Silva
“Esses cruéis três anos de luta
fratricida foram uma experiência traumática que afetou diretamente a vida de
famílias e colocou irmãos em lados opostos do combate. Os nacionalistas
triunfantes garantiram a duração desse clima de ódio e divisão por 40 anos”
(Francisco J. Romero Salvadó)
Desde o primeiro livro da campanha do #AnoDaEspanha, A Sombra do Vento, foram raras as leituras em que não
encontrei alguma referência a Guerra Civil Espanhola. Pequenina que fosse, ela
estava lá citada, ou era o foco central da narrativa, como acontece em Soldados de Salamina, livro de Javier
Cercas. Também
houve casos em que, se a obra não citava este importante momento da história
espanhola, este foi decisivo na vida dos autores lidos. Foi o caso do poeta Garcia
Lorca,
executado durante o conflito, e de José María
Sánchez-Silva,
que, lamentavelmente, esteve ao lado dos falangistas e, depois, do regime de
Franco. Nos filmes que assisti para o primeiro 7ª Arte está também
profundamente ligado aos episódios traumáticos do conflito. Em O Labirinto do Fauno presenciamos o
terror do regime que nascia no pós-guerra e testemunhamos o drama vivido pelos
soldados dos últimos focos de resistência. Por sua vez, em La Lengua De Las Mariposas, próximo filme do 7ª Arte, percebemos
também como a tensão da guerra tangencia a narrativa, afetando seus personagens
adultos tanto quanto as crianças.
O que aprendi através dos livros da campanha, das biografias dos
autores e dos filmes do 7ª Arte, é que este foi um dos momentos que mais
marcaram o país tendo desdobramentos desastrosos que ainda estão vivos no
imaginário do povo espanhol. Prova disso é sua constante manifestação na
literatura e no cinema daquele país. Não escolhemos os livros e os filmes com o
propósito de contemplar o tema, mas ele se fez presente na maioria das vezes.
As poucas exceções que nem a obra nem o autor foi relacionado a Guerra Civil
foram com o romance futurista Lágrimas na Chuva, da autora Rosa
Montero, e com livro o último livro resenhado
para a campanha, A Catedral do Mar, romance histórico de Ildefonso Falcones que, assim como o romance de Montero, se desenrola em um tempo
distinto e distante do século XX.
Diante de tudo isso, acho que seria imprudente não dedicar um espaço, uma postagem especial para o tema, e conhecer melhor o conflito e seus desdobramentos.
Antecedentes
Afirma Salvadó[1] (2008,
p. 7) que a Guerra Civil Espanhola foi uma tentativa de resolver por meios
militares uma série de questões sociais que já dividiam os espanhóis por várias
gerações como reforma agrária, centralismo e autonomia regional, o papel da
igreja Católica e das Forças Armadas. Tensões que se somaram até eclodirem na
tentativa de golpe em 1936 que encaminhou o país a guerra. Por isso segundo o
historiador as origens do conflito dimanam em períodos muito anteriores a
década de 30:
“Na verdade, as
origens da tragédia espanhola estão bem mais enraizadas na história do país. No
máximo, seria possível afirmar que as sementes do conflito foram plantadas
durante o meio século de existência do regime anterior, na Monarquia Bourbon
restaurada, de dezembro de 1874 a abril de 1931. O radicalismo político, a
revolta social e o intervencionismo pretoriano na Espanha dos anos 1930 foram a
herança que as classes dirigentes monarquistas receberam da era da Restauração
– e não conseguiram promover internamente a reforma democrática. A persistência
do governo oligárquico tradicional – quando confrontado com a emergência da
política de massas e as demandas de setores então recentemente mobilizados da
população – deu início a uma época de conflito social armado e a uma polarização
política quase sem precedentes, levando à substituição do regime liberal por
uma ditadura militar, em 1923, e à queda da própria Monarquia, oito anos
depois.” (SALVADÓ, 2008, p. 9).
Segundo Buonicore[2]
(2016), já em 1931, a monarquia se desfaz com a renúncia de Afonso XIII, logo
após a realização de eleições municipais, nas quais os republicanos obtiveram
uma vitória esmagadora sobre os candidatos monarquistas. É neste período que
nasce a república espanhola e a escalada de conflitos.
Tendo em vista estes acontecimentos precedentes, a Espanha, que
já sentia os reflexos da Grande Depressão de 29, já adentrava a década de 1930,
em meio a um cenário econômico muito pouco favorável, sobretudo, para as
classes mais pobres da população, e com um panorama político dividido entre os
partidários do retorno da monarquia (proprietários de terra, membros da Igreja
Católica e o Exército que representavam o grupo dos Nacionalistas), e do outro,
os trabalhadores urbanos, campesinos, sindicatos e esquerdistas que compunham o
grupo dos Republicanos[3]. Desta
forma, ao longo da década de 1930 dois grupos contrários emergem no cenário
ideológico e político espanhol: de um lado a Frente Nacionalista e a Falange
Tradicionalista Espanhola[4],
representantes dos grupos conservadores da elite e de defensores de um regime
totalitário de cunho fascista no país, e do outro a Frente Popular composta por
líderes socialistas, anarquistas e comunistas desejosos de uma mudança social
mais profunda, ainda que dentro deste segundo grupo não existisse de fato uma
unidade de ideias e interesses.
Eleições de 1936
Mas o delicado cenário político veio a
se agravar com as eleições de 1936, que deu a vitória, nas urnas, para a Frente
Popular. Segundo Altman[5]
(2011), é no final do ano de 1935, que, com um programa reformista como
proposta de governo, a coalizão de partidos de esquerda conhecida como Frente
Popular passa a se preparar para as eleições que teriam lugar entre 4 de
janeiro e 16 de fevereiro do ano seguinte. Em oposição as propostas
esquerdistas, a Frente Nacional foi criada. Ainda segundo Altman (2011), “a unidade das esquerdas ficou plasmada na
Frente Popular por proposta do Partido Comunista. Os anarquistas, embora se
negassem a formar parte da Frente, apoiaram suas candidaturas por antever a
libertação dos presos políticos. Opondo-se
a eles se formou a Frente Nacional, cuja cabeça mais visível era a CEDA
(Confederação Espanhola de Direitas Autônomas) de Gil Robles que lançou uma
agressiva campanha eleitoral apresentando-se como a última e única alternativa
ante uma inevitável revolução bolchevique. Dentro da coalizão de direita ficou
de fora a Falange porque não houve entendimento entre Primo de Rivera e
Robles.” (ALTMAN, 2011).
Primo Rivera, fundador da Falange Espanhola. Foto: Wikimedia Commons. |
Com a vitória da Frente Popular, os temores dos nacionalistas
era que os republicanos pretendessem uma revolução comunista, enquanto que a
Frente Popular receava a tentativa de um golpe de Estado por parte dos
nacionalistas. Segundo a Eurochannel[6](s/d),
“os temores da Frente Nacionalista foram
redobrados em virtude da participação de anarquistas da Frente Popular. Em
geral eles eram mais contidos, mas dessa vez resolveram apoiar a Frente Popular
porque o partido havia prometido libertar todos os seus presos políticos”.
Contudo, a vitória da Frente Popular não garantiu uma unidade
entre os vários partidos de esquerda. Sua diversidade ideológica (republicanos,
socialistas, comunistas e anarquistas) e a demora para a implantação das
reformas e ações prometidas durante a campanha atiçaram os ânimos daqueles que
mais ansiavam o cumprimento de promessas como anistia a presos políticos e
reforma agrária. “De repente, o povo
resolveu começar a implementar as reformas por suas próprias mãos: a
coletivização das terras e fábricas, às vezes por meio de violência”
(EUROCHANNEL, s/d). Conta Altman (2011) que naquele ano uma grande multidão se
dirigiu à sede do governo em Madri gritando por anistia. Em Oviedo, relata, uma
das dirigentes do Partido Comunista e deputada por Astúrias, Dolores Ubárruri,
abriu as prisões para libertar diversos presos, entre eles grande parte dos
participantes do movimento grevista e revolucionário ocorrido entre 5 e 19 de
outubro de 1934[7]. Além
disso, afirma Buonicore (2016), “no
campo, os camponeses sem-terra passavam a ocupar as grandes propriedades
rurais. Igrejas, acusadas de serem centros de conspiração monárquico-fascista,
foram atacadas e incendiadas”. O autor lembra que também neste mesmo
período estabeleceu-se a autonomia da Catalunha e do País Basco.
A situação do novo governo se tornava cada vez mais delicada. Aumentavam as greves e as ocupações de terra
e os conflitos sociais e trabalhistas ameaçavam a ordem constitucional
(ALTMAN, 2011) e além disso os socialistas se negaram a formar parte do novo
governo (op. cit.). A ação popular cada vez mais violenta amedrontava os
conservadores, latifundiários e industriais que viam em lideranças de direita
como a Falange e José Calvo Sotelo a esperança de salvaguardar seus interesses
e patrimônios. A Flange, outrora um partido de pouca expressão (minoritário),
passa a angariar um número crescente de membros e a escalada da violência
incitada pelo partido leva a prisão de Primo de Rivera e o fechamento dos
escritórios do partido (op. cit.). A agitação popular crescia, sobretudo entre
os camponeses, e uma reação da direita já era esperada e não tardaria como nos
relata Altman (2011):
“Para um número
crescente de militares o golpe de Estado era a única forma possível de
restabelecer a ordem. Advertido das conspirações, o governo enviou Francisco
Franco para as Ilhas Canárias e o general Emílio Mola para Pamplona, onde se
converteu no cérebro do complô”. (ALTMAN, 2011).
Francisco Franco em 1930. Foto: Wikimedia Commons. |
Contudo o exílio não seria suficiente para parar as
ações dos golpistas e em maio de 1936 Mola traça toda a estratégia de ação para
o levante golpista e para tirar Franco de seu exílio, angariando o apoio civil
da Falange.
“Em 7 de julho,
Mola decidiu que havia chegado o momento. Das Canárias, Franco se comunicou com
o cérebro da conspiração. O plano para tirar Franco das Canárias e levá-lo ao
Marrocos seguiu adiante. Mola alugou em Londres um avião e o piloto, que em 12
de julho aterrissou em Casablanca com Franco a bordo”. (ALTMAN, 2011).
Ainda no dia 12, o tenente republicano, José
Castillo, é assassinado supostamente por falangistas. Em represália, o deputado
da direita, José Calvo Sotelo, é assassinado, na madrugada de 13 de Julho, por
republicanos, sendo o estopim para o começo do conflito. Em 17 de julho tem
início o golpe de estado quando Franco toma o controle do exército espanhol no
Marrocos e todas as tentativas de negociações do governo falham (EUROCHANNEL,
s/d).
Participação estrangeira no conflito
É certo que chegou o momento em que de um lado os nacionalistas
com as tropas do Exército sob o comando de Franco iam sistematicamente
dominando grandes parcelas do país a exemplo de Navarra, Castilha, Galícia,
partes da Andalucía e Aragon, enquanto os republicanos se entrincheiravam nas
regiões de Madri, Valencia e Barcelona, mais ricas, industrializadas e onde o
movimento sindical era mais forte e organizado. Contudo esses grandes avanços
do levante golpista não podem ser explicados de forma reducionista sem que o
contexto da época seja considerado. A guerra civil foi longa e se arrastou por
quase três anos e foi bastante influenciado pela geopolítica do período. Aqui
não pretendemos nos alongar mais do que já fizemos mas alguns pontos precisam
ser esclarecidos.
Tropas da brigada republicana lutando na batalha de Belchite, 1937. Foto: Wikimedia Commons |
Segundo
Salvadó (2008, p. 10) a maioria dos espanhóis não desejavam a guerra, mas isso
não foi suficiente para impedi-la, porque mais do que fatores locais
impulsionariam o conflito, e a Guerra Civil Espanhola seria influenciada pela
geopolítica europeia do período entre guerras.
O
período que se sucederam após a Primeira Guerra Mundial, entre os anos de 1918
e 1939, a Europa foi o cenário do surgimento dos movimentos totalitários
nazifascistas e o continente logo testemunhou a escalada e expansão agressiva
dos Estados liderados por Mussolini e Hitler em sua preparação para uma nova
guerra de grande repercussão na geopolítica mundial. Por outro lado, este
também foi um período em que as potências europeias vencedoras Primeira Guerra,
com sua política de apaziguamento que davam a Hitler e Mussolini uma série de
concessões, se silenciaram ante as pretensões expansionistas nazifascistas,
mesmo quando, sobretudo, as ações do líder alemão quebravam todos os termos do
Tratado de Versalhes.
Desde
o princípio as forças Nacionalistas espanholas tiveram apoio externo das
potências nazifascistas, e Alemanha e Itália, segundo conta Motta[8]
(2008, p. 580), “solidarizaram-se com as
forças contrárias à República por afinidade de ideias, afinal, do lado
nacionalista alinhava-se coalizão de direita semelhante à que permitira a
Hitler e Mussolini ascender ao poder, e contra os mesmos inimigos: comunistas,
socialistas, anarquistas, democratas e liberais”. Entretanto apenas
ideários convergentes não explicam a interferência ítalo-alemã no conflito, e
segundo o mesmo autor, existiam outras “razões mais concretas”: “a Itália desejava estabelecer hegemonia na
bacia do Mediterrâneo, e a Alemanha cobiçava os recursos naturais da Espanha
para alimentar sua máquina de guerra” (idem, ibidem, p. 580). Mais à frente
o autor complementa:
“Com seu ânimo agressivo e a
convicção de que os países liberal-democráticos eram fracos e decadentes, os
dois Estados fascistas mobilizaram tropas e recursos numa escala que nenhuma
outra potência ousou atingir: cerca de 80 mil italianos e 20 mil alemães
combateram na Espanha, sob o pouco convincente disfarce de tropas voluntárias,
ao lado de 10 mil portugueses enviados por outro regime simpatizante, o de
Salazar”. (MOTTA, 2008, p. 580).
Inclusive foi com a ajuda ítalo-alemã que as tropas
de Franco conseguiram atravessar o Estreito de Gibraltar em 5 de agosto, saindo
do Marrocos para se juntar ao resto do exército em solo espanhol (EUROCHANNEL,
s/d).
Do outro lado as tropas resistentes republicanas eram composta
em sua maioria pelos trabalhadores organizados pelos sindicatos e de pessoas
recrutadas pelos esforços dos combatentes das brigadas internacionais, através
de organizações ligadas à Internacional Comunista (MOTTA, 2008, p. 580). Ainda
assim, os republicanos buscaram o apoio da União Soviética obtendo destes 2 mil
assessores militares (op. cit.). Conta Motta (2008) que o apoio soviético aos
republicanos em armas fora bem menor do que dos nazifascistas em decorrência,
entre outras razões, dos empecilhos criados por ingleses e franceses para a
chegada dos suprimentos bélicos vindos dos soviéticos para os republicanos, e
sobretudo, por estes terem feito “vista grossa” as ações de alemães e italianos
no conflito espanhol.
“A diplomacia
inglesa, principalmente, que nesse caso arrastou consigo a França, temia mais a
vitória dos republicanos que a dos franquistas, preferindo uma eventual
hegemonia fascista na Espanha a correr o risco de ver a Península Ibérica cair
na órbita soviética”. (MOTTA, 2008, p. 580-581). E tal atitude permitiu com que atrocidades como o
episódio do bombardeamento de Guernica acontecesse.
Afirma Salvadó (2008, p. 10) que para muitos pesquisadores a
guerra civil foi a prova da falência da República, seu fracasso, contudo, para
o autor, esta constatação não seria verdadeira.
“O sucesso da
República foi corroborado pela derrota do levante militar em quase dois terços
do continente espanhol. Com algumas notáveis exceções, a rebelião só teve êxito
nas áreas que tinham votado tradicionalmente a favor dos partidos de direita.
Ao contrário de muitos outros países europeus, cujos sistemas constitucionais
foram derrubados com relativa facilidade por forças de extrema direita, a
República reagiu e lutou, e foram necessários 33 meses de embate brutal para
que sua resistência fosse esmagada”. (SALVADÓ, 2008, p. 10).
Motta (2008) afirma que de início, os republicanos e
nacionalistas tinham recursos semelhantes e como se observa na fala de Salvadó
(2008) durante parte do conflito os Nacionalistas teriam tido dificuldades em
derrubar a República mesmo tendo ao seu lado o exército insurgente. O que torna
evidente que o apoio externo fora decisivo para que a campanha franquista
obtivesse êxito e conquistasse mesmo as áreas que apoiaram os republicanos.
Porém, outro fator também pode ter influenciado o desfecho da
guerra. Desde antes do início do conflito os nacionalistas possuíam uma maior
unicidade mediante a colaboração entre as diferentes forças de direita, em
quanto que os republicanos sofreram com as divisões e rivalidades entres os
grupos que a compunha, o que contribuiu para a fragmentação das forças que
lutavam em favor da república (SALVADÓ, 2008).
Em fevereiro de 1939, a Catalunha é conquistada pelos
Nacionalistas assim como, pouco tempo depois, foi a vez da capital Madri
(EUROCHANNEL, s/d). Em 1º de abril de 1939, Franco declara o fim da guerra e
instaura um regime ditatorial que perduraria até mesmo após sua morte.
Guernica
Um dos episódios mais lamentáveis da Guerra Civil Espanhola foi,
sem dúvida, o bombardeamento da cidade basca de Guernica pelas forças aéreas
alemãs, um dos mais violentos ataques aéreos da história.
Segundo Tracco[9]
(2007), desde o início da campanha militar que o General Franco havia tentado
conquistar a capital espanhola, porém diante do seu fracasso de subjuga-la o
líder do levante golpista decidiu direcionar sua atenção e exércitos para o
norte do país, mais vulnerável do que Madri. “As regiões de Astúrias e Santander e as províncias do País Basco
estavam em péssima situação militar. Lá, a força aérea dos republicanos era
inexistente. Os céus estavam abertos para as bombas nacionalistas” (TRACCO,
2007).
A cidade de Guernica, localizada na província da Biscaia,
comunidade autónoma do País Basco, seria o principal alvo por sua importância
dentro da comunidade que havia tido sua autonomia reconhecida pela República em
outubro de 1936.
Membros da Legião Condor durante treinamento em Ávila. Foto: Wikimedia Commons. |
Segundo Tracco (2007), para Franco aquela era uma
oportunidade de humilhar o povo basco considerado pelos nacionalistas como
traidores, além da cidade estar servindo de abrigo para refugiados oriundos de
outras localidades atacadas pelo exército de Franco. Porém, os alemães tinham
interesse no ataque à Guernica pois seria para eles uma grande oportunidade de
testar “os sistemas de
bombardeios com projéteis explosivos e incendiários em uma cidade aberta”
(TRACCO, 2007), ou
seja, os nazistas
viam no ataque a Guernica uma chance de ouro para testar o poder de ataque de sua
força aérea, a temida Luftwaffe.
Ainda segundo o autor, na segunda-feira do dia 26 de abril de
1937, em Guernica acontecia a tradicional feira livre da cidade que atraía agricultores
de toda a região, quando às 16h30, o badalar do sino da igreja anunciou a chegada
da frota aérea da Legião Condor, a unidade militar alemã que atuava na Espanha
por ordem de Hitler. Em poucos minutos iniciou-se o bombardeio da cidade. Após três
horas de ataque e 22 toneladas de explosivos lançados sobre a cidade, o saldo
de mortes contava o número de 1645[10].
Ruínas de Guernica |
O ataque a Guernica teve grande repercussão internacional chocando
o mundo pela sua violência, porém segundo Tracco (2007) o episódio não teria
tido toda a visibilidade que teve se não fosse a obra homônima do artista
espanhol Pablo Picasso (TRACCO, 2007).
Comunista e vivendo em Paris, Pablo havia recebido do governo
republicano espanhol a incumbência de pintar um quadro para a decoração do
pavilhão espanhol na Exposição Internacional de Paris com o objetivo de expor
ao mundo o movimento golpista e legitimo de Franco. O ataque à Guernica foi a
inspiração para o pintor espanhol que expôs na tela toda a indignação que o
ataque lhe movia. De 1º de maio até 4 de junho de 1937, Picasso trabalhou dedicadamente
a obra que titulou com o nome da cidade atacada pelas tropas alemãs.
Guernica foi exposta ao público pela primeira vez no dia 12 de
julho. Um enorme painel de 3,49 m de comprimento por 7,76 m de largura que
exibia com intensidade aflitiva o cenário da destruição da cidade basca e que
por ordem do pintor só pôde ser levada à Espanha após a morte do ditador Franco.
Guernica, Pablo Picasso. Foto: Wikimedia Commons. |
Postagens Relacionadas
[1]SALVADÓ,
Francisco J. Romero. A Guerra Civil
Espanhola. Tradução Barbara Duarte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
[2]BUONICORE,
Augusto. 80 anos da Guerra Civil Espanhola. Vermelho, [s.l.], 2016 disponivel em:
http://www.vermelho.org.br/noticia/283839-1. Acesso em: 08 de novembro de 2016.
[3]http://www.infoescola.com/historia/guerra-civil-espanhola/
[4]
A Falange Española Tradicionalista foi um partido político fascista legalmente
reconhecido durante a ditadura de Francisco Franco, na Espanha. Foi fundada por
José Antonio Primo de Rivera, em 1933, a Falange aliou-se às forças
nacionalistas de Franco durante a Guerra Civil Espanhola.
[5]
ALTMAN, Max. Hoje na História: 1936
– Frente popular vence eleições espanholas. São Paulo, Opera Mundi, 2011. Disponível em:
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/9695/hoje+na+historia+1936++frente+popular+vence+eleicoes+espanholas.shtml.
Acesso em: 29 de novembro de 2016.
[6]EUROCHANNEL.
A Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
[s.l.], s/d. Disponível em:
http://eurochannel.com/pt/A-Guerra-Civil-Espanhola-1936-1939.html. Acesso em:
27 de novembro de 2016.
[7]https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_1934_(Espanha)
[8]
MOTTA, Rodrigo Patto Sá. A guerra civil espanhola. Revista Brasileira de História, v. 28, n. 56, p. 579-582, 2008.
[9]
TRACCO, Mauro. Bombardeio em Guernica: Chuva de fogo. Guia do Estudante, [s.l.], 2007. Disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/bombardeio-guernica-chuva-fogo-435298.shtml.
Acesso em: 08 de novembro de 2016.
[10]
http://www.dw.com/pt-br/1937-guernica-%C3%A9-bombardeada/a-800994
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