Extraído
de Antologia Poética – Federico García
Lorca
Tradução de William Angel de
Mello
Semana
passada publiquei aqui no blog uma resenha sobre o livro Antologia
Poética de Federico García Lorca. Este livro foi o segundo do itinerário
pela literatura espanhola na campanha 2016 #AnoDaEspanha,
e naquela oportunidade comentei sobre os meus dois poemas preferidos na obra: Os encontros de um caracol aventureiro e
Manancial. Pois, na postagem especial
de hoje me decidi por trazer os dois poemas na íntegra e nos dois idiomas presentes
no livro: a tradução para o português de William Angel de Mello e os poemas em
sua língua original, como foram compostos pelo poeta. Espero que gostem e boa
leitura!
Os encontros de um caracol aventureiro
Dezembro de 1918
(Granada)
A Ramón P. Roda
Há doçura infantil
"E o caracol, pacífico
burguês da vereda,
ignorado e humilde,
a paisagem contempla".
|
As árvores estendem
seus braços à terra.
Um bafo tremente
cobre as sementeiras,
e as aranhas estendem
seus caminhos de seda
- raias no cristal limpo
do ar.
Na alameda
um manancial recita
seu canto entre as ervas.
E o caracol, pacífico
burguês da vereda,
ignorado e humilde,
a paisagem contempla.
A divina quietude
da Natureza
deu-lhe valor e fé,
e esquecendo-se das penas
de seu lar, desejou
ver o fim da senda.
Pôs-se a andar e internou-se
em um bosque de heras
e de urtigas. No meio
havia duas rãs velhas
que tomavam sol,
entediadas e enfermas.
"Esses cantos
modernos"
- murmurava uma delas -
"são inúteis."
"Todos,
amiga'' - lhe responde
a outra rã, que estava
ferida e quase cega -
"Quando jovem acreditava
que se finalmente Deus ouvisse
o nosso canto, teria
compaixão. E minha ciência,
pois já vivi muito,
faz com que não o creia.
Eu já não canto mais..."
As duas rãs se queixam,
pedindo uma esmola
a uma rãzinha nova
que passa presumida
apartando as ervas.
Ante o bosque sombrio
o caracol se aterra.
Quer gritar. Não pode.
As rãs aproximam-se dele.
"É uma mariposa?"
- diz a quase cega.
"Tem dois cornichos"
- a outra rã responde.
"É o caracol. Vens,
caracol, de outras
terras?"
"Venho da minha casa e
quero
bem depressa voltar para
ela."
"É um bicho mui covarde"
- exclama a rã cega.
"Não cantas nunca?"
"Não canto",
diz o caracol. "Nem
rezas?"
"Tampouco - nunca
aprendi."
"Nem crês na vida
eterna?"
"O que é isso?"
"É viver sempre
dentro da água mais serena,
perto de uma terra florida
que rico manjar sustenta."
"Quando menino me disse
um dia minha pobre avó
que, ao morrer, eu iria
para junto das folhas mais
tenras
das árvores mais altas."
"Uma herege era tua avó.
A verdade te dizemos
nós. Acreditarás nela",
dizem as rãs furiosas.
"Por que quis ver a
senda?"
- geme o caracol. "Sim,
creio
para sempre na vida eterna
que [me] predicais..."
As rãs,
muito pensativas, afastam-se,
e o caracol, assustado,
vai-se perdendo na mata.
As duas rãs mendigas
como esfinges ficam.
Uma delas pergunta:
"Crês tu na vida
eterna?"
"Eu não", diz mui
triste
a rã ferida e cega.
"Por que dissemos, então,
ao caracol que cresse?"
"Porque ... Não sei por
quê"
- diz a rã cega.
"Encho-me de emoção
ao sentir a firmeza
com que chamam meus filhos
a Deus lá da acéquia ..."
O pobre caracol
volta atrás. Na senda
um silêncio ondulado
mana da alameda.
Com um grupo de formigas
encarnadas se encontra.
Vão muito alvoroçadas,
arrastando atrás de si
outra formiga que tem
truncadas as antenas.
O caracol exclama:
"Formiguinhas, paciência.
Por que assim maltratais
vossa companheira?
Contai-me o que fez.
Eu julgarei com consciência.
Conta-o tu, formiguinha."
A formiga, meio morta,
diz muito tristemente:
"Eu vi as estrelas."
"Que são as
estrelas?", dizem
as formiguinhas inquietas.
E o caracol pergunta,
pensativo:
"Estrelas?"
"Sim" - repete a
formiga-,
"vi as estrelas,
subi na árvore mais alta
que existe na alameda
e vi milhares de olhos
dentro de minhas trevas."
O caracol pergunta:
"Mas o que são as
estrelas?"
"São luzes que levamos
sobre nossa cabeça."
"Nós não as vemos'',
as formigas comentam.
E o caracol: "Minha vista
só alcança as ervas."
As formigas exclamam,
movendo as suas antenas:
"Matar-te-emos; és
preguiçosa e perversa.
O trabalho é a tua lei."
"Eu vi as estrelas",
diz a formiga ferida.
E o caracol sentencia:
"Deixai-a ir,
continuai as vossas tarefas.
É possível que, muito em
breve,
já rendida, morra."
Pelo ar dulcífico,
cruzou uma abelha.
A formiga, agonizando,
cheira a tarde imensa,
e diz: "É a que vem
levar-me a uma estrela."
As demais formiguinhas
fogem ao vê-la morta.
O caracol suspira
e aturdido se afasta
cheio de confusão
por causa do eterno. "A senda
não tem fim" - exclama.
"Talvez às estrelas
se chegue por aqui.
Mas minha grande fraqueza
me impedirá de chegar.
Não pensemos mais nelas."
Tudo estava brumoso
de sol débil e névoa.
Campanários longínquos
chamam gente à igreja,
e o caracol, pacífico
burguês da vereda,
aturdido e inquieto,
a paisagem contempla.
Los encuentros de un
caracol aventureiro
Diciembre de 1918
(Granada)
A Ramón P. Roda
Hay dulzura
infantil
en la mañana
quieta.
Los árboles
extienden
sus brazos a
la tierra.
Un vaho
tembloroso
cubre las
sementeras,
y las arañas
tienden
sus caminos de
seda
-rayas al
cristal limpio
del aire-.
En la alameda
un manantial
recita
su canto entre
las hierbas.
Y el caracol,
pacífico
burgués de la
vereda,
ignorado y
humilde,
el paisaje
contempla.
La divina
quietud
de la
Naturaleza
le dio valor y
fe,
y olvidando
las penas
de su hogar,
deseó
ver el fin de
la senda.
Echó a andar e
internose
en un bosque
de yedras
y de ortigas.
En medio
había dos
ranas viejas
que tomaban el
sol,
aburridas y
enfermas.
"Esos
cantos modernos
-murmuraba una
de ellas-
son
inútiles". "Todos,
amiga -le
contesta
la otra rana,
que estaba
herida y casi
ciega-.
Cuando joven
creía
que si al fin
Dios oyera
nuestro canto,
tendría
compasión. Y
mi ciencia,
pues ya he
vivido mucho,
hace que no lo
crea.
Yo ya no canto
más..."
Las dos ranas
se quejan
pidiendo una
limosna
a una ranita
nueva
que pasa
presumida
apartando las
hierbas.
Ante el bosque
sombrío
el caracol se
aterra.
Quiere gritar.
No puede.
Las ranas se
le acercan.
"¿Es una
mariposa?",
dice la casi
ciega.
"Tiene
dos cuernecitos
-la otra rana
contesta-.
Es el caracol.
¿Vienes,
caracol, de
otras tierras?"
"Vengo de
mi casa y quiero
volverme muy
pronto a ella".
"Es un
bicho muy cobarde
-exclama la
rana ciega-.
¿No cantas
nunca?" "No canto",
dice el
caracol. "¿Ni rezas?"
"Tampoco:
nunca aprendí".
"¿Ni
crees en la vida eterna?"
"¿Qué es
eso?
"Pues
vivir siempre
en el agua más
serena,
junto a una
tierra florida
que a un rico
manjar sustenta".
"Cuando
niño a mí me dijo
un día mi
pobre abuela
que al morirme
yo me iría
sobre las hojas más tiernas
de los árboles
más altos".
"Una
hereje era tu abuela.
La verdad te la
decimos
nosotras.
Creerás en ella",
dicen las
ranas furiosas.
"¿Por qué
quise ver la senda?
-gime el
caracol-. Sí creo
por siempre en
la vida eterna
que
predicáis..."
Las ranas,
muy
pensativas, se alejan.
y el caracol,
asustado,
se va
perdiendo en la selva.
Las dos ranas
mendigas
como esfinges
se quedan.
Una de ellas
pregunta:
"¿Crees
tú en la vida eterna?"
"Yo
no", dice muy triste
la rana herida
y ciega.
"¿Por qué
hemos dicho, entonces,
al caracol que crea?"
"Por
qué... No sé por qué
-dice la rana
ciega-.
Me lleno de
emoción
al sentir la
firmeza
con que llaman
mis hijos
a Dios desde
la acequia..."
El pobre
caracol
vuelve atrás.
Ya en la senda
un silencio
ondulado
mana de la
alameda.
Con un grupo
de hormigas
encarnadas se
encuentra.
Van muy
alborotadas,
arrastrando
tras ellas
a otra hormiga
que tiene
tronchadas las
antenas.
El caracol
exclama:
"Hormiguitas, paciencia.
¿Por qué así
maltratáis
a vuestra
compañera?
Contadme lo
que ha hecho.
Yo juzgaré en
conciencia.
Cuéntalo tú,
hormiguita".
La hormiga, medio muerta,
dice muy
tristemente
"Yo he
visto las estrellas."
"¿Qué son
las estrellas?", dicen
las hormigas
inquietas.
Y el caracol
pregunta
pensativo:
"¿Estrellas?"
"Sí
-repite la hormiga-,
he visto las
estrellas,
subí al árbol
más alto
que tiene la
alameda
y vi miles de
ojos
dentro de mis
tinieblas".
El caracol
pregunta:
"¿Pero
qué son las estrellas?"
"Son
luces que llevamos
sobre nuestra
cabeza".
"Nosotras
no las vemos",
las hormigas
comentan.
Y el caracol:
"Mi vista
sólo alcanza a
las hierbas."
Las hormigas
exclaman
moviendo sus
antenas:
"Te
mataremos; eres
perezosa y
perversa.
El trabajo es
tu ley."
"Yo he
visto a las estrellas",
dice la
hormiga herida.
Y el caracol
sentencia:
"Dejadla que se vaya.
seguid
vuestras faenas.
Es fácil que
muy pronto
ya rendida se
muera".
Por el aire
dulzón
ha cruzado una
abeja.
La hormiga,
agonizando,
huele la tarde inmensa,
y dice:
"Es la que viene
a llevarme a
una estrella".
Las demás
hormiguitas
huyen al verla
muerta.
El caracol
suspira
y aturdido se
aleja
lleno de
confusión
por lo eterno.
"La senda
no tiene fin
-exclama-.
Acaso a las
estrellas
se llegue por
aquí.
Pero mi gran
torpeza
me impedirá
llegar.
No hay que
pensar en ellas".
Todo estaba brumoso
de sol débil y
niebla.
Campanarios
lejanos
llaman gente a
la iglesia,
y el caracol,
pacífico
burgués de la
vereda,
aturdido e inquieto,
el paisaje contempla.
Manancial
Fragmento
1919
"Lutando sob o peso da sombra,
um manancial cantava.
Aproximei-me para escutar-lhe o canto,
mas meu coração não entende nada".
|
A sombra adormeceu na
pradaria.
Os mananciais cantam.
Ante o largo crepúsculo de inverno
meu coração sonhava.
Quem pudera entender os
mananciais,
o segredo da água
recém-nascida, esse cantar
oculto
a todos os olhares
do espírito, doce melodia
além das almas...?
Lutando sob o peso da sombra,
um manancial cantava.
Aproximei-me para escutar-lhe
o canto,
mas meu coração não entende
nada.
Era um brotar de estrelas
invisíveis
sobre a erva casta,
nascimento do Verbo da terra
por um sexo sem mancha.
Meu choupo centenário da veiga
suas folhas meneava,
e eram folhas trêmulas de
ocaso
como estrelas de prata.
O resumo de um céu de verão
era o grande choupo.
Mansas
e turvas de penumbra eu sentia
as canções da água.
Que alfabeto de auroras compôs
suas escuras palavras?
Que lábios as pronunciam? E
que dizem
à estrela distante?
Meu coração é mau, Senhor!
Sinto na carne
a implacável brasa
do pecado. Meus mares
interiores
ficaram sem praias.
Teu farol se apagou. Eis que
os acende
meu coração de chamas!
Mas o negro segredo da noite
e o segredo da água
são mistérios tão-somente para
o olho
da consciência humana?
A névoa do mistério não
estremece
a árvore, o inseto e a
montanha?
O terror das sombras, não o
sentem
as pedras e as plantas?
É som tão-somente esta voz
minha?
E o casto manancial não diz
nada?
Mas eu sinto na água
algo que me estremece ...,
como um vento
que agita as ramagens de minha
alma.
Sê árvore!
(Disse uma voz à distância.)
E houve uma torrente de
luzeiros
sobre o céu sem mancha.
Eu me incrustei no choupo
centenário
com tristeza e com ânsia.
Qual Dafne varonil que foge
medrosa
de um Apolo de sombra e de
nostalgia.
Meu espírito fundiu-se com as
folhas
e foi meu sangue seiva.
Em untuosa resina converteu-se
a fonte de minhas lágrimas.
O coração foi-se com as
raízes,
e minha paixão humana,
fazendo feridas na rude carne,
fugaz me abandonava.
Ante o largo crepúsculo de
inverno
eu torcia os ramos
gozando dos ritmos ignorados
entre a brisa gelada.
Senti sobre meus braços doces
ninhos,
acariciar de asas,
e senti mil abelhas campesinas
que em meus dedos zumbiam.
Tinha uma colméia de ouro vivo
nas velhas entranhas!
A paisagem e a terra se
perderam,
só o céu restava,
e escutei o débil ruído dos
astros
e o respirar das montanhas.
Não poderão compreender minhas
doces folhas
o segredo da água?
Chegarão minhas raízes aos
reinos
onde nasce e se coagula?
Inclinei minhas ramagens para
o céu
que as ondas copiavam,
molhei as folhas no cristalino
diamante azul que canta,
e senti borbotar os
mananciais,
escutando-os como se fossem
humanos.
Era o mesmo fluir cheio de
música
de ciência ignorada.
Ao levantar meus braços
gigantescos
ante o azul, estava
cheio de névoa espessa, de
orvalho
e de luz murchada.
Tive a grande tristeza
vegetal,
o amor pelas asas.
Para poder lançar-me com os
ventos
às estrelas brancas.
Mas meu coração nas raízes
triste me murmurava:
"Se não compreendes os
mananciais,
morre e quebra teus
ramos!"
Senhor, arranca-me do chão!
Dá-me ouvidos
que entendam as águas!
Dá-me uma voz que por amor
arranque
o segredo das ondas
encantadas,
para acender seu farol só peço
óleo de palavras.
"Sê rouxinol!", diz
uma voz perdida
na morta distância,
e uma torrente de cálidos
luzeiros
brotou do seio que a noite
guarda.
......................................................
......................................................
Manantial
Fragmento
1919
La sombra se ha dormido en la pradera.
Los manantiales cantan.
Frente al ancho crepúsculo de invierno
mi corazón soñaba.
¿Quién pudiera entender los manantiales,
el secreto del agua
recién nacida, ese cantar oculto
a todas las miradas
del espíritu, dulce melodía
más allá de las almas...?
Luchando bajo el peso de la sombra,
un manantial cantaba.
Yo me acerqué para escuchar su canto,
pero mi corazón no entiende nada.
Era un brotar de estrellas invisibles
sobre la hierba casta,
nacimiento del Verbo de la tierra
por un sexo sin mancha.
Mi chopo centenario de la vega
sus hojas meneaba,
y eran hojas trémulas de ocaso
como estrellas de plata.
El resumen de un cielo de verano
era el gran chopo. Mansas
y turbias de penumbra yo sentía
las canciones del agua.
¿Qué alfabeto de auroras ha compuesto
sus oscuras palabras?
¿Qué labios las pronuncian? ¿Y qué dicen
a la estrella lejana?
¡Mi corazón es malo, Señor! Siento en mi carne
la implacable brasa
del pecado. Mis mares interiores
se quedaron sin playas.
Tu faro se apagó. ¡Ya los alumbra
mi corazón de llamas!
Pero el negro secreto de la noche
y el secreto del agua
¿son misterios tan sólo para el ojo
de la conciencia humana?
¿La niebla del misterio no estremece
e1 árbol, el insecto y la montaña?
¿El terror de las sombras no lo sienten
las piedras y las plantas?
¿Es sonido tan sólo esta voz mía?
¿Y el casto manantial no dice nada?
Mas yo siento en el agua
algo que me estremece..., como un aire
que agita los ramajes de mi alma.
¡Sé árbol! (Dijo una voz en la distancia.)
Y hubo un torrente de luceros
sobre el cielo sin mancha.
Yo me incrusté en el chopo centenario
con tristeza y con ansia.
Cual Dafne varonil que huye miedosa
de un Apolo de sombra y de nostalgia.
Mi espíritu fundiose con las hojas
y fue mi sangre savia.
En untuosa resina convirtiose
la fuente de mis lágrimas
El corazón se fue con las raíces,
y mi pasión humana,
haciendo heridas en la ruda carne,
fugaz me abandonaba.
Frente al ancho crepúsculo de invierno
yo torcía las ramas
gozando de los ritmos ignorados
entre la brisa helada.
Sentí sobre mis brazos dulces nidos,
acariciar de alas,
y sentí mil abejas campesinas
que en mis dedos zumbaban.
¡Tenía una colmena de oro vivo
en las viejas entrañas!
El paisaje y la tierra se perdieron,
sólo el cielo quedaba,
y escuché el débil ruido de los astros
y el respirar de las montañas.
¿No podrán comprender mis dulces hojas
el secreto del agua?
¿Llegarán mis raíces a los reinos
donde nace y se cuaja?
Incliné mis ramajes hacia el cielo
que las ondas copiaban,
mojé las hojas en el cristalino
diamante azul que canta,
y sentí borbotar los manantiales
como de humano yo los escuchara
Era el mismo fluir lleno de música
y de ciencia ignorada.
Al levantar mis brazos gigantescos
frente al azul, estaba
lleno de niebla espesa, de rocío
y de luz marchitada.
Tuve la gran tristeza vegetal,
el amor a las alas.
Para poder lanzarse con los vientos
a las estrellas blancas.
Pero mi corazón en las raíces
triste me murmuraba:
"Si no comprendes a los manantiales,
¡muere y troncha tus ramas"!
¡Señor, arráncame del suelo! ¡Dame oídos
que entiendan a las aguas!
Dame una voz que por amor arranque
su secreto a las ondas encantadas,
para encender su faro sólo pido
aceite de palabras.
"Sé ruiseñor!", dice una voz perdida
en la muerta distancia,
y un torrente de cálidos luceros
brotó del seno que la noche guarda.
........................................................
.........................................................
Obrigado pela atenção.
Eric Silva dos Santos
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